Izzy e eu nos fitamos por alguns segundos. Logo após o que eu disse, reparei que seu sorriso havia desaparecido e no seu rosto agora dominava uma expressão assustadoramente chocada.

– Amiga, acho que o álcool está finalmente fazendo efeito - Izzy disse com calma.

– Acho que você tem razão – respondi, tentando disfarçar a indignação que estava estampada na minha cara - Preciso ir ao banheiro - Levantei da mesa e segui em direção ao banheiro.

Quando entrei no banheiro encontrei uma Lyvia que estava vomitando as tripas sendo ajudada por Ana e Julia, que passavam as mãos na costa da garota abraçada ao vaso sanitário, e andei rapidamente em direção a elas para ajudar. Em seguida fui até um pequeno armário que se encontrava no canto do banheiro e procurei por algo que pudesse ajudar a passar o enjoo de Lyvia. No entanto, só encontrei uma garrafa de álcool, que eu não tinha certeza se ajudaria muito.

– Foi só o que eu encontrei – falei, entregando a garrafa de álcool a Ana.

– Acho que isso vai servir - disse Ana derramando um pouco do liquido em suas mãos e levando para Lyvia cheirar.

– Eu tô loucona - disse Lyvia num tom de bêbada e dando risadas altas e contagiosas.

Começamos a rir e quando viramos para o espelho nos deparamos com Julia com a mão cheia de sabão líquido, brincando de bater palmas. Em seguida ficamos retocando a maquiagem e fofocando sobre o que a Tris tinha feito.

– Eu acho que a Tris já estava chapadassa quando beijou o William, vamos combinar né, ela não faria isso com a Lina se estivesse em sã consciência - disse Ana

– A TRIS FEZ O QUE? - perguntou Julia, que havia chegado a festa após o ocorrido.

– A Tris foi pega no ato - respondi calmamente, sem muita vontade de comentar sobre o assunto, pra falar a verdade.

Ana e eu seguimos em direção a Lyvia, a agarramos pela cintura e saímos do banheiro atrás de Julia, que ia pulando e cantarolando. Se virou para comentar algo conosco, e enquanto caminhava de costas esbarrou em um moreno um pouco mais alto que ela. Caiu em seus braços fortes, caindo em seguida no chão e fazendo com que o moreno também caísse. Fizemos o que toda pessoa normal faria em uma situação como essa, rimos. Depois de rirmos bastante, ajudamos nossa amiga que ainda se encontrava no chão, já que o moreno levantara e fora embora sem fazer questão de ajudá-la. Quando levantamos Julia, começou a tocar Hey Brother, do Avicii e corremos em direção a pista de dança, onde estava Lina, Bea, Bea dos livros, Adan, Carou, Aly, Windlin, Gio, Victor e Cath, que se largaram por uns minutos para dançar e curtir a música. Nos juntamos ao grupo que estava dançando, pulando e gritando a letra, e fizemos o mesmo.

Enquanto dançava, avistei Izzy se aproximando do grupo para dançar e fui para perto dela. Agarrei sua mão direita e começamos a nos comunicar.

– Isabela... – disse, recuando um pouco por causa do ocorrido em nossa última conversa - Eu quero beijar você.... - continuei, porém ela continuou a dançar, não dando a mínima, o que me deixou 100% puta - ISABELA, QUERO BEIJAR VOCÊ - repeti gritando, levando em consideração que ela poderia não ter me escutado por causa do barulho da música alta. Logo que repeti me deparei com uma Isabela me olhando, porém, dessa vez, o sorriso não havia sumido do seu rosto, acho que por conta da adrenalina.

Vendo sua reação, não dei muito tempo para ela ou eu mesma pensar, afinal não sabíamos em que ocasião nos encontraríamos novamente, então respirei fundo, me aproximei dela e comecei a beijá-la. De início ela se recusou a retribuir, mas logo cedeu aos meus encantos de índia e começou a movimentar sua língua. Me segurou pela nuca enquanto eu apoiava minhas mãos no seu rosto. Para ser sincera, era uma coisa complicada ter a iniciativa de beijar Isabela no meio da pista por conta do meu tamanho: ela era consideravelmente bem mais alta que eu, não tanto, mas era. Ainda nos beijando, fomos parar de algum modo encostadas em uma parede, onde ela me pegou pelo colo e pressionou com uma das mãos a minha bunda enquanto a outra me agarrava pela cintura. Desci os lábios para beijar seu pescoço. Ela fez movimentos e me puxou, levando minha boca novamente ao encontro da sua, e ficamos ali por alguns minutos, realizando meus desejos lésbicos, e depois daquele beijo (que não foi nada mal), provavelmente realizando os dela.

– Uau - disse Izzy sem fôlego.

– Amei vagabunda - eu disse, e logo começamos a rir - Vamos Izzy, estou morrendo de fome - estendi a mão para que ela segurasse e saímos em direção a Mari e Waleska, que se encontravam na mesa de docinhos.

– Oi - disseram Mari e Wal em coro.

– Oi meninas - respondemos

– O que tem de bom pra comer por aqui? - perguntei

– Além dos quitutes de mortadela? Bom, tem doces e salgados de todos os tipos, além do bufê que está para ser servido - disse Mari, segurando uma cestinha de casadinhos.

– Isso aqui serve - eu disse, pegando a cestinha da mão de Mari, deixando-a inconsolável

– ISSO É ROUBO, SABIA!!!!!!! - gritou Mari, aparentemente indignada e com vontade de enfiar a mão na minha cara. Me aproximei dela e dei um abraço, que ela retribuiu.

Saímos da mesa de docinhos e fomos nos sentar com o resto do pessoal, que conversava sobre a suposta viagem que faríamos daqui uns anos rumo a Vegas, quando tivéssemos idade suficiente para frequentar os cassinos e aproveitar todas as coisas que a cidade oferece.

– Preciso tomar um ar - eu disse, saindo da mesa e caminhando em direção a saída/entrada da festa. Caminhei por lá e encontrei Tris, que ainda não tinha ido embora. Estava com uma expressão horrorosamente triste, o que me fez pensar que não era justo ela estar ali fora, sozinha e no frio enquanto todos estavam na festa dançando e se divertindo. Caminhei em sua direção e me sentei ao seu lado. - Oi - foi a única coisa que me veio à mente naquele momento.

– Oi Thay, como está a festa? - perguntou Tris, bastante triste.

– A festa tá ótima, todos estão se divertindo bastante etc – falei. - Olha Tris, você quer me contar o que aconteceu?

– Pra ser sincera, nem eu sei o que aconteceu - respondeu Tris, e pude notar a sinceridade em seu olhar. - Mas eu estou disposta a descobrir... Sabe, eu nunca faria isso com a Lina, sério, eu a amo demais pra magoá-la dessa forma, e no dia do aniversário dela? Não é coisa que eu faria. - Disse ela, seguindo de um choro. Eu a abracei e ofereci meu ombro para ela chorar

– Quer saber? Eu tenho uma ideia para te ajudar - Eu disse, levantei e puxei Tris comigo.

Caminhamos e procuramos por alguma entrada para a festa que não precisasse passar pelo salão principal, para tornar nossa entrada bastante discreta. Andamos por volta do local e encontramos uma portinha que levava em direção à cozinha. Nos aproximamos e entramos. Era tão lindo ver o tanto de comida deliciosa que estava ali me esperando que até esqueci que Tris estava comigo e que tínhamos que botar nosso plano "operação descobrir o que fez a Tris beijar o futuro namo da Lina e tentar fazer a garota perdoá-la" em prática. Então peguei uma cesta de salgadinhos (pois trabalhar com fome não dá né) e, enquanto comia, contava pra Tris o que faríamos. Depois a pedi para esperar meu sinal e saí com a cesta de salgados na mão.

Encontrei Mari e Lina conversando perto de onde o DJ se encontrava. Conversamos um pouco e perguntei pra Lina se ela estava bem. Ela respondeu que sim com um sorriso, e me aproximei dela e dei um abraço e um beijo no rosto, enquanto Mari pegou minha cesta de salgadinhos e saiu correndo gritando "vingança". Depois deixei Lina e subi onde o DJ se encontrava. Pedi a ele para parar a música, peguei o microfone e falei - Agora, uma pessoa gostaria de falar algumas coisas para a aniversariante - E todos ficaram surpresos quando Tris apareceu por trás e pegou o microfone, inclusive Lina, que agora abandonara o sorriso de alguns minutos atrás.