Pouco a pouco tudo parecia estar voltando para o lugar e correndo o curso certo.
As aulas voltaram e junto, Rosalie e eu voltávamos a ser melhores amigos, claro que o que havia acontecido não fora comentado com ninguém e ela preferia assim, desconfio até que nem sua mãe saberia, porque a senhora Hale falava tão bem de Royce vez ou outra que dava a entender isso... Ou ela sabia como disfarçar muito bem.
Julho já havia terminado e o calor dominava enquanto continuávamos trabalhando naquele lugar, nós fazíamos tudo aos poucos e era incrível, estava ficando incrível. Montamos os móveis e riamos muito, ora ou outra algo não dava certo, também havia uma cadeira que insistia em não resistir a peso nenhum – eu preferi deixá-la de lado.
Meus novos exercícios agora eram carregar caixas e montar móveis, e realmente era mais divertido do que se soa normalmente.
Nos dias de chuva nós apenas ficávamos por lá, e quando fazia calor, eu cumpria minha promessa e nós saíamos por ai, eu acelerava o que dava naquele carro pequeno e nós riamos sentindo o vento bater contra nossos rostos.
Eu me sentia dela novamente e a sentia cada vez mais sendo minha.
Por motivos assim, nossas saídas de carro ou quando Rosalie insistia em voltar a atirar, é que estávamos demorando tanto, e eu gostava de enrolar, montar os móveis sem pressa porque eu não sabia como seria depois que acabasse... E eu não queria que nossos momentos juntos acabassem.
- O que você vai fazer com esse lugar? – eu perguntei olhando o andar debaixo que ainda estava vazio.
Era uma casa não muito grande, com um quintal bonito nos fundos e dois andares. Nós havíamos começado pelo andar de cima, limpando e pintando – sendo que nós às vezes saíamos mais pintados do que as próprias paredes, e nisso é que estava a alegria –, depois montando móvel por móvel.
Havia três quartos no andar de cima, porque segundo Rosalie, Royce pretendia ter filhos logo então já estava preparado. Ele não havia mesmo visto a casa, mas na hora de procurá-la Rosalie fizera questão de saber as preferências do, na época, futuro marido. E por causa dela havia um quintal tão grande, coberto por grama e cercado por flores.
Falando assim até parecia o lar perfeito, e bom, pelo menos era Rose que havia ficado com isso, porque Royce certamente não merecia.
- Não sei ainda – ela disse dando de ombros. – Vai ser o meu cantinho, eu acho... Mas eu posso dividi-lo com você – ela disse dando uma piscadinha que me fez rir.
Pelo menos da garagem eu já havia me apossado.
- Perfeito – eu disse vendo-a rir. – E o que ainda tem nas caixas? – eu perguntei vendo a pilha que havia perto da escada e que deveria ser levada para cima.
- Ah são para os quartos... Algumas foram presentes de casamento – ela revirou os olhos. – Outras eu peguei da minha casa – ela riu daquele jeito travesso que me fazia rir também. Quando ela falava assim era porque havia coisas ali que sua mãe não sabia que ela havia pegado.
O bom era que, não importava quanto tempo passasse, ou o que acontecesse, Rosalie conseguia superar e voltar a ser a mesma. Ainda havia momentos de choros, suas crises sentimentais que duraram algumas tardes onde ficávamos por aqui, sentados na varanda que dava para o quintal enquanto ela, abraçada a mim, despejava tudo que a incomodava, suas dores.
Mas com o passar dos dias ela ia ficando cada vez melhor.
- Têm ali um porta jóias, quadros para fotos... – ela ia contando no dedo como se não se importasse. – Roupa de cama e toalhas... Tudo por ai. Tem mais caixas na parte da garagem que seu carro não ocupa – ela disse rindo e eu revirei os olhos.
Meu carro era pequeno mesmo.
E assim nós íamos indo...