–Você é um cara legal, sabia?- Disse a ele segurando o filhote.

–Valeu, você também é!- Respondeu sorrindo.

–Por acaso você me chamou de cara?- Perguntei brincando.

–Talvez sim, talvez não…- Sorriu de canto- Ninguém conseguiria te chamar de cara na história da humanidade,você é muito bonita pra isso.

–Olhe,- disse mostrando a mão direita.- o anel já está no meu dedo, a parte da conquista ficou alguns anos para trás. - Rimos- Já está ficando tarde, vou ver se encontro meus pais.

–É sério que eles não te contaram?- Disse ele colocando a mão em frente ao rosto- Eles não estão aqui. Por algum motivo acharam que nos conheceríamos bem se ficássemos na mesma casa por alguns dias. Sozinhos. Suas coisas devem estar em algum quarto neste momento.

–Você só pode estar brincando! Como eles puderam fazer isso comigo? Fugir e me deixar “alguns dias” em uma casa sozinha com um estranho?- disse andando de um lado para o outro quase surtando.

–Para eles eu não sou estranho, sou seu noivo. Um noivo que vai trazer muito dinheiro. Relaxe, vamos entrar e dar comida para esse coitado - Apontou para o cachorro.- A gente se vira por aqui esses dias.

Entramos na casa, demos comida para o Toddy e tentamos entrar na sala, mas a porta estava trancada e todos os empregados estavam dormindo, então subimos a escada e tentamos entrar nos quartos que também estavam trancados. Havia uma única porta aberta no final do corredor:

–Ah,não. Isso eles não fizeram!- Miguel gritou e correu até a porta, eu corri atrás dele.

No quarto havia um armário, um bilhete,uma cama e a minha mochila. Apenas isso. Miguel pegou o bilhete enquanto eu fui até minha mochila. Dentro dela havia uma jeans, uma camiseta curta, um papel e uma lingerie. Abri o papel:

“Filha,

você recebeu esta linda casa e o cachorro que você sempre quis,

está na hora de agradecer o presente. Amanha mais roupas serão entregues, nos vemos em uma semana.

Beijos,

M&P”

–Que tipo de pais doentios eu tenho? Eles praticamente me entregaram para o abate.- Disse abismada olhando para o papel.

–Sinto exatamente a mesma coisa.- Disse ele virando para mim e mostrando o papel.

–Isso é estranho…- Olhei para o chão.

–Relaxe, eu durmo no chão e você dorme na cama.

–Não é justo, nós dois cabemos aí, olha o tamanho disso. - Apontei para a cama.- Eu preciso tirar este vestido.- Entrei no banheiro e coloquei a lingerie e a camiseta que estavam na bolsa. Pus a cabeça pela porta- Miguel, feche os olhos.

–Por que?

–Porque sim.-Assim que ele o fez, saí correndo para baixo das cobertas.- Pode abrir.

–Posso apagar a luz?- Assenti- Okay.

Ele se levantou para apagar a luz. Estava sem camisa. Pude ver todos os seus músculos, perfeitamente delineados andando até a porta. Quando ele ia apertar o botão, o chamei.

–Miguel.- Ele parou e olhou para mim.

Seus olhos verdes encontraram os meus. Num impulso, levantei da cama e caminhei em sua direção. Ele estava focado em todos os meus movimentos e me olhava de uma forma diferente, hipnotizante. Me aproximei devagar, toquei seu abdome e olhei fixamente em seus olhos. Ficamos assim por alguns segundos. Ele segurou a minha cintura e continuou me olhando, esperando. Eu subi meus braços para sua nuca. Ele era alguns centímetros mais alto que eu, então fiquei na ponta dos pés. Ele foi aproximando seu rosto do meu até dividirmos o mesmo ar. Nossos lábios mal se tocaram e eu me afastei bruscamente. Dei um beijo em sua bochecha.

–Boa noite, Miguel.

–Boa noite, Milena.