Guardioes de Deus: a Batalha nos Ceus escrita por cardozo


Capítulo 60
Capítulo 27 - O Guardião dos Elementos




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Odrin estava parado no meio da Arena, ia começar a andar quando quatro pedras retangulares surgiram do chão, uma a frente, outra atrás, uma do lado direito e outra no seu lado esquerdo. Elas tinham pelo menos duas vezes o tamanho do garoto e caíram sobre ele.

 

Bal passou pelo pedestal a sua frente, pisava com certa dificuldade, o solo parecia estar amolecendo, de repente embaixo de si formou-se um redemoinho. Ele foi tragado pelo mesmo. Dafne nem teve tempo para ajudá-lo. 

 

Cassi olhava para cima, nuvens negras começavam a se formar. O vento estava forte. Das nuvens formou um furacão. Ela não conseguiu  correr, ele caiu sobre a garota, içando-a para cima.

 

            Arão esperou o nível da lava abaixar para descer do bloco, apesar de haver fogo no chão, há pouco tempo o mesmo não estava quente. Um barulho veio de cima de sua cabeça. Uma bola de fogo incandescente caiu sobre o garoto provocando uma grande explosão. Formou-se uma bolha de fogo que consumiu o garoto.

 

As pedras se transformaram em pó. Odrin saiu do meio dos escombros batendo a roupa. Estava todo sujo de terra. Algo estava diferente ele sentia isso, o desenho de um urso formou-se em suas costas. Sua mão estava cheia de terra. Ele levantou o braço direito, inclinou-o para o lado esquerdo. Moveu-o para  o lado direito, no ar um pouco acima de sua cabeça um rastro de poeira se formou. Este foi se solidificando, aumentando de volume até se tornar um grande machado com um pequeno furo na lâmina. Ele caiu sobre os ombros de Odrin que segurou pelo cabo em cima dos ombros. O garoto se arqueou um pouco com o peso da arma, mas logo depois sorriu.

 

O redemoinho cessou Bal estava deitado no chão todo molhado. Sentiu algo estranho, seus cabelos se alongaram mais e ficaram com a coloração azul, mesma cor que suas íris adquiriram, em sua  mão esquerda gotas de água escorriam da palma  caindo até o chão. Uma poça se formou,  começou a se mexer e um jato   subiu passando pelas suas mãos . O garoto fechou-a, a água se solidificou formando um cajado, ele possui um pequeno furo no meio. Um aro na ponta de cima, dentro dele uma esfera d'água se formou. Dafne olhou assustada para a nova aparência de seu companheiro.

 

Cassi caiu no solo quando o vento cessou. Estava toda descabelada. Levantou olhando para ver onde estava, se continuava no mesmo lugar. Alguma coisa a incomodava, seus desenhos pelo corpo haviam mudado de cor, as listras do rosto, do pescoço e dos ombros de amarelo haviam pegado a tonalidade cinza. Levantou o braço direito, descendo rente ao corpo, uma névoa foi formando, deixando um rastro atrás de sua mão. A névoa foi tomando a forma de um arco.

A garota segurou no meio da arma onde havia uma pequena figura de uma mulher. No centro do arco havia um pequeno buraco. Não havia corda nele, mas quando ela passou a mão pelo espaço vazio, uma corda e uma flecha de vapor se formaram.

 

O fogo da bolha se consumiu todo, Arão se levantou, cheio de cinzas por cima de si. Bateu no corpo para a sujeira sair, quando elas saíram de suas costas, uma imagem de um dragão estava desenhada. Suas mãos queimavam, olhou para as palmas das mesmas, elas estavam vermelhas. Esticou os braços e bateu com as mãos frente ao peito. Conforme foi afastando-as  um rastro de fogo foi surgindo. Arão se assustou, mas continuou a afastá-las. O fogo foi se tornando lava depois ficando sólido, tomando a forma de uma espada. No cabo um pequeno buraco.

 

 O grupo dos guardiões estava formado.

Passagens abriram-se, eles corriam por dentro da montanha, uma pequena luz surgiu a frente de cada um. Chegaram quase ao mesmo tempo a um câmara grande. Cada um entrou por uma passagem diferente. Olharam-se intrigados.

-Onde vocês estavam? Perguntou Cassi. -Eu pensei que vocês tivessem...

-Vire essa boca pra lá. Resmungou Bal.

-Todos estão bem? Onde está Tiror?  Arão perguntou, mais para Cassi do que para qualquer outro.

A garota olhou para Odrin. Ele abaixou os olhos.

-Nós o perdemos. Sua voz soava com tristeza.

-Esperem até eu contar para vocês o que aconteceu comigo. Bal se animara um pouco.

-Eu quero saber é como sairemos daqui? Dafne estava olhando para todos os lados da câmara.

-Não sairão!

Todos olharam assustados para o local de onde viera àquela voz.

-Quem disse isso?

-Não sei Cassi, mas não gostei nada.  Bal como os outros olhavam para a câmara, mas não viam ninguém.

Quando voltaram suas vistas para cima algo saiu da escuridão, caindo no chão, provocando um grande estrondo. Os jovens só conseguiam ver um par de asas cruzadas em meio à poeira.

-O que é isso? Perguntou Cassi.

As asas subiram um pouco. O que quer que fosse estava até então agachado e agora tinha ficado em pé. Elas continuavam a esconder o seu corpo, mas as pernas já estavam visíveis. Eram maiores que a de um homem.

-Quem é você? Perguntou Arão.

-Meu nome é Sekhmet. Sou o guardião da montanha dos quatro elementos e não permitirei que vocês saiam daqui com vida. Sinto falta de essência e vocês saciarão minha sede.

-Olha, você não vai gostar da minha não. Ela é muito ruim. Comentou Bal.

-Além do mais não deixarei que vocês levem desta montanha as armas dos elementos.

Os garotos se olharam entre si, surpresos. Cassi fechou os olhos.

-Você está bem? Perguntou Arão.

-Sim, foi apenas  um pequeno mal estar, mas já estou bem.

-Me entreguem as armas.

-Nós as entregaremos. Instigou Arão. -Com tudo o que elas tem.

Fechou as mãos sobre o peito, foi afastando,  a espada de fogo formou-se. Odrin levantara o braço e o  movimentou sobre os ombros a poeira deixada tornou-se um machado. Bal esticou o braço no chão surgiu uma poça de água, ela subiu com um jato  e formou-se um cajado. Cassi levantou o braço e o desceu rente ao corpo, a névoa deixada dissipou-se em um arco.

-É melhor você nos deixar passar. Bradou Arão.

-Tolos! Pensam que conhecem bem as suas armas. Mas não sabem nada sobre elas... Isso será a perdição para vocês.

-Você fala demais.  Disse Odrin.

As asas se abriram, revelando um ser com corpo grande e forte com uma  cabeça de leão.

Cassi lançou pela primeira vez suas flechas, o ar formava flechas brancas que partiram com uma velocidade incrível. Sekhmet se defendeu com as mãos. Odrin bateu com seu machado no chão, um grande estrondo se fez, ondas no solo se formaram, indo em direção ao ser. Ele levantou vôo, ficou suspenso no ar vendo as ondas passarem.

-Belas armas. Mas elas não os ajudarão em nada. Levantem! Levantem! Urrava Sekhmet.

-O que ele está falando? Perguntou Bal confuso. -Nós já estamos em pé. 

-Não é para nós. É para eles.

Cassi apontara para o chão, onde do solo saíam quatro rochas que tomaram a forma de leões.

-Peguem-nos.

Ordenou. Os leões avançaram. Os garotos tinham dificuldade de lutar contra eles, pois eram rápidos e suas garras mortais e certeiras.  Cassi não teve tempo para atirar a flecha. O leão quase a acertou, o leão deu um pulo muito grande  surpreendendo a garota. Ele atacara outra vez, Cassi mirou com cuidado e disparou a flecha. Ela atingiu a pata dianteira do leão enquanto ele estava no ar, arrancando-a fora, quando o animal caiu no chão não teve como se apoiar, bateu com o rosto no mesmo e quebrou-se inteiro.

Dois leões vinham em direção a Bal.

-Cuidado. Gritou Dafne.

Ele apontou o cajado para o solo. Uma barreira de água se formou, com se fosse uma parede. Os leões pararam. Odrin empurrou Bal para o lado.

-Sai da frente.

Ordenou ele, cravou seu machado no chão, uma onda levantou a terra   indo em direção a barreira de água. Os dois leões que estavam parados atrás dela não viram a terra ir se levantando passar pelas águas, só sentiram o impacto atingir-lhes. Os dois foram jogados contra a parede e se esfarelaram.

Arão se defendia das garras com sua espada. Em um dos golpes, sua espada arrancou uma das pernas do animal de pedra. Ele levantou-se mesmo assim, pulou sobre Arão, mas este o atingiu com um golpe na cabeça, fazendo-o em pedaços.

-Mais alguma brincadeira? Agora é a sua vez.  Disse Arão apontando para Sekhmet.

O ser voltou ao solo, os jovens estavam prontos para atacá-los, porém suas armas perderam a energia.

-O que foi meus jovens amigos, suas poderosas armas se tornaram inúteis?

-O que aconteceu? Cassi não entendia, mas as flechas de ar não se formavam mais.

Sekhmet se aproximou e estendeu a mão. Nela havia quatro pedras.

-Essas são as quatro pedras do poder. Se vocês olharem para suas armas verão que elas possuem pequenas saliências. O diamante a pedra do fogo. A jade a pedra da água. A opala a pedra do ar. E a esmeralda a pedra da terra. Essas pedras dão vida às armas. As suprem com a energia. Sem elas seus brinquedinhos se tornam inúteis. Um dia talvez, vocês possuam a aura suficientemente forte que não necessitem mais das pedras, mas hoje elas são fracas e só conseguiram sustentar as armas por um pequeno período.

-Foi por isso que você mandou os leões.  Exclamou  Arão com raiva.  -Para esgotar as energias delas.

-Bem observado, meu jovem. Mas agora eu acabarei com vocês.

-Por que está fazendo isto? Viemos aqui por que todo o firmamento corre perigo.

Sekhmet riu perante a observação de Arão.

-Eu não ligo para os homens. Um dia os homens precisaram de mim. Eu os ajudei. Livrando o Vale da Perdição de seus inimigos. Derrotei cada um deles,  me tornando forte e poderoso a cada morte eu me fortalecia. Os homens passaram a ter medo do meu poder. Por isso me trancaram nessa montanha, a montanha dos Quatro Elementos, onde o poder místico de cada elemento me impede de sair. Depois de tudo que fiz por eles me traíram.  Usaram-me e depois me prenderam.  As trevas os assolam,  eles querem a ajuda dos elementos? Pois saibam que eles jamais a terão.

-Espere eu me lembro dessa história. Bal procurava se recordar. –Sim, os magos da minha comunidade contavam a história do grande caçador do vale. Realmente ele derrotou todos os inimigos, mas ao fazer isso tomou contato com a essência. Gostou tanto que começara a matar os seres por prazer, para sugar-lhes toda ela. Tornara-se um assassino. Como eles não tiveram força para detê-lo o prenderam.

-Sim, eu me tornei dependente da essência. Mas ela me foi negada, fiquei confinado neste local por séculos Nunca mais a provei... Quase enlouqueci todo esse tempo sem ela. Agora vocês sabem porque não posso deixá-los partir. Serão minhas vítimas. Para vocês saírem é simples basta me derrotar e passarem por aquela passagem.

Apontou o outro lado da sala.

–Se seguirem aquele caminho, vocês sairão na ponte da Fenda Eterna, onde qualquer queda é fatal.

-Por quê?  Perguntou Bal.

-Porque ela não tem fim.

-O que faremos? Dafne puxava a blusa de Bal nervosa.

-Sem as armas não temos como enfrentá-lo.  Reclamou Odrin.

-Arão temos que pegar as pedras. Completou Cassi

O garoto sabia que ambos  tinham razão em suas colocações. Sekhmet deu um passo a frente. Os jovens recuaram.

-O que irão fazer? Resistir ou se entregar pacificamente?

O ser pulou dividindo o grupo, Odrin e Cassi eram alvos fáceis, quando Sekhmet pulou uma segunda vez, suas garras vinham certeiras para acertar os dois. Odrin empurrou Cassi para o lado. As garras não a alcançaram, porém acertaram o peito de Odrin. O garoto foi jogado para trás perto da parede. Estava cercado, seria morto.

Arão via a cena sem saber o que fazer.  Estavam indefesos.

"De onde vem essa força". Pensou Sekhmet.

Uma fúria  percorreu todo o  corpo do garoto, pegou a espada avançando em direção a Sekhmet.

-O que você pensa que vai conseguir? Apenas está adiando sua morte.

Ele olhou para o garoto correndo em sua direção com a espada apagada, sorriu, acabaria primeiro com ele. Sem o poder das armas eram presas fáceis. Algo, porém aconteceu que o pegou de surpresa. Um brilho laranja surgiu ao redor de Arão, os desenhos de sua pele brilharam. A luz do fogo se acendeu na novamente. Desferiu o golpe, decepando a mão de Sekhmet. As pedras voaram todas. Dafne pegou-as.

-Peguem! Gritou ela jogando para seus amigos.

Os garotos colocaram as pedras nas armas que ganharam vida mais uma vez.

-Agora você vai ver o que é bom já que recuperamos nossas armas. Disse Bal.

Sekhmet segurava o braço atingido. Ele comeu a rir.  Arão se colocava à frente dos garotos, não entendia o porquê do riso, ele o havia atingido.

-Muito bem garoto. Deixarei você ir, pelo golpe que aplicou, mas ficarei com seus amigos. Jamais alguém havia me acertado antes.

Arão estava quieto, os garotos apreensivos.

"Ele irá nos abandonar". Pensava Bal desanimado.

-Vá e escape da morte.

-Não! Eu ficarei com eles.

-Prefere ficar e morrer aqui. Do que fugir e viver.

-Se eu tiver que ir, que seja ao lado deles. Não fugirei deixando ninguém para trás.

Até Odrin ficara impressionado com as palavras de Arão. Cassi agachou-se por um momento. Bal a ajudou.

-Tudo bem?

-Acho que sim.

"Este garoto possui uma força incrível poderia viver e se tornar um grande guerreiro. Entretanto será muito prazeroso matá-lo. Eu adoro quando minhas vitimas lutam, porém no fim sempre tem o mesmo destino, a morte".

-Que assim seja, se sua vontade é morrer com eles... Eu o atenderei.

A luta recomeçou. Os jovens atacavam Sekhmet, mas ele conseguia repelir os golpes, mesmo sem uma das mãos. O ser se concentrou, mãos de pedras surgiram das paredes. Prenderam  os garotos e a ninfa pelas mãos e pernas. Suas armas caíram ao chão, estavam presos.

-Vocês me pertencem.

Por mais força que fizessem não conseguiam escapar.

-É inútil tentar se soltar. Não conseguirão. Vocês são muito jovens,  ainda não tem força o suficiente para usar as armas dos elementos. Precisariam de muito mais tempo para ter o domínio sobre elas e tempo é a coisa que vocês menos tem.

Riu maldosamente, capturou os jovens, mas não fora fácil, eles lutavam bem, se fossem mais experientes...

-Foram muito tolos em me enfrentar. A morte é certa para todos vocês.

-Não queria morrer assim.  Resmungou  Bal.

-Você esta bem? Perguntou Odrin a Cassi.

Arão também olhava para a garota. Sua cabeça pendia sobre o peito, ela estava mal, suava frio e murmurava palavras sem sentindo.

-Eu o sinto. Ele está aqui.

-Quem? Perguntou Arão, mas ela não respondia. Só repetia a mesma frase.

-Ele está aqui.

Sekhmet se aproximava dos garotos, a escuridão acima no teto moveu-se velozmente. Luzes apareceram, um corpo negro caiu sobre Sekhmet, cravando-lhe as presas em seu pescoço.

-O Ente da Noite. Berrou Bal.

Sekhmet era maior que o corpo negro, se debatia para tirá-lo de cima de si, entretanto não conseguia. Por fim atirou-o para o lado. Sekhmet ficou com o ombro ferido. O ser negro parecia um lobo, mas sua escuridão não permitia lhe definir uma forma exata. Seus olhos emitiam um brilho sinistro.

 

 O corpo negro aumentou de tamanho, ficou mais forte. Atacou Sekhmet novamente cravando-lhe  mais uma vez as presas, desta vez ele não conseguiu repeli-lo. Aos poucos foi perdendo a força. Caiu inerte no chão. O corpo negro caiu, parecia estar sofrendo uma metamorfose...

-O que está havendo com ele?  Perguntou Bal.

O ser negro agigantou-se,  parecendo-se mais com os homens porém muito maior, asas romperam-lhe as costas.

-Isso! Urrou levantando os braços. -Agora estou completo, sou pleno...

Sua voz era grave, a cada palavra parecia haver uma ameaça existente.

-Tolos! Eles pensaram que poderiam me controlar, mas se enganaram. A cada vítima eu me fortalecia, sugava toda a sua essência,  ganhando todo o seu poder e força. Finalmente  consegui o poder de Sekhmet, daqui em diante ninguém poderá me deter.

-Quer dizer que você veio para cá de propósito? Perguntou Arão.

-Sim. Ouvi falarem de Sekhmet. Percebi que conseguindo o poder dele, eu não temeria mais o dia. Neste instante nem a pedra poderá mais me deter.

Ele levantou a mão, o corpo de Cassi arqueou para frente. A pedra verde mesmo presa pela corrente estava suspensa no ar à vista de todos.

-Por isso ela não morreu como as outras. Ele fechou a mão à pedra se estilhaçou. –Agora você é minha.

-Sim, mestre.  Sussurrou Cassi. Seus olhos ficaram brancos como se estivesse em transe.

-Não!

Odrin lutava para se libertar.

-Ora, o que temos aqui. O Ente o observava com curiosidade. -Esta menina tem o poder do sentimento. Interessante. Eu posso sentir também...

O Ente abaixou a cabeça, as mãos que seguravam Cassi e Odrin sumiram.

-Peguem suas armas.  Ordenou.

-O quê? Questionou Odrin.

Cassi se abaixou,  estava de posse de seu arco.

-Minha serva.

-Sim, meu mestre.

-Eu ordeno que acabe com este jovem.

-Cassi não faça isso.

 Gritavam os garotos presos.

-Eu não vou lutar com ela. Recusou-se Odrin.

-Como quiser. Murmurou o Ente. -Eu já esperava isto. Acabe com ele. Ordenou.

Cassi disparou uma flecha. Odrin pulou antes que ela pudesse acertá-lo. O garoto pegou o machado. A garota não parava de disparar as flechas. Odrin as defendia com o machado. Não ousava atacá-la.

-E então? O que vai ser? Vai atacar e matá-la ou deixará que ela o mate. Você deve escolher, entre a razão e o coração.

-Não entendi esta parte. Comentou Bal.

-Finalmente compreendi tudo. Já sei o que estava errado em meu sonho.  Exclamou Arão. -Nele Odrin defendia o golpe que recebeu e Cassi morria... O bastão dela se quebrava quando era atingido. Mas aconteceu justamente o contrário.

-Sim eu também tive o mesmo sonho.  Comentou Odrin olhando para baixo. -Por isso fui até o quarto dela e coloquei uma pedra do meu bastão no dela deixando-o mais forte.

-Mas por que ele faria isso?  Inquiriu Bal. -Ele nos odeia.

-A nós talvez, mas ela...

Olhou para Cassi. Ela já empunhava outra flecha no arco. Odrin deixou cair o machado. O rosto  dele ficara vermelho. Estava indeciso como se não soubesse como prosseguir.

-Não posso atacá-la.  Olhou nos olhos dela.

-Eu gosto de você. Eu tentei lutar contra isso  que sinto, mas foi impossível. Tinha raiva de Tiror por ele ter contato com você. Raiva dele. Apontou para Arão. -Que sempre estava ao seu lado.

-Mas eles sempre se odiaram. Fofocou Bal para Dafne.

-Já vi que você não entende nada de assuntos amorosos. Reclamou a ninfa.

-Ela foi à primeira garota que me confrontou. Quando me tocou no vale, tenho certeza que soube o que eu sentia. Eu fiquei assustado, acabei  fugindo, Sabia o que ela sentia por Tiror.

Ficou quieto antes de prosseguir. 

-O ódio aos celestinos sempre nos foi passado. Eu tenho minhas razões pessoais para crer nisso. Convivendo com vocês, vi que as coisas são diferentes. Eu fiquei em dúvida sobre em que acreditar. Meus ideais pareciam errados. Existem celestinos ruins, alguns que eu gostaria de matar.

Odrin pensou em seu irmão que fora traído por uma celestina.

-Porém existem pessoas boas. Eu os invejo pelos laços de amizade que os une... Não vou lutar com você, pode atirar.

Lágrimas escorriam dos olhos brancos de Cassi. A mira de seu arco  tremia junto com ela.

-Muito comovente. Mas isso não  irá salvá-lo. Atire! Ordenou o Ente.

Cassi atirou a flecha, ela seguiu direto para Odrin. O garoto não se mexeu, nem procurou evitar a flecha. A seta passou raspando o seu braço, fazendo um pequeno corte.

-Como se atreve a me desobedecer.

Os olhos do Ente brilharam com mais intensidade. Cassi gritou de dor.

-Vamos acerte-o. Jamais ouse questionar minhas ordens novamente.

-Não faça isso Cassi.

Pedia o garoto.

-Sim, mestre.

Um brilho surgiu ao redor do corpo da garota. Ela disparou a flecha certeira, porém antes disso virara o arco na direção do Ente. Ele recebeu a flecha no peito caindo para trás. Cassi desmaiou. As pedras que seguravam os garotos sumiram.

O Ente se levantou.

-Idiotas! Acham que isso poderá me deter?

Os jovens se preparavam para lutar. Odrin segurava Cassi desacordada em seus braços.

-Não podemos com ele.  Indagou Bal.  -Ele é muito poderoso e Cassi está desacordada.

-Você tem razão Bal, mas não temos escolha à não ser enfrentá-lo.

Arão estava à frente do grupo.

O Ente se preparava para avançar quando uma mão o agarrou por trás. A cabeça de Sekhmet surgia logo ao lado da sua.

-Me solte. Gritava o Ente tentando se desvencilhar dele.

-Você morrerá comigo.

Uma esfera de luz surgiu envolvendo os dois corpos, foram subindo. Os gritos do Ente ainda podiam ser ouvidos. A montanha começou a ruir.

-Temos que sair daqui. Berrou Arão tendo com  última imagem do local a esfera rompendo as pedras, explodindo o teto.

Eles corriam afoitos tentando sair da montanha antes que esta viesse abaixo. Seguiram pelo caminho que Sekhmet havia indicado. Dafne levava o machado de pedra e o arco de ar. Enquanto Odrin carregava Cassi nos braços. Quando chegaram ao início da ponte à montanha se desfez por completa. Eles sentaram aliviados.

-Essa foi por pouco.

Um enorme peso parecia ter sido tirado dos ombros de Bal.

-Conseguimos! Vibrava Dafne, abraçando Bal.

 Odrin colocou Cassi deitada no chão, à garota estava um pouco zonza.

-Acho que lhe devo desculpas. Disse Odrin se dirigindo a Arão.

-Você não me deve nada. Amigos?

Estendeu a mão para ele, o garoto sorriu e o cumprimentou. Bal se aproximou também.

-Eu também lhe devo desculpas por achar que você tinha nos abandonado.

-Tudo bem, mas com uma condição.

-Qual?

-Nunca mais tente dar uma de cúpido.

Os dois riram, Odrin ficou sem entender a piada, mas não perguntou nada. Cassi se levantou com a ajuda de Dafne.

-Como está? Perguntou Bal.

-Ainda me sinto um pouco fraca. Mas acho que...

Uma explosão veio dos escombros da montanha. Um ser negro voava passando sob o sol, sua sombra   atravessou  os jovens. Pousou na ponte. As suas garras fizeram o chão tremer.

-Tenho que reconhecer que esse cara é muito persistente. Inquiriu Bal levantando-se com o cajado a mão.

-Eu disse que ninguém ia conseguir me deter. Primeiro sugarei toda a essência da garota depois acabarei com todos vocês.

-Arão ele é muito poderoso.

-Eu sei Bal.

-Vamos atacar todos juntos!

-Concordo com Cassi, podemos atacá-lo de frente.  Apoiou Odrin a sugestão da garota.

-Não adiantaria. Concluiu Arão. -Ele é muito poderoso, acredito que mesmo com nossas armas não conseguiríamos vencê-lo.

-Então o que faremos? Perguntou Dafne com medo. -Não quero morrer aqui.

-E não vamos.

Todos olhavam para Arão, não viam saída.

"Tenho que pensar em alguma coisa senão nossos túmulos serão cravados nesta ponte".

-É melhor vocês desistirem.  O Ente se vangloriava de sua superioridade. -Prometo lhes dar uma morte rápida, mas nem por isso ela deixará de ser dolorosa.

-Nós vamos morrer.  Choramingava a ninfa.

"Espere..." Arão parecia ter pensado em algo. "Pode dar certo, porém se não der estaremos todos condenados... ".

-Tenho uma idéia, mas vou precisar da ajuda de todos. Cassi você está forte o suficiente para disparar algumas flechas?

A garota confirmou com a cabeça.

-Odrin quão poderoso é seu machado?

-O suficiente...

Respondeu o jovem brincando com a arma  nas mãos.

-Vou confiar na sua palavra. Eu o enfrentarei sozinho. Bradou Arão.

-Você não está com as idéias em ordem!  Bal não se conformava com a sugestão dele.

-Está querendo morrer? Completou Cassi.

-Confiem em mim.  Pediu ele.

Todos olharam desconfiados. O Ente ria perante a proposta de Arão.

-Se você quer assim. Mas lembre-se não terei piedade.

"Garoto tolo, vou acabar com você num instante".

-Bal preciso que você congele a ponte.

-Mas por quê? Não estou entendendo.

-Apenas faça o que pedi.

Bal obedeceu, ele e Dafne se concentraram, o garoto apontou a cajado para o solo, um jato de água saiu de seu objeto cobrindo toda a ponte. Num instante a água se solidificou, formando uma grossa camada de gelo, congelando a passarela. O Ente pulou e ficou um pouco no ar com as asas abertas, descendo logo em seguida sobre a ponte escorregadia.

-O que você espera com esse truque bobo? Ele não vai ajudá-lo em nada. Ira morrer de qualquer jeito.

-Cassi vou partir ao encontro do monstro, quero que você lance várias flechas, para mantê-lo ocupado. O chão está escorregadio ele não conseguirá tomar impulso para voar. Odrin esteja pronto para usar seu machado.

-Não consigo imaginar o que você esta querendo fazer. Mas estarei...  Respondeu ele.

-Você entenderá daqui a pouco.

Quando chegar o momento”. Pensou, logo após ter respondido a Odrin.

-Bom, lá vou eu.

Bal entrou na frente.

-Olhe o tamanho dele. Ele é enorme.

-Esse é o ponto fraco dele. Ele pensa que já nos venceu...

Bal se afastou, Arão pegou a espada.

-Está pronto! Pois aí vou eu.

-Venha encontrar a morte.

Arão olhou para Cassi. A garota começou a atirar as flechas que eram defendidas facilmente pelo Ente.

-Que brincadeira tola é essa?

Arão cravou a espada de fogo no chão. Começou a correr com ela à frente. A espada derretia o gelo impedindo Arão de escorregar. O Ente estava em posição para esmagar Arão, pernas abertas, os braços levantados  acima da cabeça para acertá-lo. Quando o garoto chegou perto do Ente tirou a espada do chão. Atirando-se ao solo, o chão congelado deu-lhe velocidade. O ser negro não esperava por isso, errou completamente o seu golpe.

Arão passou deslizando por debaixo das pernas dele, cravou a espada novamente ao chão detendo seu movimento. Pulou nas costas do ser, com dois golpes certeiros cortou-lhe as duas asas.

-Agora!  Gritou ele

Odrin entendeu o recado. Aplicou um golpe com o machado na ponte, fazendo-a ruir toda. Arão deu um impulso nas costas do Ente para ganhar força,  conseguindo chegar do outro lado. Cravou a espada na parede, ficando suspenso no ar. Olhou para trás, viu o corpo negro sumindo na escuridão da fenda.

Seu plano funcionou. Conseguiram finalmente derrotar o Ente da Noite. Com ajuda de uns truques de Bal todos conseguiram passar pela fenda. Estavam mais tranqüilos depois que a luta terminara.

-Como voltaremos para a Cidade Superior?  Perguntou Bal  - Estamos muito distantes.

-Vamos demorar muito tempo. Indagou Cassi.

-Vejam aquilo!

Dafne apontou para uma nuvem de poeira que se levantava no horizonte aproximando-se deles.

-A não!  Grunhiu Bal. -De novo não.

Os unicórnios vinham a uma velocidade espantosa.

 

 

 

 

 


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