POV Liza
Eu não entendi o por quê da raiva dela. Não era ela, que dizia que não se apaixonava? A atitude dela foi muito desnecessária. Mas, talvez, ela apenas goste dele.

Volto para casa, não muito animada, até esbarrar em alguém. Subo meu olhar, e me surpreendo quando vejo que se trata de Peter.

— Liza....? O que ta fazendo aqui? Que cabelo é esse? — Pergunta, vísivelmente confuso.

Isso não poderia ter acontecido, em hipótese alguma. Pensa, Liz, pensa Liz...

— Ér... Fui encontrar uma parente distante. Ela achou que eu ficava boa de cabelo cacheado. — Respondo, com um sorriso amarelo. Parece que ele acreditou, pois não voltou ao assunto. Era tão estranho conversar com Peter depois de tanto tempo. A alguns dias eu era completamente apaixonada por ele, e deixava na cara isso. E agora, to mais confusa que cego em tiroteio. Mike é o oposto de Peter, agora me diz: Como uma pessoa pode gostar de dois garotos que não são nada parecidos? Eu sinceramente, não sei.

Também não sei como ta a relação dele com Mel, seria no mínimo justo ela ter algo com ele. Minha relação com Peter sempre foi a mais confusa de todas, ele nunca foi do tipo bad boy de humilhar os inferiores, mas com certeza, intimidava muito. Todas as garotas sonharam em ficar com ele, mas eu não queria apenas ficar... Criei uma paixão platônica dentro de mim. Talvez, Mel fosse mais forte que eu, e teria coragem de confessar. Já eu, guardei isso pra mim.

— Então, vai começar as aulas quando? — Pergunta, me tirando dos meus pensamentos.

Por um momento não entendo a pergunta, até lembrar que Mel dissera que faria aulas de ballet. Ainda não acredito que ela topou isso.

— Não sei... Vou ver com Lori. Talvez, segunda. — Respondo, incerta.

— Ahh sim, Katie vai querer assistir sua primeira aula. A baixinha está toda animada, como se fosse ela a fazer a aula. — Fala, me fazendo lembrar de Katie. Pensar na pequena me dar uma certa tristeza. Ela era uma das poucas pessoas que me entendiam em relação ao Peter. Tão pequena, mas tão sábia. Ao mesmo tempo, tão mais forte que eu. Mel tem sorte de conviver com ela.

Conversamos mais um pouco, andando pelas ruas do bairro. Depois, nos desperdimos. Foi estranho, mas prazeroso passar esse tempo com Peter. Voltar a ser eu, pelo menos por alguns minutos. Ter a minha vida de volta... Entro em casa, e me jogo no sofá, sem nem ao menos perceber a presença de Tony.

— Problemas? — Pergunta, abaixando seu livro.

— A vida é uma merda. — Respondo, me afundando no sofá, e colocando os fones. A vida é um completa, gigantesca, confusão....

* * *

Não percebi que tinha pegado no sono, até acordar sobressaltada, na minha cama. Com certeza, Tony me trouxe até aqui. Olho o relógio, e ainda são 00:30. Noto, que ao lado da cama, tinha uma carta. A pego, e abro com cuidado.

“ Com certeza, deve está brava comigo. Mas, não acho que você tem direito de terminar comigo, com um beijo e uma declaração de amor. Sabe o quão difícil é conseguir tirar aquelas palavras de você Melody Willson? Sabe, o quanto custei para te conquistar, e lhe roubar o primeiro beijo? Derreter esse coraçãozinho, não foi fácil... E não quero, que isso acabe por um briguinha besta. Fale comigo, amanhã no colégio. Mike Collins”

Qualquer garota, não recusaria essa carta. Mas, é difícil quando você sabe que a carta não é pra você, que esses sentimentos não são pra você, e sim pra sua irmã. Amasso a carta, e jogo na lixeira do quarto. Deito novamente na cama, e fecho os olhos com força, soltando uma lágrima. Só quero que isso acabe...

POV Mel

Não, eu não fiz drama. Passei a minha vida toda, sendo forte e engolindo os problemas e dificuldades. E quando finalmente me canso, sou considerada dramática? Não fui eu quem errei. Não tem desculpas para o que ela fez. Não mesmo.

Entro em casa, e escorrego pela porta, afundando o rosto entre os joelhos. Eu não deveria me sentir assim, eu não sou romântica, não ligo pra isso, e to pouco me lixando pro Mike.... Tá, talvez isso não seja verdade. Mas, o nosso relacionamento sempre foi aberto, eu nunca senti ciumes, nem ele.... Nunca cobramos nada um do outro.... Por que estou fazendo isso agora? Bem, talvez, porque Liz seja uma ameaça. Que garoto não ia gostar de uma garota meiga, fofa e linda. E não de uma garota que mais parece um menino, maloqueira e sem educação.

— Querida, o que houve? — Pergunta, papai se acachando ao meu lado.

Nunca imaginei que teria um momento dramático com meu pai. Pra começar, nunca imaginei que o conheceria. Sempre fui acostumado a sofrer sozinha e em silêncio... Sem ninguém pra me consolar. E agora, eu tenho tantas pessoas. A Liza com certeza tem muita sorte. Ela ficou com a parte boa da história.

— Não queria ter me apaixonado.... — Suspiro, me encolhendo em seu peito. Ele logo começou a me fazer cafuné. Um ato distinto pra mim. A vida da Liza é tão perfeitinha, que dar inveja. Um pai maravilhoso, amigos que a apoiam, querida por todos... Talvez, lá no fundo, eu queira ser ela...

* * *

Acordo com o som dos despertador. Ótimo, segunda-feira! Me levanto, indo em direção ao banheiro. Faço minhas necessidades e me arrumo. Não estava nem um pouco animada pra enfrentar escola com esse humor.

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Desço as escadas, me sentando na mesa logo em seguida.

— Fofa, fiquei sabendo que está tendo problemas amorosos. — Fala Mary com um sorriso falso. Hoje, não estou com paciência para atura-la.

— Vá a merda. — Falo, pegando uma fruta e saindo de casa. Dirijo o mais rápido possível, querida me livrar logo disso, me distrair, sim, estou ansiosa pra aula de matemática.

Saio do carro meio apressada, e me surpreendo com Elena na minha frente.

— Oi!! Vamos pra aula juntas? Eu quero, sei lá... Te recompensar pelo tempo que fiquei com você e Lori. — Diz, sorrindo contente. Ér... Parece que só ela mesmo, que está feliz.

— Tudo bem... Vamos.

O sinal ainda não tinha batido, ou seja, estávamos todos de bobeira. Elena é uma garota bastante misteriosa, ela não deixa ás claras suas emoções, mas sempre consegue ver as dos outros. Digamos, que, bastante esperta.

— Então, o que está acontecendo? Você está inquieta... É o Peter? — Pergunta, enquanto nos encostamos nos armários.

— Não ta acontecendo nada... E você e Jason? Se acertaram? — Pergunto, fugindo do assunto.

— Depende do que você quer dizer com “se acertaram”. Ele me pediu desculpas pelo modo como me tratou. E só. Mais nada... Ou seja, voltamos a número 0. — Responde, soltando uma sonora risada. Lori, chega até nós, com uma tromba de elefante.

— O que temos aqui! Eleninha. Oi Liz, quer vir aqui por favor? — Fala se virando pra mim.

Já estava pronta para responder, quando Elena responde por mim:

— Sorry Lori, mas eu realmente preciso da Liz. Não estou passando muito bem, problemas familiares, e acho que Liza é a melhor pessoa pra me ajudar. — Disse isso com tanta naturalidade, que até me espantei. Antes mesmo de Lori falar algo, Elena me puxa, pra dentro do banheiro.

— Problemas familiares? — Pergunto confusa.

— Ér... Esse é outro dos meus problemas. Não quero que me ache fria, não fiz isso com Lori por querer. É porque sou distante mesmo. Aprendi a ser assim. Mas com você pode ser diferente. Talvez, você me faça ser uma pessoa melhor, sendo minha amiga... — Responde, com o sinal tocando logo depois. Sorrio pra ela, e saio do banheiro.