Voltei para casa, fiz o trabalho e imprimi. Jantei uma maça e voltei para o meu quarto para dormir quando recebi uma mensagem:

“Pensando na sua boca.” - Respondi imediatamente:

“Interessante, mas quem é você?”

“A única pessoa que tem o direito de falar isso, eu espero.”

“Miguel? É você?”

“Não sei se fico feliz de ter sido a primeira opção ou triste de saber que você teve que perguntar.”

“Como você conseguiu meu número?”- Perguntei sem saber o que responder.

“Nada que um telefonema não faça no mundo dos negócios.” - Aquilo me feriu de alguma forma.

“Então eu sou apenas um negócio pra você? Bom saber.” - Respondi já irritada.

“Nunca mais ouse dizer isso. Você nunca será apenas um negócio para mim. É que pra chegar até a Cinderella, eu preciso do sapatinho de cristal, princesa.” - Me derreti um pouco com aquela mensagem.

“E quem disse que o príncipe se casa com a princesa?”- Precisava saber o que iríamos fazer.

“Ninguém, mas dizem que eles viveram felizes para sempre. Quem sabe esse conto de fadas também não tenha um final feliz?” - Me sentindo bem infantil,consegui me imaginar como uma princesa e ele como um príncipe e sorri com a ideia.

“Só não sei se a felicidade atrapalharia as famílias reais. Essa coisa de sentimento parece muito abstrata para ser posto num contrato.” - Devolvi pensando em nossos pais.

“Nós não precisamos de contrato algum a única coisa que eu preciso urgentemente é que o tempo passe rápido pra eu poder te ver. Você tem certeza de que é uma princesa e não uma feiticeira ou algo do tipo?” - Sorri ao receber aquela mensagem, mas será que ele estava falando sério ou estava apenas brincando comigo”

“Já pode parar, Don Juan. Não sei se você sabe, mas eu estou comprometida. Tenho um noivo que parece ser bem forte. Se você ficar me cantando pode ser que ele se irrite.”

“Fale pro seu noivo que você me quer e ele que venha se resolver comigo.” - Ri. Como podíamos ser tão bestas numa hora dessas?

“Pode deixar, eu vou falar pra ele. Agora boa noite, príncipe.”

“Boa noite, princesa.”

***

Segunda e terça-feira passaram como uma lesma. Professores chatos, montanhas de lição de casa e um ex-namorado que as vezes tentava me agarrar e me convencer de que eu não queria me casar. Quarta-feira no fim das aulas estávamos todos sentados na porta da escola conversando quando uma moto parou em frente a nossa roda de amigos. Vítor estava mais uma vez me falando o porque um casamento arranjado era errado e tentando segurar minha mão. O motoqueiro tossiu e todos paramos de conversar. Eu reconheci os olhos, eu reconheceria aqueles olhos verdes em qualquer canto. Me levantei e Vítor me segurou. Miguel tirou o capacete encarando Vítor:

–Vamos, princesa? Nós temos que chegar em casa antes do almoço.- Dei um tchau geral e caminhei em sua direção. Ele segurou na minha nuca e me deu um beijo rápido.

Me entregou o capacete e subiu na moto. Eu subi atrás e ele deu a partida. Até chegar em casa ele não disse mais nada. A moto corria pelas ruas e percebi que ele estava nervoso. Chegamos e o almoço prosseguiu em silencio. Ele sumiu assim que terminou de comer. Fiquei sentada por mais alguns minutos pensando no que faria para acalmá-lo. Subi, tomei uma ducha, coloquei o bikini e fui para a piscina. Ele não estava lá. O encontrei no jardim brincando com Toddy:

–Estava te procurando. - Disse o abraçando por trás.

–O que você quer? - Ele disse seco, se soltando.

–No momento, atenção. - Parei e o fiquei encarando de costas para mim.

–Você já tem o suficiente. - Ele estava mais do que bravo e a culpa era minha.

–Tudo bem. - E fui para a borda da piscina. Miguel apareceu mais de meia hora depois.

–Não esqueça de passar protetor. - Sorri. Nem tudo estava perdido.

–Passa pra mim? - Disse pensando no que fazer. Ele pegou o frasco e sentou na borda da cadeira. Eu me virei de frente para ele e ele apenas me encarou.

–Vire. - Ele continuava seco.

–Agora você vai conversar comigo?

–Você pode conversar com seu amigo, vocês pareciam bem á vontade na porta da escola. Vire-se.

–Eu te contei que eu tinha um namorado e que tinha terminado com ele pra poder casar com você.

–Só esqueceu de me contar que ele ainda corre atrás de você, que te vê todos os dias e que está entre seus amigos.

–Qual é o problema dele correr atrás de mim se eu não me importo? Que coisa! Você está vendo esse anel? Ele significa que de alguma forma eu pertenço a você.

–Milena, um anel não vale de nada se você estiver interessada em alguém.

–Você tem razão, eu estou me interessando por alguém.

–E VOCÊ ADMITE ISSO NA MINHA CARA? - Ele começou a gritar e se levantou. - Como eu sou trouxa. - Eu corri até ele e o segurei. Ele me olhou e seus olhos estavam marejados. Eu o beijei e ele se afastou. - Não tente consertar agora, não importa mais. - Suspirei. Como ele podia ser tão idiota? Ele saiu correndo para dentro da casa. Eu respirei fundo e fui atrás. O encontrei no nosso quarto sentado na cama. - Sai. Por favor.

–Você é um idiota mesmo. - Ele me olhou. - Como você consegue ser tão tapado? - Fui caminhando em sua direção. - Pra que ser grosso comigo assim? - Parei na sua frente. - Mas até que foi bonitinho esse ataque de ciúmes. -Ajoelhei na cama colocando uma perna de cada lado do seu corpo. Passei as maos em torno de seu pescoço e ele apenas me fitava. - Eu realmente estou interessada por alguém. -Beijei seu pescoço. - E esse alguém é você. - Me levantei e voltei para a piscina.

Nem dois minutos depois ele estava ao meu lado. Ele pegou o protetor e passou em minhas costas. A cada toque dele eu me arrepiava. Assim que ele terminou me virei de frente e o encarei. Ele sorriu e pulou na piscina. Dez minutos depois eu pulei com ele. Miguel me olhou, me puxou pela cintura e nos beijamos.