– Olha, realmente esse suco é maravilhoso! Tenho que colocar essa cafeteria na minha lista de “Lugares não tão ruins na cidade de Annie” – digo rindo e Cato ri comigo.

–Sinceramente, eu não vejo a hora de dar o fora daqui, desse inferno! Mas são apenas mais 2 anos e OLA FACULDADE! É só esse ano e o ano que vem e estamos livres! –diz Cato verdadeiramente animado

– Realmente, são só mais 2 anos e eu to caindo fora dessa cidade. Mal cheguei e já quero ir embora. To loca pra subir na minha moto e pegar a estrada para a faculdade. Nada melhor que fugir...

– Calam ae! Você já fugiu antes!? Você é loca?- pergunta ele abismado.

– Não sou loca! Apenas quero curtir minha vida! Não quero ficar presa a lugar nenhum, nem a ninguém. Eu sou o tipo de garota incontrolável, eu faço oque eu quero, quando eu quero e porque eu quero. Não sou de ficar esperando que o Prince encantado chegue em um cavalo branco e me leve até o pais das Maravilhas.

– Também sou disso sabe?- ele abre um sorriso de canto e me olha com suas lindas orbitas azuis- Fazer oque eu quero, quando eu quero... tipo isso...

Então ele me beija. Foi tão repentino que fico em choque, eu realmente não esperava por isso. Algo toma conta de mim, uma sensação estranha e eu correspondo ao beijo, enroscando minha língua na sua e dando inicio a uma guerra sensual entre elas. Suas mãos agarram minha cintura e eu entrelaço meus dedos em seus cabelos. Permanecemos assim por um bom tempo, desfrutando de um dos melhores beijos da minha vida, mas... espera... eu to beijando um desconhecido que pode muito bem ser um estuprado! Claro né Clove! Você tá sempre fazendo merda.

Me afasto e ele me encara.

– Oque foi?- pergunta cato.

– Nada, só que nós acabamos de nos conhecer e eu não acho que uma amizade deva começar assim. Você é simplesmente um desconhecido e pode estar passando pela sua cabeça nesse exato momento me arrastar até um beco e me estuprar! Mas já vou avisando que eu era a melhor lutadora de Muay Thai da minha antiga academia e você não vai querer estar perto de mim com facas ao meu alcance! – digo já me preparando par agir, mas em vez de me atacar, ele retira a mão da minha cintura e inicia um riso descontrolado.

– Eu não... eu não vou... estuprar você...- ele fala sem fôlego em meio as gargalhadas.

Chuto sua canela e ele tenta segurar o riso. Todos estavam olhando para os dois jovens retardados no canto da cafeteria, vulgo nós.

– Cato! Cala a boca babaca! Ta todo mundo olhando seu viado!

– Não sou viado!- ele fala me olhando serio- e posso provar- ele se aproxima e eu fecho meu punho acertando seu abdômen, ele perde o fôlego e me olha divertido- já entendi! Nada de beijar a minha nova amiguinha.

– Que bom que entendeu.

– Você é sempre assim? Digo, boca suja e mau-humorada?

– Sim e se me quer como amiga é melhor entender que: Eu não me importo se você é meu melhor amigo, meu inimigo, meu pai ou meu namorado, fez algo que eu não gostei, vai ouvir poucas e boas e é capaz de acabar com traumatismo craniano como a Nira.

–Quem?- pergunta ele confuso.

– A vadia do meu antigo colégio. Digamos que ela quis dar uma de boazona comigo e apanhou como nunca tinha apanhado. Serio! Eu acho que nem palmada dos pais a metidinha ganhou! Ou não seria como é hoje.

– Tu é uma figura!- ele começa a rir e acrescenta- Me lembre de nunca te irritar Clô.

– Mesmo se eu te deixar com uma braço ou uma perna quebrada, você não vai parar de usar esse apelido extremamente ridículo, certo?- pergunto com raiva.

– CERTO!- ele berra e todos olham para nós novamente.

Depois de um tempo, voltamos para o estacionamento e pego minha moto, cato se aproxima de mim assim que giro a chave.

– Não esqueça okay?

– Do que?

– Disso.

Ele novamente me beija, mas dessa vez eu tenho reação, acelero a moto e saio cantando pneu, deixando-o mais uma vez com cara de taxo, me observando de longe. Rio descontroladamente e rumo em direção a minha nova casa.

Estaciono a moto na frente da casa, afinal pretendo sair mais tarde, e entro em casa, que ainda esta surpreendentemente arrumada.

– CHEGUEI!- berro e um Marvel vermelho aparece na escada.

– Onde você estava!? Esta 3 horas atrasada! Ficou fazendo oque heim?- o ciúmes! Dar-me paciência!

– Eu tava com o Cato em uma cafeteria, lembra?

– HAAA sim! O babaca loiro que tava e comendo com os olhos durante o almoço! Como me esquece?- fala ele com sarcasmo.

– Olha eu não to afim de brigar então vou te dar um resumo básico: Nós saímos, tomamos um suco, conversamos, eu peguei minha moto e aqui estou eu! Feliz?- Obviamente oculto os dois beijos de Cato.

– ... Huuum.... eu.. éééé...

– Ótimo! To indo pro meu quarto, uma banheira me espera!- saio correndo e quase atropelo Marvel, que me olha desconfiado.

Chego no meu maravilhoso quarto e me dispo, jogando tudo em cima da cama, sigo para o banheiro apreciando a sensação do vento batendo em minha pele despida. Ligo a torneira e coloco um dos sais de banho com cheiro de morango. Já disse que adoro morango?

Coloco musica no meu celular a alto volume e Linkin Park começa a tocar.

“Crawling”

Crawling in my skin
These wounds they will not heal
Fear is how I fall
Confusing what is real

There's something inside me
That pulls beneath the surface
Consuming, confusing
This lack of self control I fear is never ending
Controlling, I can't seem

Grito a letra e extravaso tudo que sinto.

To find myself again
My walls are closing in
Without a sense of confidence
And I'm convinced
That there's just too much pressure to take
I've felt this way before, so insecure

Crawling in my skin
These wounds they will not heal
Fear is how I fall
Confusing what is real

Discomfort, endlessly has pulled itself upon me
Distracting, reacting
Against my will I stand beside my own reflection
It's haunting, how I can't seem

To find myself again
My walls are closing in
Without a sense of confidence
And I'm convinced
That there's just too much pressure to take
I've felt this way before, so insecure

Crawling in my skin
These wounds they will not heal
Fear is how I fall
Confusing what is real

Choro e grito ainda mais, eu sou assim... essa sou e sempre serei eu.

Crawling in my skin
These wounds they will not heal
Fear is how I fall
Confusing, confusing what is real

There's something inside me
That pulls beneath the surface
Consuming
Confusing what is real

This lack of self control I fear is never ending
Controlling
Confusing what is real

A musica acaba, mas a sensação que ela me traz sempre que a escuto não some e junto com ela um Flash começa, acordo 2 horas depois deitada em minha cama com Marvel dormindo ao meu lado, com o rosto inchado e manchado por lagrimas.

Não basta eu sofre, tenho que fazer os outros sofrer junto. Eu sou um mostro.

Um mostro...