- Como se isso te importasse – eu respondi de maneira ácida e ela suspirou, só então tirei o travesseiro do rosto para poder encará-la. – Seu noivo não está te esperando? – e ela mordeu o lábio como alguém que controla o choro, mas eu não podia realmente acreditar, quer dizer, ela havia escolhido isso.
- Pare – ela disse pegando uma almofada para me acertar, não que fosse realmente doer.
- O que foi? – eu perguntei me sentando na cama para encará-la. – Você que quis assim! E se veio aqui me falar do seu casamento, pode esquecer...
- Eu quero você lá! – ela disse e só então reparei que havia um envelope em suas mãos. – Eu queria você como padrinho, mas eu acho que você não vai aceitar, então – ela deu de ombros – eu me contento com você estando lá!
- Tanto faz – eu disse deixando o envelope do lado da cama, assim que ela me entregou, eu não iria fazer uma ceninha na frente dela de qualquer maneira.
- Eu quero mesmo você lá – ela disse e saiu sabendo que eu não diria mais nada.
Mas minha vontade era de trazê-la de volta e gritar, gritar tudo que estava entalado na minha garganta, simplesmente despejar tudo em cima dela porque não era justo, ela havia me dado esperanças e agora voltava com uma notícia assim.

- Você soube? – mamãe perguntou durante o jantar na noite seguinte, quando, meio que de surpresa, papai havia voltado para casa mais cedo.
- O que? – eu perguntei meio que brincando com a comida, eu só não estava com fome.
- A família Hale voltou e para ficar – ela disse, e só de pensar em Rosalie minha fome ficava cada vez menor.
- É – eu respondi dando de ombros.
- Ah – ela disse se levantando, meu pai a encarou com uma sobrancelha arqueada até que ela voltasse com um envelope em mãos, um igual ao que Rosalie havia me dado no dia anterior e isso fez meu estômago voltar. – Ela vai se casar! – mamãe disse parecendo tão animada que minha vontade era de gritar e perguntar a ela onde ela esteve todos esses dias, porque não era possível que ela não tivesse se dado conta que eu estava sofrendo por causa de Rosalie.
- Eu soube – eu respondi desistindo de vez do jantar.
- Com quem? – meu pai quis saber.
- Royce King II – minha mãe disse parecendo ainda mais animada.
Os olhos de meu pai pareceram se arregalar, eu só não entendia por que. Então eu vi o sorriso de contentamento no rosto de minha mãe e, claro, tinha de haver alguma coisa muito importante com esse cara.
Eu só tinha quinze anos, não era como eu soubesse de todos os homens bem sucedidos da cidade.
Mas o tal Royce era mais do que bem sucedido, sua família era a família real – ironicamente com o sobrenome King – e eles controlavam todos os grandes investimentos da cidade. E pelo que mamãe dizia Royce King II estava herdando o banco em que o pai de Rosalie trabalhava, claro que havia uma grande jogada de interesses ali e isso era desprezível.
Preferi dar de ombros enquanto mamãe e papai continuavam conversando sobre isso, que Rosalie fosse feliz então, eu não tinha mais nada haver com isso.