Stupri Saga escrita por ArielMurilo


Capítulo 2
Os Pés Sobre Blair




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Como todos os casos que ele resolvia, começava por uma enorme investigação antes de tomar qualquer decisão sobre o assunto. Depois de uma bela noite de sono na pensão da cidade por uma moeda de prata da metrópole, decidiu sair pela vila em busca dos pais que dissessem ter filhos que tiveram contato com a bruxa. O primeiro que achou estava no jardim carpindo algumas ervas daninhas da sua pequena plantação de trigo. Suas roupas estavam sujas, e eram remendadas parecia que várias vezes, combinando com seu chapéu surrado que de certo era moda entre os camponeses daquela pequeníssima vila.
– Bom dia, camponês - saudou-o John Morgan, tirando seu chapéu negro e levando até o peito.
– Bom dia, padre. Avisaram-me que deveria vir - disse o homem numa voz áspera como daqueles que fumam tabaco até quando vão se banhar no lago, levando o chapéu ao joelho ao fazer uma reverência exagerada e abrindo caminho para que o padre entrasse em seu terreno.
A casa era definitivamente muito bem montada em tábuas de madeira, um lugar pequeno e de paredes frias que eram aquecidas apenas por uma lareira muito humilde no extremo da sala de estar que acomodava algum sofá velho e comido por traças e uma mesa de centro. "Muito diferente da Europa", pensou o padre. Sou culpado por esse pensamento, já que na minha imaginação o Padre John Morgan teve um breve período de riqueza nas igrejas anglicanas antes de partir para as colônias, e isso deu-lhe um ar de arrogância.
– Vou chamar a pequena Heather. Eu lhe serviria vinho se tivesse, sei que é comum na Europa. Aceita água? - perguntou o homem, e ao ver que o padre dispensara, saiu por um corredor que levava até uma parte de cima da casa, provavelmente tão pequena quanto o primeiro andar.
Pela janela, John Morgan observava os galhos das árvores secas que anunciavam o outono, e sua experiência lhe dizia que era a época mais difícil de caçar bruxas. O outono é frio, mas ainda mais deprimente que o inverno, o que potencializa o poder das mesmas sobre os habitantes das vilas. As folhas caídas sobre o chão deixava tudo mais sombrio.
– Benção, padre - disse a pequenina Heather, cujos cabelos loiros estavam bem amarrados num coque escondido por um pano sobre a cabeça, soltando da mão de seu pai.
O padre John Morgan deu sua mão para que a garota a beijasse e pediu que ela se sentasse, observando a sua roupa tão adulta quanto das outras mulheres do vilarejo, e imaginara que ela já era considerada uma adulta pelos moradores. O estilo puritano era incrivelmente diferente do que a Inglaterra estava acostumada em sua igreja oficial, e era isso que intrigava o padre, que mesmo sendo mandado pela metrópole era respeitado.
– Pode nos deixar à sós, sr...
– Goodman, Padre. Com toda certeza. Com licença.
Quando estavam sozinhos o padre começou seu interrogatório. Perguntou então como a garota fora atraída para a casa da bruxa, e o que acontecera lá.
– O senhor sabe, naquele ano - e pensou um pouco -, digo, em oitenta e cinco, eu estava com nove anos. Agora já sou uma moça de respeito, mas antes eu me deliciava com algumas guloseimas que não poderíamos comprar e a velha El... Quero dizer, a bruxa, tinha de monte em sua casa. Era noite quando eu a vi...
Em seu breve relato, podemos ressaltar esta história:
"No inverno, geralmente ficávamos em casa, assávamos alguns pães e nos esquentávamos com o leite tirado das vacas e o calor da lareira aqui na sala. Eu, minhas duas irmãs e meus pais ficávamos envoltos em panos de lã e estendíamos os panos sobre este assoalho que pisamos, ficando por dias sem visitar a cultura e íamos à casa de banho apenas duas vezes por dia. Durante a assembleia da colheita, o senhor deve saber como é (o padre Morgan sabia que as vilas faziam assembleias para discutir sobre os preços de venda para colônia e alguns assuntos privados do local), ficamos nós três enquanto nossos pais foram até o prédio do governador. Era noite quando vimos uma luz tremular pelas janelas que juro por tudo de mais sagrado guardava a filha do demônio - e apontou a jovem Heather para uma casa destruída do outro lado da alameda, indicando a antiga residência da bruxa. Todos conhecíamos El... A bruxa, quero dizer. Olhamos interessadas, todas nós, e a vimos fazer sinal para que fôssemos até lá. Nenhuma de nós suspeitou de nada, e sabíamos das atividades culinárias dela, todos do vilarejo sabiam. Claro que fomos até lá sem pestanejar, já havíamos comido todo o pão de centeio no chá da tarde, e não tínhamos nada para a janta. Era nossa barganha."
Segundo o que contava a menina, as três garotas Goodman atravessaram a pesados passos a neve espessa sobre o chão de terra da ruela e foram direto para a casa da bruxa, sendo recebidas por ela com muitos bolos doces, casacos de pele confeccionados pela própria bruxa e uma lareira grande acesa tornando todo o ambiente mais gostoso, como se visitassem avós. Era a verdadeira história da bruxa que atrai crianças com guloseimas. Após se alimentarem deitaram no sofá de pano mais confortável que já tinham visto, e acabaram por adormecer.
"De repente, acordo com o grito de uma das minhas irmãs e duas marcas de dentes afiados pelo pescoço. Só me lembro de uma intensa confusão, de uma capa preta esvoaçante sobre um ser que era tão pálido quanto os cristais de gelo que se formam nas extremidades dos galhos das árvores na época do frio e de ter um apagão em minhas vistas. Acordei então com minhas duas irmãs no chão da sala, cobertas e ouvindo o trepitar das chamas da lareira, como se nada houvesse ocorrido."
Era um dos relatos mais interessantes que o padre Morgan ouvira de uma pessoa, tivesse ela qualquer idade. Sua mente trabalhava com a intenção de descobrir a bruxa que assolava toda a população daquela pequena vila, mas parecia que o que tinha em mãos era uma situação muito mais difícil e complicada. Não me entendam mal, o padre Morgan nunca sentira medo pela complexidade da situação, apenas excitação pelo que via se aproximando.
– Perdoe-me perguntar à senhorita, mas... Onde estão suas irmãs?
A garota sentiu-se desconfortável e mexeu o traseiro pela cadeira, levando a mão ao rosto e percebendo a emoção dominar seu corpo.
– Elas sumiram, padre. Sumiram em oitenta e seis. Junto com muitas crianças da vila. Somente eu estou aqui para contar a história.
O padre Morgan pensou sobre o assunto. Quando ficou sabendo na outra cidadezinha que visitara sobre a bruxa de Blair, nunca imaginou que as crianças tinham sumido. Suas investigações se perdiam ali, mas tinha bastante convicção do que viria a seguir.
– Obrigado, sr. Goodman, pela atenção. Sua filha é realmente uma moça formidável.
Disse o padre quando saía direto para seu cômodo na pensão do vilarejo, observando todos da vila puritana. Eram todos muito carudos, de expressões fortes, os homens. A vida de camponês os castigava e as duas alamedas que delimitavam o terreno que não pertencia a floresta que cercava toda vila de Blair tinha apenas algumas casinhas, obviamente um local não muito visitado pelos guardas da metrópole. Sob o teto da casa de hóspedes da cidadela pediu aos empregados que lhe entregassem pães frescos e cerveja em seu quarto, prometendo o pagamento de uma moeda de bronze como gorjeta ao serviçal.
Foi uma moça que bateu à sua porta minutos mais tarde com uma bandeja de frutas, pães, cerveja e ervas que, segundo ela, eram para uma boa digestão. Sua beleza era escondida entre roupas surradas, como quem fosse cozinheira, mas nada sugeria que a jovem fosse maltratada.
– O senhor é celibatário, padre? - perguntou, levando seus cabelos castanhos de mexas ora muito loiras, ora marrons, atrás da orelha, deixando a visão de seu decote para o deleite do homem de Deus.
– Definitivamente não, senhorita - respondeu o homem.
Era verdade. O padre definitivamente não praticava o celibato. As convenções sociais de um homem de Deus era de manter sua virgindade intacta, assim se mantendo um homem tão puro quanto o próprio Jesus, que não teve relações sexuais. O padre fora iniciado na vida sexual muito novo, mas não é válido contar esta história agora. O que importa é que John Morgan tinha diversas recaídas sobre os sabores da carne, e sua aparência jovial forte, como é de todo homem com seus vinte e cinco anos bem cuidados, de cabelos castanho-escuro e olhos azuis atraíam muitas moças. Os exercícios que praticava também lhe davam aspecto bem forte, dignos de guardas da metrópole.
– Alguma novidade no caso da bruxa? - perguntou a garota, observando um pedaço de pão entrar pela guela do padre e ser empurrada para o estômago com um gole forte de cerveja; aquela visão a levava a sentir um calor nas partes debaixo do corpo.
– Nada que seja interessante, moça. Pode... Pode ir agora.
Disse por fim, abençoando a saída da moça, que se sentira ofendida - percebo eu agora -, mas gostara daquele tratamento.


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