Herdeira do mundo selvagem escrita por Cammie Morgan


Capítulo 2
Acampamento Selvagem


Notas iniciais do capítulo

Aí vai o segundo capítulo, gente! Eu achei que ficou mais ou menos, mas espero que gostem!



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Quando cheguei em casa, vi minha mãe tomando chá com um cara que eu nunca tinha visto na vida. Fiquei atrás da parede para escutar o papo, e eles falaram o seguinte:

Cara Desconhecido: Cheryl, você não entende! A Kayleen perdeu a maior parte de sua proteção agora que Pã morreu. O poder dela aumentou. Todos os sátiros estão procurando ela e você não pode mais escondê-la dos monstros! É a única filha dele em mais de três mil anos! Os garotos-bodes não vão demorar a achá-la.

Cheryl Grossman: Ela também é minha única filha! E eu não vou mandá-la para um acampamento em uma selva no fim do mundo para ela treinar como uma maluca e acabar morrendo tentando salvar nova-iorquinos idiotas com cérebro de nicotina! Ah, e é Sra. Grossman para você!

Cara Desconhecido: Eu sei que ela é sua única filha, mas você é jovem; pode se casar com um homem legal e ter mais filhos. Mas o pai dela morreu... E membros da espécie dela não sobrevivem sem treinamento. Teremos que mandá-la para aquele acampamento no centro da selva que eu te falei. Sinto muito, Sra. Grossman, mas é para o bem de Kayleen.

Alô! Quem esse cara pensa que é? Eu não sou tão anormal a ponto de ser de outra espécie, OK?

Monstros? Deuses? GAROTOS-BODES? Eu tenho poderes? O que colocaram no café desse sujeito hoje de manhã?

Eu já estava cansada de escutar essa conversa de doidos, então coloquei minha mochila nas costas para fingir que tinha acabado de entrar, dizendo:

“- Oi manhê! Chegueeei!”

Fiz uma expressão de surpresa quando vi o cara sentado na nossa mesa da cozinha, e mamãe me disse que ele se chamava Hermes. Olhei para ele e perguntei se os pais dele tinham escolhido aquele nome por causa do deus mensageiro, e ele riu, dizendo que talvez fosse isso.

Quando fui para o meu quarto, pude ouvir Hermes sussurrando:

“- Sua filha precisa ir para o Acampamento Meio-Sangue, Cheryl. AGORA!”

Trinta minutos depois...

As coisas estavam muito esquisitas. Um cara simplesmente aparece na minha casa para forçar a minha mãe a me mandar para um centro de treinamento no meio de uma selva inexplorada, minha mãe fala alguma coisa em grego antigo que era tipo:

“ – Pare, Carruagem da Danação!”

E depois simplesmente joga uma moeda dourada do tamanho de um cookie no asfalto e surge do além um táxi cinza dirigido por velhas sem olhos nem dentes.

É definitivamente o dia mais louco da minha vida toda.

Fui obrigada pelo tal Hermes a entrar no táxi (que, a propósito, parecia ser feito de cimento derretido), mas titubeei na hora. Será que aquilo era seguro? As velhas só tinham um olho (detalhe: elas se revezavam para usá-lo) e o banco nem tinha cinto de segurança! Nem morta eu entrava naquela geringonça.

Infelizmente, aquele sujeitinho metido a professor me empurrou, fechou a porta, e mandou a mulher pisar fundo.

Depois de andarmos alguns bons quarteirões, Hermes começou a falar que eu era... especial.

Eu não aguentei, tive de retrucar:

– Você acha que ainda não percebi isso? Sou uma tremenda aberração na GM School, sempre passo de ano raspando na média, e não consigo ir ao parque sem que eu vire de costas e um piquenique de frutas apareça atrás de mim. Não preciso que você esfregue isso na minha cara; a Violet Hectress já faz isso muito bem.

O homem, ao invés de ficar zangado com a minha petulância, simplesmente deu um sorriso meio triste. Disse que meu pai tinha morrido e eu precisava assumir minhas responsabilidades como herdeira parcial dele.

OK. Ótimo. Agora tenho que “assumir responsabilidades de herdeira” porque meu pai desaparecido na selva morreu. Que legal. Como se não bastasse o fato de que sou disléxica e ainda uso aquele aparelho que os dentistas chamam de “extrabucal”, mas é só a grande e velha porcaria do “aparelho freio-de-burro”. O que mais eles querem que eu aguente? Me mandar para uma escola especial para babacas completos?

A minha vida é mesmo um lixo.

Numa estradinha fora da cidade...

As mulheres, de repente, estacionaram na beira do Bosque de La Roque, em homenagem à cidadezinha de La Roque, destruída em 1357 ou algo assim. Revirei os olhos e perguntei:

– Beleza. Porque estamos aqui? Acabou a gasolina?

As velhas viraram para mim, e eu acho que não preciso dizer que não era algo muito bonito, certo? Órbitas vazadas e bocas desdentadas com lábios ressequidos são coisas realmente assustadoras, se você quiser saber.

Uma das vovozinhas disse:

“- Garota, se concentre em olhar para o topo da colina. Que tipo de semideusa é você?”

SEMIDEUSA? Há há!

Curiosa, resolvi me concentrar no topo da colina como a mulher tinha dito. Quase morri de susto quando avistei uma construção pintada de azul bebê que parecia um velho templo de Atenas exatamente no lugar que a Gréia (é, esse é o nome dessas vovozinhas cegas e desdentadas) tinha indicado.

O Hermes retrucou:

“- Ela é a Senhora Selvagem, Tempestade. Tenha mais respeito!”

A pobre velhinha abaixou a cabeça e sussurrou um pedido de desculpas.

Apesar de o cara ter aberto uma ferida no meu ego ao me chamar de selvagem, gostei da parte do "senhora". O que será que aquilo queria dizer?


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Notas finais do capítulo

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