Eu Quase Namorei o Ídolo da Minha Irmã escrita por Vlk Moura


Capítulo 39
Primeiros dias


Notas iniciais do capítulo

Yara



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/523947/chapter/39

Era estranho estar em um grupo que eu não conhecia ninguém e tampouco eram receptivos. Citro estava treinando vocal com fones de ouvido, o guitarrista estava lendo uma HQ do Homem-Aranha, o baixista apenas ouvia música, o tecladista tocava algo sobre a mesa e eu estava ali os encarando esperando que alguém puxasse algum assunto. Meu celular apitou e como uma trombeta que anuncia a chegada de um visitante importante, todos se calaram e me olharam. Eu dei as costas e li a mensagem da minha irmã, ela tinha conseguido o emprego. Dei um gritinho comemorando.

– O que aconteceu? - o baixista perguntou.

– Ah... Nada, nada.

– Você está rindo sozinha - o tecladista falou - Algo aconteceu.

– Ahm... Minha irmã conseguiu emprego.

– Só isso? - o guitarrista riu, um riso da garganta que me pareceu que ele queria dar uma cuspida e não rir.

– É que estamos passando por algumas situações complicadas - dei de ombros, mas isso não impor... - meu celular apitou novamente.

Olhei, era uma foto do Alexander com os meninos, o Richard estava normal de braços cruzados em um canto enquanto todos faziam caretas ou poses constrangedoras.

– E agora? - eu os olhei.

– Uma foto do pessoal com quem eu estava antes - sorri.

– E é tão legal assim? - o tecladista falou pegando meu celular - Caramba - ele riu - Eles são normais?

– Longe disso - eu me sentei - Ahm... Desculpa, como vocês se chamam?

– Ele é o João, ele é o Fernando e eu sou o Pedro - ele esticou a mão.

Guitarra: Fernando.

Baixo: João.

Teclado: Pedro.

– E ele é o Citro - o cantor levantou a mão.

– Isso que você estava lendo - falei com o guitarrista, digo, Fernando - é uma das primeiras edições?

– É sim. - ele virou para que eu visse a primeira capa.

– Caramba!

Conversamos sobre HQs, filmes e jogos, agora eu estava me enturmando com eles. Citro ainda cantava quando nosso carro parou de fora. Descemos todos, cada um pegou uma chave, no dia seguinte logo cedo iriamos ensaiar. Minhas baquetas prendiam meu cabelo, as tirei e deixei na cabeceira, fiquei deitada fitando o teto, descobri que o quarto tinha uma varanda, fui até lá, eu podia ver a cidade, no escuro inda era lindo, olhei a movimentação na varando ao lado. Fernando saiu e ao me ver pareceu se assustar.

Ficamos ali até decidirmos ir comer algo. Nos encontramos com os outros menos com o Citro.

– Ele anda meio depressivo desde a morte da Laila - João falou - O que aconteceu na festa parece que não foi planejado, não era para ela ter abusado tanto, queriam apenas deixar Richard bravo.

– Por quê? - eu me lambuzava com o molho do sanduiche.

– Porque ele brigara com a menina por ela estar se insinuando nas redes sociais para o Citro, e de acordo com o grande Astro, nosso cantor não era homem para a jovem, pura e inocente irmã. O que, cá entre nós - ele olhou em volta - Todos sabemos que de inocente e pura não tinha nada, que Deus a tenha.

– Sério? - eu fiquei surpresa, mas queria saber mais. - Quer dizer que ela já era meio rodada?

– Meio? - Pedro riu - Isso é até bondade.

– Caramba... - eu ri - Eu nunca imaginaria isso, eu a conheci, tudo bem que muito pouco, mas ela não tem cara de quem é rodada.

– E lá se tem cara para isso? - João riu - E essas que parecem santinhas são as piores. Ou melhores, porque na cama, rapaz, são fantásticas e...

– Sem detalhes, por favor - eu ri enquanto o parava. - Agora fui surpreendida.

– Pelo quê? - olhamos assustados para Citro.

– Por nada - falei sorrindo - Pela comida, não achei que estaria tão boa - os meninos riram.

– Posso pedir um favor a vocês? - todos confirmamos - Não falem mais da Laila, eu preciso esquecê-la, okay? - confirmamos constrangidos.

Depois do jantar fomos cada um para seu quarto, eu admirei um pouco mais da paisagem da varanda, tirei uma foto fazendo careta, mandei para Alexander e fui me deitar, dormi tão rápido que eu só percebi que o tinha feito quando acordei.

Peguei as baquetas, coloquei no cabelo, desci para o café, os meninos já estavam lá, eram bem menos bagunceiros do que os outros o que me deixava triste, mas agora que eu começava a conhecê-los pareciam ser boas pessoas.

Enquanto esperavamos Citro, João e Fernando se juntaram para zoar Pedro, um o distraiu o outro pegou o café dele e no lugar colocou conhaque. Eu que acompanhei aquilo tive de segurar o riso. Quando o tecladista experimentou cuspiu tudo o que nos fez gargalhar e atrair atenções. Quando Citro chegou atraiu algumas fãs que vieram até nós para tirar fotos com ele, até o cantor resolver que iria terminar de comer no quarto.

Fomos para a sala de ensaio, saquei minhas baquetas, eles riam de mim, falaram que parecia que eu tirar duas katanas de minhas costas. Ensaiamos por horas até pararmos e irmos descansar. Eu andei pelo hotel até descobrir uma piscina, sentei na beirada e coloquei os pés na água, estava quente, ninguém usava aquela area.

– Ah, você está aqui - olhei o cantor - Achei que ficaria sozinho.

– Um bom lugar para ficar sozinho - ele se sentou ao meu lado - Vocês já vieram muito para cá?

– Acho que umas cinco vezes - olhavamos o pôr-do-sol - Na verdade, alguns lugares, você verá, até perdem a graça. E outros nem são tão mágicos quanto você imagina ser.

– Tipo Paris?

– Não, Paris é bem legal mesmo - ele riu.

Conversamos sobre lugares do mundo que eu conhecia por catálogos e ele por vivência, seu celular apitava muitas vezes durante nossa conversa o que não acontecia diferente com o meu, Alexander me mandava foto atrás de foto e pedia uma do grupo com que eu estava, tirei uma foto minha com o Citro que fez uma careta sem entender o que eu fazia até ele nos ver e tentar pegar meu celular e me impedir de enviar, o que ele não conseguiu.

Descansamos.

Depois de muitos ensaios e testes de palco iamos fazer um show, Citro estava com um jeans meio surrado, sua imagem não era tão fascinante quanto a de Richard, mas ainda assim estar com ele era fantástico, eu sentia minhas mãos suarem. O grupo já criara intimidade e os meninos já começavam a me zoar trocando minhas bebidas escondendo baquetas me imitar com vozes esganiçadas.

– Essa música eu tinha feito quando ela ainda estava viva - Citro falou olhando para o céu, nos ensaios ele segurava as lágrimas todas as vezes que cantava - Aqui vai, essa é para você, Laila.

Pedro começou, João o acompanhou, eu entrei na sequência e Fernando apensa dava umas dedilhadas, Citro começou a cantar, eu percebia sua voz arranhar, a critica também ouviria isso, sempre escutam aquilo que podem criticar até o último ponto final da matéria. Quando o vocalista se virou de contra a luz pude ver as lágrimas escorrendo de seu rosto, as luzes se apagaram, ele inspirou profundamente, quando a luz voltou ele cumprimentou o público e voltou para os bastidores.

Chegando no hotel já tivemos de recolher tudo, iamos embarcar para outro show e assim seria nos próximos meses. Eu estava muito animada, primeiro por ser a principal baterista, segundo porque a cada show eu via a melhora de Citro e alguém o ajudava, alguém que ele nunca nos contou quem era e nem eu pressionei, eu não queria ser a menina do grupo que é a melhor amiga de todo mundo, mas para Fernando eu já era tão grande amiga que ele me contava dos problemas com a esposa e com os dois filhos, um queria ser astro da música clássica e o outro queria ser pintor, eu fiquei curiosa para conhecer seus filhos, pareciam ser bem diferentes do pai e nem tanto da mãe que em uma conversa com Pedro descobri que era uma dançarina de Balé.

– Ah! - João se jogou no sofá do apartamento em Londres - Eu estou destruído - ele me olhou, eu me arrumava, Richard e os meninos estavam fazendo um show por ali, eu ia encontrá-los - Onde a senhorita vai?

– Encontrar os meninos - falei sorrindo - Não se preocupe, eu volto para o almoço.

– Vou com você - Fernando se levantou - Não vou ficar nessa casa preso com esse monte de macho - ele riu.

– Eu também vou - Pedro levantou - Quero dar uma esticada nas canelas.

Saímos.

Os dois iam conversando não se calaram até chegarmos ao restaurante onde eu marquei com os meninos. Assim que eu entrei JT gritou e todos nos olharam, acenei e fui até eles.

– Quem são seus guarda-costas? - Picasso perguntou.

– Fernando e Pedro, apresento a vocês os meninos.

– Ah... Os caras das caretas - Pedro se sentou ao lado de Joshua que me olhou confuso. - Eu lembro de você, você fez algo assim - ele tentou reproduzir a careta, mas só ganhou olhares estranhos dos outros.

– Ele parece louco, mas é bem legalzinho - me sentei, beijei Alexander.

– Espera! - olhei Fernando - Ele é o menino que você falou?

– Falou de mim? - Alexander sorriu.

– Claro, ela falou que você era meio descompensado da cabeça - escondi meu rosto enquanto os outros riam. - Ela gosta muito de você, rapaz. E eu juro que se você desapontá-la eu vou...

– Fernando! - eu o puxei - Sentai ai e sossega.

– Certo.

Ele sentou, Richard me olhou.

– Você tem falado com os dois? - ele me perguntou.

– Não muito, mas ela conseguiu emprego e parece que tudo está dando certo - ele sorriu.

Conversamos durante muito tempo, até eu ter de ir. Eles nos acompanhavam até a casa alugada.

Me despedi deles e dei um beijo em Alexander, Fernando soltou mais algumas ameaças e entramos. Eles saiam fazendo bagunça pelas ruas.

– Ainda bem que vocês chegaram, Citro se recusou a fazer uma massagem em minhas costas e...

– Você está com a vã esperança que um de nós fará? - Pedro falou - Nem mortos faremos isso.

– Nem você, Yara? É uma moça tão boazinha que eu gosto tanto e...

– Nem sonhe com isso - falei rindo e me jogando na poltrona - Depois do show vocês me mostram a cidade? Nunca tive a oportunidade de vir a Londres.

– Outra cidade de catálogo? - Citro perguntou.

– Na verdade, acho que todas são. - eles me olharam - Meu pai não viajava muito.

– Quem é seu pai?

– Era o Budapeste.

E isso foi o boom de milhões de perguntas que só acabaram quando falei que ia dormir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eu Quase Namorei o Ídolo da Minha Irmã" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.