Kami no namida- interativa escrita por PsicoPonei, Alec Azaroth


Capítulo 22
Céu


Notas iniciais do capítulo

atrasei, não me matem :v
Não datei esse cap. foi mal -q
Boa leitura



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Estrada de terra.

Estavam andando a dias. Não que estivessem sem rumo, ou perdidos, só estavam longe de onde deveriam estar; longe de mais. Khan tivera a ideia de seguir para uma cidade ao norte, porem esta ficava a dias de viagem de Soka. Seria mais fácil ir para outra cidade da Flecha, contudo seria de longe seguro. Desde então, Nyma pouco falou, parecia se remoer por dentro por algum erro que pudesse ter cometido.

O dia estava quente, o sol era imponente no céu e não havia nuvens ou sombras na estrada de terra batida. Com o calor insuportável, até mesmo a pequena sacola de pano que o moreno levava as costas parecia aumentar a sensação térmica. Por sorte, havia um pequeno lago fora do trajeto, Khan não tinha a intenção inicial de parar naquele local, porem com o clima tão seco, teve que desviar seu caminho.

O lago não era grande, tão pouco fundo, mas naquela situação era um oásis. Khan ficou um bom tempo a jogar generosas quantidades de água em seu rosto, levando a mão molhada aos cabelos e nuca; podia jurar que aquela água era a mais divina de todas.

–Thyra, não é? - Nyma, depois de tanto tempo calada, enfim se pronunciou. Khan assentiu - Demorei para reconhecer o caminho - sorriu de forma amarga

Não pensou em prolongar o assunto, pegou uma garrafa de barro, o único recipiente que tinha, e encheu-o. Nyma tinha o olhar fixo à água. Seus olhos assumiram o tom amarelo vivo e o reflexo do sol na superfície liquida travou uma batalha com o brilho dourado dos orbes. Não demorou muito para que as assas da sacerdotisa se elevassem. Eram de um brilho amarelado e pareciam tão frágeis que Khan pensou que um simples toque poderia quebra-las. Eram assas de energia pura.

–Não entendo por que as escondeu. - disse enquanto voltava a atenção ao lago

–Sempre achei que ser um pecador era algo ruim... - o olhar de Nyma estava fixo ao seu próprio reflexo - mas acho que, no final das contas, não é nossa culpa, não é?

Khan a principio achou que se tratava de uma pergunta retórica, porem notou que a atenção da jovem estava sobre si, como se a resposta dele pudesse ser um veredito de culpa ou absolvição.

–Ninguém escolhe ser um pecador - jogou a ultima leva d'água na face - é estúpido se culpar por isso. Se há um culpado, são os deuses, mas sua religião não permiti dizer a verdade quando se trata das divindades - esta última palavra fora carregada de escárnio.

Se levantou, de costas pra jovem sentiu leve culpa pelas palavras pesadas, contudo manteve-se. Sentia que Nyma precisava de palavras fortes, caso contrário continuaria se ferindo por uma culpa que não era dela. A sacerdotisa levantou-se e, ao contrario do que Khan esperava, uma leve gargalhada saiu da jovem. Khan a olhou, surpresa e confusão em um único sentimento nos orbes do jovem

–Admito que fui um pouco estúpida nos últimos anos, mas você poderia ter sido um pouco menos sincero - terminou com um sorriso tímido, suas bochechas estavam coradas.

Daquela forma, Nyma poderia de fato ser confundida com um anjo, não só pelas assas, mas por um todo. Teve sua atenção interrompida por um estrondo. Ambos olharam na direção do barulho; era Thyra. Uma fumaça negra saltou ao céu e até mesmo longe, o cheiro de fogo podia ser notado.

–Mais um ataque - sussurrou Khan

Aquilo frustou todos os planos do jovem. Teria de achar outro local para ir e já não aguentava mais seguir viagem por estradas de terra e mato seco. Praguejou enquanto olhava a crescente mancha negra se erguer como uma serpente.

–Nós temos que ir - Khan olhou a sacerdotisa - Ajudar, é um ataque, nós temos que ajudar

–E por quê? - Nyma o olhou com repreensão, por um momento, Khan sentiu que viria um discurso, porem o silêncio fora o sermão mais demorado que tivera

–Nós devemos ir. - não esperou por resposta, apenas seguiu caminho, as assas se abriram e o sol refletiu nelas, formando arco-íris sobre sua sombra - Se não é para nos condenar, nossos poderem são para salvar.

Com um único impulso Nyma vôou, o vento fez os cabelos da Khan esvoaçarem, e o moreno observou o momento em que a sacerdotisa foi a direção da serpente negra.

//Floresta Thartaro

Já havia se passado tempo de mais e já se arrependia amargamente. Estava no seu limite e a ponto de por abaixo todas as árvores a seu alcance quando, enfim, Nykami voltará. Com um sorriso travesso e pés descalços, a pequena se colocou a frente dele:

–Sentiu minha falta? - Zack deu-lhe um cascudo certeiro

–Você é surda? Eu disse pra voltar em cinco minutos, projeto de ser humano! - com o rosto emburrado, Nykami pós a língua pra fora e fez uma careta enquanto massageava o local magoado

–Só por causa disso eu não vou contar o que vi - saiu correndo por entre as árvores.

Zack contou de um a dez, de trás pra frente, de frente pra trás, mas a vontade de voar no pescoço de Nykami ainda era mais forte. Estavam "um pouco" perdidos na floresta próximo a seu objetivo, porem aquela altura, entre tantas árvores que julgava ser iguais, já não tinha certeza de que direção tomar. Depois de um dia andando em círculos e uma noite no meio de tanto mato, Zack decidiu deixar Nykami subir nos coqueiros para poder ver o que achava de cima. Contudo, traindo o plano inicial, Nykami sumira entre as árvores dizendo ir atrás do maior coqueiro de todos e agora - mais de uma hora depois - ela voltara com um sorriso irritante e um ar de vitoriosa.

Quando a pequena deu um descuido, Zack pós o pé a frente do caminho dela, o que fez Nykami ir ao chão como uma fruta podre. O pecador até poderia ter achado a cena cômica, se não estivesse com tanta raiva.

–Você é mau - sentou-se emburrada

–Conte logo - lançou um olhar mortífero e por fim, a jovem cedeu

–Um acampamento - a expressão de Zack mudou, era séria, mas não carregava ódio e sim preocupação - São soldados. Mas a maioria esta ferido, e tem muita gente morta - Nykami fez uma careta - e parece que ninguém tomou banho

–Você entrou no acampamento? - abaixou-se ao lado da jovem

–Entrei - apontou para os olhos - mas eles estavam brilhando. Eu li o plano deles, parece que estão atacando o clã da montanha.

Zack ponderou por um instante, por fim pegou no braço da jovem, não de maneira rude, apenas para ajudá-la a se levantar: -Leve-me até lá

Sem protesto ou gracinhas, a pequena obedeceu. Não era muito longe de onde estavam, o que soava até como certa ironia; estarem tão perto de soldados que se gabam por serem cuidados e bem treinados e estes nem se quer desconfiavam de sua presença. Poderia ser cômico, caso fossem inimigos.
Do alto de uma árvore, os jovens fitavam o acampamento. A vegetação era densa, o que facilitou na hora de se manterem seguros. De fato, era condizendo com o que Nykami descreverá; muitos feridos, tantos outros mortos e um cheiro de carne podre e urina. Viu uma jovem loira ajudar um homem com o ombro enfaixado. Este olhara para uma direção próxima onde estava, porem Zack sabia que entre tantas folhas, ele não seria capaz de vê-los. Por fim, ele voltou sua atenção a jovem ao seu lado.

Não precisava investigar ou ter poderes para saber que eram todos humanos e pode deduzir facilmente que haviam perdido uma batalha. Mas o interesse de Zack era crescente; aqueles tinham como alvo seu inimigo.

//

Ilha vermelha

–Dia osso hoje - confidenciara ao cachorro branco enquanto este comia os biscoitos que estavam em sua mão - Quando aceitei esse trabalho, eu sabia que iria curar as pessoa, mas céus, são muitos - quando o cachorro enfim comeu todos os biscoitos, Giio levou uma das mãos a seu bolso, retirando o relógio prateado - Eu sei que a causa é nobre, mas... - o vento fez os cabelos brancos dançarem - não sei se O Olho está certo.

Fazia exatamente cinco dias desde que aceitou entrar para O Olho, a organização de pecadores criada pro Zyhho Nzokoal, um pecador muito poderoso e respeitado na ilha. Desde então passou a trabalhar com enfermeiro, usando seu poder para retroceder as feridas e curar aqueles que estavam debilitados. De fato, havia trabalhado muito e cada vez mais. Feridos chegavam aos montes todos os dias sabe-se lá os Deuses de onde vinham e como conseguiam as feridas, uma mais grotesca do que a outra, porem Giio curou todos, fazendo amizades novas a cada plantão. O trabalho sobrecarregado poderia se dar pelo fato de Giio ser o único com o poder de cura; e um poder raro, já que cura geralmente é um ponto forte daqueles que vem da lágrima da alegria.

Porem, as batalhas travadas pelo Olho estavam ficando numerosas e o albino teve essa certeza só ao olhar pelas salas do hospital improvisado no castelo de Zyhho. Agora estava começando a se perguntar que batalhas eram aquelas e contra quem. O objetivo do Olho era claro; tirar a supremacia de Azahirf e levar a ascensão dos pecadores. A certo ponto, Giio concordava que Azahirf e sua ideologia tirana e preconceituosa deveria cair, mas não concordava em deixar o poder apenas nas mãos dos pecadores, seria como criar outra ditadura, mudando apenas seus comandantes.

Apesar disso ainda trabalhava no Olho, estava ali a pouco tempo e talvez pudesse estar errado sobre o fato de Zyhho querer monopolizar o poder. Foi tirado de seus devaneios por um dos companheiros de facção.

–A reunião vai começar

Giio se despediu do cão, guardou o relógio e seguiu o homem até o salão principal. Lá Zyhho já discursava sobre os próximos passos da facção - organização do poder maior, segundo ele. Zyhho era alto, de cabelos curtos e esverdeados, seus olhos eram brancos como neve.

–Assim, meus companheiros, O Olho dará seu primeiro passo para fora da Ilha

A declaração foi acompanhada de gritos e saudações

–Iremos a caminho de Hhak, e começaremos a inundar o mundo com nosso poder. A Ilha já é nossa, agora falta o mundo. Azahirf cairá perante nós e os Deuses nos abençoaram - mais gritos - Vamos como uma família conquistar o continente e mostrar nosso valor

Giio sentiu-se um pouco desconfortável, principalmente quando os olhos de Zyhho se fixaram em si. Quando o discurso acabou, um dos capangas do senhor veio até o albino e quando este percebeu, já estava na sala principal, frente a frente do o fundador do O Olho.

–Tive muitos bons relatos de meus homens sobre você, curandeiro. - disse enquanto bebia de seu copo de vinho.

Ele estava sentado num sofá de cetim, a sala era enorme, com estantes abarrotadas de livros e uma janela que dava uma vista privilegiada das praias da Ilha.

–Um curandeiro bom, simpático e responsável, é o que me dizem

Sem entender onde Zyhho queria chegar, Giio limpou a garganta desconcertado:

–Senhor, eu não entendo - deu um sorriso meio torto

–Uma proposta - o copo de vinho foi erguido, ficando a frente dos olhos de Zyhho, fazendo o branco assumir a cor do vinho - Será um dos meus encarregados chefe, ficara ao meu lado e será um homem importante no Olho - Giio engoliu a seco, esperando algo a mais daquela proposta, com um mau pressentimento. - Ou fique aqui e seja apenas mais um pecador a se afogar na história - o copo foi baixado - e se afogar na má escolha que fez - virou o copo sorvendo o líquido de uma vez

No fundo Giio sentiu que estava sendo pressionado e que "afogar" poderia de fato significar seu futuro.

//

–Meus pés doem e tudo o que eu quero e descansar - resmungou o lobo

–Diz como se a caçada fosse ruim - deu um leve sorriso

A cintura da jovem, duas lebres que seriam seu jantar, passaram o dia caçando e o sol estava prestes a se por. Anryu também sentia-se cansada, não podia negar, porem estava contente com o dia que tivera. Depois de pensar tanto se deveria ou não seguir caminho, passar o dia caçando com apenas seu lobo ao lado, era tudo que que ela precisava para se acalmar.

Estava contando os segundos, queria chegar em casa, tomar um banho, jantar e dormir, ou quem sabe dispensar ou adiar a janta e apenas deitar; seu corpo desejava uma cama. Apesar disso, logo viu que não teria seu desejo atendido; fumaça era vista da direção da aldeia.

–Fogo - disse o lobo entre dentes

E assim ambos correram, Anryu ignorando o máximo a dormência de sua perna. Empunhou o arco negro e vermelho e pós uma flecha pronta para ser usada. Logo ao chegar próximo a aldeia, deu de cara com dois homens, eram humanos e tinham tochas; estavam fechando a saída principal da aldeia com um lastro de chamas. Anryu derrubou um com uma flecha cravada entre os olhos e o outro logo foi ao chão com o lobo sobre si.

Mais homens vieram, todos mascarados e armados. Não foi difícil para a morena derrubá-los. Quando viu sua alfange vazia, passou a lugar com a adaga, recolhendo dos caídos as flechas que usará para abatê-los. O lobo atacava ferozmente, se o conhecia bem - e de fato o conhecia - estava descarregando sua frustração de não poder descansar em suas mordidas.

Com uma das flechas armada até o final , Anryu foi interrompida por um clarão insuportável de se encarar. A jovem baixou o rosto, levando uma das mãos a cobrir os olhos, um grunhido de dor veio do lobo e Anryu amaldiçoou o clarão. Por fim um estrondo fez a garota cair. Quando a luz morreu, Anryu atirou uma adaga no ultimo homem próximo a si e foi até o lobo que tinha um corte em sua pata.

–Vou sobreviver - os olhos do lobo foram até onde saia fumaça, uma espécie de cratera a poucos metros deles. - Há algo de errado ali

Anryu pegou a flecha que outrora usaria, e colocou sobre o arco: -Tem certeza que quer dar uma olhada?

O lobo não respondeu, apenas foi até a cratera, o tão rápido quanto sua pata magoada deixara. Havia qualquer coisa naquela cratera que incomodava o lobo; e ele tinha de verificar o que era. Anryu o seguiu, lado a lado do lobo. Arco e flecha a postos. Quando chegaram a cratera, podiam ver apenas fumaça. O lobo chegou mais perto, farejando algo que não sabia ao certo o que era. Quando, num súbito, uma mão saiu da cortina de fumaça, e alcançou o lobo. Anryu soltaria a flecha em sabe-se lá quem fosse, quando parou no momento que olhou naqueles olhos.

A mão acariciava o lobo, que deitou como um filhote de cão, dando a barriga para que ele pudesse fazer carinho. Mas quem diabos era ele? Seu cabelo era azul escuro, quase preto, seus olhos tinham um brilho multi-colorido, ele tinha presas que apareceram levemente quando ele lhe sorriu. Tinha um belo rosto, corpo magro... E orelhas grandes que lembravam as de um lobo e uma peluda cauda.


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Notas finais do capítulo

Khan, vai seguir Nyma?

Zack, o que fará a respeito dos soldados?

Giio, aceitará a proposta?

Anryu, o que fará-dirá ao tal "homem"?

Agradeço desde já e peço desculpas aos erros que sei q tem q
ateeee



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