O verão estava chegando e eu não podia mais vê-la trancada dentro de casa. Era bem a época em que muitos viajavam para as regiões praieiras, então eu iria tomar alguma atitude. Eu sentia que devia isso a nós dois.
Por pura pressão ela havia se arrumado, eu mesmo escolhera sua roupa, um dos vestidos que ela tanto gostava de usar, era simples, mas mesmo assim ficava belo em seu corpo. Pelo menos eu adorava. Fazia uma dessas noites perfeitas e eu iria levá-la ao nosso lugar.
- Emmett – ela tocou meu ombro e eu segurei sua mão, assim que chegamos ao nosso lugar. – Nós...
- Nós nunca mais viemos aqui! – eu completei acariciando seu rosto. – E sabe, nós devíamos ter vindo antes, eu devia ter te trazido aqui antes, mas, não sei, pode ter sido melhor assim – eu tocava seu rosto, seu cabelo, queria sentir que ela estava mesmo ali.
Então eu peguei uma rosa, que trazia em meu bolso, e lhe entreguei.
- Eu estou com saudade querida – eu acariciei seu rosto então seus lábios. – E não falo isso com meu lado desejoso – suspirei antes de continuar – Falo isso porque eu realmente sinto, sinto falta de seus sorrisos e de te girar em meus braços quando chego em casa, de te abraçar durante a noite sem medo e de poder me sentir livre, tranquilo ao seu lado.
Rosalie abaixou o rosto e quando o ergueu, eu via em seus olhos que ela também sentia falta.
- Eu estou perdida – ela murmurou com os lábios trêmulos antes de me abraçar. – Eu me perdi...
E eu tinha culpa quanto a isso também.
Porque ela havia se afastado quando tudo aconteceu, e eu permiti que ela continuasse se afastando, agora Rose não sabia mais como agir, como estar ao meu lado novamente.
Mas eu podia fazer isso, eu podia trazê-la de volta para mim.
Meus braços circularam seu corpo e eu suspirei, sua cabeça estava apoiada contra meu peito.
- Eu quero que voltemos a ser como antes... – ela murmurou.
Mas ambos sabíamos que não havia como ser como antes, não inteiramente, mas a essência seguia ali, eu a amava, incondicionalmente, e ela seguia retribuindo meu amor. Nós estávamos ali, o resto era apenas consequência.
- Eu quero, nós dois de novo – ela disse tocando meu rosto.
Nós podíamos lidar com isso.
- Porque eu amo você Emmett – ela murmurou, seus lábios roçando os meus.
Eu sorri, inevitavelmente, porque ela também se mostrava disposta a recuperar o tempo perdido, mesmo que lentamente, ela não havia desistido de nós dois. Não que em algum momento eu tenha duvidado, até porque, considerando tudo que minha Rose já havia passado, mesmo que não se compare em intensidade, afinal era o nosso bebê, mas mesmo assim, ela já havia mostrado várias vezes ser forte, então não havia porque não superar mais esse acontecimento.
Eu acreditava cegamente nisso, que Rose era capaz.
- Eu quero que comecemos de novo – foi minha vez de dizer. – Não que esqueçamos tudo, mas que encaremos como uma página virada... Eu quero que voltemos a ter nossos momentos de amor, de carinho, toda nossa intimidade e confidência...
- Você realmente acha que nós podemos? – ela me perguntou e eu assenti.
Sentei em uma das pedras que havia por ali, puxando-a para meu colo e ela rodeou meu pescoço com seus braços.
Então, pode parecer mágica ou loucura, mas nós estávamos no caminho certo novamente, conversando, confidenciando. Éramos novamente um simples casal numa cidade pequena – e parecia simplesmente perfeito. E minha mulher havia voltado a ser uma das mulheres perfeitas de Rochester – não que ela tenha deixado algum dia, mas com um sorriso em seu rosto parecia muito mais fácil.
Foi naquela noite que ela chorou, pela última vez, a perda do bebê... Foi naquela noite que Rosalie conseguiu perceber que não era certo ficar sofrendo, era doloroso perder um filho, mas ela não podia se ater somente a isso, e que, se o bebê fora embora, havia sido por um bom motivo. Não que não fossemos mais sofrer ou lamuriar pela criança que poderia estar conosco naquele instante, eu só queria que ela aceitasse.
Havia sido uma noite simples, tranquila, mas esclarecedora. Perfeita então.