Guardioes de Deus: a Batalha nos Ceus escrita por cardozo


Capítulo 61
Capítulo 28 - O Encontro




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A Comunidade do Sul estava em estado de alerta. Nos muros da cidade os Potências, guardas leais da  comunidade olhavam as nuvens negras que pairavam no horizonte. Raios cruzavam os céus. Enquanto na torre do portão principal, Diana observava a tudo absorta em seus pensamentos.

"Isto é o fim. A que ponto chegamos, o fim dos dias..."

-A tempestade está se aproximando.  Exclamou alguém.

-O pior não é a tempestade, mas sim o que ela traz consigo. Lamentou Diana.

Um exército de seres negros surgia. Como uma peste que se alastra, cobriam as planícies, avançando em direção as muralhas. Os principais conselheiros e sábios da Comunidade do Sul reunidos na torre principal analisavam a movimentação das legiões de seres diabólicos.

-Minha nossa!

Exclamou um sábio com espanto vendo a quantidade de inimigos que se aproximava.

-Como poderemos fazer frente a tal força?

-Teremos que rezar para que Math chegue a Comunidade Oriental e consiga fazer uma aliança, para nos trazer reforços. Somente desse modo teremos alguma chance. Esta é uma luta muito desigual.

-Eles irão nos atacar.  Disse um dos sábios.

-Não creio que eles tentarão tal loucura.  Uriel acabara de entrar na sala da torre. -Mesmo o 'Senhor das Moscas' sabe que é loucura atacar as muralhas da Comunidade do Sul. Elas são protegidas por magias milenares muito antigas. Eles jamais  conseguiriam transpô-la. Mesmo o mal é inteligente o suficiente para saber que isso seria mandar suas legiões para o extermínio.

-Então o que eles pretendem fazer?  Questionou um conselheiro.

-Não sei. Acho que pretendem sitiar a cidade. As doenças estão assolando o povo, logo teremos que começar a transportar as pessoas para outras comunidades, pois aqui com certeza elas morrerão. Nossas provisões são consideráveis, mas não agüentaremos muito tempo. Entretanto parece que algo acontecerá antes. Este será um período muito longo e a paciência nunca foi uma virtude do ´Senhor das Moscas'.

-O que você está querendo dizer Uriel?

Diana respeitava muito a opinião do mensageiro Uriel. Apesar de sábios estarem ao seu lado.

-Sinto que eles possuem algum trunfo do qual não temos idéia. Alguma arma ou plano que eles acreditam poder romper nossas muralhas.

-Impossível. 

Murmuravam alguns. Outros incrédulos criticavam as palavras de Uriel.

-Você acredita mesmo nisso Uriel?

-Sim Diana, senão porque eles estariam aqui.

-Alguma notícia de Math e os outros?  Perguntou Diana.

-Não. Respondeu um dos conselheiros.

-Quanto tempo isso irá levar?  Perguntou outro.

-Não sei.  Respondeu Diana. -Só espero que esse tempo seja suficiente.

-Senhor! Interrompeu um dos guardas. -Está havendo movimentações estranhas nas legiões inimigas.

Muitos que estavam discutindo os próximos passos a seguir, foram acompanhar o que acontecia.

-Ele está avançando com algumas de suas legiões. Comentou Uriel.

-Irá nos atacar?  A pergunta veio do meio dos sábios.

-Já disse que não creio nisso. Respondeu Uriel.

-Eles estão trazendo cinco objetos. Replicou  Sara.

Diana observou melhor os objetos empurrados a frente das legiões pelas criaturas negras. Ela ficou horrorizada com a visão que teve.

 

-Não pode ser!  Exclamou ela aflita. -Estamos perdidos.

Sara olhava para a cena não acreditando no que via.

–Agora jamais conseguiremos vencê-los. Lamentou.

 

 

 

Os unicórnios corriam com os garotos em suas ancas. Cassi estava muito mais animada. As marcas no pescoço começavam a sumir. Odrin cavalgava ao lado de Arão que montava o único unicórnio prateado.

Cassi não tinha ousado trocar nenhuma palavra com Odrin e mesmo ele não sabia como lidar com a situação.

"Como explica, que eu fui me apaixonar por uma celestina. Não posso ter o mesmo destino de meu irmão. Não serei um traidor".

Estava sendo atormentado por seus demônios interiores. Ele se distanciara dela, tentava ser indiferente, assim se sentia mais seguro. Cassi por sua vez sentia a falta de Tiror.

Dafne voava acompanhando Bal, que vinha reclamando a viagem toda. Além de montar na posição contrária, vinha sendo castigado pelo rabo do animal.

-Por que você tem que ser  diferente de todo mundo?  Questionava Dafne brava.       

-O que faremos ao chegar a Cidade Superior?

-Não sei, Odrin, conversaremos com Medar. Ele decidirá o nosso destino.

-Sei que talvez o tenha julgado mal. E sei também que você gosta de minha irmã... Arão ouvia atento as palavras de Odrin. -Eu o respeito, mas gostaria de pedir para que se afastasse dela. Ela já sofreu demais, merece ser feliz.

-Quem decide o que ela precisa para ser feliz? Ela ou você?

-Minha opinião não interessa mais. Ela vai ser uma deusa. Esta prometida a Teles.

-Será que ela vai ser feliz ao lado dele? Isso não é justo. E quanto a Moira? Ela também pode ser uma deusa.

-Arão! Teles escolheu Damira. Eu não queria lhe dar esta notícia, mas eles vão se unir.

Arão que estava impassível até então, mudou a expressão.

-Como assim? Ela está sendo forçada a isto! Com certeza Inimis...

-Antes até podia ser. Mas agora não. Eu estava perto quando ela disse sim e  juro-lhe que Inimis nada teve a ver com isso. Ela foi por vontade própria. A união se realizará em breve. Juntos eles poderão livrar o Firmamento de seu trágico destino. A união dos dois pode salvar o reino, você não pode interferir nisso...

O ânimo de Arão sofrera uma terrível baixa com a noticia. Ele não queria acreditar nas palavras de Odrin, sabia como ele fora contra os celestinos, mas agora o garoto  parecia ter mudado desde a luta na montanha. Desta vez suas palavras soavam com sinceridade.

-Alguma coisa está estranha. Gritou  Cassi a Odrin e Arão. Eles pararam de conversar para dar atenção a ela.

-O que foi?  Virou-se Arão.

-Não parece que estamos indo para a Cidade Superior.

-Ela tem razão Arão.  Concordou Odrin.

Eles tentaram em vão mudar a direção dos unicórnios puxando-lhes as crinas, mas mesmo isso não lhes mudavam o curso. Estavam seguindo para o desconhecido.

 

 

 

Diana se apoiava na sacada, mesmo assim precisou ser amparada por Sara. Não agüentou ver a cena que presenciava. Á frente das legiões que haviam avançado do grande exército negro. Algumas criaturas empurravam cinco placas de madeira com rodas. Sobre cada uma delas havia uma cruz, com uma pessoa presa. Estavam muito machucados, Diana identificou Math na cruz central,  logo ao lado, a pequena jovem que pedira para ir junto na missão de buscar ajuda. A governanta chorava, não sabia o que pensar muito menos o que fazer.

-Eu os mandei para a morte.  Murmurava ela.

-Eles sabiam dos riscos quando aceitaram a missão.  Sara tentava consolá-la com suas palavras.

-Covardes! Precisamos libertá-los.  Urrou Uriel com raiva na voz.

-Não podemos.  Disse um dos sábios. -Estão fazendo isso somente para abrirmos os portões centrais.

-Fizeram de propósito. Querem nos forçar a sair como  se isto fosse um desafio.

-Desafio? Questionou Sara.

-Sim, eles matarão a todos na nossa frente se não sairmos para enfrentá-los.. Sabem que não podemos com todas as suas forças. Por isso avançaram  apenas algumas legiões. Se formos fazer o jogo deles quando estivermos lutando eles mandarão, mais demônios até que nos vençam.

-Covardes!  Exclamou um dos sábios.

-E o que você esperava deles?  Proclamou outro. –São demônios.

-Nós teríamos que ser muito rápidos para vencê-los, salvar os reféns e conseguir entrar novamente na comunidade antes que eles e o resto das legiões cheguem até nós.

-Mas o que eles ganham? Não conseguirão entrar.

Sara não entendia o porquê daquilo.

-Eles estão jogando conosco.  Diana tomara a palavra. -Querem nos ver sofrer. Isso os diverte. Só de vermos esses que foram capturados  serem mortos já nos revolta. Se mandarmos homens para salvá-los mais irão morrer. Nosso sofrimento é diversão para eles.

-O que faremos? Perguntou Sara.

-Esperaremos... Sussurrou Diana.

-Deixe-me ir. Bradou Uriel.

-Você não conseguirá salvá-los. Ninguém conseguiria salvá-los.

-Meus homens morrerão felizes lutando por uma boa causa.

-Eu sei que eles o seguiriam sem pensar duas vezes, mas não podemos ...

Uma trombeta soou alta e estridente, todos olharam para as cruzes. Criaturas negras se aproximaram da primeira cruz e começaram a dilacerar o crucificado. Os gritos podiam ser ouvidos dos muros. Por fim atearam fogo nela.

-Não posso ficar aqui olhando. Esbravejou Uriel esmurrando a parede. -Temos que fazer alguma coisa. Deixe-me ir.

-Não! É justamente o que eles querem. Você ficará aqui conosco.

Uriel saiu revoltado com a resposta de Diana. Uma segunda trombeta soou.  A quinta cruz teve o mesmo destino da primeira.

 

Krisna sentia o calor do fogo da cruz ao lado, logo chegaria a sua vez. Olhava para os grandes muros da Comunidade do Sul, sua vista estava fraca,  o sol atrapalhava bastante. Seu único desejo era que a dor que dominava seu corpo passasse logo.

"Pai logo estarei com você. Juni vou adorar encontrá-la novamente. Onde quer que estejam".

Mais uma vez a trombeta soou. A terceira cruz se foi. Krisna seria próxima...

 

-Não consigo mais ficar olhando isso.  Sara estava nauseada.

A criatura ia tocar o trombeta mais uma vez. O som saiu alto, mais prolongado e diferente dos três anteriores. Diana olhou assustada se pendurando a sacada. Não era a trombeta que tinha tocado, mas sim o portão principal que foi aberto. Uriel partiu a cavalo com sua tropa de cavaleiros atrás.

-Ele é louco.  Sussurrou Sara.

-Não é louco. Sei o que ele sente, pois eu estou sentindo a mesma coisa. Qualquer perda por menor que seja é dolorosa. Toda vida é importante. Ele é um guerreiro corajoso, mas está indo para morte certa.  Completou Diana desanimada.

            O grupo de cavaleiros brancos partiram rumo ao enxame de criaturas negras. Elas se agitaram vendo o portão se abrir, se posicionavam para receber a carga dos cavaleiros. As criaturas erguiam seus machados e espadas, muitas gritavam palavras estranhas. As legiões  mais distantes começavam a se movimentar para encontrar-se com as primeiras.

            Os cavaleiros avançavam, sua formação era uma espécie de triângulo, com Uriel que seguia a frente puxando seus homens rumo ao mar negro. Os cavalos iam se multiplicando em fileiras maiores. A intenção era chegar o mais rápido possível às cruzes. As criaturas se postaram frente das ultimas duas restantes,  partindo ao encontro dos cavaleiros.

"Temos que ser rápidos, se as legiões que estão na retaguarda conseguirem chegar até onde estamos não teremos a mínima chance. Seremos massacrados".

O choque com as criaturas aconteceu muito rápido, os cavalos passavam, abrindo caminho no mar negro. Pisavam nas criaturas que tombavam ao solo. Os cavaleiros utilizavam suas espadas e lanças para abaterem os inimigos.

Um grande número delas caíam, Uriel lutava incansavelmente, os corpos iam se amontoando ao redor de seu cavalo.  Muitos cavaleiros tombavam frente às armas do fogo negro. Quando um cavaleiro ia ao solo era coberto por uma legião de seres negros, pareciam urubus sobre as carcaças mortas. A velocidade, porém que era algo imprescindível diminuía conforme avançavam. Ainda estavam longe das cruzes, as legiões mais distantes se aproximavam rapidamente.

 

 

 

Os unicórnios pararam em uma encosta íngreme, muito parecida com uma enorme duna. Tinham a visão abaixo privilegiada do vale. Mas ela causava terror em todos eles.

-Meu Deus!  Exclamou Dafne.

-Temos que descer rápido.  Odrin agitava as mãos desesperado.

-Vamos demorar muito para descer.  Indagou Cassi.  -Precisaríamos ser mais rápidos.

-Acho que sei um jeito de descermos mais rápido.  Arão olhou para Bal.  -Você conseguiria fazer um bloco de gelo para deslizarmos até o fim desta colina?

-É pra já. Saindo um bloco de gelo no capricho...

Assobiou para Dafne chamando-a. Ergueu seu cajado, os dois se concentraram. A água se concentrou formando uma placa muito grossa de gelo ao chão. Os quatro subiram, Dafne voava ao lado de Bal. Deram um impulso o bloco desceu a encosta.

 

 

 

Uriel ultrapassou as linhas inimigas, desceu do cavalo chegando a cruz de Math.

-Calma amigo já vou libertá-lo.

-Você não devia ter vindo.  Sussurrou Math muito cansado. -Apenas está sacrificando mais vidas.

Olhou para trás, seus homens  lutavam bravamente acabando com as criaturas. Virou a cabeça para o outro lado as legiões se aproximavam... Não conseguiriam fugir.

-Deixe-me aqui. Salve-a. Pediu Math apontando para a cruz logo atrás da sua. O sábio tinha consciência que Uriel não conseguiria salvar a ambos.

-Já não tem mais importância sobre quem resgatar. Falou Uriel com Math nos braços. -Pois ninguém se salvará.

As outras legiões finalmente os alcançaram.

 

 Diana observava tudo acontecer com tristeza, perderia seus valiosos homens e se não fizessem algo  toda a sua comunidade em breve cairia. Abaixou a cabeça colocando-a entre os braços. A dor a invadia. Chorava desolada.

“O Criador nos ajude! Não nos abandone nesta hora de nossa provação. Mostre sua força e faça um milagre por estes seus filhos que sofrem”. 

Orava Diana mentalmente sem muita convicção.

-O que é aquilo? Gritou Sara apontando para algo que produzia um reflexo enquanto descia a encosta se aproximando da batalha.

Diana ergueu a cabeça, seu corpo se retesou.

-Esperança!

Os jovens empunhavam suas armas, Odrin gritava feito doido como se a proximidade da batalha o excitasse. Bal gritava de desespero pela velocidade que a  placa de gelo atingira.

-Prontos! Gritou Arão.

Todos acenaram com a cabeça. Cassi já lançava suas flechas derrubando vários inimigos.

-Vou lhes dar as boas vindas. Urrou Odrin. Saltando do bloco de gelo.

 

Uriel viu algo descendo a encosta. Um bloco de gelo com quatro garotos e uma ninfa. As criaturas ainda não tinham notado a presença deles.

            Odrin caiu desferindo um poderoso golpe de sua arma no chão entre as cruzes e as legiões de criaturas, no momento em que iam sofrer um ataque das forças que vinham da retaguarda. Uma explosão ocorreu, o machado de Odrin provocou ondas na terra que varreram milhares criaturas.

O bloco de gelo se espatifou ao terminar de descer a encosta. Levando muitas criaturas consigo. Cassi, Arão e Bal pularam antes. A garota conseguia derrubar vários inimigos com apenas uma flecha. Algumas criaturas cercaram Bal e Dafne. O garoto com a ajuda da ninfa fez uma tromba d’água sair de seu cajado derrotando todas elas.

Arão avançou ceifando criaturas até chegar às cruzes. Subiu na madeira  para libertar Krisna.

-Você é um anjo? Sussurrou ela desmaiando

Arão olhou para a garota apesar de machucada, era muito bela, sentiu toda a rigidez de seu corpo ao tomá-la  em seus braços.

-Vamos!

 Gritou Uriel montado em um cavalo segurando Math junto de si. Apontou para outro cavalo que outrora tivera um cavaleiro, mas que caíra durante a batalha. Arão obedeceu, chamou pelos seus amigos. Tinham que voltar para dentro da comunidade, as criaturas já tinham se refeito do susto inicial. Reagrupando-se para um novo ataque e mesmo eles não seriam páreos para o grande número delas.

Bal com a ajuda de Dafne montou em um cavalo,  seguia os outros rumo ao portão principal. Cassi tinha ficado para trás não havia mais cavalos, um grupo de inimigos avançavam sobre ela. Estava cercada. Foi quando um cavalo rompeu sobre as criaturas, Odrin estendeu a mão, ela segurou firme montou com ele, ainda atirava flechas derrubando vários seres negros enquanto batiam em retirada. A legião negra foi ficando para trás, ela se agarrou à cintura de Odrin, alcançando os outros.

Todos partiram em direção ao portão principal. As criaturas corriam atrás, mas por estarem a pé, ficaram muito distantes.

-Abram o portão principal.  Ordenou Diana.

Os cavaleiros entraram, com os portões fechando as suas costas. Arão entregou a garota, junto às mesmas Virtudes que levaram Math. Subiu nos muros junto com seus companheiros. A legião negra avançava contra as muralhas da Comunidade.

-Arqueiros, preparar! Ordenou Uriel.

As criaturas já estavam no raio de ação das flechas.  Arão estranhava o homem não dar ordem para os arqueiros dispararem.

-Por que não... O homem o interrompeu, como se adivinhasse a pergunta. -Espere meu jovem,  e verá...

As criaturas chocaram-se contra o muro. Urros foram ouvidos, as que tinham tocados as muralhas saíam queimadas como se óleo quente lhes caísse na pele.

-Meu nome é Uriel.  Disse apresentando-se. -As criaturas não podem encostar nas muralhas, elas são protegidas por um encantamento. O resultado do toque vocês puderam ver. Olhou para os lados, ergueu os braços empunhando a espada, abaixando num movimento brusco.

-Disparar flechas.

A chuva de setas cortou o ar acertando as criaturas, que caíam aos montes. Elas começaram a recuar, fugindo desesperadas. Arão olhou para Uriel.

 

 -Eles fogem desgovernados, não entendo, porque vocês não os enfrentam. Podem até ser muitos, mas são totalmente desorganizados.

-Se nossas preocupações fossem somente com eles nós já teríamos juntado todas nossas forças e os liquidados.

-Mas o que é então?  Perguntou Cassi a Uriel.

-Aguardem. E vejam por si só.

No centro das legiões negras, um demônio de asas, colete com pontas e um elmo formado por um crânio estava ajoelhado a frente de um trono de um ser coberto por um névoa escura, impossibilitando de ver sua aparência. Ao seu lado, uma enorme besta negra dormia.

-Meu mestre, ‘Senhor das Moscas', não conseguimos capturá-los.

-Como ousa, me trazer más notícias.

Sua voz era grave e pautada. Como se tivesse sendo distorcida a cada palavra.

-A esta altura os homens de Uriel já deveriam estar mortos.

-Mas meu senhor os guardiões não estavam em nossos planos.

-Não quero desculpas. Suas armas são fantásticas, mas são apenas crianças, com eles ou sem eles a Comunidade do Sul irá cair. E minhas legiões?

O demônio se encolheu como se tivesse medo do que iria acabar de dizer.

-Eles se descontrolaram, avançaram sobre a comunidade desobedecendo vossa ordem. Muitos estão fugindo neste momento.

-O quê? Temem mais os homens do que o Mestre do Caos? Esmurrou o trono ficando em pé.

-O que devo fazer?  Perguntou o demônio.

-Mande os Predadores do Inferno. Ordenou sentando-se novamente... Rindo...

 

Arão junto com os outros observavam as criaturas fugirem. No horizonte uma névoa negra surgiu. Avançando rápido em direção as muralhas da comunidade.

Quando as criaturas viram a névoa mudaram de direção imediatamente, fugindo de volta para  as muralhas.

"O que poderia causar tanto medo nas criaturas para fazê-las virem para a morte nos muros da comunidade?".  Pensou Arão.

A névoa se desfez uma coluna de cavalos compostos somente por ossos e montados por lagartos muito similares aos  homens aparecem. Usavam mascaras com chifres e coletes com pontas de metal. Suas ombreiras possuíam desenhos de cobras e empunhavam tridentes negros. Partiram em direção dos seres que fugiam desgovernados, em pouco tempo o chão perto da comunidade ficou cheio de corpos das criaturas.

-Eles matam seus próprios companheiros.  Exclamou Bal com espanto.

-O mal tem medo, mas eles são cruéis e impiedosos, mesmo com os seus. Não admitem falhas.

Uriel estava se retirando.

-Aonde você vai? Questionou Arão.

-Hoje a batalha já acabou.

-Vamos descer. Pediu Diana.

-Vocês devem estar cansados, comeremos alguma coisa e conversaremos...

A noite os jovens estavam reunidos, em uma grande mesa. A chuva fina caía do lado de fora do castelo. Rente à cidade as fogueiras eram vistas no acampamento das legiões inimigas. Uivos como os de lobos eram ouvidos fora da comunidade.

Muitas pessoas ocupavam a mesa, Diana estava no topo dela, ao seu lado direito sentava-se Sara, enquanto do lado direito estava Uriel. Os quatro jovens mais a ninfa sentavam-se perto deles. Diana virou-se para Uriel.

-E a situação de Math e da garota?

-Estão muito machucados, mas irão sobreviver.

-Nossa ajuda? Continuou ela.

-As comunidades continuam temerosas, Math não obteve sucesso em sua missão, não conseguiu chegar a comunidade Oriental. Acredito que os reforços  não irão chegar. Porém, se eles soubessem  que o 'Senhor das Moscas' está envolvido nisso, acredito que talvez poderiam mudar de idéia.

-Ou talvez não, Uriel!

-Diana amanhã os quatro grandes estarão reunidos conosco.

-Ótima notícia Uriel. Diana dirigiu-se aos jovens. -Então vocês são os quatro guardiões. Fiquei surpresa e feliz ao vê-los. Vocês foram mandados pelo santuário para nos ajudar? Isso me surpreende.

-Na verdade não. Respondeu Arão, narrando a aventura deles até a chegada a Comunidade do Sul.

-Então vocês estão aqui por acidente, talvez isso seja providencial.  Disse Diana. -Amanhã será o grande dia, precisaremos de vocês.

Os jovens acenaram com a cabeça.

-Vocês viram que as legiões demoníacas não podem invadir a comunidade enquanto os muros estiverem em pé.  Uriel tinha tomado a palavra.  -Não entendemos bem o que eles tramam, ou o que pretendem. Eles não têm como destruir as muralhas, porém nosso povo está sendo dizimado. O Mal têm conhecimento disso, e sabem que mais cedo ou mais tarde nós teremos que sair. Nossos guardas informaram que existe uma movimentação grande nas legiões do inimigo, estão tomando posições como se fossem invadir a comunidade imediatamente.  Nossas forças não são tão grandes como as do inimigo. Se realmente acontecer um combate perderíamos com certeza.

-Mas você acabou de falar que eles não tem como destruir as muralhas?  Questionou Bal cheio de dúvidas.

-Sim, eu disse, essas muralhas são protegidas por um encantamento poderoso, nada seria capaz de transpô-la...

Uriel ficou quieto pensativo... Seu rosto mostrava traços de preocupação.

-Suas armas são especiais.  Comentou Diana.

-Elas possuem uma  força incrível, uma das maiores conhecidas, o poder dos elementos, que é a força da natureza. Elas podem vencer qualquer magia. Por isso são muito importantes.

-Posso lhe fazer uma pergunta?  Perguntou Arão a Diana.

-Claro.

-Quem são os quatro grandes que estarão reunidos amanhã?

-São os quatro mensageiros, Uriel, Michael, Gabriel e Rafael. Os quatro arcanjos estarão juntos novamente para lutar pela liberdade do firmamento.

-Uau! Exclamou Bal.

-Mas com a força deles, e com os seus exércitos de anjos, os Potencias, mesmo o inimigo sendo em maior número, vocês não seriam capaz de derrotá-los?  Perguntou Cassi.

-Talvez  até teríamos. Os anjos Potencias são nossa principal força. Mas o destino dos quatro grandes é outro na batalha. Eles enfrentarão o mal vivo, o Senhor das Moscas.

Os jovens pareciam confusos com as palavras de Diana.

-O grande general do mundo inferior, senhor do caos e da destruição, detesta qualquer forma de harmonia. É extremamente hostil e delinqüente, possui o desejo de matar tudo e a todos. Qualquer forma de vida que respire o teme. Trata-se de uma inteligência inumana em perpétua revolta, impiedoso, sem escrúpulos. Irracional ao extremo, a morte segue seus caminhos, faz do extermínio rápido uma forma de diversão. Regente efetivo do princípio da decomposição, assume formas nauseantes e grotescas, assim como seus comandados, cheios de feridas e deformações. Sob seu comando estão demônios responsáveis por toda espécie de infecções e contágios, ele consegue ter esse poder até  em níveis espirituais. É por isso que várias pessoas estão morrendo na comunidade, 'as moscas'. Não podemos ficar muito tempo sitiados, ou todos morrerão. Ele é considerado líder da legião de zumbis.

Diana se calou por um momento, então Uriel assumiu a narração.

-O ministro dos espíritos malignos. Ele é aterrorizante, enorme, preto, inchado e chifrudo. É cercado de fogo com asas de morcego. Um tirano autoritário. Vocês puderam presenciar sua crueldade hoje com seus próprios comandados. O príncipe dos diabos, vocês viram alguns deles, os Predadores do Inferno. Michael já o enfrentou antes e o enfrentará amanhã novamente. Ele está com sua besta negra que já atacou  a ilha do manuscrito, onde estavam os pergaminhos com a localização dos elementos. Acreditamos ainda que ela também já tenha agido no santuário.

 

         Os jovens recordaram mentalmente a batalha da qual Uriel falara.

-Por isso precisamos da ajuda de vocês, pois mesmo com os quatro arcanjos se nenhuma das comunidades nos enviar mais reforços não conseguiremos enfrentar as hordas das trevas.

-O Senhor das Moscas!  Falou Sara.

-Mais conhecido como Bellzebu...

 

 


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