Por um curto tempo eu consegui manter a Sakura a salvo de meu irmão, fazendo de tudo pra que ele não se aproximasse dela por um tempo suficiente para que pudesse perceber que era ela a que ele esteve procurando à muito tempo. E mesmo que eu não saiba como ele conseguiu fazer isso, só de olhar para o rosto dele eu consigo perceber que ele já descobriu tudo.

-Então...-Ele começou a falar- Até quando você ia esconder o segredo daquela garota, hein maninho?

-Eu não sei do que você está falando, Itachi.-Ele se moveu, numa velocidade surpreendentemente rápida, até mesmo para um vampiro. Quando dei por mim, ele já estava a centímetros de meu corpo.

Estava me encarando com uma expressão que não me agradou muito. Seus olhos demonstravam claramente a raiva que estava sentindo por eu não ter contado a ele sobre a Sakura, ou pelo simples fato dele ter demorado tanto pra descobrir uma coisa que o irmãozinho dele já sabia. Mas em seus lábios tinha um sorriso debochado, eu conhecia aquela cara, ele estava tramando algo, não, ele já tinha planejado algo... Grande. E eu estava envolvido nesse plano, de algum jeito...

Antes que eu pudesse pensar em como eu iria acabar ajudando meu irmão “querido” a completar seu plano estúpido, ele me deu um soco na boca do estômago me fazendo cuspir sangue. Ele me deu vários golpes, um em seguida do outro, cada vez mais forte que o anterior, numa velocidade tão alta que era impossível, para qualquer um, revidar. Tentei me proteger, mas foi em vão. E quando ele finalmente decidiu que já era o bastante, eu já era incapaz de conseguir me levantar sozinho. Ele olhou para mim, e deu um sorriso satisfeito se virou para a porta e começou a andar em direção dela, mas antes de sair ele parou, e sem me olhar falou.

-Ela estará em minhas mãos antes que você possa pensar em fazer alguma coisa...- Se ele disse algo depois disso, eu não sei. Eu simplesmente não consegui me manter acordado.

Sakura...

O que iria acontecer com ela? O que o Itachi planejou fazer? Eu seria capaz de impedi-lo? Provavelmente não. Itachi sempre consegue o que quer, não importa o que ele tem que fazer pra conseguir, ele nunca desistiu de alguma coisa, ele nunca perdeu uma guerra. Todas as chances que eu tinha de deixar a Sakura a salvo se perderam quando ele descobriu que era ela quem ele queria.

Sakura... Se ela tivesse ficado longe de mim, como qualquer outra pessoa normal faria, isso não estaria acontecendo agora. Ela estaria a salvo, vivendo a vida dela como sempre fez, sem correr o risco de morrer... Pelo menos não desse jeito.

Abri meus olhos. Eu estava em um dos quartos de hóspedes, provavelmente Hinata tivesse dado um jeito de me trazer até aqui. Quando me sentei, pude sentir a maioria dos cortes espalhados pelo meu corpo se abrirem. Eu estava fraco.

Senti uma ardência em minha garganta, estava com sede, com muita sede.
Sangue... Eu precisava beber sangue, então essa sede que estava quase me controlando por completo estaria acabada, meus ferimentos se curariam rapidamente, e acima de tudo eu ficaria mais forte, mais forte do que eu estava antes... Mas não o mesmo sangue que eu bebo sempre que essa sede começa a me incomodar esse tornar insuportável, não o sangue animal eu tenho tomado. Eu precisava se sangue humano.

Mas eu não beberia, não mais. Se eu provasse de sangue humano novamente, eu não ia conseguir me controlar mais. Como um alcoólatra, eu ia querer sempre mais, a única diferença é que um alcoólatra não precisa matar pessoas pra ter o que quer já um vampiro... Eu iria me tornar algo como meu irmão.

Aquela sede avassaladora estava ocupando tanto minha mente que eu não consegui escutar os passos do lado de fora do quarto. Só notei que havia mais alguém naquela casa alem de mim quando ela, ou melhor, elas entraram no quarto em que eu estava.

Olhei para a garota de longos cabelos róseos a minha frente, um pouco surpreso com a presença dela ali, e depois me virei para a Hinata um pouco irritado.

-Você não podia ter feito isso

-Me desculpe... Mas eu tinha que tentar

-Eu na vou beber o sangue dela Hin... –Eu parei de falara quando senti que tinham me abraçado que ela tinha me abraçado.

No primeiro momento eu não tive reação alguma, eu nem estava respirando para não sentir o cheiro delicioso que ela exalava, meu rosto estava a centímetros de distância do pescoço exposto dela, ela me abraçou mais forte, mas ainda era um abraço delicado, aconchegante, ela estava tomando cuidado por eu estar ferido. Desisti de tentar resistir, voltei a respirar, e antão pude sentir seu cheiro, minha respiração estava descompassada.

Envolvi ela em meu braços e encostei meu rosto no dela, a pele dela era quente... Me transmitia uma sensação tão boa...

Beber o sangue de qualquer humano seria horrível pra mim, não pelo gosto, mais por estar machucando alguém. Mas beber o sangue dela... Eu nunca me perdoaria se a ferisse... Se a matasse.

-Sinto muito- Sussurrei perto de seu ouvido, pude sentir a pele dela se arrepiar.

Fui levado minha cabeça pra mais perto de seu pescoço, aproveitando a contato de nossas peles, dei um beijo no local onde eu a morderia. Ela apertou a minha camisa com força quando minhas presas perfuraram sua pele macia, mas logo ela relaxou.

Eu já havia bebido sangue de muitos humanos durante minha... Existência, e não me orgulho disso. Mas o sangue dela tinha um gosto diferente, melhor do que qualquer outro que eu já tinha provado. Seria tão difícil resistir aquele sabor enquanto ela estivesse por perto...

Minha sede já não existia mais, eu sabia que tinha que parar, mas não conseguia. Sakura soltou um pequeno, e baixo, gemido. Fazendo com que me separasse dela bruscamente, e como ela estava se apoiando e mim quase que totalmente, teria caído no chão se a Hinata não tivesse a segurado.

A Hina a levou até um dos quartos, para que ela pudesse descansar. Eu queria tê-la em meus braços novamente, sentir a pela dela, o calor do corpo dela, mas sabia que eu tinha que aprender a controlar minha vontade de beber o sangue dela antes disso.

Olhei para o meu corpo, meus ferimentos, que já quase não existam. Se não fosse por alguns machucados, que agora não passavam de arranhões, eu poderia dizer que eles nunca estiveram ali.

Me deitei, tentaria dormir, foi difícil. Eu estava com mais energia do que nunca, e ela estava no quarto ao lado. A tentação de sair da cama e ir até lá, ficar perto dela, ou só vê-la enquanto ela descansava, era grande, mas por fim eu consegui dormir. Estava em um sono profundo, e pela primeira vez em séculos, eu acho, tive um sonho. Um sonho com ela.

~Fim do Capítulo 10~