Kami no namida- interativa escrita por PsicoPonei, Alec Azaroth


Capítulo 12
Reviva


Notas iniciais do capítulo

53 dias depois da ultima atualização, eu (Bou) enfim apareci.
Peço desculpas pelo atraso inesperado.
Bem, eu e Lek estamos passando por momentos conturbados. Ele se mudou e esta atarefado com o trabalho e eu estive sem computador nas ultimas semanas, na verdade, conclui esse cap. nesse exato momento, usando o pc da minha tia.
Eu tinha em mente colocar todos os personagens aqui, mas foi meio impossivel.
Mas não irei atrasar tanto novamente, ainda estou sem pc, mas farei de tudo para pegar o note da minha tia emprestado para manter um ritmo bom de postagem.
Outro personagem morreu e eu espero que vocês me perdoem e não abandonem a fic tbm....
desculpem, de verdade;



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U’hkre, 1796-34;


–Deuses – murmurou enquanto coçava as têmporas.

Depois de dias a procurar de Alissa, as esperanças de Belphegor estavam minguando a cada minuto que se passava; talvez já não acreditasse que a amiga ainda estivesse viva.

–Bel, podemos ir? – indagou Luna, mesmo apesar dos perigos que seguiam na procura de Alissa, a jovem ruiva nunca o deixou, na verdade estavam tão unidos que mal pareciam ter se conhecido há pouco tempo.

Estavam como andarilhos, vasculhavam todo o que lhes era permitido nas pequenas aldeias por onde passavam e por onde a jovem albina poderia estar. Mas as aldeias estavam terminando e as opções eram cada vez menores.
Estavam e U’hkre, uma das ultimas aldeias dos arredores. Uma cidade fantasmas aos olhos de Bel. Mesmo depois de tantos anos, às vezes ainda se surpreendia com a quantidade de fantasmas que podiam rondar uma única cidade. E aquela tinha deles aos montes. Todos ostentavam feridas de batalhas; repugnantes em sua maioria. Alguns tinham membros faltando. Um fantasma aparece da forma como morrera; ouvira isso certa vez de algum fantasma que não recordava o nome.

Bel fazia de tudo para caminhar normalmente. Se um fantasma descobre que ele pode vê-lo, todos o suplicariam por ajuda e isso seria um incômodo. Precisava de toda concentração possível.

Mas uma das almas desgarradas lhe chamou a atenção. Era uma jovem criança, seus olhos eram do pecado da fúria e seu corpo era sangue e feridas.

–Como podem fazer isso com uma criança? – sussurrou mais pra si do que para o mundo – Depois nós que somos os monstros

Luna não o perguntou do que se tratava, estava bastante tempo com ele para saber que não podia dar ouvidos a tudo o que jovem sussurrava; na verdade às vezes nem o próprio Bel dava ouvidos a suas próprias palavras, isso por que nem sempre aquilo que era profetizado de seus lábios era de sua autoria.

Estavam em uma das poucas ruas da cidade - que era mais constituída de becos do que de ruas propriamente ditas – quando um grupo de soldados foi avistado.

Estavam na porta de um prédio, que tinha mais rachaduras do que janelas. Era uma movimentação no mínimo estranha.

–Você não devia ir – sussurrou lhe alguém para si. Aquela voz ele conhecia, mas naquele momento pode jurar que era um desconhecido – Eles estão aqui por pessoas de olhos, fique aqui.

–Guardas, aqui? – comentou Luna – Não pode ser um bom sinal

–Pecadores – aquela voz só podia ter razão – São pecadores que eles querem.

Ficaram recostados em uma barraca, a rua estava estranhamente cheia, o que lhes facilitou muito. Depois que os céus abriram, muitos humanos começaram a migrar para Azarihf e os que não têm dinheiro para se manter em uma capital tão grande, acabam por povoar as pequenas cidades das redondezas.

Depois de algum tempo observando, a cena se tornou mais interessante. Um humano veio ate os guardas, aos berros. Tudo aquilo chamou a atenção até mesmo dos pequenos ladrões de rua. Depois de alguns berros uma jovem foi trazida ate os guardas. Mesmo com tantas pessoas na frente, Bel teve a certeza
–Alissa!

E correu, se afundando no mar de pessoas, se esquecendo de tudo, de todos.

–E pretende fazer o que? –parou de súbito. Aquela voz lhe era tão intima que parecia ser parte de sua própria mente, parte de seu próprio pensamento. –Não esta pensando em ir até lá sem um plano, não é? Você não devia ter tanta presa em se juntar a mim.

Ali, no meio da multidão de vivos e mortos, Bel se perdeu em pensamentos. Ele precisava de ajuda e só ele poderia ajudar

–O que eu faço, Selim?

Sim, esse era seu nome, o nome daquele que era seu irmão; que deveria ser. Aquele que o acompanhara e ajudara sempre. Estava agora ao seu lado.

–Você pode simplesmente chegar lá e matá-los. Será um espetáculo e tanto.

–Então, como o farei? – empunhou sua adaga.

–É só pedir por favor.

Era tudo o que sempre precisava pedir. E então disse suas palavras mágicas. Seus olhos brilharam, seu corpo passou a se mover por vontade dele, era Selim que estava ali, não Belphegor. Era ele quem controlava, mas os sentimentos eram os mesmos.

Passou entre vivos e mortos a passos largos e determinados, voltou a lamina da adaga para fora e em um golpe simples e rápido levou ao chão o primeiro soldado. Um corte profundo na garganta, nem se quer foi permitido suas ultimas palavras. Tão logo o fez e foi na direção do segundo soldado, este estava de prontidão já que os espectadores fizeram às honras de avisá-lo do perigo.

Esperando ou não, foi uma luta tão rápida quanto uma emboscada, com Selim a controlá-lo, qualquer humano era lento de mais. Outro soldado vinha a ele com uma lança na mão, mas parou no meio do caminho e voltou-se contra os colegas. Bel tinha certeza, era Luna. Era arriscado deixar seu corpo assim, sozinho e sem defesa, mas ainda sim era uma boa ajuda.

Quando Alissa o reconheceu, deixou seus olhos brilharem, mas antes que pudesse soltar sua canção da morte, um dos soldados tapou-lhe os lábios e a arrastou. A jovem parecia fraca de mais para resistir. Bel foi de encontro a eles, mas foi impedido de continuar por dois soldados, os últimos que sobraram do pelotão que ali estivera. Sem perceber a pequena rua da cidade se tornou um caos. Pessoas brigavam e se espancavam mesmo sem motivo aparente. Coisas eram arremessadas das janelas e muitos se aproveitavam da bagunça para encher os bolsos daquilo que podiam alcançar.

Tinha perdido de vista tanto Alissa quanto Luna; desesperador.

–Você precisa procurá-las por mim - era Belphegor quem pedia.

Selim deixou o corpo de seu irmão. Uma alma podia facilmente passar naquela confusão sem maiores problemas. Bel desviou de um rapaz que, mesmo sem o conhecer, tentou atacá-lo. Não foi difícil vencê-lo; parecia estar bêbado.

–A ruiva. Nada bom! - era Selim.

A alma mostrou o caminho. Com empurrões e a muito custo, Bel foi ao encontro de Luna, a ruiva já não estava aonde a deixara. Não muito longe dali havia um beco sujo, um dos muitos daquela cidade, e lá estava ela; tarde de mais.
Um caminho de sangue descia da direção da ruiva, ela estava caída no chão, seu rosto tingido de sangue e um dardo atravessado em seu crânio.

–Luna? - Bel ficou estático

Outro dardo foi desesperado, mas com a intenção de matá-lo. Desviou do primeiro e defendeu o segundo com sua adaga. Seus olhos encontraram o autor dos disparos. Seu corpo mais se assemelhava ao de uma criança, sem curvas de muito valor, mas algo nela deixava claro que se tratava de uma mulher adulta; talvez as tatuagens ou o olhar sombrio combinado perigosamente com um sorriso macabro. Seus cabelos eram azuis.

–Vai pagar por isso - disse Bel entre dentes

–Adoraria perder meu tempo com você, mas tenho coisas mais importantes para fazer - ela deu as costas, mas antes de sumir ela completou - Meu nome é Nora, lembre-se disso e venha me procurar.

Os olhos de Bel lacrimejaram quando foram de encontro ao corpo de Luna. Caída naquele chão gélido. Sentiu-se totalmente sem rumo, não esperava por isso. Num mar de pessoas e pecadores, por que a maldita caçadora havia escolhido justamente ela? E depois de tanto esforço para se juntar a Alissa, não só não havia conseguido como perdeu também Luna. Bel sentou-se no chão.

–Não fique assim meu irmão - o olhar do pecador se dirigiu a Selim, e enfim ele pode realmente enxergar sua alma novamente.

U’hkre, 1796-34;

Estava sendo arrastada pelo guarda. Estava fraca de mais para se soltar ou fugir. Foi jogada ao chão. Sentiu uma dor incrivelmente forte no abdômen e se contorceu, era fome talvez, não havia comido nada há um bom tempo. Estava tonta e podia jurar que aqueles seriam seus últimos segundos de vida. Olhou na direção do guarda com sua lança. Ele a mataria, sim. Mas antes que tivesse a chance, o homem caiu subitamente. A visão de Alissa estava meio turva, mas pode ver que era uma jovem com uma espada na mão.

Sua salvadora a ajudou a se levantar e, mesmo sem conhecê-la, deixou-se ser conduzida até uma casa velha, afastada da confusão e de todo aquele caos. Tinha de ver Belphegor, tinha de voltar, porem de que ajuda ela poderia ser naquele estado? Dentro da tal casa, foi colocada sobre uma cama improvisada.

–Por favor, fique aqui até a confusão passar - a jovem era bonita, notou, tinha cabelos loiros presos em uma trança e olhos castanhos, uma humana normal, se não fosse o aço que tinha em mãos. -Meu nome Inuha, pode confiar em mim.

Por confiança ou não, Alissa já não tinha forças para tomar decisão alguma, fechou os olhos e só teve tempo de sussurrar um agradecimento.

Salou, cidade independente, 1796-35;

Encostada na pilastra de madeira, Kyara tentava ler os lábios do homem que conversava com Yuki, não que estivesse com curiosidade em saber do assunto, mas por não ter nada melhor para fazer naquele bar. Yuki estava de costas para a jovem e os olhos alaranjados da mesma fitavam o cabelo negro como a noite. Já estava ali há uns bons minutos e o tédio já começava a deixá-la inquieta. Tentou estalar os dedos, contudo nunca foi boa nisso. Remexeu-se e olhou para outras direções, com o máximo de cuidado para não trocar olhares com ninguém. O local era um típico bar de Salou, com pilares de madeira esculpidos e o teto arredondado. O balcão era reto e começava em uma parede para só parar na outra oposta. Os bares de Salou eram conhecidos pelas ótimas bebidas e sua riqueza de informantes.
Depois de mais alguns minutos Yuki voltou com uma caneca de aço cheia de vinho até quase transbordar:

–Ta foda conseguir algo que preste desses bêbados - resmungou

Ofereceu a caneca para Kyara que deu algumas goladas e a devolveu pela metade:

–E agora, para onde iremos? - perguntou Kyara

–La F'gahr - a jovem fez uma expressão confusa - Bem, tenho que reencontrar algumas pessoas por lá. E o pouco de informações que peguei desses inúteis termina lá. De todos os países, aquele era o que mais despertava interesse na jovem. Províncias cheias de pecadores e nenhum, ou pouquíssimos, humanos. Talvez as coisas fossem diferentes se o destino tivesse a levado para lá desde o inicio, talvez já tivesse controlado seus poderes.

Não demoraram muito naquele lugar. Acabaram saindo de lá mais cedo do que o planejado. Kyara pode notar que Yuki não estava nem de perto satisfeito. O rapaz tinha em mente conseguir boas informações e uma boa direção para seguir, mas tudo o que conseguiu foi especulações e meias informações.

Era uma noite escura se não fosse pela fenda avermelhada no céu. Tinham decidido que passariam a noite naquela cidade, porem depois da decepção que Yuki tivera, Kyara já estava esperando alguma mudança nos planos.

–Espere aqui - disse Yuki. Ele entrou em outro bar e Kyara ficou na entrada do mesmo.

Ao menos do lado de fora a paisagem era mais animadora do que na primeira vez que teve de esperar. A jovem estava a fitar o céu quando alguém esbarrou em si. Olhou para o chão murmurando um perdão. Tentou sair de perto, mas foi puxada.

–Desculpa? É só isso que tem a dizer, pecadora?

Mesmo com o olhar fixo em outro ponto, a cor dos olhos de Kyara chamava a atenção; principalmente em locais escuros.

–Solte-a - ouviu Yuki.

–Se não o que? - provocou o humano. Atrás dele tinha mais dois, todos com espadas nas cinturas, mas aquele que segurava Kyara tinha uma espécie de chicote com lâminas preso à parte oposta de onde estava a bainha da espada.

–Se não eu vou ter que te matar - deu de ombros - simples.

Kyara deu um chute na canela do humano que a soltou. Aproveitando e correndo até Yuki.

–Você sempre se mete em confusão? - perguntou com um sorriso

–Não foi culpa minha - resmungou a jovem

Yuki retirou a espada da banha e foi até os humanos, Kyara segurou-o pelo braço: - Vamos deixar isso pra lá

–É, deixa pra lá - os humanos desembainharam suas espadas - Covarde - provocou quase que musicalmente

Yuki foi rápido, puxou o braço, se soltando de Kyara e foi até o primeiro humano, o jogando no chão com um chute. Desviou das lâminas dos outros, ora defendendo, ora esquivando. Transformou o braço em aço e passou a defender com o mesmo. Com o braço transformado deu um golpe no rosto de um dos arruaceiros o fazendo desmaiar. Derrubou o segundo no chão, dando alguns chutes no estômago do mesmo. Não estava os ferindo fatalmente, Kyara notou.

Era uma lição, que sairia bem dolorosa para os três. No fim, todos exceto Yuki estavam no chão. Ele se voltou para Kyara com um ar de vencedor. Kyara deu um leve sorriso; ele se divertiu no final das contas. Porem um dos humanos levantou e cravou a espada no peito de Yuki.

O coração de Kyara foi a mil e suas pernas pareceram falhar. Seus olhos lacrimejaram e a única reação que teve foi de se jogar sobre o humano. O derrubou, com as mãos a apertar o pescoço do rapaz. Não teria forças para estrangulá-lo, era ligeiramente mais fraca que ele, mas seus olhares se encontraram. Entrou em uma das memórias do rapaz, ele fugia, era mais jovem, quase uma criança.

Dentro das memórias Kyara tinha o controle, ela sabia. Como num pesadelo e passou a persegui-lo. Um pesadelo daqueles em que se foge, porem nunca consegue de fato ficar a salvo. Enquanto ele estava preso naquela lembrança, Kyara puxou sua faca e quando iria cravá-la no peito do rapaz, uma mão a segurou.

Pela primeira vez na vida, Kyara olhou nos olhos de Yuki; quando estava usando os poderes em alguém, seus olhos se tornavam normais, por um breve momento. Ele não só estava vivo, como estava sem nenhum arranhão.

Kyara desativou os poderes deixando a faca cair. Antes que seus olhos voltassem à cor do pecado, a jovem fez de tudo para guardar todos os detalhes do rosto daquele que estava a sua frente... E enfim desviou o olhar.

–Como você...?

–Eu absorvi - ele mostrou a espada, a lâmina estava limpa, sem nenhum respingo de sangue.

–Idiota! - lágrimas caiam sem permissão e quando viu estava a dar socos no rapaz - Nunca mais faça isso, eu achei que você tinha morrido!

– Mas você nem deu de te avisar - ele estava entre gargalhada enquanto defendia os socos que não lhe doíam nem um pouco.

Quando a fúria da jovem passou, ela estava ofegante. Ainda sorrindo daquela situação, Yuki a puxou para si, dando-lhe um abraço:

–Me desculpe

Um abraço, já havia se passado tanto tempo desde a ultima vez que recebera um abraço. No fim se acalmou, e por alguns segundos fechou os olhos, se perdendo em todas as sensações que aquele abraço lhe proporcionara.


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Notas finais do capítulo

Interação
Bel:
Qual caminho tomar, ir atras de Nora ou Alissa

Alissa:
Permanecer com a jovem ou ir atras de Bel

Yuki:
Seguir para La F'gahrt ou ficar mais tempo em salou

Qualquer erro, me avisem, quase não deu pra revisar e realmente me desculpem pelo atraso...



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