Mas durante a tarde lá estava ela atrás de mim novamente, essa tarde Edward havia saído com a mãe e Jasper estava fazendo os deveres, eu só não queria ficar em casa, então sai e fiquei jogando pedras em um laguinho artificial que havia por ali.
Só em horas assim a cidade grande me fazia falta.
- Cadê suas sombras? – ela perguntou se aproximou, dessa vez com uma roupa mais despojada que o uniforme, mas ainda assim parecia desconfortável, sabe as saias e meias.
- Você não desiste mesmo, não é? – eu perguntei e um sorriso se formou em seus lábios.
- Normalmente não – ela disse dando de ombros. – Pelo menos não tão cedo.
Eu revirei os olhos tacando mais uma pedrinha, abaixei e sentei em uma pedra e ela sentou ao meu lado, mas não muito próximo.
- Porque não quer me ensinar? – ela questionou mostrando a mim, mais uma vez, o quão insistente podia ser.
- Porque quer tanto aprender? – eu questionei de volta.
- Besteira – ela disse dando de ombros. – Mas eu quero aprender.
- 1º Meninas não atiram. 2º Não sem um bom motivo.
Seus olhos se iluminaram e Rosalie arqueou apenas uma sobrancelha ao me encarar.
- Então se eu te der um bom motivo você me ensina? – ela perguntou com aquela expressão de vitoriosa.
- Talvez – eu dei de ombros.
E nós não sabíamos, mas ali estava surgindo nossa amizade.
- Eu só cansei dessas brincadeirinhas machistas de vocês – ela disse acertando um tapinha fraco em meu braço. – Meu irmão é exatamente assim, ele é, três anos, mais velho do que eu e se acha o melhor – ela revirou os olhos cruzando os braços e eu sorri.
Tenho de dizer, em momentos assim você parecia tão mimadinha...
- Eu não entendo porque tem de ser sempre assim, meninas não fazem isso, meninas não podem com isso – ela imitava uma voz mais grossa como se fosse o irmão falando e eu ri. – E eu não vejo graça nenhuma nisso – ela completou me encarando séria. – É pura injustiça!
- Me diga uma mulher que fez alguma coisa muito importante nos Estados Unidos – eu disse revirando os olhos, eu só queria ver até que ponto isso chegaria.
Uma hora um de nós teria de dar o braço a torcer, afinal.
- Mildred Didrikson ganhou a última Olimpíada de atletismo – ela disse controlando, visivelmente, a vontade de apontar um dedo em minha cara.
Afinal é feio apontar o dedo na cara dos outros...
- Mas atletismo não envolve mais que saber mexer as pernas – a provoquei vendo como seus lábios se fechavam com força, Rosalie claramente tinha uma resposta na ponta da língua, mas não me parecia muito adequada.
- Você não vai desistir mesmo – ela resmungou pegando uma pedrinha e jogando no lago, exatamente como eu fazia antes. – Isso só me faz pensar que você tem medo de eu me sair melhor – ela provocou e eu queria saber quantos anos Rosalie tinha, porque para doze ela me parecia muito decidida.
I-N-S-I-S-T-E-N-T-E.
Simples assim.
- Quer pensar sobre isso? – ela perguntou se levantando.
- O que eu ganho em troca – perguntei imitando sua levantadinha de sobrancelha e ela riu, talvez não tenha ficado tão bom como quando ela fazia. É, eu sei que não.
- O que você quer em troca? – ela perguntou se sentando melhor sobre a pedra e me encarando.
- Amizade.