Introspecção escrita por Thais Veiga


Capítulo 1
Capítulo 1




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O despertador do celular toca as 06h30min todas as manhãs. Hoje não foi diferente. Escondo-me no forte de cobertores por mais 10 minutos, são maravilhosos 10 minutos em que estou segura. A porta se abre, ouço o som da janela se abrir, o forte se desfaz pelas mãos opulentas de Constance, meus olhos doem, e a claridade inunda o ambiente. A ansiedade aumenta, me mantenho imóvel com os olhos cerrados.

Constance me assusta às vezes, só às vezes. Na maior parte do tempo ela é o mais próximo do que tenho como referência familiar. Se eu for analisar bem a situação ela é que é a minha família. De descendência italiana, fala muito alto para tão cedo da manhã. Minha cabeça dói com as primeiras palavras. Mas é ela que realmente me entende, cuida, limpa minhas lágrimas e faz com que eu coma direito.

Enquanto escovo os dentes, o banho está sendo preparado. Agora que fui cruelmente arrancada do forte que me protege, não há mais volta preciso encarar a realidade. Uma nuvem de pensamentos invade minha mente, atropelando uns aos outros, já não possuo mais clareza mental, a respiração é difícil, o peito dói, quero que a dor pare, mas ela é forte me domina.

Sou jogada no chuveiro, a água esta morna e relaxa meu corpo, é bom sentir os músculos relaxarem trazendo alivio e conforto. Constance nunca sai do banheiro, cantarola e fala sozinha, não por maldade mas por necessidade a ignoro. Quando olho o uniforme da escola, só quero sumir. Não quero estar lá.

Mas tem um motivo e só um que me faz sorrir quando penso nos enormes portões de ferro do século passado, torneados, enferrujados e com um brasão exuberante da escola John Fell contendo o lema ao qual todos nós deveríamos nos orgulhar, mas que na verdade ninguém se importa. É nesse magnífico portão que amo, que me deparei com os olhos azuis mais lindos que já vi, e olha que vi muitos e nenhum me encantou como esses. É o momento mais feliz do meu dia, quando eu cruzo esse portão e logo após me deparo com ele. É um olhar que sorri, que sabe que é amado, que faz com que eu core ao mesmo tempo que perco o fôlego e corra de vergonha.


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