Guardioes de Deus: a Batalha nos Ceus escrita por cardozo


Capítulo 18
Capítulo 9 - A Lua de Sangue, Primeira Noite. PI




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A Lua de Sangue, 1ª Noite...

 

À noite Bal estava novamente à frente do espelho, se "comunicando" com outras pessoas.

-Isso já esta virando um vício, simplesmente você não sai da frente deste espelho.

–Arão, é muito bom poder ficar trocando mensagens com outras pessoas,   eu poderia... Ah deixa pra lá, você não iria entender.

-Mas como os outros falam com você? Afinal somos celestinos não?

-Primeiro, eu só envio mensagens, assim ninguém fica sabendo quem sou, a menos que eu conte. Existe também outro modo que é possível se comunicar, e este utiliza  a imagem da pessoa, mas  como você mesmo disse são poucos os  que se  comunicariam comigo. Além do mais somente com mensagens criamos um certo mistério...

-Entendi Bal, então você mente o tempo todo e ninguém desconfia.

-Não é bem assim, eu sou muito sincero. Deu um pequeno  riso. -Mas sabe Arão, eu estava por fora. Achei que eram poucos os que tinham  acesso ao espelho,   fiquei surpreso com o grande número de pessoas conversando  através de mensagens. Olhe aposto que esta daqui é uma gatinha, vou mandar uma mensagem para ela, certo Arão! Arão?...

Bateu com as mãos, Arão que parecia estar em transe olhou para Bal.

-Hã! O quê?

-Meu! O que há com você, temos em nossas mãos uma belezinha dessas para podermos falar com quem quiser e você aí viajando... O que está acontecendo?

-Eu só estava pensando...

-Já sei, você estava pesando na irmã do Mastodonte, não? A candidata à deusa, como é mesmo o nome dela... Damira! Não é isso? Bom, ela é muito linda, não o culpo por isso.

Arão corou.

-Não é isso, é que ela me fez ter algumas recordações, Se eu conseguir conversar outra vez com ela quem sabe o que mais poderei descobrir.

-Tipo se ela lhe deu seu telefone. Se vocês marcaram um encontro...

-Pare com isso Bal.  Estou falando sério. Segundo ela me disse  eu a ajudei, posso ter contando muito mais sobre mim e isso já ajudaria bastante.

-Eu também estou falando sério, saiba que as candidatas também têm acesso aos espelhos, quem sabe ela não está aqui bem debaixo de seu nariz.

Apontou para o espelho

-E você nem sabe...

Arão parou, ficou imóvel no momento em que ouviu as palavras de Bal.

-É verdade? Posso olhar um pouco?

Arão se apossou do espelho... Algumas horas depois

–Nossa, para quem não se interessava por ele até você que está bem empolgado. Agora é minha vez Arão,   afinal antes de você usá-lo, eu quase tinha conseguido marcar um encontro.

-Calma Bal,  só mais um pouco...

O tempo foi passando, Arão não desgrudava os olhos do espelho, Bal  adormeceu  em sua cama.

-Acho que isso é perda de tempo não vou conseguir nada.  Resmungou Arão.

As imagens do espelho começaram a ficar trêmulas.

-Mas o que está acontecendo?

Uma mensagem veio à face do espelho.

Você não pode se tornar um guardião, não pertence a eles.

-O que significa isso?

Arão ia perguntar para Bal, mas este estava num sono tão profundo que ele não quis incomodá-lo. Outra mensagem.

É melhor você ir embora enquanto pode, muitos irão morrer...

Arão mandou uma mensagem.

Quem é você? Está brincando comigo?

A resposta veio em seguida.

Eu não brinco com assuntos sérios, vá enquanto pode... As cinco noites de terror, as Luas de Sangue, estão começando hoje...

Arão respondeu.

Mas quem é você, não acredito em nada do que está me dizendo.

Não acredita..., pois vou lhe mostrar o que o aguarda...

Um estalo, a porta se moveu um pouco e  uma pequena fresta surgiu. Arão ficou indeciso.

Está com medo, meu jovem?

Não estou.

Vou lhe mostrar o significado da palavra medo, saia no corredor.

Arão ficou imóvel olhando para a tela do espelho.

Saia! Agora.

Essa foi à última mensagem. Outro estalo, a porta se deslocou um pouco mais, uma pequena luz jazia. Ela passou rápido pela fresta debaixo da porta e sumiu. Arão olhou para Bal que dormia tranqüilamente, o garoto estava ansioso, sua respiração  ficou ofegante. Caminhou até  a porta hesitando em abri-la.

Um barulho veio do lado externo, isto o encorajou, saiu no corredor vazio, este era pouco iluminado pela  luz da lua que atravessava pequenas saliências laterais arredondadas. A escuridão era favorecida pela coloração avermelhada da lua, até parecia que esta estava sangrando. Novamente sons fizeram-se ouvir do fundo do corredor. O garoto partiu em direção aos sons sendo engolido pelas sombras.

O som vinha em intervalos irregulares, fazendo Arão subir muitos lances de escadas e passar por vários corredores, cada vez que ele parecia se aproximar o barulho voltava a ficar distante. O jovem chegou a uma porta semi aberta, acomodou-se com cuidado atrás de um pilar, a iluminação da sala estava sendo feita por três velas e sua  visibilidade não era boa. De onde estava via um vulto coberto por um capuz, mas este logo ficou fora de sua visão limitada pelo local. Outro corpo surgiu, pareceu ser de uma mulher. Se aproximou mais  tentando ouvir o que eles diziam.

-Como se atreve a vir até o Santuário? Você não é bem vinda aqui.  A voz era forte e estridente

-Eu tinha que vê-lo é o único que pode nos ajudar.

-Você escolheu seu caminho há muito tempo atrás, eu tentei ajudá-la, mas você não  aceitou minha ajuda.

-Por favor, me ouça, não é hora para remoermos antigas desavenças, os sinais não deixam qualquer dúvida, ele está realmente entre nós, o profeta... Pude perceber. Vocês podem não acreditar nos sinais, mas sabe que o mal nos ronda, as sombras avançam e sinto uma presença maligna,  algo que nunca havia sentido antes, minha alma esta aflita.

Arão reconheceu a voz, mas não conseguia associar a quem ela pertencia.

-Pare com isso velha!

-Sabe como pude enxergar tudo claramente?

O homem não respondeu.

-Alguns dias atrás recebi em minha tenda um jovem, as visões mostraram os mares, as terras e os céus, se o círculo se fechar...

Ela calou-se por um momento.

-Você não imagina o que aconteceu, a "terceira visão"  se acendeu.  Desde os tempos mais remotos que ela não aflorava. Não acha que deve considerar isso? 

 "Nesália!".  

Arão teve certeza, era ela  quem falava com o estranho de capuz.  O homem estava quieto refletindo sobre o significado das palavras dela.

-E não é só isso,   ele tirou a terceira carta e o símbolo visto foi o mesmo nas três cartas, nem precisei ver a última carta para saber o seu significado. Ele é um garoto ‘marcado’.

Ao ouvir o comentário Arão tirou a carta que ainda estava em seu bolso, olhou o símbolo  estranho desenhado nela.

Qual é o seu significado? Parece ser importante pelo que Nesália disse”.  Seus pensamentos foram cortados pela voz do ser de capuz.

-Você tem certeza velha!

-Claro que tenho, a linguagem dos símbolos é muito antiga, mas algumas pessoas ainda conseguem interpretá-los, eis aqui o símbolo.

-É o numero seis. Confirmou o homem ao olhar para o desenho do símbolo.

-Sim, isso mesmo, três vezes, se ele estiver mesmo ligado ao número... Corremos grande perigo... Você entende por que eu tinha que vir. É pior do que eu imaginava. Esta casa já me acolheu muito bem, eu não voltaria se não tivesse um bom motivo, ainda há tempo... Podemos evitar um mal maior. Os destinos ainda não foram traçados, temos que fazer alguma coisa...

'Será que Nahray e Nasiel estavam certas? Eu não deveria estar no Santuário? Poderei me tornar algo terrível se estiver no clã errado? Será que represento um perigo para seus amigos?''

Foi tirado de seus pensamentos pelas vozes que prosseguiam seu dialogo.

-Então ele talvez esteja certo... Disse o homem levantando a mão

-O nome do dele é...

Ela parou de dizer repentinamente. Na mão do homem um brilho verde apareceu de dentro da manga de seu manto.

"Não pode ser... Será que é..."   Pensou Nesália

O homem cobriu a mão com a manga do manto. Arão ainda conseguiu ver o brilho por alguns instantes.

-Isto é ruim...  Murmurou o homem. –Você não deveria ter visto isto.

O rosto de Nesália tinha se contraído, o medo estava estampado em sua face.

- Ainda está aqui no reino? Perguntou Nesália apontando para a mão do homem. Ele permaneceu calado. -Não o controlará pra sempre. Nem mesmo Set ousou tê-lo aqui.

-Você não sabe de nada velha. É melhor você partir, já deu seu recado.

A velha saiu sem dizer mais palavras, tinha que avisar outros, os anjos, os sábios, todos eles... o mal estava mais próximo do que imaginavam. Um som forte veio do outro lado. Nesália partiu, sendo consumida pela escuridão do corredor.  O homem continuava na sala.

-Acho que já está bom.

Abriu uma porta dentro da sala.

-Vá!

O brilho verde em sua manga se tornou mais intenso. Arão sentiu uma sombra negra passar muito rápido por ele, ficou imóvel e prendeu a respiração com medo de ser descoberto. A porta da sala fechou-se. Arão pode ouvir as últimas palavras do homem.

-Velha! Agora é a minha vez de dar o recado!

O garoto não conseguiu ver realmente quem era o homem, só sabia de uma coisa precisava voltar para seu quarto o mais rápido possível,  já tinha visto demais naquela noite...

Correu pelos corredores na escuridão da noite, estava desorientado, não se lembrava do  caminho de volta, acabou saindo em uma varanda onde via os jardins.

 

 

 

            Nesália passava pelos corredores, apesar de tempos longe do Santuário, conhecia bem seus caminhos, houve época em que ela fizera parte de tudo aquilo, nada havia mudado desde então. Esse fora seu lar até ser expulsa pelos sábios e conselheiros por começar a pregar que  alguns dentro da própria Cidade Superior estavam confabulando contra a ordem do reino.

Muitos a acusaram de proferir boatos infundados, espalhando  o medo e a desordem, jogando os sábios e conselheiros uns contra os outros. Eles não acreditavam nos sinais, mas ela sim e agora tinha certeza disso. O mal estava presente no Santuário.

Parou no corredor, pensou ter ouvido um barulho atrás de si. Ia prosseguir, quando...

"Alguém está me seguindo".  Pensou.

Desceu as escadas  e quando se encontrava no meio delas, pode ver que duas luzes se aproximavam descendo a parte superior da escadaria. Tomada de medo apressou o passo, não enxergava mais nada atrás de si, porém tinha certeza de que algo vinha em seu encalço. Cruzou uma sala conhecida chegando a um corredor iluminado por archotes em ambos os lados da parede. O final do mesmo não podia ser visto devido à escuridão. Parou para  se certificar de que tinha despistado seu perseguidor. Respirou fundo.

De repente o final do corredor pareceu começar tomar corpo, se tornar maior e crescer, ela demorou alguns segundos para entender que algo vinha em sua direção e ao passar pelas tochas apagava-as uma de cada vez.

Só ouvia o barulho do fogo sendo extinto, o medo crescia dentro de si. Partiu desesperada,   sentia algo se aproximando, a cada momento chegava mais perto, tropeçou e caiu esfolando o rosto no chão. Fechou os olhos e serrou os dentes antes de se levantar.  Continuou a correr.

Tinha que  sair daqueles corredores, precisava chegar até os jardins onde estaria segura. Sentia a presença maligna se aproximando, mais e mais, não teria chance alguma se fosse pega... Ao lado pode ver uma saída, isso renovou suas esperanças, continuou em frente,   tinha que alcançar  a porta, se chegasse até ela estaria a salvo, ninguém seria louco o suficiente para atacá-la fora dali, olhava para trás as luzes vinham em sua direção.

Alcançou a porta atirando-se sobre a mesma, seu corpo caiu sobre a grama do lado externo. Estava salva, respirou mais aliviada. Caminhou pelos jardins apressada, precisava informar os outros.  Procuraria o conselho... Não havia mais tempo, talvez fosse melhor  ir agora mesmo, amanhã poderia ser tarde demais.

Olhou para trás não ouviu sons de passos, não viu mais luzes, mas a porta continuava aberta, caminhou um pouco mais devagar e entrou em uma moita. Parou para observar os jardins queria ter certeza que estava salva, não havia como alguém pegá-la nos jardins, este pensamento a acalmou.

Começou a mover as folhas da moita para ter uma visão melhor, não via mais nada, decidiu prosseguir e concluir seu objetivo, ao tentar sair do meio das plantas, as folhas se abriram,  do meio delas duas luzes surgiram a sua frente, caíram sobre a mulher num piscar de olhos, nenhum grito foi ouvido, somente o som seco de um corpo sem vida cair no chão e ali permaneceu.


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