Seu verdadeiro rótulo é: o culpado.

Acordei com um pouco de ressaca, deveria ter voltado ontem de uma festa. Minhas costas estavam doloridas, parecia que tinha dormido no chão. E foi quase isso, eu estava deitado em um colchonete dentro do estúdio de musica do prédio, ao lado de uma ruiva linda, nós nus. Lembranças soltas vinham em minha mente, à festa de ontem à noite, a pegação com a ruiva, eu trazendo ela pra cá.

Levantei-me cambaleando. Vesti a roupa que usei ontem na festa e sai do estúdio. Peguei o elevador e desci no andar da minha casa. Agora com essa semana de aniversário da cidade, as festas estão em todo canto e com isso turistas, e muitas gatas.

Entro em casa, minha mãe estava na sala assistindo TV e começa a me dar bronca, mas eu passo direto e me tranco no banheiro. Ligo a banheira, tiro a roupa e espero a banheira encher. Quando ela enche eu entro e fico deitado só de cabeça fora d’água. Fico uns 20min só ali naquela posição, depois pego a bucha e passo pelo meu corpo, ao sair da banheira vejo que meus dedos já estavam enrugados. Escuto três batidas na porta e Wes fala que trouxe a toalha. Abro a porta, pego a toalha e depois fecho sem dizer um obrigado.

Vou para meu quarto, tranco a porta, coloco em alguma estação do rádio e acabo por dormir só de cueca.

Acordo quando o sol já está no auge. Fecho as cortinas, pois ele fazia meus olhos arderem. Escuto alguém bater na porta do meu quarto.

− Enzo, sou eu Belle – eu até gostava dela, mas ela não me deixava respirar e como ela mesmo sabia, não sou um garoto de uma mulher só.

Eu abri a porta para ela, Belle parecia muito preocupada, havia lagrimas no canto de seus olhos.

− O que foi Belle? – às vezes eu tinha pena de trata-la assim.

− Onde você estava ontem? – ela parecia angustiada – eu liguei no seu celular você não atendeu, vim aqui na sua casa e o Wesley disse que você saiu com alguns amigos.

− Você quer mesmo que eu responda? – ela abaixa a cabeça – você sabe muito bem como sou, sabe que eu não resisto e mesmo assim ainda fica comigo, o motivo eu não sei.

− Eu ainda mantenho a esperança de que você vai mudar.

− Então você é uma idiota, pois eu nunca vou mudar – ela chorava – pau que nasce torto morre torto.

−Eu sei que você é bom, e que isso é uma fase que logo vai passar – ela tenta triscar meu rosto, ela mantinha um sorriso choroso. Era de dar pena.

− É melhor sair daqui – eu afasto sua mão.

− Eu aceito ficar com você desse jeito, porque sei que logo você vai se cansar e vai aprendera me amar como te amo.

− Sai daqui Isabelle – eu não aguentava vê-la desse jeito, implorando por ser traída – você não entende que estou terminando nosso namoro.

− Mas eu não quero.

− você está se humilhando por isso? Eu não quero ficar com uma garota que seja trouxa, deixa ser passada para trás e aceita traições. Se quiser mesmo ficar comigo, aprenda a ser controladora, não me deixe fazer essas coisas, pois é de uma namorada assim que preciso. Se eu faço essas coisas é porque você não se importa.

Ela engole o choro, limpa as lagrimas em seu vestido florido, levanta-se e arruma os amassados do vestido.

− Então eu vou te mostrar que poderei ser essa namorada madura que você quer – e com isso ela sai do meu quarto.

...

A banda estava reunida no estúdio, menos é claro a Chloe. Nicolas disse que chegou aqui e tinha uma ruiva deitada no chão, ele a acordou e ela deu um tapa nele e depois saiu me xingando por tê-la abandonado ali sozinha.

Chloe chegou depois de 20 minutos, o tempo que levamos para ensaias as musicas que ela não participava.

− Atrasada de novo? – falei, eu estava muito impaciente com Chloe.

− Eu tenho coisas mais importantes que a banda para fazer – a indiferença dela com a Faster dava ódio.

− Tipo o que? – disse. Wes e Nic nem tentavam mais parar nossas brigas – aquele livro idiota?

− Ele não é idiota. Aquilo é minha vida, muito mais importante do que isso.

− Então é melhor você sair da banda. Já que ela te atrapalha a escrever seu livro.

− Então saio mesmo.

− Esperem ai – Nicolas interviu – você não vai sair. Todos aqui têm coisas importantes a fazer. Nós temos que estipular um horário de ensaio quando todos estiverem livres.

− Nicolas – Chloe fala – o problema é que essa banda não vai fazer sucesso, vai ser só uma banda de escola. Até hoje só tem ensaios, nunca um show de verdade.

− Talvez não tenhamos porque a responsável por isso não faz nada – rebati.

− Agora sou empresaria?

− Quando dividimos as tarefas você que ficou de arrumar shows e eventos para nós. É melhor sair mesmo.

− Wesley me ajuda – Nicolas falou com meu irmão.

− Esperem – Wesley prontificou-se – tive uma ideia, vou ver com o Vinicius, com o pai dele e com o prefeito da cidade.

...

Wesley e eu fomos falar com Vinicius e seu pai. Batemos na porta do apartamento dele e a mãe disse que ele estava ocupado, Wesley falou que era urgente e a Sra. Sanchez deixou-nos entrar.

Vinicius estava escrevendo uma pequena carta, em cima da sua cama tinha um buque de flores e uma caixinha.

− Pra que isso Vini? – pergunto.

− Pra que não, pra quem – meu irmão me corrigiu.

− Charlotte – ele diz enfiando o cartão no meio do buque de lírios.

− De novo? Não cansa de correr atrás dela não? – digo.

− Dessa vez vai – iludido – mas o que vocês querem?

− Eu queria perguntar se seu pai e você poderiam criar um evento.

− De que?

− Um show de talentos – a ideia do meu irmão até que era boa – você ou seu pai poderiam abrir o show, divulgar por toda cidade, estipular um preço por apresentação e arranjar um premio.

− Uau, boa ideia – Vini disse parando de mexer nas flores – PAAI – ele grita pelo Sr. Sanchez.

− Que foi filho? – ele estava usando terno, provavelmente acabou de voltar do serviço.

− O senhor conseguiria planejar e fazer um show de talentos para daqui a duas semanas?

− Sim – ele parou pra pensar – espera, vou fazer isso semana que vem, no ultimo dia do festival Spectre.

− Isso – os dois começaram a conversar sobre o local, panfletos, horário na TV, premio – tem que ter jurados bons.

− Eu conheço alguns – ele disse – vou falar com o Sr. Andrieux pra ver um local apropriado e vê se ele me dá o alvará para fazer a festa.

...

Deixei os dois conversarem sobre o evento. A ideia do Wes foi genial e, além disso, nós abriríamos o show e participaríamos dele. Na abertura o Vini cantaria e nós seriamos a banda acompanhante e participaríamos do show de talentos com Chloe no vocal.

Cheguei a casa e me arrumei para mais uma festa. Essa seria em uma boate local, um show de musica eletrônica e de luz negra.

...

Chegando a festa tiro a camiseta, ficando só de calça. Passo tinta neon verde e azul pelo corpo, fazendo desenhos tribais, passo tinta spray no meu cabelo e coloco lente branca em meus olhos.

Começo a dançar com uma garota de cabelos rosa e lábios laranja. Nem me preocupava quem era, só queria esquecer aquele momento com a Belle. Só queria esquecer aquela lembrança dela se humilhando na minha frente, dela chorando e implorando pra eu ficar com ela, mesmo traindo-a com outras.

Eu só queria entender por que as pessoas fazem isso? Será que isso era amor? Não me parecia certo agir assim com ela.