Guardioes de Deus: a Batalha nos Ceus escrita por cardozo


Capítulo 19
Capítulo 9 - A Lua de Sangue, Primeira Noite. PII




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/52474/chapter/19

De onde Arão estava na varanda pode reconhecer Nesália correndo nos jardins, ela caminhava em direção a uma moita,   no outro lado dos jardins pode ver duas luzes que percorriam diretamente para o espesso conjunto de plantas, eles iriam se encontrar.

As luzes atingiram a moita em cheio houve uma pequena tremulação das folhas, depois tudo se aquietou.  Elas emergiram, a moita continuou imóvel, nenhum sinal de Nesália. Arão pode ver as luzes entrando pela porta de onde tinham saído para os jardins.

"O que será que havia acontecido?".

Arão Adiantou-se para dentro lembrando-se que tinha que voltar para seu quarto, se fosse pego por alguém  fora dele com certeza seria repreendido. Os corredores eram confusos à noite, teria que se concentrar para voltar. Estava andando há algum tempo, quando parou por um momento, achou ter ouvido um barulho vindo do final do corredor.

"Não foi nada. Deve ter sido minha imaginação".

Continuou a percorrer o corredor, parou outra vez, não havia dúvidas, alguma coisa no final se encontrava no final do caminho. Algo o seguia, começou a andar mais rápido, sua respiração tornou-se mais ofegante. Chegou a uma escadaria e desceu até o meio dela, onde ficou imóvel esperando. Uma luz surgiu no corredor, mas em vez de descer a escada ela seguiu adiante.

Arão sentiu-se mais aliviado, prosseguiu sua caminhada, mas quando virou a cabeça para trás notou que a luz estava voltando, ela parou no topo da escada. A luz incidiu sobre o garoto, este cobriu o rosto com as mãos e não conseguia enxergar nada. Ouviu alguma coisa, mas não teve como  definir o que eram aqueles sons e também não pretendia ficar para descobrir. Correu escada abaixo, a luz o seguia.

"Preciso fugir. O que será isso?".

Tropeçou em uma saliência no chão, desceu rolando os últimos degraus, seu corpo todo doía. A luz continuava a se aproximar, estava perdido, tinha que se levantar e rápido. Não conseguiria fugir, por isso decidiu esconder-se atrás de uma estátua. Nela havia um pequeno bastão preso à mão da estátua, Arão tentou com muito esforço soltá-lo e através de vários puxões a sorte se fez presente, o bastão jazia com ele. A luz se aproximava mais devagar. Suas mãos suavam segurando o pesado objeto.

Teria chance para apenas um golpe, se errasse poderia ser o seu fim, a luz crescia. Quando ela chegou rente à estátua Arão de um salto de trás da mesma e com um golpe certeiro derrubou seu perseguidor. Um grunhido veio do chão, a luz caiu iluminando o teto.

Arão correu até a luz queria ver seu perseguidor tombado ao solo, quando iluminou sua vítima veio o espanto, viu Bal caído gemendo de dor.

–Arão! Você está louco? Por que me bateu?????

-Eu pensei que fosse...

-Pensou que fosse o quê????

-Mas o que você está fazendo aqui?

-Acordei e não te vi no quarto, a porta estava aberta, achei que  pudesse ter acontecido alguma coisa e vim verificar.

-Por que não disse que era você? Assim eu não o teria acertado.

-Mas eu te chamei na escada, quando passei por ela ouvi um barulho e voltei. Até te iluminei com a lanterna e chamei seu nome, mas em vez de você responder, saiu correndo feito um louco. Ai eu vim atrás. E acabei aqui caído no chão. Grande amigo é você.

-Desculpe, mas eu vi algumas coisas muito estranhas hoje e fiquei um pouco assustado.

–Desculpas?? Depois de tudo você ainda quer descul...

Arão tapou a boca de Bal.

-Xxxiiiuuu! Você está ouvindo? vem dali do lado.

Os dois se esgueiraram até o lado de uma coluna e viram três  sombras passarem iluminados por uma tocha.

-Eu adoro essa parte Sender. Disse o ser maior.

-Temos que fazer isso rápido Molf. Você sabe que ele não gosta de falhas. Falou Sender com seu jeito enrolado lançado saliva para todos os lados.

-Aposto que ela nem sabe o que a atingiu.

O terceiro deu um soco no ar ao dizer suas palavras.

-Arão, sãos os três seres da taberna.  Sussurrou Bal ao ouvidos de Arão.

-Vamos Bal temos que voltar para nosso quarto.

 

 

 

Arão abriu os olhos , não viu ninguém no aposento, a noite anterior tinha sido bem agitada, isso contribuiu para que demorasse a pegar no sono, porém quando conseguiu dormir o fizera mais que o planejado.

 “Por que Bal não me chamou? Vou chegar atrasado aos treinamentos. Quando eu o encontrar...”.

Esperava saber logo  cedo o que tinha ocorrido à noite passada. O que será que aconteceu com Nesália? Apesar de que ele já tinha uma idéia de qual poderia ter sido o destino dela. Comentou isso com Bal quando estava contando o que se passara com ele antes de encontrá-lo ontem e amigo concordou, jamais a veriam novamente.

Encontraria todos alvoroçados no salão? No mínimo Bal estaria sendo o centro das atenções  contando a todos o que tinha se passado. Por isso não o tinha chamado para receber todas as glorias só para si e com certeza acabaria como herói da história.

Ao se aproximar do grande salão ouviu o barulho de vozes, realmente pareciam estar todos agitados. Imaginou Bal contando sua narrativa que com certeza viraria um épico. Outro pensamento lhe ocorreu:

 Será que os grandes sábios o estariam interrogando?”.

Com certeza deveria ser isso. Entretanto quando seus olhos viram a cena ficou sem entender o que estava ocorrendo.

Os garotos formavam um círculo como ele esperava, mas no meio não era Bal quem falava, muito pelo contrário ele estava quieto ao lado de Cassi observando Odrin ao centro diante de outro garoto. O jovem Yalo possuía cabelos e olhos castanhos, tinha estatura mediana e seu porte físico não impressionava muito. Usava vestimentas semelhantes às de Bal, porém tinha desenhado uma pequena estrela azul ao centro da testa e uma faixa no queixo que chegava até as proximidades da boca. Odrin e Yalo empunhavam bastões fluorescentes, desferindo golpes entre si, o resto dos garotos observavam a cena com o maior entusiasmo.

-Mas onde você estava? Perguntou Cassi. - Está muito atrasado!

-Eu sei.

Arão olhou para Bal com reprovação.

-Desculpe, sabe, eu ia te chamar, mas aí... bem você estava dormindo... eu vim aqui e vi...

Os gritos se tornaram mais intensos, abafando a resposta de Bal, Odrin acertou a mão de Yalo com seu bastão.

-Bal te contou o que aconteceu conosco à noite passada? Perguntou Arão a Cassi.

-Sim, ele me narrou tudo o que vocês passaram, inclusive  quando você estava fugindo e ele teve que arriscar a vida para te salvar.

-O que? Como assim? Indagou Arão voltando sua atenção para Bal que fazia uma cara de desentendido.

-Bem eu não acreditei mesmo em tudo o que ele me disse. Explicou Cassi.

–Mas realmente é uma situação muito estranha, não sei o que pode estar ocorrendo.

-Mas e os outros garotos o que disseram?

Voltou-se para Bal,  imaginando que ele já deveria ter espalhado a notícia para todo mundo.

-Nem quiseram saber Arão. Aliás, ninguém nem se quer quis conversar comigo quanto mais ouvir o que eu tinha a dizer.

Arão olhou espantado.

-Acho que isso é verdade, pois mesmo a garota com quem divido meu quarto, nem ao menos me deu um bom dia  hoje, passou por mim como se nem me conhecesse.

-Depois você fala que eu tenho amigos estranhos? Inquiriu Bal

-Mas acho que a entendo, o que seria dela se fosse vista falando comigo. Concluiu Cassi.

-Temos que tentar descobrir o que aconteceu ontem à noite. Acho que os três seres da taberna, levaram o corpo de Nesália para que ninguém desconfiasse de nada, a conversa que ouvimos  deles ontem só pode ter sido sobre isso.

A voz de  Arão foi suprimida pelos gritos dos garotos.

-Mas o que é que está acontecendo aqui?

-Eu diria que eles estão testando sua masculinidade. Disse Cassi  com desprezo - Lutando entre si para ver quem é o melhor. Que besteira, o que eles conseguem provar com isso? Olhe para Odrin que prepotente se acha melhor que os outros.

-Mas você há de convir que ele é muito bom. Comentou Bal.

Prestando mais atenção, Arão pode ver que Odrin se movimentava com agilidade e destreza, era impiedoso com seu adversário, estava simplesmente brincando com Yalo. Este até tentava acertá-lo, mas a cada tentativa o bastão de Odrin era mais rápido e o interceptava, ou quando seu bastão não era interceptado, Odrin se esquivava com uma facilidade impressionante, ele era realmente como Bal disse, muito bom e a luta acabaria assim que ele desejasse.

-Como é mesmo o nome do oponente dele? Perguntou Arão.

-Se chama Yalo, mas só fiquei sabendo seu nome por que os outros garotos o gritaram antes dele entrar para lutar. Aposto que como eu, você não guardou o nome de ninguém. Respondeu Bal

-Como vocês são ruins com nomes. Disse Cassi sem se virar para eles.

-Alguém mais lutou?  Perguntou Arão

-Ainda não.

Respondeu Bal, pois Cassi estava relutante em falar, achava aquilo tudo um absurdo.

-Isso é uma luta entre parceiros como costumam chamar. Observe são sete homens e três mulheres, um deles fica de fora, os outros formam grupos distintos, com dois homens  e uma mulher cada. As mulheres lutam contra as mulheres e os homens contra os homens, um de cada vez, assim que dois deles vencem,   o grupo se torna vencedor, portanto pode ocorrer que um deles nem precise lutar. Isso faz com que todos se esforcem mais e fiquem no mesmo nível de combate.  De que adianta um ser excepcional e os outros não? Essa é a primeira luta como são três grupos um está esperando para ver quem vai ganhar e passar adiante para assim enfrentá-lo.  Poderia fazer a bondade de nos dizer os nomes deles senhorita sabe tudo?

Bal provocava Cassi.

-O grupo de Odrin, Teles e Lissa está enfrentando o grupo de Yalo, Lethan e Milena. A primeira luta é essa que estamos vendo, entre Odrin e Yalo, a segunda é entre Teles e Lethan e a última Lissa e Milena.

Cassi imaginou que as duas fossem do clã das sacerdotisas mesmo por que suas vestimentas eram idênticas. A diferença era que Milena possuía dois braceletes dourados, enquanto Lissa não possuía a gargantilha nem a corrente com a pedra na testa.

Milena era loira de olhos castanhos, tinha boca e olhos grandes, dona de uma beleza natural que chamava a atenção ao primeiro olhar, com suas faixas cinzas claras que subiam do colo até o pescoço, e com  desenho de uma meia lua em cada bochecha não passava desapercebidas aos olhares alheios.

Lissa era mais bruta, cabelos ruivos, seus olhos verdes pareciam estar enraivecidos, tinha algumas sardas no rosto, porém nem isso tirava seu charme de garota selvagem.  Possuía faixas vermelhas nos pulsos e mais duas que desciam acompanhando o contorno de seus olhos até rente ao nariz.

-Interessante. Brincou Arão

-Interessante nada, isso é maior idiotice que já vi, uma perda de tempo. Concluiu Cassi com indignação. -Eu nunca participaria de algo tão sem propósito como isto.

-O que são estes bastões que eles usam?

-Bem Arão, estes são bastões de energia, eles tem as hastes opacas e esta é à parte onde ele deve ser segurado, a parte brilhante quando toca  o corpo causa uma certa dormência no local atingido, acompanhado de dor aguda.

-Na verdade é como se você tivesse se queimado.  Explicou Cassi.

-Iiii! Posso terminar de explicar? Bal reclamou contrariado. -Como eu ia dizendo, ele causa dor igual a uma queimadura.

Virou o rosto para Cassi e prosseguiu.

–Surgem algumas manchas onde o bastão tocou, mas elas somem depois de algum tempo, a não ser que o contando seja muito prolongado. Dentro de cada bastão existem pedras que emanam a energia que os alimentam, como eles só estão com uma pedra seus danos são mínimos, mas se forem colocadas  mais que uma eles podem se tornar mortais. Além de serem armas de ataque eles também produzem um escudo de energia que protege quem os manuseia.

-É isso aí, vamos tente me acertar!

A atenção dos três foi novamente voltada para o centro do círculo, Odrin atingiu a perna de Yalo, este caiu ajoelhado ao chão, o sofrimento estava estampada em seu rosto, levantou a mão para se defender, mas o bastão de Odrin o acertou. A dor foi intensa, Yalo largou seu  bastão que  rolou até os pés de Arão.

-Aprendam com os melhores.  Finalizou Odrin  caminhando até Teles antes de lhe passar o bastão. - Sua vez, acabe com ele. 

Ambos chocaram as mãos com os punhos cerrados em cumprimento.

Lethan se dirigiu até onde Arão se encontrava, pegou o bastão aos seus pés e exibiu uma  expressão de medo que Arão não conseguiu entender o porquê, mas logo descobriria...

          Os dois caminharam para o centro do círculo. Lethan mudou repentinamente quando se posicionou para a luta, seu rosto assumiu uma expressão de seriedade, estava determinado a vencer, respirava e inspirava profundamente, fazia várias acrobacias com o bastão, Teles por outro lado permanecia parado com olhar fixo em seu adversário, não havia mudança em seu comportamento, estava frio e impassível.

-Acho que essa luta é do Lethan. Afirmou Bal.

Do mesmo tamanho de Teles, Lethan era do clã dos guerreiros, cabelos negros e olhos azuis, possuía grande força, tinha uma faixa que lembrava um raio, esta começava na testa sobre seu olho esquerdo, onde era interrompida, recomeçando logo abaixo do mesmo e terminando na bochecha.

-Aposto que ele leva essa.

Bal olhou para Cassi, mas ela nem esboçou reação.

-E aí Arão, não concorda comigo? Olhe para Teles está paralisado de medo, provavelmente sabe que não é páreo para Lethan,  nem consegue se mexer. É melhor ele desistir. Veja como seu adversário manuseia o bastão...

-Não creio que seja assim como você diz, Bal. Teles parece estar estudando Lethan.

-Aaaa! Arão, já vi que de luta você não entende nada.

Nesse instante as garotas candidatas a deusas  entravam no salão, Damira, Ingrid, Jenya, Etality e Moira, todas trajavam vestidos brancos de seda e estavam com os cabelos soltos.  Pararam para acompanhar a luta entre os garotos.

Lethan gingava de um lado para outro à frente de Teles, a expressão deste não mudava, continuava com olhar fixo em seu alvo móvel. O jovem partiu ao ataque, atirou-se em direção a Teles, este fechou os olhos e sorriu, apenas girou o corpo de lado enquanto o jovem passava por ele. Com um golpe vindo de baixo para cima jogou o bastão da mão de Lethan para o ar,  esticou o pé fazendo o garoto  tropeçar e cair.

Quando Lethan se virou no chão, Teles tinha pego seu bastão no ar com a outra mão e agora apontava os dois bastões para ele.

-Eu desisto!  Apressou o jovem em dizer.

Todos ficaram quietos. Teles deixou cair os dois bastões, sorriu para Arão e virou-se de costas saindo do meio do círculo. Olhou para o grupo das candidatas,  seu olhos fixaram-se em Damira.

Arão estava impressionadíssimo, ele era tão bom ou até melhor que Odrin, isso não dava pra dizer, pois ele lutara pouco, mas Arão apostava na segunda hipótese.

"Ele luta muito bem, é frio, impassível e sabe analisar a fraqueza de seu oponente, tenho minhas dúvidas se alguém conseguiria vencê-lo".

-Está vendo Lissa, você nem vai precisar lutar. Zombou Odrin.

-Assim não tem graça, eu nem tive chance de me divertir um pouco. Na próxima eu iniciarei a série!

-Combinado.  Concordou Odrin pegando os dois bastões do chão.

-Nós somos os próximos. Um jovem saiu do grupo que estava esperando e pegou o bastão das mãos de Odrin.

-Vai me enfrentar?

Odrin olhou para o lado e sorriu.

-Espere! Vamos ver como nossos novos amigos se saem.

Atirou o bastão para Arão.

-Venha enfrentar Tiror...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Guardioes de Deus: a Batalha nos Ceus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.