Belive me escrita por Lady Lucy


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora~
Boa leitura minna~



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“Porque o mundo é assim, o mundo tem coisas. Coisas que a gente já vê e sabe. Coisas que a gente vê e tenta compreender. Coisas que a gente pode cansar de ver, mas não vai entender nunca”

Vongola Famiglia, mansão

06:20 da manhã

Acordou assim que os raios luminosos adentraram sua janela, encontrando os olhos caramelo dourados pertencentes ao jovem que estava deitado na cama de casal. O mesmo desviou o olhar sonolento para o berço branco com tecido azul que descansava ao lado direito de si, onde uma cópia exata de si mesmo em menor tamanho dormia sem sinal de acordar. Seria assim, pelo menos até ás sete da manhã, quando o pequeno acordaria, reclamando de fome ou falta de sono. Até lá, teria um tempo a só com seus pensamentos, afinal precisava pensar em como contar para a Vongola sobre o que havia acontecido naqueles dois anos. Não queria, mas também deveria dizer-lhes sobre seu estado de saúde. Não seria fácil, mas primeiramente, ninguém falou que seria mesmo.

Levantando calmamente, com cuidado para não acordar o bebê caminhou até o banheiro. Trancando a porta permitiu-se escorregar pela mesma até estar sentado no chão frio e úmido do banheiro em tamanho mediano. Havia tido aquele mesmo pesadelo novamente. Não o entendia, mas sabia o porquê. Mas todo mês, naquela data, tinha aquele pesadelo. Sempre no primeiro dia de cada mês. Lembrava-se ardentemente o motivo. Como poderia esquecer-se de tal prova de seu delito. Afinal, aquele havia sido o seu primeiro assassinato. A primeira vez que suas mãos retiraram a vida de alguém. E tais coisas não são fáceis de serem superadas, tampouco esquecidas.

Com as mãos trêmulas alcançou a beirada da pia, se colocando em pé. Seu reflexo no espelho mostrava um jovem belo, mas com olhos sem qualquer emoção a não ser medo, tristeza, angustia. Tais olhos não permitia que ninguém visse, eram guardados para momentos como esse, em que estaria a sós consigo mesmo e em breves vezes com aquele que já considerava um pai, mais que seu próprio na verdade.

Ligando a torneira buscou molhar a face para afastar a sonolência que ainda permanecia em seu corpo. Suspirando e sentindo as gotas de água escorrerem de seu cabelo e caírem pelo queixo, ainda inclinado para poder se apoiar na pia, olhou novamente para seu reflexo. Prometeu, a vinte meses atrás que não vacilaria em sua promessa. A cumpriria. Prometera a Sophia afinal.

Soltando um resmungo trêmulo retirou sua roupa, ligando o chuveiro. Deixava a água percorrer seu corpo limpando, além do suor que veio com o pesadelo, como os machucados de sua seção de treinamento. Não iria mentir, não usou nem metade da sua força naqueles ataques, poderia tê-los nocauteados em alguns segundos naquela sala, mas sua curiosidade falou mais alto, quis saber o quanto haviam evoluído em seus treinamentos e por causa disto quase teve seu filho machucado. Não estava bravo com Yuu por causa daquilo, tampouco esteve na hora. Sabia que ele era apenas uma criança que não entendia o que fazia. Mas estava com raiva de si mesmo por levar Yuu consigo. Deveria tê-lo deixado com alguém enquanto treinavam, mas isso não importava mais. Deixou o sabonete em seu lugar e em poucos segundos havia desligado o chuveiro. Enxugou-se e vestiu a roupa que trouxera quando adentrou o banheiro, deixou a camiseta para vestir depois, precisava cuidar dos machucados. Não eram tão graves, constatou, curariam, com sua habilidade, em no máximo mais um dia.

Vestindo a camisa azulada saiu do banheiro, verificando rapidamente o filho, que ainda dormia e caminhou até a escrivaninha do quarto. Antigamente era usado para estudos, mas agora não precisava mais exercer essa função. Em sua extensão apresentava apenas alguns livros, talvez quatro ou cinco, papéis e canetas, mas, bem no meio de uma folha meramente rabiscada em letras estranhas, parte do código que havia criado para que apenas Chequer, Vince e Tsunomichi o entenderem em caso de mensagens secretas, estava pousado um relógio de bolso dourado, com o brasão da Vongola, detalhes em prata tão bem acabados que certamente haviam sido feitos por um belo artesão. Que o velho Tabolt não saiba que ele havia o elogiado, as vezes, achava aquele velho louco.

Sentando-se pegou o relógio com a mão esquerda, brincando brevemente com o cordão que o sustentava e com a mão direita alcançou a folha que estava no topo da pilha, onde podia-se ler:

“Sabe que não poderá esconder esse segredo para sempre, Vongola.

Quero que saiba que a hora de conta-lo para Eles está próxima.

Muito mais próxima que você pode imaginar.

Esteja preparado, Tsunayoshi, pois eu não terei piedade de você, como você teve comigo, á seiscentos anos atrás...

Este é um último aviso, lembre-se dessas palavras.”

Vongola Famiglia, Mansão

10:35 da manhã

O dia começara normalmente em praticamente toda a mansão. Byakuran havia deixado a mansão na noite passada para cuidar de assuntos de sua própria família, quanto aos outros, insistiam em permanecer o máximo de tempo possível. Suspirou, pensando na dor de cabeça que ganharia por aqueles hóspedes.

Lembrava-se de ter visto o tal novo braço direito do Tsuna brincando com o Yuu em algum canto da mansão, não que se lembrasse exatamente onde, ou mesmo o sobrenome do tal homem. Mas isso o deixou com uma pulga atrás da orelha. Se os dois estavam lá, onde estaria o moreno, Tsunayoshi?

Limpou sua mente de seus pensamentos enquanto parava na frente à porta pertencente ao quarto do moreno. A porta tinha detalhes entalhados pelos melhores artesãos, um belo trabalho, pensou.

Pode ver pelo vão que havia por baixo da porta que estava escuro dentro do quarto, certamente, as cortinas estivessem fechadas. Franzindo o cenho bateu na porta por três vezes. Esperou. Nada. Abaixando a aba do chapéu bateu mais duas vezes. Sem resposta. Qualquer pessoa diria que o quarto estava vazio, mas ele, sendo um assassino, o número um, na verdade, conseguia sentir a presença do moreno dentro dele.

Suspirando levou a mão até a maçaneta, esta que estranhamente, estava aberta. Entrou no quarto cuidadosamente, estranhando a calmaria do local. Estava muito escuro. Fechou a porta novamente e acendeu as luzes. A claridade logo envolveu o quarto em um ar acolhedor. Assustou-se para o além do inimaginável quando seus olhos pousaram sobre o moreno jogado no chão do quarto e encostado na cama. A poucos centímetros de sua mão, um relógio de bolso jazia no chão, provavelmente, o moreno o estivesse segurando quando desmaiou. Com passos rápidos caminhou até ele e ajoelhou-se ao seu lado. Verificou seu pulso. Estava vivo, tinha pulsações.

– Tsuna? – perguntou balançando-o levemente, na intenção de despertá-lo. Orava para que estivesse dormindo e não desmaiado.

Dizer que estava preocupado era um eufemismo. Tsuna, além de estar anormalmente pálido, tinha visíveis sinais de cansaço. Anormal para o moreno que pelo que observara, estava sempre bem disposto. A face do mesmo estava calma, mas as respirações descompassadas. Sua mão direita estava na região do pulmão, demostrava que ele havia pressionado aquele local. Assim que terminou de analisa-lo, pode ver seus olhos abrirem, mostrando um castanho mel, quase dourado pela luz, que ao verem ele, assustaram-se.

– Re – tentou falar, mas foi parado por um ataque de tosse, assustando mais ainda o antigo professor – Reborn – falou, assim que possível com sua voz rouca e falha – O que você está fazendo aqui? – disse ofegante.

– Eu que lhe pergunto, Tsuna – resmungou o moreno mais alto, talvez um pouco aliviado pelo menor ter acordado, ou por estar realmente vivo – O que você está fazendo, quase desmaiado, jogado no chão? – perguntou irritado.

– Eu não me lembro realmente – mentiu – Estava dormindo, me levantei e tudo ficou escuro.

– Vou chamar o Shamal – resmungou Reborn, já sabendo da mentira do moreno, afinal, ele não era O Reborn para nada. Levantou-se, mas não conseguiu alcançar a porta.

– Não – resmungou Tsuna agarrando seu pulso, numa tentativa desesperada de pará-lo – não é necessário, estou bem - afirmou.

O outro se irritou. Sabia que havia algo errado com o moreno. Algo que ele não queria que os outros descobrissem. Algo que não queria que ele descobrisse.

– Certo – vociferou – Então quase desmaiar, ou melhor, quase morrer é estar bem?

O menor ficou calado por alguns minutos. Seus olhos alargaram-se do tamanho de pratos enquanto olhava para o desespero do ex-professor. E em seguida suavizaram-se, ele ajoelhou-se ao lado do tutor e o abraçou.

Reborn estava muito chocado para dizer qualquer coisa e apenas ficou parado, não respondendo, nem repudiando o abraço. Ouviu Tsuna sussurrar algo, mas seus ouvidos não captaram exatamente o quê. Pela sua expressão confusa conseguiu ver o menor sorrir, achando graça da situação.

– Sério, Reborn? – repetiu – Eu que estou doente, e você que fica preocupado? – perguntou o moreno menor imaginando que seria inevitável esconder ainda mais seu segredo, de Reborn pelo menos.

Ouviu algo dentro de si afundar com aquelas palavras. Abaixou a cabeça, deixando os cabelos negros caírem na frente dos olhos, e seu chapéu pousar no chão, sem se preocupar em pegá-lo.

– Desde quando? – perguntou, ignorando a pergunta do menor. Seus olhos negros vacilando enquanto fitavam os caramelos de Tsuna.

– Há dois anos e meio, antes de sair do Japão – o outro respondeu, receoso, talvez pelas emoções que estava vendo sendo transmitidas pelo assassino, coisa que não era muito normal realmente.

Esbofeteou-se mentalmente. Dois anos e meio. Tsuna estava doente há dois anos e meio, e porcaria, o quão terrível foi como tutor para não perceber isso?

– O que é? – resmungou o assassino, talvez com muito remorso de si mesmo para fazer a pergunta inteira.

– Reborn... – resmungou o menor, hesitante.

– O que é? – perguntou novamente, com mais força, e um pouco mais alto.

– Não sei – ele falou, abaixando a cabeça – É parecido com câncer, mas não é. Nenhum remédio funciona por muito tempo. Sempre. Sempre ele vai parar de fazer efeito.

Reborn suspirou deixando a notícia adentrar a sua mente já um pouco confusa arrumando aos poucos o turbilhão de informações que a rondavam.

– Vou chamar o Shamal – resmungou por fim se levantando com o chapéu em sua cabeça.

– Não – vociferou o moreno menor, já um pouco exaltado – Você não vai contar o que te falei para ninguém, não agora!

Mas o assassino não queria o ouvir, continuou seu caminho ignorando o moreno que levantou-se cambaleante de sua posição no chão. Rapidamente ele alcançou Reborn, antes que ele chegasse na porta.

– Eu disse que não Reborn – gritou agarrando o braço direito do maior que se assustou com a explosão do moreno – E pelo amor de Deus, me escuta pelo menos uma vez!

– O que você quer que eu faça então? Deixar que você morra? Me desculpe Tsunayoshi, mas isso eu não faria, nunca!

O outro não respondeu, apenas observou o antigo tutor com os olhos arregalados. Sua respiração descompassada e acelerada. Por fim suspirou.

– Reborn, eu entendo mas apenas por agora, somente agora, me prometa que não fará isso – disse o menor – Porque, bem, não quero mete-los nisso tudo agora, você... – mas não terminou a frase. Seus joelhos cederam ao seu peso ao mesmo tempo em que seus olhos se fecharam. E ao longe conseguia ouvir o tutor gritar seu nome e um pedido clemente que mante-se seus olhos abertos. Mas isso agora, tornara-se impossível.

Namimori – Japão

Residência Sawada

Dois anos e meio atrás

16:21 da tarde

Um gemido rouco escapou dos lábios finos do castanho enquanto o mesmo agarrava a pia em apoio. Mais uma vez. Mais um ataque.

Não havia ninguém em casa. Mama? Havia levado as crianças para passear. Reborn e Bianchi? Deveriam estar treinando seus guardiões em algum lugar da floresta.

Uma nova onda de tontura invadiu sua cabeça. Os olhos borraram-se e o equilíbrio quase se foi, apesar disso, seu aperto sobre a pobre mobília se afrouxou. Sem querer derrubou o pequeno frasco de remédios no chão. Espalhando, efetivamente, os comprimidos vermelhos pelo piso branco do banheiro, este, que agora continha pequenas manchas avermelhadas. Sangue. Seu sangue.

Sentando-se no chão e encostando na parede azulejada, passou distraidamente a mão pelo rosto. Sua mão voltou vermelha, um corte ardia na testa, isso, além da garganta, que parecia ter sido utilizada como recipiente para triturar cacos de vidro. Ardia.

Mas não se preocupava. Daria alguma desculpa esfarrapada aos outros quando voltassem. Diria que havia caído da escada, havia cortado a cabeça na quina da porta. Eles acreditariam. Sempre acreditaram.

Quando a dor finalmente passou, ele conseguiu levantar-se. Apoiando-se nas paredes recolheu os remédios. Jogou-os fora. Não teriam mais utilidade. Não funcionavam mesmo... Daria um jeito de encomendar outra remessa de novas capsulas, com novas formulas que, acreditavam que faziam efeito.

Tomou um banho rápido. Queria se livrar de todo aquele sangue. Vestiu qualquer roupa. Ou melhor. Quase nenhuma, apenas uma box e a calça jeans clara. Deixou a blusa pendurada na cadeira caso alguém aparecesse.

Não gostava de mostrar seu corpo. Não com aquelas cicatrizes. Marcas tão odiadas que ganhara em vidas passadas. Verdadeiramente diria em uma certa vida. Vida esta, que preferia não ter vivido, mas era necessário. O mundo precisava melhorar, e se era a máfia que estava piorando tudo, ele iria começar por lá.

Escutou um barulho na porta da frente. Gritos de crianças entraram na casa. Vestiu-se rapidamente e desceu, fingindo estar tropeçando, agindo ser dame novamente. Cumprimentou todos com um sorriso falso, que, de tão doce parecia verdadeiro. Iria continuar com seu teatro, até que eles descobrissem por si sós.

Ah, como estava errado, pois eles, demorariam mais de vinte e oito meses para notar qualquer coisa. Quando pensava naquilo, não viu uma sombra se esgueirar para fora de sua casa. Uma sombra com um sorriso maleficamente doce.


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Notas finais do capítulo

Até logo minna~



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