Parceira Ideal escrita por DeLarge


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Estava relendo o mangá, mó serena na vida, e vai que chega na parte que toda aquela insegurança da Maka aparece de novo e de novo, e a dó se arrasta no meu coração. Ai escrevi essa one-shot para me ajudar mesmo, por que sim.



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A lança cortava o ar ao fazer um arco, zunindo ao deslocar do vento. Outra repetição, e Maka executava um último exercício de rotação básica, brincando com suas mãos sobre a superfície maciça de madeira, em um manuseio bastante impressionante remetendo há ideia que começara há poucos dias seu “treinamento”.

Dentro da clareira que rodeava Shibusen, a manceba sovava o ar, espreguiçando os braços que ficaram horas afins esticados para frente, executando rotatórias com um pedaço de madeira um tanto quanto pesado para seu querer. Recostando em uma árvore, com as mãos apoiando a nuca, Soul pendurava o olhar rubro cansativo para sua meister. Até dado momento, não fazia muito consciente do que acontecia dentro da cabeça da loira. E francamente, naquela altura do campeonato, não tinha a certeza que gostaria de saber.

Fechou os olhos por um momento, procurando alguma calmaria, quando ouviu o grunhido dolorido soar.

— Agora eu consigo valorizar todo o esforço absurdo do Black Star. — A menina comentava, esboçando uma expressão sutilmente torcida ao virar o corpo para encarar Soul.

O rapaz em questão apenas abriu um dos olhos para fita-la, não tão interessado no que ela estava por falar. Os lábios franziram em uma linha, como se não concordasse muito com aquilo.

— Por que é idiota. Eu ainda não estou sacado o motivo de você estar com essa loucura de ficar rodando esse pauzinho. — Disparou fechando o olho no mesmo instante que se acomodava melhor ao tronco.

De inicio Maka não importou em responder. Apenas olhou a madeira que arrodeava seus dedos e recordou brevemente em um lampejo de situações passadas; nas quais, logicamente, envolvia sua vida, de Soul ou quem sabe de todo o mundo. Um sorriso fraco ganhou notoriedade rapidamente, como se pesasse nas memórias.

Um suspiro audível saiu e Maka desfez a careta, aprumando a postura um pouco encurvada.

— Não é óbvio?! — Questionou em um brado retórico, rodando a lança mais uma vez em mãos. Um brilho parecia resplandecer da íris esverdeada — Eu quero me tornar forte.

Ainda com as pálpebras fechadas, Soul exibiu um sorriso um tanto quanto preguiçoso, mostrando os dentes afiados para a lua insana daquela noite.

— Eu pensei que todo o esquema fosse para nós nos tornamos fortes juntos.

Fazendo rotina daquelas últimas semanas, Maka não estava sendo rápida com suas respostas. Primeiramente processou os disseres do garoto antes de pensar em qualquer coisa que pudesse ser certa ao responder, uma vez que a razão parecia estar contida com o mesmo. Talvez por tal motivo, não conseguira algo muito inteligente.

Uma risada delicada escapou de sua garganta e com isso, a menina parou o movimento com as mãos.

— Quer me acompanhar em um exercício básico de rotação?

— Dispenso. Já consigo rodar sozinho. — Constatou primeiramente, tornando a continuar — Aliás, você já também consegue me rodar.

Maka abruptamente parou o que fazia, deixando a carranca novamente acentuar sobre os seus traços delicados. Apesar de saber que Soul não via, ela quis deixar claro em suas ações corporais que não concordava muito com aquilo.

— Só porque você me guia.

O olhar rubro abriu-se ao findar da fala, e Soul permaneceu deitado antes de resmungar um “idiota”. Pôs a sentar, encostando suas coisas na árvore e não tinha um olhar muito solícito sobre as íris.

— Somos uma equipe, Maka. Eu te conduzo e você me expande. Minha batida e sua batida são uma única coisa. Meu poder é seu poder, e vice versa. — Teceu rapidamente, em um pendurar intenso do olhar.

— Mas o Black— Maka tornou a rebater, sendo cortada rapidamente pelo garoto.

— Black Star nada! — Esbravejou Soul, já tendo uma ideia clara do que ela diria — O cara é um gênio em combate. Um monstro. Ele tem como meta superar Deus. Quer mesmo comparar com um cara assim?

Como sempre, Soul tinha um ponto muito preciso em seus argumentos. Todavia isso não impediu de novamente Maka juntas às sobrancelhas por ser repreendida daquela forma; e lógico, não apreciando o feito. Contudo pouco teceu comentário e apenas deu as costas para Soul, voltando novamente em seu exercício com a lança em uma ferocidade muito superior.

Sentado o menino tomou uma longa respirada, segurando o ímpeto que eclodiu em seu cerne de mostrar o dedo para a mesma. Afinal, ele entendia pelo menos em partes o que ela sentia. O próprio já fora alvo dessa sensação de imponência em comparações em terceiros, tendo de utilizar seu sangue negro em quase toda situação perigosa; ou acreditar ser um inútil quando não empunhado. Talvez movido por tal simpatia, já se colocava sobre as pernas, fazendo crescer ao antebraço direito uma lâmina de uma foice enquanto aproximava da menina. Bravamente, não demorou, e moveu para frente com velocidade, parando fronte desta e em subsequência passava sua lâmina sobre o meio da lança, cortando-a ao meio como se fosse manteiga. Demorou o suficiente para Maka perceber e quando se fez cônscia, a expressão brava tornou-se muito mais acentuada.

— Por quais raios de motivo você fez isso, Soul? — Questionou em tons altos.

Uma mesma expressão severa recaia à face do menino.

— Por que você está sendo ridícula. E, se você quer empunhar algo, eu estou aqui para te ajudar. — O tom era mais calmo, mas possuía a mesma conotação brava.

Por um momento o porte bravo de Maka vacilou, sendo substituído por um meio sorriso cansado e um olhar quase agradecido.

— Não iria adiantar. Você me guiaria.

— Como pode saber disso? — Perguntou descrente.

Então Maka elevou a palma da mão direita em direção ao peito do rapaz, como se tocasse seu coração. Em seguida, esticou com sua mão livre para pegar a mão direita dele, colocando sobre o local onde residia seu próprio coração. Ao som sincronizado, as batidas pareciam uníssonas sobre o toque das mãos nuas.

— É como você disse: nossas batidas são uma só. Como dessincronizar almas tão sincronizadas, Soul? É automático você me guiar e é automático eu responder. — Explicou sobre tons simples — A diferença é que você está guiando uma dançarina ruim. Imagina se você começasse a conduzir alguém tão bom quanto você? Poderíamos alcançar as estrelas.

O silêncio pareceu permutar por um instante, com ambas as mãos ainda elevadas sobre o coração do outro. O ritmo da batida aumentava, e enquanto Soul encarava sua mão sobre o coração de Maka, a mesma analisava a face inexpressiva no menino.

Poucos segundos foram o suficiente para os dois escorregarem suas mãos e um tanto constrangido, Soul coçou o ouvido.

— Eu poderia te ensinar a dançar se é isso que te preocupa. — Disse um tanto quanto ogro, fazendo Maka perder toda a postura delicada.

Um bufado expeliu da garganta da mesma, e pisando duro, Maka deu as costas, indo em direção à árvore que o mesmo dormia poucos minutos. Não demorou, em seguida, de começar a chutá-la com a sola da bota.

— Pelo amor de Deus, que menino burro pra caramba senhor! — Esbravejou, descontando sua raiva sobre o tronco. Virou rapidamente, em um olhar crítico — Metáforas. Eu utilizei de metáforas! — E sem mais, recorreu sua atenção para a árvore novamente.

Do lugar Soul ficou rapidamente assustado pela brutalidade, aprumando seus passos para onde Maka chutava violentamente, parando detrás da mesma enquanto tentava acalmá-la com tons.

— Woaaa, para de chutar essa árvore. Ela é um bom local de dormir! — Argumentou, enfiando os braços no moletom.

— Fica na sua, senão vai ser você!

Mediante da ameaça vigente, o rapaz apenas afastou alguns passos, vendo toda a ira e frustração de Maka ser descarregada em consecutivos chutes infantis em direção há um tronco que ele sabe que, breve, cederia um arrombo em sobre a sola da menina.

Não demorou tanto quanto julgou, pois. Maka preparava seu décimo chute, talvez, porque Soul não contava, quando impulsionou-o com tanta força que a madeira rompeu ao impacto, criando um buraco sobre a madeira e ressaltado um urro dolorido pelo tornozelo que acabara de machucar. O pior é que se encontrava preso. Sustentada por um pé, o rapaz até riria se não tivesse visto a cara de sua meister.

— Epa, aguenta ai Maka! — Bradou, retirando os fragmentos de madeira que prendiam o pé da menina e com um puxão da mesma para trás, Maka perderia o equilíbrio, caindo de costas ao chão, batendo sua cabeça sobre a grama.

Parado fronte a árvore, Soul observou aquilo com extremo cuidado atinente a situação que logo poderia ouvir bradar de gritos raivosos. No entanto, sua teoria fora por água abaixo quando lágrimas teimavam a descer silenciosas pelo par verde-âmbar que se via fitando o céu negro.

— Eu sou uma ridícula, né? — Maka perguntava em um timbre meio lento. — Nem chutar uma árvore sem me machucar eu consigo direito.

Entre resmungos, Soul aproximou da menina, primeiramente olhando-a de cima com as mãos ao bolso, mas ao fim, enaltecendo um meio sorriso compreensivo.

— Sim, você é uma ridícula. Mas não por isso, Maka. — O rapaz assegurou, agachando ao lado dela — Você me tornou uma Death Scythe. Você derrotou adversários tão mais fortes que você com apenas a coragem e sua tenacidade. Tem a alma mais honrada e dócil de toda Shibusen. A mente mais rápida e adaptável para qualquer situação. Você tem ideia do quão forte você é? — A cada palavra a veracidade se fazia presente nas falas do albino — Você é uma raquítica, uma tábua. Já sabemos disso... Mas sua força não reside nos músculos e francamente, o que te torna uma manipuladora melhor que sua mãe é exatamente sua compensação sobre. Você não é uma ruim; é minha parceira ideal e eu estou cansado de sua auto piedade sobre sua falta de força, que é um absurdo completo. — O tom dócil era substituído pelo severo, mas ainda assim, alguma luz inexpressível parecia ser intensa para Maka ao olhar rubro — Acredite, não é sua sorte me ter. É bem ao contrário.

De alguma forma, Maka não conseguiu encontrar palavras para descrever. As lágrimas que umedeciam seus olhos cessaram sobre as pupilas e rapidamente viu que Soul parecia próximo em demasia. Mas ele sorria para ela finalmente daquela forma altiva, embora compreensivo e tudo que conseguiu em resposta, foi responder com o mais brando dos sentimentos.

Sentou-se sobre a grama, ficando próximo o suficiente para o cheiro de ambos misturarem como a própria batia dos seus corações. E ao fim, um emoldurar dócil dos lábios enalteceu na loira.

— Talvez... Você queira me ensinar a dançar?

FIM


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Notas finais do capítulo

Ta, só isso mesmo. Beijos de Luz



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