Seu cenho se franziu imediatamente, por aqui, a coisa era mais dividida, mesmo tempo colégio misto, meninas andam com meninas e meninos andam com meninos.
Eu estava pouco me lixando pra isso.
- Me ensine então – ela respondeu, com a voz firme, e eu sorri.
Diferente do que eu imaginava, Rosalie não se importava de correr pelas ruas não asfaltadas da pequena cidade de Rochester, mas eu deveria ter imaginado, ali não havia tanta frescura, não conheciam uma estrada diferente desta então não havia porque se importar.
- Se você atira tão bem, porque não insiste no exército? – ela me perguntou e eu percebi que Rosalie não sabia de quem eu era filho. Só não sabia se isso era bom, ou não.
- Eu tenho meus motivos – eu preferia cortar o assunto por ali, mas ela claramente não havia entendido isso.
- Eu tive de te dar um bom motivo... – ela sorria.
Rosalie sempre sorria.
- Então eu tenho de dar um bom motivo? – perguntei sabendo que sim e revirei os olhos ouvindo a suave gargalhada que ela soltava.
- Exatamente – ela sorriu colocando a mochila no chão de uma vez e ficando de pé.
- Eu não gosto de guerras – respondi.
Acredite querida, você foi a primeira pessoa a ouvir isso.
- Então do que você gosta? – ela me perguntou parecendo mais interessada.
- De carros – respondi sorrindo e ela sorriu também. – Gosto de velocidade, de mexer nesses automóveis e ver o que posso fazer.
- Mas... – sempre havia um mais.
- Meu pai não concorda – eu respondi dando de ombros. – Mas eu não me importo, não agora – me abaixei pegando na mochila minha arminha de pressão. – Quem sabe mais tarde, quando eu crescer...
- Ele pode mudar de opinião.
- Nunca.

Rosalie havia crescido em uma família perfeita, então eu percebi que em Rochester não só as mulheres eram perfeitas, as famílias como um todo também o eram. Eu podia perceber pelo sorriso de felicidade que sempre brotava nos lábios de Rosalie, em como ela se divertia falando das brincadeiras com os irmãos, e de como sua mãe e seu pai a tratavam como uma princesinha deve ser tratada.
Ali, em Rochester, havia algo de especial. Havia algo que envolvia todas as famílias e as fazia ser perfeitas. Então a única ideia que podia entrar em minha cabeça sobre minha família não ser assim perfeita era pelo fato de não sermos de Rochester. Papai não havia crescido por ali, mamãe não havia nascido ali, não tínhamos família ali. Mas então, talvez, só talvez, pudesse haver uma salvação para mim, para uma família que eu pudesse formar no futuro, porque eu estava sendo criado ali... Talvez eu pudesse absorver um pouco dessa perfeição.