Eu Quase Namorei o Ídolo da Minha Irmã escrita por Vlk Moura


Capítulo 5
Supere


Notas iniciais do capítulo

Yara
Yeva



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Mas que droga era aquela? Yeva estava trancada no quarto, seu caderninho onde escrevia estava na sala e uma música poluía o ar, era a música que eu e meu pai gravamos juntos, era raro minha irmã escutar música, eu queria conversar com minha irmã, mas ela não parecia estar para conversa. O que mais estranhei era ver seu caderninho na sala, sentei ao sofá e comecei a folheá-lo, as últimas páginas estavam rabiscadas, ela escrevia uma palavra e rabiscava toda a página, só vi aquilo acontecer logo após o acidente.

Preparei algo para comer, minha barriga já roncava, peguei o livro que comprei e comecei a lê-lo, estava confusa, queria a ajuda da Yeva, mas não me ajudaria, quando se trancava era difícil conseguir arrancá-la do cubículo onde dormia. Em sua poltrona estava seu notebook, achei estranho que ela havia deixado até aquilo para fora de sua área, aproveitei para pesquisar sobre a matéria, o meu estava sem bateria, liguei e observei que ela tinha várias abas abertas com várias pesquisas, eram tantas as abas que eu sequer conseguia olhar o conteúdo pelo título, abri uma nova busca para mim e procurei pelo que precisava, fiquei curiosa sobre as abas de Yeva, imaginei que eram para o livro, então as abri, a primeira era mesmo par ao livro, ela procurava por florestas, a segunda me surpreendeu, era o site oficial do Richard Compoeur, na terceira era noticia sobre o acidente dele, a quarta era sobre o trabalho para o fim da semana, quinta era uma lista de músicas do Richard, sexta era uma procura por livros raros do Vladimir, a sétima eu não entendia nada sobre o que falava, estava em alemão, assim como as outras cinco.

– O que você está fazendo? - ela perguntou da porta do quarto.

– Estou procurando ajuda para as aulas do velho. O meu notebook está sem bateria, se não se importar em eu usar o seu.

– Não ta tudo bem. - ela não parecia bem - Já comeu algo?

– Já sim.

– Certo.

Ela preparou um sanduíche e voltou para o quarto.

Durante as aulas do dia seguinte minha irmã estava mais quieta do que o de costume, fomos almoçar, olhei em volta.

– Procurando por alguém? - ela perguntou depois de duas aulas seguidas mergulhada em um silêncio profundo.

– Não. Estou apenas vendo se acho o velho para me ajudar com a matéria.

Ela voltou para a comida.

Quando terminamos ela fez uma ligação, aparentemente ela não se sentia bem para ir a ONG, pude ouvir a sua supervisora gritar com ela algo como "Você tem de enfrentar isso", ela a ignorou e desligou o telefone.

– Está tudo bem?

– Mas que saco Yara, está tudo bem sim. - ela ficou brava sem razão nenhuma -Eu vou para casa, você vem?

– Não, vou tentar achar o professor.

– Até mais então.

Ela saiu cabisbaixa.

Fui até a biblioteca, sentei a uma mesa e separei o material para ir até o professor, com tudo separado prendi meu cabelo em um coque, fazia muito calor. Saí correndo queria fazer companhia para minha irmã, não é normal ela ficar tão triste. Perdida no meio das folhas trombei com alguém e todas as anotações voaram. Olhei brava para quem havia colidido comigo.

– Desculpa. - era Vladimir.

– Não se preocupe - ele sorriu - Você viu o Pedro?

– O professor? - confirmei - Ele está na sala dele.

– Ótimo, obrigada. - saí correndo.

Bati na porta da sala, o professor permitiu minha entrada, coloquei as folhas a sua frente, ele me explicou tudo que eu anotava novamente em um desespero incomum a mim. Quando ele terminou soquei tudo na mochila que até ficou gordinha, corri e trombei novamente com Vladimir.

– Acho que estamos condenados aos tropeços - ele falou.

– Dramático. - falei reprendendo meu cabelo que estava todo bagunçado - Com licença.

– Posso te acompanhar? Você parece meio agitada.

– É a minha irmã - falei suspirando - Ela não parece estar bem, sequer foi para a ONG hoje, e isso é péssimo.

– Por quê?

– Ela frequenta aquele lugar desde que sofreu o acidente.

– Esse acidente foi tão grave assim? - eu o olhei, ele perguntou como se eu não tivesse contado sobre.

– Meus pais morreram no acidente, acho que isso é grave. - ele pareceu ficar triste.

– Sei como é isso.

– Duvido, eu não sei exatamente como é isso, minha irmã sofre mais do que qualquer um.

– Ela estava no meio, provavelmente se sente culpada.

– Você parece perfeito para ela - ele arrumou os óculos desajeitado - Bom, agora eu já vou.

.-.-.-.

Yara não parecia ter me visto na livraria, isso era bom, mas eu me sentia traída pela minha irmã ao mesmo tempo que saber que ela me escondeu Vlad me fazia sentir melhor em esconder-lhe sobre Richard, mas ainda assim era diferente, o meu enganar envolvia toda uma questão ética, já o dela, sei lá o que envolvia, ao me pareceu algo amoroso. Era horrível vê-la tão feliz, sei que é egoísmo falar isso, mas vê-la feliz com meu ídolo enquanto eu sequer consigo encarar o dela por cinco segundos sem me lembrar do acidente é uma dor enorme.

O meu celular tocou, eu estava deitada no meu quarto, olhei o número era Carla.

– O que houve? - perguntei.

– Paloma, parece que ela passou mal ontem e está internada.

– Como assim? Onde ela está? - eu já estava de pé pegando minha bolsa.

Saí correndo na escada cruzei com Yara e... levei alguns segundos, mas eu estava mais preocupada com Paloma. Yara tentou me seguir, mas eu estava com pressa queria ir ver a Paloma, ela nunca ficava doente e ao ponto de ser internada deveria ser algo muito grave.

Desci no ponto de onde seria o hospital, mas o que eu encontrei foi uma praça enorme, muitas pessoas estavam ali, meninas gritavam histéricas, olhei para os lados buscando pelo hospital, mas então reconheci o lugar em que eu estava.

– O que está acontecendo?

– Ye! - vi Paloma correndo até mim, achei estranho estar ali - Vem comigo.

Eu a segui, não sabia para onde ir. Passamos pelos gritos e adentramos na praça, observei uma proteção que segurava as meninas, alguns enfermeiros da Uma Recordação, eles me cumprimentaram, eu fiz o mesmo, e no centro da praça encontramos alguns dos pacientes sentados ouvindo a música que tocava, Carla estava a frente de pé quando me aproximei ela sorriu, Paloma subiu ao palco, um violão começou a tocar, olhei assustada para minha supervisora que pediu para que eu me sentasse. Os pacientes gritavam, sabiam do problema de Richard, como ele não podia cantar Paloma fazia isso, descobri então que a pequena tinha uma bela voz, o astro me olhou e mandou um piscadela, eu sentia o ar faltando a minha volta.

Eu estava para ter outra crise, mas antes dela acontecer Richard parou, desceu até onde eu estava e me esticou a mão, segurei a sua relutante, ele sorriu, Paloma chegou até mim e entregou o microfone.

– É a nossa vez de te ajudar - ela falou com seu riso infantil.

– Eu já fui ajudada - falei pegando o microfone e começando a cantar, eu era desafinada e isso ficou nítido naquele instante. - Obrigada.

Falei me sentado ao pequeno palco que tinha na praça, no dia do acidente aquela praça quase não tinha árvores e o carro parou ali, exatamente onde aquele palco estava, ficar ali acelerava meu coração, eu fui tomada pelas emoções, comecei a chorar.

– Certo gente, todo mundo de volta para o ônibus. - Carla gritou - O show acabou por hoje.

– Eu posso ir com vocês? - perguntei limpando algumas lágrimas que me escorriam.

– Claro que pode - Carla sorriu para mim.

Entrei no ônibus, sentei com Paloma, Richard estava sentado mais a frente junto de um senhor que falava que sabia tocar violão, mas o astro não parecia se interessar. Chegamos a ONG, outros que não foram a praça estavam seguindo com o tratamento normal, o cantor foi direto para o quarto e ficou lá trancado, era estranho, no dia anterior estava bem, se enturmava, havia participado de um show há poucos minutos e agora se trancava.

– Carla - eu a chamei - será que posso conversar com você?

Ela foi comigo até seu escritório.

– Algum problema?

– O que aconteceu hoje, tenho de agradecer a vocês todos, mas o que ele estava fazendo lá? Ele teve uma recaída, estava bem, até tocou, mas agora está trancado.

– O que você está querendo?

– Não acredito que vou dizer isso - suspirei - Mas posso acompanhar o tratamento dele de perto?

– Quer ser a voluntária dele? - confirmei - Você tem certeza?

– Acho que não só posso ajudá-lo como ele pode me ajudar, hoje eu voltei ao lugar do acidente, cantei a maldita música que me assombra, acho que se eu cuidar dele poderei cuidar de mim mesma.

– Tem certeza disso?

– Tenho.

– Então verei com ele, mas pode ter certeza de que por mim você pode fazer isso, foi a única que conseguiu fazê-lo comer e sair do quarto por um dia, mais do que qualquer outro dos nossos.

– Obrigada.

– Então, amanhã você começa?

Confirmei.

Voltei para casa. Yara dormia no sofá.


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