- Hoje você é meu? – Rose perguntou enquanto eu terminava de fechar os botões de seu vestido.
Eu olhei para quantidade de botões na parte de trás do vestido, quantos botões eu estava fechando, e mordi a língua para não pedir que ela trocasse. Tanto tempo afastados e eu ainda teria uma dúzia de botões delicados para desabotoar.
- Sou seu – eu disse com um sorriso e ela sorriu também.
- Minha mãe se ofereceu para ficar com Victor – eu meio que arregalei os olhos, ela contava para a mãe sobre a nossa vida sexual? – Ela só disse que não vai poder vir essa semana, amanhã certamente, mas depois tem alguns preparativos para alguma coisa na escola da minha irmã, e sabe como as mulheres dessa cidade são – ela revirou os olhos e eu ri, ela entendeu. – Não! Eu não sou como elas – ela me abraçou pelo pescoço. – Você me ofende dizendo isso.
- Você está sempre com elas – eu dei de ombros em minha defesa. Fim de conversa.
- Então como amanhã a reunião é na casa de minha mãe, ela queria passar a noite cuidando de um bebê – ela fez uma careta estranha, certamente sua mãe deveria passar a noite ou o dia pensando no que servir as mulheres perfeitas de Rochester. – Por isso eu disse que não – ela passou a mão em minha nuca, arranhando com a unha de propósito.
Sabendo que nós não teríamos tempo para se agarrar, eu mordi meu lábio e ela gargalhou entendendo.
Você já parou para pensar, querida? Eu sempre entendi os seus atos... Você os meus. Isso deve significar algo.
- Eu já conversei com nosso filho – disse rindo. – Ele prometeu se comportar essa noite.
- Como se um bebê de sete meses entendesse tudo exatamente – ela sorriu. – Então torça para os dentinhos que estão nascendo não voltarem a incomodá-lo, senão ele vai passar a noite chupando meu peito para aliviar...
- E nada de diversão para mim – eu disse abaixando a cabeça.
- Vamos? – ela perguntou pegando a bolsa com as coisas de Victor.
Fui até o quarto dele e o peguei do bercinho, ele sorria mostrando um sorriso de dois dentes superiores que nasciam... Parecia o sorriso mais lindo de todos.
- Está na hora – disse o colocando no colo de Rosalie, então o jantar nos esperava.
A mini réplica de Rosalie – que já não estava assim tão pequena – a pequena Anne abriu a porta e sorriu vendo o sobrinho no meu colo, ela adorava brincar com ele, coisas de menina mesmo – que, de fato eu não vi muito Rosalie fazer quando tinha a idade de Anne – ela só o queria para fazer de boneco ou algo assim.
Desde o final do quinto mês, que foi quando Victor começou a sentar sozinho, essa era a diversão de Anne, nós o deixávamos sentado cercado por almofadas, ou encostado em algo, e Anne ficava olhando-o mexer em suas coisas, babando na maioria delas, e o tratava como se fosse seu filhinho.
Pura brincadeira infantil, e Victor parecia gostar, sempre sorridente quando estava com a tia.
- O natal está chegando – a mãe de Rosalie disse toda contente quando nos sentamos a mesa para comer, apesar de Rosalie não estar comendo exatamente e sim amamentando Victor. – Eu já combinei com sua mãe, Emmett, e a ceia vai ser aqui em casa... E o ano novo...
- Lá em casa – Rose se apressou em dizer.
- Seria na casa da sua sogra – a mãe de Rosalie disse arqueando uma sobrancelha exatamente como Rose fazia.
Tal mãe, tal filha.
- Eu quero fazer! – Rosalie disse. – Esse ano foi especial, e eu quero comemorar lá em casa... Todos os anos vocês duas organizam tudo e só informam, esse ano não! Jantamos lá em casa e pronto.
Eu ri vendo como até Victor havia se assustado com o comportamento de Rosalie, mas eu gostei disso, essa história de estar sempre fazendo o que nossas mães dizem já estava me cansando. Lá em casa então.
Acho que o resto do jantar não foi mais a mesma coisa, porque a senhora Hale não parecia mais tão animada, eu diria até que estava acuada depois da “revolta” de Rosalie.
Anne dormia no sofá e o senhor Hale fumava um charuto quando nós saímos, claro, depois de Rose ter ajudado sua mãe em tudo enquanto eu tomava conta de Victor – essas típicas manias de mulher.
Pelo menos o dentinho não o incomodara a noite toda – e eu esperava que continuasse assim. Anne o havia entretido por mais tempo do que Victor de fato costuma ficar acordado, assim que quando entramos no carro ele se agarrou ao seio de Rose, mamando até chegarmos em casa – e um pouco mais – para então dormir.
Ótimo.
Então eu teria minha Rose e nossos momentos de volta.