Castelos de gelo escrita por Pandora


Capítulo 13
Mais frio que a Groelândia


Notas iniciais do capítulo

Hey!!
Capítulo novo de Castelos de Gelo!!

Nem demorei né?
Espero que gostem, e por favor comentem, porque tá meio complicado.
É só dizer se gostaram ou não...

Bem aproveitem e aos demais, sobre A Escolhida, o capítulo está no not da minha prima e ela usa muito ele para a faculdade, então complica. Mas vou tentar postar em breve.



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Minha primeira reação assim que entrei em meu quarto foi me olhar em meu pequeno espelho que eu havia grudado em uma das portas do meu guarda roupa.

Bem...se eu fosse observar, meu dia não tinha sido tão ruim assim.
Eu apenas perdi o ônibus, peguei chuva, fui no carro com um garoto que tinha vergonha de mim, negociei com um quase traficante, fiquei de detenção, fui à uma festa no meio da mata, recebi um banho de lama, tripas de peixe, cerveja, fui humilhada, presa, briguei com uma possível gangue de prisão, e encontrei meu pai que não via desde que tinha três anos de idade, ah, e a propósito ele é o príncipe da Inglaterra!
Incrível, não?
Sintam o doce amargo tom da ironia.

Meu vestido estava rasgado em muitas partes e empapado de vômitos, suor, lama e tudo que jogaram em mim. Meu cabelo já tinha perdido o efeito do alisamento e estava emaranhado, parecendo que eu havia quebrado todos os fios, além de estar muito, muito sujo.
O rimel havia escorrido pelo meu rosto todo abaixo dos olhos, me deixando como um panda, meu óculos, bem, me surpreendo por não ter quebrado e minhas espinhas pareciam vulcões em erupção cobertos de lama.
Pois é, eu tava um bagaço.
Olhei para a porta, observando o tal William entrar pela porta do meu quarto com toda autoridade que ele podia transmitir.
Seus olhos estavam frios e distantes.
Estranho saber que ele agora seria meu...guarda costas.
Ele  olhou meu rosto me fazendo desviar o olhar.
Ele parecia ter saído daquelas novelas mexicanas, sabe? Só que não era um tiozão, era bem mais novo, com seus músculos totalmente definidos e sua expressão de "morra". O que era bem curioso, afinal para uma pessoa cuidar da segurança de outra pessoa, ela não deveria ter mais experiência?
Ele andou até a porta do banheiro, deu um pequeno chute para abri-la e adentrou o local rapidamente, apenas checando o perímetro.
—Está seguro.
Ele parecia uma máquina, tipo o Robocop, só a frieza, é claro, mas algumas partes do seu corpo e sua aparência, como seu maxilar, braços e punhos pareciam ser feitos de aço.
Peguei minha mini toalha com estampa do Incrível mundo de Gumball, meu roupão gasto, e meu sabonete, me dirigindo para o banheiro pequeno.
—Humm certo- minha voz saiu baixa e meio rouca.
Fui até o banheiro em passos apressados, ainda sem conseguir olhar nos seus olhos negros.
Entrei e tranquei a porta, ainda meio desconfortável com o fato dele estar do outro lado e bem, eu estar indo tomar banho.
É como estar roubando em um batalhão da polícia, tipo algo assim.
Meu sabonete não era um daqueles bonitinhos e cheirosinhos de morango ou amêndoas. O meu era um de pedra, de uma marca não muito usada e que tinha um cheiro que não durava muito.
Meu cabelo não era um daqueles em que você teria orgulho de amostrar em uma capa de revista, e meu corpo tampouco poderia ser considerado ideal por várias pessoas e seus conceitos e estereótipos.
Minha barriga não era lisa e meus pés e mãos não era femininos. Meu cheiro não era inebriante e meu cabelo só cheira bem de vez em quando.

Se fôssemos comparar eu e Melanie Petterson, eu seria o pato, e ela o cisnei.
E talvez esse seja o problema. Me comparar....ou talvez eu ser o patinho feio? Como é mesmo o fim da história? Se não me engano ele morre ou da a volta por cima..já não sei, não posso dizer que tive realmente uma infância.

Parei minha reflexão "poética" e olhei para baixo, vendo a água escorrer pelo ralo abaixo, sendo que a água estava praticamente preta.
Pois é, eu devia ter ficado no ventre.
Mas mesmo com tudo dando errado, me senti meio feliz por aquela ser a primeira vez em algumas horas em que eu estava finalmente limpa.
Ou quase limpa.
Olhei para a porta lembrando de que tinha um cara do outro lado. Meu guarda costas.
Bem, se ele seria meu guarda costas nos veríamos muitas vezes.
E até agora, trocamos uma ou duas frases, e só.
Se vamos ficar juntos por muito tempo precisamos ter uma boa convivência.
Podíamos até mesmo virar amigos.
—Isso, uma boa convivência- falei para mim mesma.
Mas como falar com alguém tinha olhos que pareciam lhe sugar as palavras?

Depois de mais ou menos 1h de banho, ostentando pela primeira vez na vida, já que nunca demorava mais que 10 minutos no banho para economizar água e bem...para economizar a água quente, me olhei no pequeno espelho do banheiro enrolada em meu roupão branco e gasto, quase transparente, sendo o único que eu tinha, enquanto secava o cabelo com a mini toalha e desembaraçava meu cabelo castanho claro quebradiço.
Eu poderia dizer um "o que te levou a ser um guarda costas?" não, não! Muito formal.
Talvez um "Olha, desculpa se te melei com meu vômito", não, talvez não, eu poderia soltar um trocadilho ou uma piadinha chula só para quebrar o clima, do tipo " o gato comeu sua língua?", não, não, escroto demais.
Ou talvez seja melhor " você não é muito de falar". Isso! Essa pode servir.
—Você não é muito de falar né?- repeti a frase pelo menos cinco vezes, até conseguir pronuncia-la sem ser muito rápido e sem gaguejar.
Desembaracei um dos nós.
— Olha Will, você não é muito de falar né?
Abri a porta saindo do banheiro com meu cabelo mais desembaraçado e ainda molhado.

Ele estava de costas, da mesma maneira que estava antes de eu entrar no banheiro, como se fosse uma estátua e nem tivesse se mexido.

Puxei o ar, me preparando para dizer a frase que talvez nos fizesse virar amigos, ou talvez mais proximos.

Eu teria dito, realmente teria, mas assim que ele se virou as palavras pareceram sumir e evaporar à um ponto da atmosfera que eu não tinha mais alcance.
Ele me olhou com seus olhos negros, me fazendo desviar das suas orbes.
Por algum motivo, não consigo encará-los muito.
Uma vertigem momentânea me assolou por alguns míseros segundos.
Olhei para o chão, meus olhos meio fora de foco.
Como era a frase mesmo?
"Olha Will, você não é..." não é de que mesmo?
Olhei para seu rosto simétrico que me olhava com as sobrancelhas levemente franzidas, como se eu fosse um et que acabou de pousar em sua frente.
"Olha Will..."
— A senhorita não vai vomitar de novo, ou vai?- sua voz forte e alta, e extremamente fria me trouxe de volta ao chão.
Demorei umas três décadas para finalmente assimilar suas palavras e lembrar do que ele havia perguntado.
—Ah claro- sorri.
Ele continuou inexpressivo.
—Não, não, quer dizer, nã-o v-vou vomitar de novo.
E ele continuou sem expressão alguma.
—Olha Will...- comecei a frase que tinha treinado umas 400 vezes, lembrando-me rapidamente dela, antes de ser interrompida por ele.
E se eu fosse achar que a voz dele não pudesse ficar mais fria, eu estava errada.
—Primeiro - seu tom desceu 10 graus negativos- nunca mais me chame de Will.
— E segundo- continuou descendo agora 20 graus- o que a senhorita acha? Que seremos melhores amigos?


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