– Benjamin, eu já disse que não é pra você correr dentro de casa!

Uma mulher de cabelos castanhos encostada no vão da porta dizia. Estava ralhando com o filho, mas tinha um sorriso frouxo no rosto. O menininho louro de olhos avelãs sorriu.

– Desculpe, mamãe. – disse ele.

O sorriso da mulher se esticou e ela pegou na mão do filho.

– Vamos a cozinha, preparei um bolo enorme cheio de chocolate pra você e Becky.

O menino bateu palmas.

– Oba!

Ele agarrou a mãe e desceu com ela a escada, arrastando-a pela casa até a cozinha. Ao ver o bolo de chocolate, umedeceu os lábios.

– Hum... – fez ele.

– Que vocês estão comendo aí? – perguntou uma voz masculina.

Um homem louro e alto entrou na cozinha com um sorriso, acompanhado por uma menininha loura de radiantes olhos azuis no seu colo.

– Bolo! – falou Benjamin, mostrando o bolo.

– Eu quero, e você, Becky? – perguntou o homem a menina.

Ela fez que sim e sorriu, mostrando os dentes branquinhos.

– Ótimo! – concluiu Benjamin, impaciente.

Todos riram, e Benjamin fez cara de indignação.

– O que? – perguntou.

– Nada, querido – disse Hermione docemente, mas com a voz tremendo pelo riso.

Benjamin deu de ombros.

– Loucura. – disse pra si mesmo. – Vamos logo com esse bolo que eu estou com fome.

– Não tenha pressa na vida, Benjamin. – disse Draco.

Benjamin fez que sim, distraído com o bolo.

Chocolate escorria pelos lados.

– É, gente, vamos comer. – disse Hermione, olhando Benjamin.

Benjamin puxou um prato para si e para a irmãzinha. Hermione serviu a todos, e Benjamin disse, após uma colherada:

– Esse foi o melhor bolo que você já fez, mamãe.

– Verdade. – concordou Becky, com a boca suja de chocolate.

– Concordo. – disse Draco.

Hermione riu.

– Ah, eu sei. Receita nova.

Draco riu com desdém.

– Convencida. – disse ele.

Ela o olhou.

– Aprendi com o melhor. – disse Hermione, se referindo a ele.

Ele sorriu.

– Ah, querida, não me bajule tanto.

Eles riram.

– Depois a convencida aqui sou eu. - falou ela.

– Não entendi nada, mas tudo bem. - falou Benjamin de boca cheia.

– Becky, querida, venha com a mamãe. - chamou Hermione.

Becky, que estava no seu 3º pedaço, choramingou:

– Ah, mãe, mas o bolo...

– Pode trazê-lo com você.

Becky sorriu, pegou o prato com o bolo de cima da bancada e seguiu a mãe.

As duas chegaram a biblioteca, e Becky perguntou, curiosa:

– Mamãe, o que estamos fazendo aqui?

– Calma, querida.

Hermione pegou um livrinho velho de cima de uma mesa, que Becky sabia que era onde ela resolvia os "problemas".

– Este, Becky... este é o diário que adquiri. Conta sobre a época em que seu pai e eu namorávamos. Éramos jovens. E já que você está virando quase uma mocinha - Becky abriu um sorrisão - pode ganhar um também.

Hermione tirou um livro de capa preta com flores de cima da mesa e o entregou a sua filha.

– Espero que aproveite com sabedoria, pois essa é a única herança que os pais deixam aos filhos. Bem... uma herança não-material.

Becky não entendeu muito bem, pois só tinha 7 anos, mas pegou o livro, entusiasmada, e abraçou as pernas da mãe.

– Obrigada, mamãe! Vou escrever nele agora mesmo!

E correu pela porta.

– Não vai comer o bolo? - gritou Hermione.

Ela ouviu um berro: "Depois!" e riu.

Seus filhos eram umas graças. Hermione permaneceu na biblioteca, olhando com sentimentalismo para o diário, e decidiu ler ele mais uma vez.

– Relendo? - perguntou Draco.

Ele esticou a mão para pegar o livro das mãos de Hermione, mas ela não deixou.

– É pessoal. Você não pode ver. Era um diário que eu tinha no 7º ano, e escrevi sobre nosso namoro aqui.

Ele arregalou os olhos.

– Escreveu sobre mim? - indagou.

Hermione concordou.

– Então quero ver se a impressão que teve de mim foi boa.

Ela revirou os olhos.

– Você é meu marido, Draco.

Ela guardou o livro numa gaveta.

– Vamos descer?

Draco concordou.