Apaixonados pelo destino escrita por AquelasMortais


Capítulo 2
Capítulo 2




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Ele arregalou os olhos, como se me conhecesse e não acreditasse que eu estava aqui. Cobriu o rosto com as mãos e entrou no quarto. Por um segundo, pude ver que ele comentava sobre a minha existência. Ou não. A única coisa que vi foi o seu amigo olhando para mim, assustado, logo exclamando alguma coisa que não consegui ouvir.

E eles fecharam a porta.

Pensando no como eu estava incomodada pela atitude do seu amigo indiscreto, tomei um susto quando Anne disse:

– O garoto que gritou... – ela revirou os olhos. – se chama Kyle Brandon. O dos lindos olhos azuis é o Brian Folks.

– Brian Folks... – repeti. Eu conhecia esse nome. Eu conhecia o garoto. – Ele é seu amigo?

– Mais ou menos. Ele é um garoto meio complicado. – ela suspirou.

Entrei de novo no quarto e sentei na minha nova cama. Anne sentou na dela.

– Por que você quis me conhecer assim, tão rápido? – perguntei, sem pensar. Era a minha maior dúvida desde que cheguei aqui, há alguns minutos.

Ela sorriu e ajeitou o seu lençol.

– Você já imaginou que pudesse estar sendo observada?

Eu levantei uma sobrancelha. Pensar na possibilidade de alguém estar me observando é tão idiota que eu sorri.

– Como você me observaria, se está presa aqui?

Ela sorriu de novo.

– Ah. Eu não disse que eu estava te observando.

Fiquei meio assustada de pensar no assunto. Suspirei e falei na minha mente; “Ela me assusta.”

– Quer sair e conhecer as meninas? E alguns meninos, talvez?

Sorri.

– Seria ótimo.

***

– Como você não sente frio? – perguntei à Anne, ainda impressionada com o tamanho do seu short.

– Ah. – ela sorriu maliciosamente. – O esforço vale a pena. Se você soubesse quantos garotos me cantam por dia...

– Meu Deus. Como vou me acostumar a isto?

Ela riu de mim.

– Você vai me agradecer. Estou te protegendo um pouco da realidade. Daqui a alguns minutos teremos aula de biologia. Portanto, acho melhor você se preparar. Tente não dormir na aula. O professor vai passar a te odiar e vai abaixar as suas notas.

Sorri.

– Isso é realmente muito certo. E justo.

– Eu disse que estou te protegendo. – ela parou e fez uma careta.

– O que foi?

Ela me olhou e sorriu falsamente.

– Nada, novata.

***

Todos se empurraram para entrar na sala. Haviam umas quarenta bancas. Peguei uma mais no canto. Não queria chamar mais atenção do que eu já tinha.

Quando a maioria se sentou, vi aquele tal de Kyle Brandon.

Ele me olhou, primeiramente. Depois se sentou na banca ao meu lado, na frente de Anne.

– Ah meu Deus... – sussurrei, colocando a mão na testa.

O professor entrou na sala e olhou para todos os lugares tomados por adolescentes nojentos, ou idiotas, ou riquinhos, ou... Eu.

Ele pareceu não notar que havia uma banca vazia, no lado oposto ao meu, a umas cinco cadeiras.

– Bem vindos, alunos. Sou o professor de biologia. Quero que saibam que não tolero... – ele começou a fazer um discurso sobre a importância do estudo na nossa vida e que ele não tolera certos tipos de comportamento. – Sou o sr. Tales. Se me permi...

– Desculpe, professor, mas posso entrar?

Ele. Era ele. Brian Folks estava na mesma classe que eu.

Me coração começou a bater mais rápido, sem nem um porquê.

Seu olhos estavam vermelhos, e percebi que ele estava chorando.

– Pode entrar, Brian. Mas tomara que não se atrase novamente, senão perderá uma boa semana de aula.

Ele assentiu e olhou um por um. Ele me viu.

Quando nossos olhares se encontraram, ele ficou pálido. Baixou a cabeça e sentou na única cadeira que restava.

Vi uma troca de olhares entre ele e Anne. Era como se eles dividissem algo, como um alerta. Anne falou alguma coisa, mas eram apenas palavras sem som. E não tinha como eu fazer leitura labial, porque eu nunca fui muito boa nisso.

Depois, eles olharam para mim. Desviei o olhar e fingi estar prestando atenção no professor, algo impossível no momento, com um menino tão atraente me encarando. Anne parou de me encarar e olhou para o seu caderno atentamente. Mas Brian continuou me olhando.

Eu o olhei. E ele não parou. Levantei uma sobrancelha. Eu queria muito que ele parasse. Aquilo era estranho.

Funcionou. Mas agora eu que não conseguia tirar os meus olhos dele.

***

Quando as aulas do dia acabaram, caminhei até o meu armário e guardei o meu material. Anne me alcançou depois.

– Você tem algum problema de atenção? Até eu presto mais atenção no professor. – ela falou.

– Não. É porque... – eu olhei para as pessoas que nos cercavam. Eu não iria dizer que eu não olhava para o professor simplesmente porque haviam outras coisas melhores de se ver. – Na verdade, tenho déficit de atenção.

Ela acreditou.

– Que pena.

– É.

Senti uma brisa gelada, o que me fez perder o fôlego. De repente, eu me vi sozinha no corredor. Logo, não havia corredor, apenas escuridão. E vi uma luz, no fundo. Brilhavam no formato de asas. Eram asas. Não. Deveria ter alguma coisa errada. Eram graciosas e seu tom era meio azulado, mas não tanto quanto os olhos que me encaravam.

Brian.

– CLAIRE! – ouvi a voz de Anne, voltando à realidade. Estávamos paradas no meio do corredor ainda, mas tinham pouquíssimas pessoas lá.

– Oi.

– O que foi isso?!

– Isso o quê?

– Você parou no meio da escola e ficou olhando para tudo, sem me ouvir, com olhos arregalados.

– Brian está aqui?

Ela estranhou a pergunta.

– Ele passou por nós alguns segundos atrás... Por quê?

Estremeci.

– Nada, não.

– Vamos para o refeitório. É a hora do almoço.

Assenti, esfregando as minhas mãos, que estavam geladas.

– Você está bem mesmo? – ela perguntou.

– Estou ótima, Anne.

Só estou tendo alucinações.

***

Quando terminamos de almoçar, eu vi o Brian do lado oposto da sala. Ele conversava com alguns garotos, e finalmente pude vê-lo sorrindo. Seu sorriso era perfeito. Era maravilhoso. Uma sensação calorosa ocupou todo o meu corpo.

Depois, os garotos foram embora, e ele se encostou na parede. Olhei para Anne, que sorria para mim.

– O que foi? – perguntei. – Ele é... Atraente.

Ela gargalhou, mas sua risada foi ofuscada pelo grito de uma de suas seguidoras na mesa ao lado.

Olhei de novo para ele. Ele estava conversando com aquele seu amigo, e os dois olhavam para mim e falavam alguma coisa. Quando viram que eu observava, desviaram o olhar e ele ficou vermelho.

– Ah, chega. – falei.

Me levantei e comecei a andar em sua direção. Mas eu não queria. Era como se alguma coisa me puxasse...

Até eu chegar na sua frente.

– Com licença. Você é novato?

Ele ficou meio confuso, mas respondeu, com uma voz grossa e extremamente calma:

– Não. E o que exatamente você está fazendo aqui?

Corei, mas novamente, alguma coisa dentro de mim se manifestou e eu respondi, com a voz extremamente calma, também.

– Estou te perguntando se tem algum problema comigo.

Ele sorriu, e seu amigo também, que se afastou e nos deixou a sós. Bem, se é possível ficar assim no meio de tanta gente...

– E eu vou te perguntar; por que eu teria? – ele se aproximou de mim, deixando- me nervosa. Digo, em pânico.

– Por que ficou daquele jeito quando me viu da primeira vez?

Ele corou, mas logo voltou ao normal. Levantou uma sobrancelha.

– Por que está perguntando isso? Você me reconhece de algum lugar, novata?


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