Masquerade escrita por okayokay


Capítulo 16
The Only One That I Love


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora e pelos erros. Fiz apenas uma breve revisão, então me perdoem.



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Madison Hartfold

Senti os olhos começarem a embaçar e o nariz queimar. O ódio dentro de mim era grande demais e eu sentia vontade de rir, mas não podia.

– Phill...

– Você vem mentindo para mim todo esse tempo?

– Claro que não, Phill. Eu não...

– Você e Sebastian terminaram.

– Claro que não. São apenas boatos.

– Ele confirmou, Madison.

– Nós brigamos - admito -, mas ele voltará para mim. Ele sempre volta.

– E você está me enrolando?

O ódio dentro de mim transborda. Não aguento mais essa palhaçada.

– Sim. Não é óbvio? Eu queria ser famosa e você era minha escada para o topo. Eu subi e agora que não preciso mais de você, o descarto como fiz com tantos outros.

Acordo com um sobressalto. Respiro fundo, caçando o ar para meus pulmões. Por mais que quisesse desistir de tudo, estava no meio do plano, não podia. A fama era rápida, a não ser que soubesse mantê-la. Eu estava no começo, não podia largar Phillip agora.

Olho para o lado e sorrio. Subo em cima do corpo de um Bash nu e suspirante ao meu lado da cama. Distribuo beijos pelo seu rosto: boca, bochechas, queixo. Chego no pescoço e ele acorda.

– Bom dia ou boa tarde? Acho que isso não importa agora.

– O que você está fazendo aqui? - ele questiona, me empurrando.

– O que você está fazendo aqui, seria a pergunta certa - replico. - É a minha casa, meu quarto e a minha cama.

– Que tipo de droga você me deu ontem naquela maldita premiação?

– É tão difícil acreditar que você não resistiu?

– É, porque eu nunca dormiria com você depois de descobrir seu verdadeiro eu.

– Quanto drama - balanço as mãos no ar. - Quem realmente sou? - pergunto, me divertindo com a expressão assustada que Bash tenta esconder. Seu rosto estava camuflado com ódio, mas eu conseguia ver abaixo da superfície. O medo. Isso me fazia querer ainda mais.

– Uma sociopata.

Dou risada da sua concepção.

– Nunca matei ninguém.

– Você me matou ontem. Arrancou de mim a minha liberdade.

– Para de drama, Bash. Está parecendo um pré-adolescente babaca.

Ficamos em silêncio por um tempo, o que me incomoda. Nós nunca ficávamos em silêncio.

– Você sabe que eu não estou aqui porque realmente quero, não é mesmo?

– Um dia você esteve - sussurro. - Sei que em breve estará novamente.

– Você não se importa com ninguém além de si mesma?

O encaro. Seu mar azul costumava me dominar quando nenhum outro conseguia. Sempre fui a garota má de colégio e conhecia Bash desde bebê por causa da nossa família, assim como conhecia os outros. Porém algo mudou naquela noite na piscina. Todos nos aproximamos por causa daquela tragédia e eu realmente me apaixonei por Bash, mesmo sendo a vadia que costumava ser. Quando digo vadia, digo no sentido de irritante. Bash foi com quem tive minha primeira vez. Bom, hoje em dia, acho que posso ser vadia no outro sentido também.

– Amor é fraqueza. Amizade é fraqueza. Pessoas são as nossas fraquezas. Eu sou uma pessoa com muitos inimigos, não posso me dar ao luxo de ser fraca.

Bash parece pensar no assunto por alguns instantes, porque fica em silêncio e fita o nada e de repente olha para mim de novo.

– Eu sou a sua fraqueza.

Dou risada.

– Como é que ué? - pergunto, debochada. - Isso é ridículo.

– Você poderia ter qualquer um, Madison. Qualquer homem iria a querer nesse mundo, menos eu. E quem está aqui?

– Status - retruco. - Quando há dois namorando dentro da banda, dá mais ibope. As pessoas torcem pelo casal e começam a acompanhá-los, acompanhando a banda também.

– Não - ele balança a cabeça. - Eu estou por status. Estou porque não quero ser acusado de te agredir e eu não duvido que você me culpe pelo assassinato de Jackson se eu ir embora. Já você está porque gosta de mim.

A risada sai alta e estridente, do fundo da minha garganta, mesmo que meu maldito coração bata descontroladamente dentro do meu peito.

– Bash, não vamos voltar nesse assunto sobre sentimento, porque você sabe que eu não tenho...

– Na verdade, eu acredito que você tenha. Só que adora demonstrar que não. Você costumava ter, eu me lembro. Depois da morte de Jackson, quando nos tornamos amigos, você era boa com o nosso time quando não era com mais ninguém. Nós éramos um time, um grupo de amigos de verdade. O que fez você mudar tanto?

Não admitiria nada nem sob decreto. Morreria antes de admitir qualquer tipo de coisa que envolva emoções que eu insisto que não tenho.

Por isso levanto da cama.

– Está na sua hora - jogo a camisa de ontem no seu rosto. - Quando sair do banheiro, não quero te ver aqui.

§§§

Tiffany Morgenstern

Recuo quando o gel toca a minha barriga. O aparelho vem em seguida e rio por causa das cócegas.

– O bebê está saudável - a médica fala. - Está formando muito bem.

Concordo com a cabeça. No começo não o queria e, para falar a verdade, ainda não estou muito animada com a ideia de ser mãe, mas jamais iria tirar uma vida que tem o meu sangue.

– Quanto tempo?

– Quatro meses e meio. Já dá para saber o sexo - a médica sorri. - Eu estou vendo. Você quer saber?

Concordo. Me sentia confiante, de repente. Minha barriga começaria a crescer ainda mais e sabendo o sexo do bebê, começaria a comprar roupas e tantas outras coisas... precisava contar para os meus pais e para os meus irmãos. Sim, minha família tem que saber. Eles teriam que me apoiar, querendo ou não. Posso dizer que engravidei de um cara qualquer na balada ou de algum fã da banda que eu nunca mais verei na vida. Acontece muito essas relações de uma noite entre famosos e fãs, eles não se surpreenderiam tanto, já que eles pensam que sou uma adolescente burra e influenciável.

Bash jamais saberia que esse filho é dele. Jamais o tiraria de mim. E Madison... se Madison soubesse poderia me matar. Ou pior: matar esse bebê. Eu não duvidaria e...

– Meninas.

O choque é instantâneo. Meninas, sorrio. Meninas... Espera. Meninas?

– Meninas? - sussurro. - No plural?

– Sim - ela sorri para mim. - Duas meninas.

§§§

Madison Hartfold

Olho para meu vestido. Azul e longo, como da maioria, afinal o tema da festa é azul. No meu vestido há detalhes em prateado, pequenos pedacinhos de cristais na cintura do azul turquesa.

Olho para Sebastian em seu belíssimo terno italiano com uma camisa social azul bebê por baixo. Quando a dança começa, ele tira o paletó. Seus músculos contra a camisa... Meu Deus, aquele homem, realmente, era tudo. Poderia ter Patrick, Phillip, Adam... quem quer que fosse, ninguém jamais superaria Bash.

Caminho até ele e danço ao seu lado. A música então para e nós somos chamados no palco para cantar.

– Com vocês: The Storm!

Cantamos vários covers. Todos estão lá: Tiffany sendo segunda voz, Frank, Adam, Scarlett com seus instrumentos. Assim que dão o rápido show por encerrado, os interrompo.

– Eu escrevi uma coisa - murmuro. - É apenas um esboço, mas é o esboço do que será a primeira música original da The Storm.

É uma música lenta e melodiosa. Romântica. Não era capaz daqueles sentimentos, é claro, mas todos precisavam achar que eu era, assim seria a queridinha da mídia.

How can I cry

When you make me smile?

How can I live away

When you ask me to stay?

Olho diretamente para Bash. Ele me encara de forma diferente, algo que eu não via em seus olhos há muito tempo. Sorrio para ele.

Eu havia escrito essa música aos quinze, quando me apaixonei por ele. Atualmente, com minha falta de sentimento, seria impossível fingir, até porque a música precisava ser real. Então eu desenterrei tudo isso para a minha fama. E parece que o que eu sentia por ele subiu para a superfície por apenas alguns instantes, já que meus olhos ficaram marejados ao vê-lo olhando para mim.

You make me happy

You make me want to be alive

Let me make you happy too.

For all my life

Just you and I.

Essa música desperta antigas lembranças e algo desencadeia dentro de mim. Me lembro de quando ele derrubou vinho na minha blusa em uma festa e foi a nossa primeira briga. Me lembro de quando ele me pediu ajuda para ficar com uma amiga minha e eu percebi o quão enciumada eu estava. Me lembro de quando ele foi limpar o sorvete no canto dos meus lábios e foi quando rolou o primeiro clima. Me lembro exatamente da intensidade do azul em seus olhos nas semanas seguintes que trocamos muitos olhares e algo acendeu entre nós. Me lembro da primeira vez que nos beijamos e cada detalhe de quando eu dormi com ele, de quando me entreguei pela primeira vez. Me lembro do primeiro eu te amo que eu disse logo após ele ter dito que me amava.

Quero descer do palco e beijar Bash, abraçá-lo e sussurrar que o amo apenas em seu ouvido para que ele sempre se recorde desse momento. Eu jamais senti isso, não consigo controlar meus impulsos.

Ou senti?

Não termino. Largo o microfone e saio correndo. Corro não apenas das pessoas, mas de mim mesma e disso que estou sentindo. Jamais poderia ter feito isso comigo mesma. Jamais poderia ter me feito lembrar. O que eu era? Uma garota que havia sido muito machucada e decidiu se fechar. Porém lá dentro havia algo. Eu sabia, Bash sabia. Apenas não queria acreditar. Não posso acreditar. Se eu sequer pensar nisso, todo meu plano vai por água abaixo...

Eu e Bash não podemos mais ficar juntos. Seja de mentira ou de verdade. O que ele desperta em mim quando está por perto será a minha ruína.

§§§

Sebastian Scotterfield

Esse trecho dessa música, a forma como Madison me olhava. Eu tinha certeza que era para mim. Ela sorria e seus olhos estavam molhados. Essa outro lado dela me lembrava de quando nos conhecemos, de como nos costumávamos ser.

Assim que ela saiu correndo, fui atrás dela. A encontrei no jardim da frente, sentada em um banco perto da enorme fonte com estátua de anjo que jorrava água pela boca.

– Pensei que você não fugisse de ninguém.

– Não estou fugindo - ela sussurra de forma arisca. - Estou apenas tomando um ar.

– Maddie - sento do seu lado. - Você mesma escreveu aquela música?

– Por quê? Você acha que eu paguei para alguém escrever.

– Sinceramente? Eu não duvido. Depois de tudo que você fez, eu não duvido de nada que venha de você.

Ela dá de ombros e fica de costas para mim. Toco seu ombro e a viro para me encarar.

– Mas eu gosto de você. Todas as outras mulheres se submetem, mas você faz os outros se submeterem. É diferente, inusitado. Eu gosto do seu jeito, Maddie. Do seu estilo. Gosto da forma como você só demonstra seus sentimentos quando está em situações como essa.

Vejo seus olhos azuis tão claros que pareciam fantasmagóricos sob a luz da lua.

– Tivemos bons tempos, lembra?

Ela assente.

– Um dia fomos felizes - ela sussurra.

Concordo.

– Mas isso foi antes de você destruir tudo dormindo com a minha melhor amiga.

– Você dormiu com Adam. Acho que estamos quites.

– Dormi com Adam por vingança. Dormi com seu melhor amigo depois que descobri que você dormiu com a minha melhor amiga.

Não digo nada. Sei que havia feito o errado e que mulheres tinham o desejo de vingança ardente depois de serem traídas. Mas não é fácil para um homem aceitar.

– Era a viagem da nossa vida, Bash - ela sussurra. - Você havia me pedido em namoro, você disse que me amava.

– E eu nunca menti - falo. - Mesmo para Tiffany, eu sempre deixei claro que a única mulher que eu amava era você.

Nos encaramos em silêncio por um bom tempo, até que eu decido quebrá-lo:

– Ambos traímos e ambos fomos traídos. Acho que somos iguais, não é mesmo?

Madison sorri macabramente, se levantando como um ser espectral. Naquele vestido sob a luz da lua, os cabelos mais prateados do que loiros, os enormes olhos azuis arregalados e com a pálida tez, ela realmente parecia um fantasma.

– Nem perto disso.

§§§

Tiffany Morgenstern

Meus pais combinaram com os Hartfold de unirmos as famílias para a Ação de Graças. Eu disse que queria conversar com toda a família antes. Não havia mais como esconder. As roupas largas estavam causando desconfiança e com duas garotas ainda... não podia negar. Estava na hora.

Derek está de folga e Patrick mais cedo. Decidimos tomar café em casa e passar o resto do dia na mansão Hartfold. Aproveitei a oportunidade de todos estarem reunidos. Eu precisava contar.

Porém meus irmãos anunciaram que também tinham novidades.

– Fui promovido à cirurgião-chefe - Derek começa.

Meus pais o abraçam e o parabenizam com sorrisos e incentivos. É claro. O primogênito, o filho de ouro. O preferido.

– Por ter desvendado a morte daquela atriz famosa, os pais dela me fizeram uma proposta de trabalho na Suíça. O dobro do salário e, bom, é na Europa. Por cinco anos.

Meus pais também parabenizam seu outro filho adorado. Derek e Patrick, os perfeitos. Suas boas notícias de prosperidade de vida só irão fazer com que minha presença que sempre fora ofuscada pela deles se tornasse uma estrela morte no espaço da família Morgenstern.

Eu estava acostumada a ser a filha rejeitada mesmo. É melhor contar de uma vez por todas.

– Então, Tiff? - minha mãe questiona. - E a sua novidade?

– Gêmeos - sussurro. - Duas meninas.

Não consigo encará-los.

– Quase seis meses.

– Do que você está falando, Tiffany? - meu pai pergunta. Pelos seus olhos, já sei que ele sabe a resposta. Porém é assim: ele precisa ouvir a verdade escorrendo pelos meus lábios para aí as palavras venenosas saírem dos seus.

Não daria a ele o prazer de me humilhar mais uma vez, mas preciso dar-lhe a verdade:

– Você sabe do que eu estou falando. Ambos sabemos que você entendeu - rosno. - Eu estou grávida.


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Notas finais do capítulo

Madison com sentimentos? E a revelação de Tiffany, hum? Me digam o que acharam.



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