Lágrimas de sangue escrita por Gothica


Capítulo 6
O susto.


Notas iniciais do capítulo

*Capítulo editado.

Espero que gostem :3
Boa leitura!



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Acordei com o frio nos pés. Percebi que estava no sofá da sala e a tv estava ligada. Olhei para o relógio da cozinha que marcava três horas em ponto.

Me espreguicei e olhei ao redor, tentando me recordar porquê tinha acordado no sofá. Ainda com os olhos pouco abertos, usei minha velocidade e fui ver se tinha algo de errado com o quarto, para eu não estar deitado lá.

– Papai!

Imediatamente arregalei os olhos. Lá estava Dhuly, deitada em sua cama embaixo das cobertas. Me lembrei rapidamente do que tinha acontecido naquela manhã. Lembrei do medo que senti. O medo de nunca mais encontrá-la.

– Dhuly! Onde você...

Eu não aguentei e a abracei. Fiquei alguns segundos ajoelhado no chão a abraçando. Depois que a soltei, ela perguntou:

– O que houve?

– Como o quê houve?! - Eu me levantei do chão e comecei a falar alto. - Você quase me matou do coração, mocinha! Você vai ter que me explicar direitinho o que aconteceu ou então ficará de castigo por muito, muito tempo!

Dhuly me olhava como quem não entendia nada. Como se eu fosse louco.

– Pare de fingir que nada aconteceu! Pode começar a explicar... Por que saiu de casa sem minha permissão? - Olhei para ela com um olhar firme, escondendo a preocupação que senti, enquanto lhe dava uma bronca.

– Mas papai... - Ela se levantou da cama e veio até mim. Na pontinha dos pés, pôs uma das mãos em minha testa, como se quisesse ver se eu estava com febre. Sentou na cama e continuou. - Eu não saí de casa. Eu tava dormindo! - Ela apontou para a cama.

– Não, não! Você saiu de casa cedo. Eu acordei e você já não estava aqui! Nem mesmo Tutu sabia onde você estava.

De repente, Tutu, ao ouvir seu nome, saiu debaixo da coberta da cama de Dhuly.

– O Tutu? Mas ele tava dormindo comigo. - Dhuly e Tutu se encararam.

Não seria possível. Eu não estava ficando louco. Me lembrei dos papéis. Os papéis que me levaram até o buraco no armário.

– E quanto aos papéis que estavam em cima de sua cama hoje cedo? - Enfiei a mão no bolso para pegá-los, mas lembrei que tinha amassado cada um em cada passo que eles me diziam para seguir.

– Repetindo: Eu estava dormindo. Estou dormindo direto desde ontem, papai...

Não satisfeito, corri até o elevador e mandei que ela me seguisse. Ela e Tutu foram correndo também, ainda com cara de quem não estava entendo nada.

A porta do elevador abriu e procurei o papel que achei que tinha deixado por lá, na Sala de Testes.

– Tinha um dos papéis por aqui... - Eu disse baixinho.

– Pai, você tá bem?

Indignado pelo sumiço na hora errada do papel, abri a mesma Porta Branca em que entrei da última vez. A mesma Porta Branca que dizia na folha. Tutu e Dhuly entraram comigo, ainda me observando.

Dei uma rápida olhada e procurei novamente outro papel, mas não o encontrei. O próximo passo que estava em uma das folha era a fechadura verde. Abri e entrei. O armário estava lá. Era só o que faltava para provar que eu não estava ficando louco.

– O que foi papai?

– Esse armário. Eu segui os seus passos e cheguei até ele. Foi por aqui que você saiu, não foi? - Perguntei já com as mãos na porta do armário.

– Sair por um armário? - Dhuly riu. Aquela sua gargalhada estava ficando cada vez mais aterrorizante. - É uma piada?

Cansado daquilo tudo, abri o armário e apontei para dentro dele.

Dhuly parou de rir por um instante. Achei que ela ia ficar pasma e começar a gaguejar para explicar aquela situação.

Para minha surpresa, ela começou a rir duas vezes mais que antes.

– Papai... Desculpe, mas você não tá bem!

Olhei para o armário e entendi porquê ela ria tanto. Não havia nada no armário a não ser tintas. Tintas de todas as cores e de todos os tipos. Muitas tintas, mas nenhum buraco.

Olhei em volta, olhei para ela e olhei para o armário.

– O que aconteceu aqui afinal? Se você estava realmente dormindo e não saiu de casa, isso significa que eu sonhei com aquilo tudo?

Ela riu um pouco mais e respondeu.

– Só pode ser.

Foi tudo real demais para ser um sonho. Algumas coisas coincidiram, como as horas, o fato de eu acordar no sofá, a tv estar ligada, o café e biscoito. Se foi um sonho, eu já podia ficar tranquilo, porque Dhuly estava devidamente bem em casa, sem correr perigo nenhum.

– Se foi um sonho, por que eu acordei no sofá? - Perguntei enquanto voltávamos para o elevador.

– Ah, não sei. Vai ver você acabou dormindo no sofá ontem... Eu fui dormir antes, então não sei.

Não me lembrava de ter ido deitar no sofá na noite passada perto da hora de dormir, mas depois de passar por essa vergonha monstruosa, preferi deixar quieto. Dhuly estava segura. Isso que importava.

– Filha?

– Sim, pai?

– Me promete uma coisa? - Olhei no fundo de seus olhinhos vermelhos.

– Claro.

– Prometa que jamais vai sair de casa sem minha permissão. - Eu respirei fundo, lembrando do constrangimento que tinha acabado de passar. - Por favor.

Dhuly olhou para mim. Provavelmente percebeu que eu me preocupava realmente com aquilo. Segurou em meus ombros e me puxou para baixo. Me deu um beijo no rosto e depois respondeu:

– Claro papai. Eu prometo.

Sorri para ela agradecendo. Ela também sorriu, mas de uma forma diferente. Era um sorriso malicioso.

A porta do elevador foi fechada e quando ela viu seu sorriso no espelho, começou a gargalhar.

Uma gargalhada mais medonha que a de seu próprio pai.


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