Acordo cedo, mas fico deitada pensando em meus pais. Onde será que eles estão?A Abnegação sempre acreditou em um Deus, em um lugar melhor, mas eu não sei ao certo no que acredito. Olho ao meu redor, os outros refugiados então dormindo espalhados pelo chão do quarto, é cedo então todos ainda estão na cama. Mas eu decido me levantar. Desço as escadas e ouço Quatro falando com sua mãe

– Haverá outro ataque? –Quatro pergunta

– Não sei o que Jeanine está planejando, mas sei que é algo grande, então provavelmente é algo grande -Evelyn responde

– Eu vou até a sede da Erudição investigar

Desço as escadas e digo:

– Eu vou com você!

– Você está louca? Não sabe nem como segurar uma arma, você só vai atrapalhar –Quatro diz irritado

– Eu quero ver meu irmão, dar a noticia a ele, não estou te pedindo para ir, não preciso da sua permissão!

Aquilo faz ele se calar. Ele sabe que tenho o direito de contar ao meu irmão sobre a morte dos meus pais. E mesmo que ele saiba, ele é a única família que me restou. Não acredito no que Quatro disso sobre meu irmão já saber sobre o ataque, ele nunca faria isso com meu pais. Ele não trairia sua família.

– Vamos partir a noite – Quatro diz depois de um tempo que me parece uma eternidade

...

Christina desse conversando com um garoto, ele é alto, moreno e tem a mesma cara séria de Christina, eles devem se conhecer da Audácia. Ela o apresenta pra mim, Will. Todos vão para a cozinha, mas eu espero Quatro passar, quero conversar com ele.

– Ei Quatro! – digo alto o suficiente para que ele me escute

– Esta precisando de alguma coisa Beatrice?

– Não, só queria conversar sobre uma coisa com você

Ele me olha como se já soubesse o que quero falar, não tenho certeza se ele se lembra de mim, acho que as poucas vezes que tentei falar com ele, ele me ignorou, e não sei se já superei o medo que tinha dele, ele ainda me olha com a mesma cara de quando éramos pequenos.

– Então, eu era sua vizinha, estudávamos na mesma escola você se lembra?- Digo com medo de sua resposta

– Sim, me lembro vagamente de você, Beatrice – O seu tom indica que está tudo bem, mas seu olhar diz que não

– O seu nome de verdade é Tobias né?

– Sim, Quatro foi o nome que escolhi quando mudei para a Audácia, queria deixar para trás tudo que me lembrava meu passado, você já deve imaginar o motivo –Ele fala, e vai para a cozinha me deixando sozinha

É claro que imagino o motivo, Marcus, seu pai.

...

Mais tarde, Everyn me oferece roupas para tomar um banho, entro no banheiro e há um enorme espelho, o que eu jamais via na Abnegação, já que eles desprezam a vaidade. Tomo um banho rápido, quando vou colocar as roupas, percebo que elas são mais apertadas do que qualquer coisa que eu já vesti, e deixam amostra partes do meu corpo que nunca deixei, mas aquilo tudo parece normal para eles. Olho no relógio, são 19 horas, não sei o que significa a noite para Tobias, mas já esta escuro, e já estou pronta.

Desço as escadas, Tobias está sentado no chão, ele me olha com um olhar diferente desta vez, mas não sei se é algo bom.

– Já está na hora de irmos? – Pergunto, sem disfarçar minha ansiedade, meu medo

– Onde vocês vão? – Pergunta Christina

– Vamos até a sede da Erudição – Tobias responde sem me dar tempo de responder

– Vocês querem ajuda? – Ela pergunta

– Não, não era nem para ela estar vindo comigo – Tobias fala

– Vou ver meu irmão! – Respondo

– Mas o que vocês pretendem fazer lá? – Christina pergunta curiosa

– Conheço algumas pessoas que trabalham lá que vão tentar me ajudar, ela está com medo de uma informação ser revelada, e eu vou ajudar a revelar o que ela não quer.

– E você sabe que informação é essa? – Pergunto mesmo sabendo que se ele souber, não vai me falar.

– Não, mas vou descobrir, e se ela esta matando tantas pessoas para impedir que descubram deve ser alguma coisa seria.

– Como vamos fazer para chegar lá? Vamos a pé? É longe? – Pergunto

– Vamos a pé, não é longe daqui, levará 1 hora e meia.

Saimos ás 21. Começamos a caminhar, ele vai na frente, sem falar nenhuma palavra, eu tento acompanha-lo, mas ele é da Audácia, deve ter feito um treinamento e tanto, sou da Abnegação, me cansava de andar da minha casa até o lugar onde os sem facção vivem.

– Você está andando muito rápido, calma!

– Você veio aqui porque quis, agora não vai me atrapalhar.

– Porque você precisa sempre ser assim, grosso? Sempre esta na defensiva, nunca fiz nada pra você, e você sempre me olhou feio, você tem algum problema comigo?

– Não estou sendo grosso, só estou falando a verdade. Nunca te olhei feio, você que fica imaginando as coisas.

– Você me ignorava quando eu tentava falar com você, porque isso Tobias?

– Não me chame de Tobias, sou Quatro agora, não quero nada do meu passado!

– O se passado é quem você é Tobias, você não pode deixar isso para trás, isso é parte de você e sempre vai ser!

Isso faz com que ele se cale. Sei que não o convenci, mas sei que o deixei pensando sobre isso. Andamos mais uma meia hora quando ele começa a falar:

– Eu te olhava feio, Beatrice porque tinha inveja da sua vida, você sempre teve um pai e uma mãe que te amaram, tinha um irmão, e eu não tinha nada, meu pais batia na minha mãe e em mim, minha mãe me abandonou quando eu mais precisava dela, já seus pais, eu via só pelo jeito que falavam com você quando passava por mim, eles te amavam muito, eu tinha inveja de você Beatrice...

– Eu tinha pais que me amavam, agora não tenho nada...

– Me desculpe Beatrice, não tinha essa intenção...

Paro de ouvir quando vejo um portão enorme diante de mim, chegamos a Erudição.