Apaixonados pelo destino escrita por AquelasMortais


Capítulo 3
Capítulo 3




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– Eu... - engoli em seco. – Acho que sim.

Ele abaixou o olhar e deu um sorriso fraco e torto.

– Imagino que sim.

Meu corpo se tremeu. Seus olhos se levantaram em um instante, e ele saiu da sala em outro.

Meu sangue fervia. Eu o sentia correr pelas minhas veias.

“ Imagino que sim.”

Mas é claro que ele imaginava que eu o conhecia. Aquele menino tão maravilhosamente atraente...

– Ei. – Anne tocou em meu ombro.

Olhei para ela, e por um instante, vi alguma coisa tremer entre nós. Não. Estava dentro dela e brilhava...

Eu arquejei, e ela olhou para mim com atenção. Mas ela já havia voltado ao normal.

– O que foi?

Coloquei a mão na testa.

– Podemos sair daqui? – perguntei, os olhos fechados.

Ela assentiu, ainda me observando com atenção.

***

Anne havia me levado até um pequeno jardim. Eu estava sentada em um banco de pedra, que estava gelado, algo que me fazia voltar à realidade em todas as vezes que eu pensava nas minhas alucinações.

– Claire.

Anne me chamou, e me impressionei com a seriedade mostrada no seu tom de voz.

– Oi.

– O que você viu?

Estranhei a pergunta. E de todo jeito, eu não iria responder; “Vi alguma coisa brilhando dentro de você.”

– Não vi nada.

Ela me olhou. Era estranho. Eu sentia que eu podia confiar nela. O que era estranho, já que ela era uma daquelas garotas que pareciam prostitutas com voz enjoada. A rainha delas, na verdade.

Ela virou de costas e mexeu no cabelo, fazendo com que eu pudesse ver as suas raízes ruivas.

– Por que pinta o cabelo?- perguntei.

Ela me olhou e vi que a sua expressão era triste.

– Eu não sei. – ela falou. – Talvez para me sentir bem comigo mesma. Por quê?

– Nada. Só acho que você deveria deixar a sua cor natural.

Ela deu um breve sorriso.

– Talvez, algum dia eu faça isso.

Sorri de volta.

Olhei através dela, e avistei a pele branca, os cabelos castanhos escuros e aqueles olhos me encarando; Brian Folks.

De repente, me vi encarando a mesma coisa que estava dentro de Anne; translúcida, que brilhava como uma pequena lâmpada no lugar do coração.

O vento ficou frio de repente. O céu escureceu e vi o meu próprio corpo brilhar, do mesmo modo que Anne e Brian. E me vi num vestido branco, um véu esquisito caindo pelos meus ombros. Sombras apareceram, por todos os lados, em todas as direções.

Me vi em um campo florido, perto das ruínas de uma pequena igreja. Vi tudo que estava diante de mim desaparecer em meio a escuridão.

– Oh, Deus. – me escapou. Uma sensação de pavor tomou conta de mim.

As sombras começaram a subir nas minhas pernas. Eram geladas, frias e se moviam com lentidão. Fiquei paralisada. Em poucos segundos, já cobriam o meu rosto quase inteiro. E eu precisava respirar.

Meus olhos se fecharam. Todos os meus pensamentos se transformaram num nada enorme. Comecei a me contorcer.

– Brian! Brian! Ajude-a! – ouvi os gritos de Anne, mas de longe. E depois, não senti ou vi mais nada...

***

Acordei num pulo, e quando abri os olhos eu já estava sentada.

Numa cama de hospital.

Na verdade, era a enfermaria da escola, mas tudo bem.

Brian estava dormindo, sentado numa poltrona no canto do quarto. Me encolhi e fiquei meio assustada. Por que ele estaria ali? Por acaso nos conhecemos de verdade e ele se importa comigo?

“Não, Claire. Deixe de ser tão iludida. Ele não se importa com você.”

Ele se mexeu bruscamente, e eu achei que ele iria acordar. Me deitei rapidamente e fechei os olhos, fingindo que eu estava dormindo. Ouvi pés batendo no chão. Ele havia acordado. Espiei um pouco...

E ele estava sentado ao meu lado, a mão no meu cabelo, olhando com um pequeno sorriso o meu rosto.

Ele percebeu que eu estava espiando. Ah, droga.

Ele recuou, quase que constrangido. Não, corrigindo; MUITO constrangido.

Ou com raiva. Ou magoado. A sua expressão me mostrou vários sentimentos, alguns que eu não pude identificar.

– Oi. – falei.

Ele ficou meio sem palavras.

– Oi.

– Você viu o que eu vi? – perguntei, por impulso.

Ele levantou uma sobrancelha.

– O que você viu?

Desviei o olhar e olhei para as minhas pernas. Eu ainda sentia uma fumaça gelada subindo lentamente por elas.

– Sombras.

E eu contei tudo. Que eu vi alguma coisa dentro dele, que eu vi sombras pretas ao meu redor, me consumindo; enfim, falei que eu estava louca.

No final, a sua expressão mostrava que ele estava preocupado. Sua respiração estava acelerada. Mas eu não consegui olhar para mais nada. Apenas para os seus olhos. Eu estava me apaixonando?

Não, acho que não. Ele só me... Intriga.

Mentira, eu estava me apaixonando, mesmo.

Ele continuou me encarando, também.

– Claire! – um grito agudo foi ouvido na porta. Me virei e vi uma garota ruiva, os cabelos cacheados voando enquanto ela corria em minha direção. Ela me abraçou e, quando sentou-se ao meu lado, percebi que era Luna, a minha melhor amiga, da minha escola antiga.

– Ah, meu Deus! Luna! O que você está fazendo aqui?!

Ela se afastou e, em um sorriso enorme, ela respondeu:

– Eu vou estudar aqui. Os seus pais pediram para que eu viesse para cá para que eu pudesse te acompanhar. Eles acham que você está sozinha, - ela olhou para Brian e deu uma risadinha. – Mas você definitivamente não está. – ela respirou por um segundo e se virou para ele. – Oi, Brian!

Brian sorriu para ela e eles trocaram um aperto de mão.

Eles se conheciam?!

Senti uma pontada no meu estômago.

– De onde vocês se conhecem?

Brian me olhou e ficou sem palavras. Depois de um minuto meio constrangedor, Luna me olhou.

– É que quando eu cheguei aqui ele estava esperando que eles conseguissem te acordar. Ele estava meio nervoso. – ela sorriu, e Brian corou. Bem, eu e ele.

***

Depois de um tempo, eu saí da enfermaria. Brian foi comigo até a frente do meu dormitório e parou na minha frente.

– Desculpa por não ter conversado com você direito, hoje.

Fiquei calada.

– Então, - ele falou, meio nervoso. - como pedido de desculpas, quer almoçar comigo, amanhã?

Sorri.

– Claro, Brian.


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