Esta definitivamente não é uma história crua, tão pouco uma história fácil de ser contada. Espero que as aventuras que estão entre os confins da minha mente sejam realmente interessantes e que sejam de fácil transmissão ao leitor que avidamente espera por algo novo. Definitivamente não tenho medo dos contos que de mim irão brotar serem monótonos ou repetitivos, algumas coisas podem lhes parecer familiar de uma ou outra crônica já vista, mas nesse mundo com milhões de pessoas, como podemos pensar que somos únicos? E este é um dos pecados de uma de nossas personagens. Ele se acha único. Ele se acha o desbravador e o salvador d'um mundo gigantesco. Ele acha que ele, e somente ele, tem o poder dado por Deus - o ser de quem falaremos muito nestas páginas - de expurgar os seres que não pertencem à Terra dos homens comuns.
John Morgan... Perdão, senhor. O Padre John Morgan, da ilha mais poderosa que podes encontrar em viagem pelo mar, meteu-se nas colônias inglesas do novo mundo há muitos anos atrás, e sua peregrinação por este imenso território há pouco dos grandes Britânicos lhe rendeu uma boa fama, desde entre os andarilhos do Sul aos ricos colonos do Norte. Dizia que até os Franceses e Espanhóis conheciam o seu nome, e os índios temiam sua passagem. Nada empertigava os sonos profundos que o padre dava em tavernas dispostas pelas colônias que andava, e ninguém sabia sua história. Ninguém, claro, além de mim, que o conheço desde sua infância.
Quem sou eu, afinal? Sou apenas um autor de uma história sem um futuro certo, uma pessoa que se senta sobre a máquina de escrever e bate às letras a vida de um personagem qualquer. Um personagem qualquer não, um personagem meu. Digo agora meu nome - Ariel M. - para que me evoque caso se sinta perdido durante a história, caso queira culpar quem escreve o destino de todos que estão envolvidos nessa trama que surge em mim. Nasce. Como você nasceu do ventre de sua mãe, como eu nasci do ventre da minha, e como todos nasceram de um. Peço que perdoe se tomar-me-ei atitudes irreversíveis para esta aventura que brota de mim, e somente de mim. Afinal, o que faz um homem quando tem as possibilidades da escrita em sua mão? É como um homem comum. Quando este entra para a política, muda de vida. Muda de forma. É uma metamorfose.
Mas o que seria desta história se eu lhes desse todos os fatos de antemão?
De fato, começarei esta história por outras histórias, e uma delas é uma aventura que o padre John Morgan teve de enfrentar em Maryland, uma pequena vila sem muitas casas, mas de passado grotesco. Todos clamavam por sua vinda, e sua chegada no vilarejo foi com muito alvoroço por entre os donos de bares que queriam recebê-lo, provavelmente para aumentar a clientela que viria apenas ver o famoso padre John Morgan tomar uma de suas costumeiras cervejas de lúpulo negro e malte germânicos.
Deixe-me adiantá-los pelas ocorrências malditas que assolaram esta terra que prosperava há alguns anos, e estagnara de repente. A bruxa, cujo nome não ousavam pronunciar com medo que o tabu surgisse em suas visões noturnas, fora expulsa da Vila de Blair após relatos de crianças que diziam ser atraídas até sua casa para ter o sangue tirado aos poucos pela moça. Se é que podemos chamar de moça um monstro aterrorizante como esse.