Kami no namida- interativa escrita por PsicoPonei, Alec Azaroth


Capítulo 15
Ruínas


Notas iniciais do capítulo

Atrasou, atrasou sim, perdão, fiz um concurso e formatei o pc semana passada, meu hd ficou zerado por alguns dias e acabou atrasando mais alguns dias que o previsto, MAS ta ai, espero que gostem e desculpem qualquer erro, tive que fazer no WordPad, cohorror q



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Cemitério de areia, 1796-35;

O deserto era deveras traiçoeiro. Engolido pelas areias do cemitério aquele corpo seria gradativamente esquecido e, talvez, nem se quer encontrado. Era apenas mais uma pecadora que morreu por ter os olhos brilhantes e poderes além da compreensão daqueles que a mataram. Os finos cabelos negros se perdiam no pálido lugar aonde jazia, a pele clara se tornou pálida com o abraço da morte. Naquelas areias ferventes, o corpo de Miranda perecia enquanto era engolida, grão a grão, e enterrada pelo cemitério que parecia ter vida.
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Fooht, 1796-36;

Kotone tinha o olhar nas estrelas. Aquela mulher ainda pairava em seus pensamentos, mesmo que não totalmente. Ela era uma mercenária, pessoas daquele tipo matariam, sem hesitar, qualquer pecador; nem se quer precisaria de um motivo ou prova para chamá-lo de culpado, só o fato de ser um pecador já era o suficiente para o julgamento de um mercenário. E, no entanto, ela não só o poupou como o acobertou dos outros mercenários. Não que aquele arco pudesse ser um problema, não para os poderes de Kotone, porem era umm atitude no mínimo estranha da parte da jovem.

–Quem sabe um dia não nos veremos de novo - disse entre devaneios, andando pelas estradas sem vida de Fooht.
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Thartaro, cidades do leste, 1796-36;

–James! - era um grito estridente, cheio de desespero.

–Não - tentou ir na direção dela. Os cabelos azuis desgrenhados e os olhos cor de laranja brilhavam entre as lagrimas.

Seus dedos se tocaram minimamente antes que sua ultima lembrança de Anabelle se desvanecesse entre a escuridão. Mas ainda podia ouvi-la, gritava seu nome, ela precisava dele.

–James- levantou-se após ouvir um sussurro. Podia jurar que não estava sozinho.

Olho em volta, contudo não havia ninguém alem de si naquela pequena cabana. Os cabelos negros e lisos estavam bagunçados e em seu tronco, gotas de suor faziam caminhos até caírem na coberta.

Aquela lembrança estava o perseguindo mais que o normal. Pegou sua lança e saiu noite a dentro. Se Anabelle não o queria deixar dormir, iria treinar até se esquecer dela; e como já havia tentado esquecer. Na escuridão, levemente afastado do acampamento, brandiu a lança. Ia de um lado a outro atacando o nada, afastando os fantasmas. A ponta da lança dançava na escuridão, vez ou outra refletindo o sangrento abismo nos céus. James não sabia o que era, mas achava aquela ferida pulsante, no mínimo, atraente. Treinou, se perdendo na hora e, só parou quando a luz do dia tocou sua pele. Alguns soldados pouco a pouco começaram a acordar. James foi até o rio, banhou-se e vestiu-se antes de qualquer um. Mesmo tendo treinado horas a fio, não sentia-se cansado; do contrário, sentia-se mais vivo que nunca.

–Pulgas lhe acordaram, senhor Mouret?

O sol mal havia nascido e Frederik Pylho estava sobre seu cavalo. Diziam alguns que ele até mesmo dormia sobre o lombo do animal:

–Acordei disposto essa manhã, senhor - fez uma leve reverencia

James não estava muito inclinado a perder tempo com as conversas enfadonhas de seu general. Frederik era um general impecável em campo, contudo um homem totalmente tedioso para qualquer assunto que não envolvessem guerras ou estratégias; e ele quase sempre não conversava sobre elas.

–Bem, se é assim, me acompanhe - iria preferir passar mais algumas horas com a lança em punho do que ter de ouvir Frederik se gabando por suas conquistas, porem aquele era seu general e, alem disso, James estava um tanto curioso com o que aconteceria nos próximos dias; aquela podia ser uma boa hora de conseguir algumas informações.

–Logo chegaremos aos pés da montanha - começou Frederik - Aqueles malditos arruaceiros não terão chance alguma conosco - gargalhou

O pelotão de James havia saído da capital ha alguns meses para "limpar" o território leste de saqueadores, ladrões e assassinos; porem aquilo tudo parecia mais uma caçada a pecadores. Não era algo que o incomodava totalmente, já que aqueles que morriam sob sua lança de fato mereciam.

–Nesse ritmo, logo voltaremos a capital em poucas luas - disse. Queria ter a certeza se a montanha era a ultima parada do pelotão; estava a jogar verde.

–Capital? Longe disso - colheu maduro - O pé da montanha é apenas o aperitivo Mouret. Imagine que lá seja um ninho de ratos. Deixe alguns escaparem e logo achará o buraco de onde vieram. Esses malditos não são tão burros de estarem apenas no pé da montanha, não. Posso apostar uma das minhas mãos, a direita se quiser, que eles estão aos montes naquelas malditas cavernas. Ah sim - mais que maduro - não só vamos ao pé limpar toda a podridão que deixaram como vamos subir até eles.

–E se forem pecadores senhor? Estar entre as montanhas ou sob elas pode ser uma vantagem inegável

–Não são. - puxou as rédeas do cavalo, James parou ao seu lado - A facção da montanha são apenas humanos. - fez uma careta - Custei a acreditar que humanos ficariam contra si depois dos deuses terem nos dado um inimigo em comum, mas sim. Humanos, todos os malditos.

James não partilhava da crença de que todos os pecadores eram ruins. Porem, não achava viável discordar de seu superior, em especial de Frederik.

–Sim, deveríamos ficar unidos neste momento - lamentou-se

–Senhor - um guarda trazia chamou Frederik.

Consigo vinha uma mulher que ele ajudava a muito custo andar. O general desceu do cavalo.

–Estava na fronteira das tropas. Parece estar ferida

Vestia uma túnica que lhe cobria por completo. James só pode ver que era de fato uma mulher por conta de algumas reclamações em voz baixa. O general e o guarda trocaram algumas palavras, mas James mantinha o olhar fixo na mulher; quando então ouvir um leve tinir e um brilho quase que imperceptível.

Ela foi rápida ao empurrar o soldado e ir de encontro ao soldado, porem James foi ainda mais rápido ao atravessar o braço da mulher com a ponta de sua lança. Não foi totalmente profundo, porem foi o suficiente para fazê-la parar e deixar a adaga escorregar de seus dedos.

–Vocês todos vão morrer - gritava entre gargalhadas insanas

Com a outra mão retirou uma adaga igual a anterior e cravou em seu próprio peito. Logo o local encheu de soldados curiosos e oficiais confusos. Olhando para a mulher James podia ter certeza; uma declaração de guerra da facção da montanha e uma tentativa frustada de eliminar seu alto general.

Flecha de Hynaku, Soka,1796-36;

Era uma tarde conturbada como todas as outras após o ataque a cidade. No inicio alguns moradores até quiseram expulsá-lo; como se ele tivesse algo a ver. Por que raios ele teria? Só por que era um pecador. Como se os saqueadores tivessem sido pecadores também , mas esse foi um "detalhe" que passou despercebido. Os curtos e enrolados cabelos negros do rapaz balançavam levemente pela brisa enquanto os olhos cinza se fixavam no antigo templo da cidade, hoje uma completa ruína. Khan mal podia acreditar que aqueles escombros eram o templo que outrora fora tão próspero. Estava tão perdido nas lembranças daquele local que só "despertou" quando fora empurrado.

–Perdoe-me - uma jovem havia esbarrado em si e algumas de seus pergaminhos e livros haviam caído.

Khan abaixou-se para ajudar a jovem e fora só então que realmente olhou para a mesma. Ela tinha as vestes de uma guardiã, cabelos dourados e olheiras bem fundas, contudo seu rosto ainda era bonito e conhecido.

–Você era uma das guardiãs daqui - afirmou enquanto a ajudava a pegar o material

Os olhos da jovem foram de encontro ao de Khan:

–Ainda sou - sorriu, um sorriso tão triste que mais parecia um lamento.
Khan podia se lembrar da guardiã nos dias prósperos do templo. Por ser um pecador, o jovem moreno não costumava entrar, contudo vez ou outra via os cultos e aquela guardiã estava em todos, sempre radiante e simpática. Aquela a sua frente parecia ser um fantasma, uma ruína como seu próprio templo.

–Nyma, não é? - ela se levantou com parte dos materiais em seus braços, a outra parte ainda estava com Khan - Eu levo pra você

Meio hesitante ela entregou o que tinha em mãos e assentiu com a cabeça; parecia cansada demais até para discordar de um simples pedido. O pecador então a seguiu, adentrando aquilo entre os escombros. A parte da frente era tudo apenas pedras e entulho, mais a fundo parte do templo principal, onde os cultos eram realizados, ainda se mantinha em pé. Das imagens dos deuses pouco havia sobrado, exceto de Hynaku. Mesmo em meio a destruição, a estátua do deus supremo estava quase que intacta. Da imagem de Allysene, apenas dava para ver o rosto e dos outros deuses, apenas partes que não saberia dizer de quem poderiam realmente ser.

Dos prédios onde as noviças de guardiões dormiam, uma parte deles havia cedido, contudo o principal ainda estava de pé, chamuscado de fogo e com aparência de abandonado. Khan tinha uma leve curiosidade sobre o interior do templo, mas vê-lo daquela forma era desapontador.

–Só há você aqui? - indagou depois de não avistar ninguém

–A fé não segurou ninguém aqui - lamentou-se

Entraram naquilo que sobrou de uma biblioteca. Khan colocou cuidadosamente os livros e pergaminhos sobre uma mesa de madeira rachada.

–Por que ainda fica aqui? - aquilo era de certa forma incomodo para si - Por que não vai embora como todos? É loucura. - foi um tanto ríspido

–Mesmo que todos pereçam no caminho de provação aos deuses, minha alma ainda sim permanecerá, pois minha fé é o que me mantem - recitou como se lê-se de algum livro

As mãos da jovem estavam cheias de marcas, como se ela mesmo estivesse tirando pedra por pedra daquilo que sobrou; se é que não o estivesse fazendo.

–Nem todos puderam ter a chance de escolher entre ficar ou seguir em frente - dizia enquanto colocava alguns dos livros na estante vazia e quase acabada - Muitos morreram... - parou por um momento, como se estivesse lembrando de algo - Eu não saberia dizer quem conseguiu fugir daqui naquele dia com vida... E não tinha o direito de pedir pra ficar aqueles que conseguiram sobreviver

–Aqui havia uma pecadora... - lembrou-se Khan

–Kyara... - a guardiã de cabelos dourados pegou um dos livros e apertou contra seu peito, tentando reprimir lágrimas - Eu sei que ela esta viva, mas... Deuses, nunca mais poderei ver minha pequena - uma lágrima desceu pelo rosto da jovem - Ainda sim sou grata, pude ver de Kyara o que poucos tiveram a chance de ver - os olhos castanhos de Nyma encontraram os de Khan - Ela tinha um sorriso tão belo - e então seus lábios enfim sorriram verdadeiramente, sem sinal de tristeza.

Dito isso ela voltou-se a estante, enxugando a lágrima solitária que havia escorrido. Khan então percebeu que não fora só o templo que se tornou ruínas.

Três passos, limite de Thartaro, 1796-36;

–Mas como eu nunca vi uma mulher tão linda - seu bafo podia ser percebido até em Azahirf.

O dia estava quase terminando e a paciência de Atenas também. Estava ha duas horas tentando desmaiar aquele homem e, pelos deuses, mesmo depois de meio barril de vinho ele ainda não havia apagado. Contava de um a mil para não socá-lo e sair correndo com sua carteira, porem não queria confrontos dentro do Dente de Leão, a maior taberna da cidade. Atenas viera na intenção de levar algumas carteiras, mas quando viu o beberrão no fundo da taberna logo notou que aquela podia ser uma oportunidade de ouro para roubar sem muitos problemas; ninguém se importava com um bêbado fedido e ele mesmo não lembraria dela quando acordasse. Estava com um vestido levemente decotado, o que valorizava seu busto, em contra partida tinha uma saia longa, o que ajudava na hora de esconder suas facas.

–Alguém já lhe disse que é uma loirinha muito linda? - perguntou um pouco antes de virar a caneca tomando o vinho goela à baixo

–Você, trinta é duas vezes - bufou, aquele cheiro era tão irritante quanto o assunto

–Mas você é - debruçou-se sobre a mesa - eu devia beber mais umas três - soluçava.

Atenas revirou os olhos: - Devia beber a taberna toda - resmungou.

Mais alguns minutos se passaram até que o bêbado realmente caiu no sono. Atenas analisou de um lado a outro da taberna antes de puxar o saco de moedas da cintura do homem. Pegou também uma adaga que tinha amarrada junto ao saco. No pescoço do homem barbado tinha um colar que podia valer algo. Era uma pedra vermelha como fogo em forma de dragão. Sendo o mais discreta possível, retirou o colar. Haviam também dois dentes de ouro na boca do homem, contudo não só tiraria de lá nem se fossem anéis cravejados de safira.

Com toda a naturalidade, levantou-se, deu uma andada pela taberna, como se estivesse a procura de alguém e, enfim, saiu. Deu um sorriso triunfante quando fechou a porta de madeira do estabelecimento. O sol estava quase se pondo, mas valeu a pena. Caminhava tranquilamente enquanto contava as moedas de ouro que havia levado. Contudo sentiu uma presença, olhou para trás e notou que estava sendo seguida. Jogou as moedas de volta no saco e passou a dar passos largos. Virou a esquina e jogou o colar de dragão junto com o saco de moedas dentro de um barriu de lixo, se fosse abordada, ao menos teria um porto seguro se perdesse aquilo que tinha nos "bolsos".

E tão logo foi cercada. Homens com espadas, mas não pareciam soldados ou caçadores; na verdade pareciam apenas ladrões.

–Ei gatinha, tem algo que me pertence - disse um deles

–Pouco provável - sorriu de forma meiga

–O colar do velho - ele disse - o dragão, me dê - estendeu a mão

–Você realmente tem cara de quem gosta de acessórios extravagantes - provocou

Sob a fita da cintura, puxava uma das facas, contudo antes de puder empunhá-la, um dos homens segurou seu pulso, forçando seu braço a ficar atras do corpo.

–Não teste minha paciência - seu braço foi torcido e logo Atenas cai sobre um dos joelhos.

Não tinha a menor força para contestar aquele homem; contudo ainda tinha truques. Embaixo da saia havia uma bainha pequena que portava seu fiel gladio. O puxou rapidamente, desferindo um golpe contra a perna do homem que a segurava. O gladio perfurou o pé do rapaz que a soltou imediatamente. Com a faca que estava na outra mão, Atena arremessou no pescoço daquele que estava a sua frente, levantou-se e correu na direção daquele que havia abatido. Passou por cima do cadáver e correu o máximo que o vestido lhe permitiu. Assim que virou em uma das ruelas usou o tempo que tinha para retalhar a saia, deixando as pernas livres para darem passos longos. Colocou o gladio entre os dentes e subiu uma das casas, indo até o seu telhado. De lá avistou os homens seguindo em frente.

Ficou lá, empoleirada até ter certeza de que havia os despistado. A noite já havia chegado. Atenas acabou decidindo ficar mais um pouco sobre os telhados de Três Passos, olhando o céus levou o a mão ao colar de sua mãe e outrora fora de sua irmã. Cada dia estava se tornando mais difícil que o anterior.


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Notas finais do capítulo

Miranda foi levada aos deuses
Serei sincera pq to cheia de sono e sono me faz ser sincera. Eu me apego de verdade a cada personagem aqui. Alguns eu realmente amo e faço futuros planos na minha mente e... matá-los não´algo prazeroso pra mim. Por isso lhes peço, não deixem de comentar, eu sei que as vezes atraso, imprevistos acontecem comigo e também com vocês e é por isso que dou longos prazos até chega a triste conclusão de ter que matar... enfim. Não me façam ter que passar por isso de novo



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