Introspecção escrita por Thais Veiga


Capítulo 2
Capitulo 2




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Caminho o mais rápido que posso, nunca fui de fugir, mas hoje preciso. Não sei lidar direito com sentimentos desencadeados pela presença forte daquele olhar. Não sei seu nome, preciso chama-lo de algo, que seja sinônimo de belo, mistério, encanto, drama... Ainda não sei.

Ao longo do corredor avisto um rosto familiar, que me causa alivio imediato. Sou nova aqui, faço amizade fácil. E quando entrei pela primeira vez na sala e vi aquele rosto fofo e simpático logo sabia que seria amizade. No primeiro dia já sabia toda a sua vida de frente pra trás e de trás pra frente.

– Sofia.

Grita alto meu nome pelos corredores. Por eu odiar que gritem, os deuses mandam gritonas para conviver com meu humilde ser. Pobres ouvidos sensíveis que possuo. Sem falar que faz com que outros alunos me olhem com certa antipatia. Pois é ai que eu literalmente “divo” na frente deles.

– Tara. Não sou surda coisa linda.

– Preciso te contar o que descobri. Estou tremendo de pavor e medo. Não sei como posso contar. Fala segurando firme minhas mãos.

– Meu Deus!!! Como pode Tara não saber contar algo. O mundo está perdido mesmo. Falo debochando do pavor da pobre amiga.

– Fica quieta sua doida. A coisa é séria e envolve você. Parece que a brincadeirinha da semana passada, irritou o clã das malvadas. E pretendem fazer uma represália. Conta com a expressão facial de um cão medroso.

– Se tem uma coisa na vida que eu sei enfrentar é uma guerra. Não consigo conter o sorriso, e esse fato me transporta ao passado recente.

Faz apenas um mês que estou nessa santa escola, e já virei o falatório que vai durar até o fim do ano. Não sou a garota típica que o mundo é acostumado. Eu exijo que me respeitem. Foi por isso, que o diretor da antiga escola, sugeriu gentilmente aos amados pais que me retirassem antes que ele próprio o fizesse sem o menor remorso.

Eu juro que não foi por maldade, mas sim por necessidade que agi de tal forma. Eu não sofro bullyng, e não sei ver ninguém o sofrendo. Eu apenas deixo que falem, escuto com sabedoria e depois ajo com severidade. Pietro era o típico valentão, sabe aqueles dos seriados americanos, que tem desprezo pelos nerds, góticos, gays e qualquer outra classe que não seja a dos valentões, atletas ou populares. Pois então era uma vez um Pietro valentão...

Pietro nunca foi infeliz a ponto de me zoar. Pois minhas histórias pregressas já estavam na boca do povo. Olhava-me com desprezo e desdenho. E eu não estava nem ai pra valentia dele. Até que em uma famigerada tarde de quarta-feira, saio da biblioteca com os braços cheios de livros, das mais variadas espécies.

PS: Amo livros tanto quanto minhas luvas de boxe.

Atravesso o pátio, pensando que da próxima vez, limitarei o número de livros que carrego, pois não consigo mover-me direito de tanto peso. Rio sozinho da minha obsessão doentia, que faz com que prometa todas às vezes a mesmíssima coisa e nunca a cumpra. Escuto um grunhido abafado vindo de trás do estacionamento. Paro e fico escutando. Ouço muitas risadas e um choro copioso e intenso. Nem raciocino mais, largo tudo no chão me guio pelo som e corro. Deparo-me com a pior cena que existe em todo o mundo, a covardia.

Não é que está o tal Pietro valentão, dois fulanos que nunca vi, de porte grande. Típicos valentões. Estão rindo assustadoramente, enquanto gritam insultos de baixo calão para dois meninos franzinos deitados com os rostos encostados no chão, seus pertences espalhados por um raio de 5 metros. A cena se intensifica quando um dos fulanos chuta a costela do que está a minha direita.

Na hora sobe pela minha garganta um sentimento que me é companheiro desde forever. A raiva me domina, meus olhos queimam e não mais raciocino. Quando chego nesse ponto, não tem mais volta. Sou movida pelos sentimentos de ódio, repulsa, dó... Meu corpo se move rápido em direção ao que julgo ser o cabeça da operação, bate em seu ombro, e assim que ele se vira solto um soco cruzado bem no seu queixo, o faço cair de joelhos na minha frente. Sou cegada pela raiva, só o vejo como um verme vil ao qual preciso exterminar.

Os dois fulanos ficam confusos com o ocorrido, tentam se aproximar para defender o mandante, nem sei quais foram as palavras que gritei, um parte em minha direção soca meu rosto. Quando sua mão bate na minha face, não mais enxergo, dou uma joelhada em suas bolas, urra de dor e cambaleia para longe, corre feito uma menininha levando junto sua dupla sem cérebro. Não estou satisfeita, preciso terminar o que comecei. Ainda zonzo Pietro se levante e ruma na minha direção. Só lembro-me de pensar: vem, pode vir...

Entramos em luta corporal, ele é forte e alto, temos a mesma estatura. Arremessa-me ao chão, monta sobre meu corpo socando minhas costelas, consigo joga-lo por cima do meu corpo, inverto a posição. Agora eu o domino, e bato com toda minha força na sua cara. Sinto que parou de se mexer abaixo do meu corpo, mas não consigo para, seu sangue escorre pelo meio dos meus dedos, e eu só quero bater, sinto prazer em ver todo aquele sangue, pois é ele que mata minha sede de justiça e vingança.

Já perdi a noção do tempo e espaço, só sinto mãos puxando minha cintura com força, em meio a fleches de imagens vejo muitas pessoas e ouço gritos. Tento me desvencilhar, mas não consigo, é muita adrenalina nas minhas veias. Alguém grita no meu ouvido, começo a voltar à realidade e vejo que os rostos são familiares. Paro de me debater, o coração retoma ao compasso normal e me dou conta do que fiz.

Estou imóvel pelas mãos dos zeladores, vejo o sangue escorrendo das minhas mãos e me dou conta que de novo não mantive o controle. Muitas pessoas me olham apavoradas e cochicham. O valentão foi derrotado pelas minhas mãos, gosto da sensação de telo colocado no chão.

Tara me arranca das lembranças, tagarelando sem parar sobre como é ruim estar na mira das malvadas e tal e coisa. Mal ela sabe que não sou eu quem deveria se cuidar...


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Notas finais do capítulo

Ela é intensa...



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