Percy POV

— Crianças... — sinto mãos me balançando pelos ombros e com muita preguiça abro os meus olhos lentamente. — Hora de acordar. — diz o médico.

Sinto como se eu nem tivesse dormido, meu corpo está dolorido e minha cabeça dói. Olho para o lado e vejo Annie acordando com muito esforço também. Não estava nos planos a parte de dormir no hospital, mas fazer o que... Eu estava cansado e preocupado, quando me encostei à Annie me senti mais relaxado. Ela tem esse efeito sobre mim.

— Já podemos ir para casa? — pergunto esfregando os olhos.

— Na verdade, vocês dois dormiram por boas três horas, então vão fazer os exames finais da Annabeth agora para ver se está tudo bem com ela. — responde meu pai sentado, junto a Atena, no sofá de dois lugares do quarto.

— Sabe garoto, a sua namorada vai tomar um banho agora, você está com essa roupa desde quando chegaram, acho uma boa idéia você fazer o mesmo. — diz o médico. — É claro que não vão fazer isso juntos, mas tem outro banheiro no final deste corredor e você pode usá-lo.

Fico sentado na cama e balanço a cabeça afirmativamente ao médico. Beijo a testa da Annie e sigo para o banheiro enquanto ela faz o mesmo com a ajuda da enfermeira. Meu pai me para e me entrega uma bolsa, daquelas de academia, com roupas limpas, uma escova de dente e um creme dental.

Entro no pequeno banheiro e tranco a porta, coloco a bolsa na pia e me olho no espelho. Eu estou realmente péssimo, não sei como estão agüentando olhar para mim. Minhas olheiras estão um pouco menos evidentes, mas meu cabelo está muito mais desarrumado do que o normal.

Tiro tudo da bolsa e coloco o conteúdo em cima da pia. Dispo-me, enfio minha roupa suja na bolsa e a fecho. Ligo o chuveiro e espero até a água esquentar. Não sei se já disse isso, mas a água me acalma tanto que às vezes penso em ficar embaixo dela e não voltar mais para o mundo real.

Cascatas de água batem diretamente as minhas costas. Uso o sabonete que achei embalado na pia e assim que termino de me banhar me sinto muito mais leve e renovado. A roupa que estava na bolsa era apenas um par de simples calças jeans, uma camisa azul marinho da Hollister e meu par de Vans preto. Tem também um casaco de moletom branco, mas não acho necessário vesti-lo.

Ando até o quarto de Annie. No meio do caminho já consigo escutar as vozes dos nossos amigos. Pelo visto eles conseguiram entrar. Queria ficar mais um tempinho sozinho com a Annie, mas todos devem estar preocupados, então é melhor assim. Termino meu caminho até o quarto e bato na porta duas vezes antes de abri-la.

— Oi galera. — cumprimento e todos se viram para me ver. Annie está deitada na cama enquanto o médico a examina.

— Fala ai Percy! — Grover chega perto de mim e fazemos o nosso toca aqui especial. — Será que eu, você e Juníper podemos falar com você a sós? — pela expressão do meu melhor amigo percebi que o assunto era sério. Concordei com a cabeça e sai do quarto da Annie sem ao menos falar com ela.

— O que é tão importante que te deixou com essa cara? — pergunto depois que fecho a porta do quarto.

— Que cara? — pergunta Grover. — Eu não tenho uma cara que mostra que o assunto é sério.

— Na verdade, você tem sim uma cara que demonstra que você está querendo falar uma coisa importante, amor. — concorda Juníper. — Mas, Percy, nós queríamos te falar primeiro e a um bom tempo atrás, mas ficamos sem coragem e aconteceram essas coisas com a Annie e nós não tínhamos oportunidades para falar.

— Será que vocês podem falar logo o que é tão importante? — pergunto. — Já estou começando a ficar com certo receio dessa novidade que vocês têm.

— Nós vamos nos mudar para a Amazônia! — os dois falam juntos. Não sei qual sentimento estava mais evidente no rosto desses dois... Alegria ou tristeza. Para mim é mais de tristeza, vou perder meu melhor amigo e uma garota super gente boa.

— Por que? — perguntei atônito.

— Bem... — começou Grover. — Meu pai vai começar um projeto para salvar a Amazônia.

— Está tendo muito derrubamento de árvores lá e os animais estão perdendo suas vidas pela destruição de seu habitat. — completou Juníper com um ar de raiva.

— Isso mesmo. — concordou Grover. — O projeto é que vamos plantar árvores em todas as áreas possíveis da floresta considerada o pulmão do mundo.

— Além de tentarmos impedir outros desmatamentos. — acrescentou Juníper.

— Quando vocês vão se mudar? — pergunto.

— Depois de amanhã, Percy. — responde Grover um pouco triste.

— Okay. Vamos dar um jeito de comemorar antes de vocês irem. — sorrio. — Vocês podem apostar.

Os dois me olharam com uma expressão de que isso não seria bom, mas nem me importei. Entramos no quarto e vejo Annie sentada na cama com as pernas para fora da mesma. Ela olha para mim e sorri. Esse sorriso me causou arrepios, no bom sentido, meu coração pulou e a única coisa que consegui fazer foi sorrir de volta.

— Olha só garoto. — o médico começou a falar comigo. — sua namorada ainda está frágil, mas nada impede que ela volte para casa. — abri a boca para falar, mas ele me interrompeu. — Mas, como eu disse ela está frágil, então, é melhor que ela não faça nenhum tipo de esforço físico. — ele olhou para as garotas e depois seu olhar caiu em mim. Ele esbanjava malicias, foi ai que entendi o que ele queria dizer com esforço físico. — Acho que você entendeu o que estou falando, certo?

— Sim, eu... entendi. — aposto que meu rosto está super vermelho nesse exato momento. Olho para Annabeth e a vejo um pouco corada também, ela olha para um lugar e eu sigo esse olhar. É a mãe dela. Atena está vermelha, mas não acho que seja de vergonha. Meu pai esta ao lado dela apenas tentando esconder o sorriso, mas em vão.

— A Annie vai ter que tomar algum medicamento enquanto ela está em casa? — pergunta Thalia. — Nós moramos sozinhas, então acho que deve ser melhor que nós a ajudemos.

— Eu já entreguei a receita com todos os medicamentos e horários para a mãe dela. Não se preocupe.

— Eu já posso ir então? — pergunta minha namorada.

— Pode sim, querida. Mas não se esqueça dos remédios, você tem de ficar de repouso por um tempinho. Se sentir qualquer coisa é só voltar aqui e se estiver no meu turno eu irei te atender. — responde o médico de um modo calmo.

— Então vamos sair logo daqui. — disse Silena.

— Estou afim de comer um hambúrguer do Burguer King. — diz Leo.

— Eu também. — concorda Annie. — Eu posso comer normalmente agora?

— Claro que pode, querida. — responde o homem. Seu Pager faz o som de bip e ele o tira do cinto. — O dever chama. Qualquer coisa é só me avisar. Tchau pessoal. — e ele sai acompanhado da enfermeira que acabara de tirar uma agulha do braço de Annabeth.

— Vamos logo, estou cansada de ficar nesse lugar. — reclama Annie se levantando da cama. Ela bambeia um pouco e eu corro para segura-la. Passo meu braço esquerdo pela sua cintura e assim ela consegue se manter firme.

— Obrigada.

— Não precisa agradecer, Annie. — me abaixo um pouco e beijo a testa dela.

***

Annabeth POV

Depois de termos passado quase duas horas colocando o papo em dia e comendo hambúrgueres no Burguer King, nós voltamos para casa e foi muito relaxante. Tirando, é claro, a parte em que minha mãe ficou me enchendo por quarenta minutos dizendo que eu deveria ir para a nossa casa de verdade e blá blá blá.

Agora estamos todos aqui, menos nossos pais, na sala de TV encarando o Grover e a Juníper. Esses dois vão se mudar para a Amazônia, no Brasil! E ainda por cima vão para lá depois de amanhã e só decidem nos contar hoje. Entendo que aconteceram algumas coisas, melhor nem lembrar, mas mesmo assim...

— Eu já disse galera. Nós ficamos sabendo disso no dia anterior ao baile e no dia do baile fomos conversar com os pais da Juníper e eles concordaram. — diz Grover pela terceira vez.

— Mas vocês vão nos abandonar por um ano seu idiota, acha que deveríamos estar felizes? — disse Thalia com raiva.

— Calma ai Lia. — Nico a puxou e a fez sentar ao seu lado. — Esperamos que vocês façam a diferença lá na floresta.

— E não se esqueçam de nos atualizar. — disse Jason.

— Quero saber como as pessoas se vestem lá, dependendo vou para lá e farei o meu próprio Fashion Police na floresta. — diz Silena empolgada.

— Eles só vão depois de amanhã gente. — disse Percy. — Acho que nós deveríamos fazer alguma coisa juntos durante o dia de amanhã.

— Bem, a menos que vocês queiram nos ajudar a arrumar as malas, acho que vamos ter que passar apenas o período da tarde juntos. — informa Juníper.

— Nós poderíamos ir numa balada bem legal. — sugeriu Leo dançando.

— Não podemos seu idiota. — Silena bate na cabeça do Leo e ele imediatamente coloca a mão no lugar onde a mão dela atingiu. — A Annie não pode se esforçar muito lembra?

— Vamos fazer uma maratona de filmes e depois todos dormem aqui em casa mesmo e no dia seguinte nós podemos levá-los ao aeroporto. — eu sugiro.

— Pode ser. — concordou Juníper.

— Fechado. — falou Grover.

— Todos de acordo? — pergunto. Todos assentiram. Estou muito cansada e meus olhos estão custando a ficarem abertos.

— Percy, você pode passar a noite aqui comigo? — perguntei com uma voz cançada.

— Claro que sim, amor. Você está com sono? — ele pergunta gentilmente passando o braço direito pelos meus ombros.

— Tô muito cansada.

— Vamos subir então. — Percy passou o outro braço por trás das minhas pernas e me carregou estilo noiva. — Boa noite pessoal.

— Até amanhã. — eu disse quase me sucumbindo ao sono.

— Ei Percy.— chamou Leo. — Não esquece que ela não pode fazer muito esforço em.

A última coisa que ouvi antes de sairmos da sala de TV foi o Leo rindo enquanto Silena, provavelmente, batia nele. Percy subia as escadas de um modo tão gracioso que nem parecia que ele estava no chão e sim flutuando sobre ele.

Ele abriu a porta do meu quarto, entrou e fechou a mesma com o pé. Percy caminha até a minha cama e me coloca nela com todo o cuidado do mundo.

— Onde fica o seu pijama? — ele perguntou?

— Está na segunda gaveta daquela cômoda ao lado do banheiro. — o observei indo até o móvel e pegar o meu pijama de frio.

— Eu posso colocar em você ou prefere fazer isso sozinha?

— Coloca em mim?

— Claro. — olha só, eu percebi que ele queria fazer isso e mesmo eu sendo capaz de me vestir estou com preguiça então...

O Percy foi tão cuidadoso e gentil comigo que acho que ele esta pensando que sou feita de porcelana. É muito fofo o modo como ele cuida de mim e quando ele fica preocupado... Na verdade ele é fofo em quase tudo quando se trata do nosso relacionamento.

Ele tira a camisa, o tênis e as meias e faca apenas de calça. Logo ele se enfia embaixo das cobertas se aproximando mais de mim novamente. Percy me abraça e eu o abraço também colocando minha cabeça em seu peito. Meus olhos estão muito pesados e está sendo muito difícil os manter abertos.

— Durma agora, Sabidinha. — diz Percy depositando um beijo na minha cabeça. — Eu te amo.

— Também te amo Cabeça de Alga. — digo isso e quase imediatamente caio em um sono profundo.