Quando despertei a primeira coisa que fiz foi ir até o quarto onde ela estava. Eu sei, eu sei, foi uma atitude estúpida e egoísta da minha parte, do jeito que eu desejava o sangue dela, eu tinha que ter ficado o mais longe possível. Eu até tentei me convencer de que não devia ir vê-la, mas quem disse que eu consegui?

A vontade de ficar perto da Sakura me dominou por completo, eu quando vi, já estava dentro do quarto dela observando enquanto ela dormia. Ela estava tão serena, tão linda que tive vontade te tocá-la, de senti-la bem perto de mim. Repreendi-me mentalmente, estava obvio pra mim que se eu ficasse mais perto dela me descontrolaria, e acabaria a machucando. Por fim, a necessidade de protegê-la foi mais forte que a vontade de tocá-la, e eu fiquei parado apenas a admirando.

Segundos, minutos ou até mesmo horas se passaram, e eu fiquei olhando-a, eu podia ficar ali o resto da eternidade contemplando sua beleza. Por um momento eu fiquei a imaginar como seria tê-la vivendo comigo até os fins dos tempos. Como seria se eu a transformasse em vampira? Não seria muito difícil a transformar. Beber de seu sangue e fazê-la beber do meu, ela não sentiria a transformação acontecendo e... Mas o que eu estava pensando?

É claro que eu não podia a transformar! Seria doloroso demais pra ela ver as pessoas mais próximas de si morrendo, uma após a outra, sem que ela pudesse fazer alguma coisa. Sem poder estar com eles em seus últimos momentos. Seria assustador para as pessoas verem que ela não envelheceu nem um segundo, as pessoas a odiariam por ela ser diferente, temeriam o que pudesse acontecer caso se aproximassem dela.

Eu estava perdido em meus pensamentos quando reparei que ela também me observava. O que será que ela imaginou? Será que se assustou ao me ver ali? Eu fiquei realmente surpreso não pensei que ela pudesse acordar enquanto eu estivesse por lá, na verdade eu não queria que isso acontecesse

Minha primeira reação foi dar as costas e sair andando, como se nada tivesse acontecido. Provavelmente, o que eu fiz a confundiu ainda mais... Tanto que ela veio atrás de mim correndo, parou na minha frente e me encarou com um largo sorriso. Sorriso esse que me deixou mais encantado por ela

-Sasuke? Por que saiu daquele jeito?-Ela me perguntou ainda muito confusa

Não respondi. Acho que estava novamente perdido em outro mundo, olhando para o rosto do anjo que estava a minha frente. É incrível como eu me perco quando olho nos olhos verde-esmeralda dela. Quando dei por mim, ela estava emburrada, com os braços cruzados e olhando para o lado.

-O que foi?-Sorri, era engraçado ver as reações dela, eram tão naturais, tão... Humanas

-Ah, nada. Adoro ficar no vácuo- Ela respondeu irônica e eu arqueei uma sobrancelha, parecia que ela estava de mau-humor- Desculpa, é a fome- Ela deu um sorriso sem graça e desviou o olhar.

Levantei seu rosto novamente para que eu pudesse ver seus olhos que tanto me atraiam. Ela estremeceu ao meu toque, e corou quando eu fiquei a encarando. Nossos rostos estavam próximos o bastante pra eu poder sentir a respiração dela bater contra meu rosto, e então eu pude ouvir a barriga dela roncando, como se implorasse por comida. Ela ficou ainda mais vermelha quando isso aconteceu, eu lhe dei um leve sorriso e a levei para a “cozinha” onde a Hinata tinha feito o favor de deixar algumas coisas para que a nossa convidada pudesse comer quando acordasse.

Eu fiquei sentado à frente dela enquanto a rosada comia, fiquei a olhando, e depois de alguns segundo ela me perguntou.

-Tem alguma coisa no meu rosto?

-Sim- Limpei o canto de sua boca- Mas não é por isso que eu estou te olhando

Ela estava com cara de que não tinha entendido nada e a sua cabeça tombou um pouco para o lado a deixando com uma expressão um tanto infantil.

-O que é bonito é para se olhar, ou não?- Ela não respondeu, somente corou e colocou mais um pedaço do lanche que estava comendo em sua boca. Sempre que ela ficava ruborizada ficava tão linda que eu não resisti em dar uma resposta que a fizesse corar.

Silêncio... Os únicos barulhos que havia ali eram os das nossas respirações, e do coração dela batendo.

-Sasuke... –Sakura quebrou o silêncio timidamente- Posso te fazer uma pergunta?-Assenti curioso- Por que você e seu irmão não se dão bem?

Itachi... De repente me lembrei o motivo da Sakura estar ali. Ela havia ido me ajudar, porque o meu “irmão” havia me atacado. O mesmo irmão que queria uma “jóia” estúpida que mataria a Sakura.

No começo a “jóia” era mesmo uma pedra de Rubi vermelho como o sangue, mas quando ela foi selada em um humano, para que nenhum vampiro pudesse a encontrar, a pedra simplesmente se quebrou, e o poder contido nela passou para o humano, ou melhor, a humana.

Dizem que a pedra foi criada por um dos primeiros vampiros que existiu, e quando ele morreu passou a pedra para alguém de confiança, seu irmão. Esse vampiro que tinha posse sobre a pedra conheceu-mais tarde- uma humana que era muito doente.

Ele se apaixonou por ela, e numa tentativa de salvá-la ele ofereceu-lhe a vida eterna. Mas ela se recusou a virar vampira. E quando ela estava em seus últimos momentos de vida, o vampiro selou a “pedra” dentro dela o que a fez se curar, mas ela ainda era uma humana.

A humana teve um filho, ninguém sabe se era um menino ou uma menina, e também não sabem de quem ele era filho, mas sabem que a mulher morreu ao dar a luz a essa criança, que ficou com o poder da jóia dentro de si. Sabem também que quando a humana morreu o vampiro se matou logo em seguida.

Depois de um tempo me dei conta que a Sakura estava me chamando.

-Hum? Desculpe, o que disse?

- Por que você e seu irmão não se dão bem?

-Ah! Nós dois sempre fomos muito competitivos, mas ai eu conheci alguém... Uma humana... por quem eu me apaixonei... –Minha expressão não deve ter sido das melhores, por que a Sakura logo disse

-Não precisa contar se não quiser...-Dei um sorriso fraco

-Um dia eu lhe contarei o que aconteceu... –“Um dia quando essas lembranças ao forem tão dolorosas talvez...” Completei mentalmente

-Er... Eu acho melhor ir pra casa- Ela se levantou e estava indo em direção a porta

-Espera- Eu a segurei, e acabamos ficando muito próximos.

Pude sentir seu perfume, e então uma vontade louca de provar de seu sangue novamente. Quando eu estava quase perfurando sua pele com minhas presas, me afastei dela rapidamente e prendi minha respiração até que pudesse me controlar novamente.

-Algum problema Sasu... –Fiz um sinal para que ela parasse de se aproximar.

E alguns segundos eu estava sob controle novamente, mas continuei um pouco afastado só por precaução.

-Sakura, eu acho melhor você não sair agora

-Por que?

-Itachi...

-O que tem ele?-Ela estava ficando cada vez mais confusa

-Ele quer te matar... –Minha voz falhou um pouco no final. Eu pude ver a expressão de medo na face dela

-Mas se eu ao voltar para casa, ode eu vou ficar?

-Você pode ficar aqui conosco- Hinata apareceu no topo da escada com o primo dela, Neji. Ela provavelmente pediu ajuda pra ele quando as coisas começaram a ficar complicadas, e ele devia ter chagado enquanto eu estava dormindo.

-Ola Neji- Eu disse, e o moreno de olhos perolados me respondeu com um aceno

-Eu não posso ficar aqui, as minhas coisas...

-Eu já as trouxe, estão m um dos quartos lá em cima- Hinata respondeu

-A facul...- Hinata a interrompeu

-Acho que todos nós concordamos que sua vida é mais importante que a faculdade. Eu disse aos seus tios que eu era uma amiga da faculdade e que você iria ficar na minha casa por uns tempos. Eles disseram algo como: “Ela pode ficar com você para sempre se quiser” e me ajudara a fazer suas malas- Hinata fez uma careta

Sakura não ficou surpresa, nem mesmo triste em saber que os tios dela não a queriam por perto, talvez ela já soubesse disso. Que tipo de pessoa trataria a própria sobrinha assim?

Bom isso não importava, eu tinha coisas mais importantes para me preocupar como por exemplo como eu me controlaria para não atacar a Sakura? Ou, se eu não posso ficar muito perto dela, como ia protegê-la de meu irmão?

Fosse como fosse, eu não deixaria que ele a machucasse...

~Fim do Capítulo 11~