Lágrimas de sangue escrita por Gothica


Capítulo 7
A explosão.


Notas iniciais do capítulo

*A partir daqui os capítulos são novos. (Não foram editados ou reescritos).

No último capítulo vimos o pai de Dhuly passando vergonha. O quê o espera agora?

Espero que gostem. :3
Boa leitura!



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Naquela mesma tarde, depois de uma vergonha alheia, resolvi esquecer o constrangimento e seguir em frente. Já estava tarde e eu podia ouvir a barriguinha de Dhuly roncar.

Voltando para a sala, pedi que ela arrumasse sua cama e depois fosse até a cozinha. Enquanto isso, eu liguei a TV e fui preparar o almoço.

– Prontinho, papai! - Ela disse sorrindo, com Tutu no colo, depois de arrumar o quarto.

Sorri para ela e comecei a pensar em como minha filha era obediente e eficiente. O que eu queria era exatamente isso. Assim como Toly.

Me lembrei de quando Toly nasceu. Era uma neném linda. Minha esposa havia morrido no parto, o que me obrigou a ser um pai responsável. Eu não tinha tempo nem vontade de ser pai. A criei como um homem desconhecido. Sua mãe era humana, eu a transformei em demônio, o que a fez sobreviver até o nascimento de Toly, que nasceu Semi-Demônio. Não serviria para muita coisa. Eu precisava, no mínimo, de um demônio que eu pudesse controlar. Nada melhor que um filho.

Como não nasceu da forma eu queria, sabendo que se eu tivesse um filho com ela, ele seria totalmente demônio, esperei Toly crescer. Passei alguns anos a tratando como uma "namorada", para que se apaixonasse e fizesse o que eu mandasse. Ela nem mesmo soube o meu nome. Pouco depois de completar 13 anos, ela menstruou. Aí estava a minha oportunidade. Não dei a minima para o fato de ter engravidar minha própria filha.

Esse pensamento me causou um abalo emocional... Com Dhuly era diferente. Eu realmente a amava. Como filha! Jamais teria coragem de fazer algo parecido com ela. Eu era um monstro antes de tê-la comigo.

– E então papai? O quê teremos pro almoço? - Dhuly se enfiou entre meus braços tentando olhar o que havia dentro das panelas.

– Calma apressadinha! Já, já você vai comer!

Nunca me senti feliz daquele jeito. Nunca me senti amado por alguém daquele jeito. Nunca me importei com ninguém. Dhuly mudou minha vida.

– ...É isso mesmo, Fernando. Por enquanto temos o total de 27 mortos de baixo dos escombros, na avenida São Tomás, por causa de uma bomba desconhecida. As autoridades estão em busca de pistas de quem possa ter a colocado no local do acidente. No momento ainda não há imagens suspeitas nas câmeras da avenida. Voltaremos daqui a pouco com mais notícias...

Dhuly e eu fomos acompanhar o que havia acontecido. O jornal tinha acabado de avisar que em uma avenida que fica mais ou menos no centro da cidade, alguém tinha implantado uma bomba.

Dhuly arregalou os olhinhos e olhou para mim.

– Papai! Que violência é essa? Nunca passou esse tipo de coisa no jornal da cidade!

Balancei a cabeça afirmando, chocado com a situação. A cidade era tão calma que se podia sair de casa sem trancar as portas. Uma notícia daquelas chocaria e meteria medo em qualquer um.

– O quê leva uma pessoa a fazer isso com pessoas inocentes, papai?

– Eu... - Me lembrei de Toly e sua mãe. De como as usei e matei. - Eu não sei, filha... É pavoroso.

Ela concordou e desligou a televisão. Correndo, voltou para a cozinha e me chamou para terminar de fazer o almoço.

Chegando lá, como de costume, encontrei Dhuly alimentando Tutu. Dando um de seus queijos preferidos na boca. Enquanto acariciava seu ratinho com uma mão e segurava o queijo com a outra, ela sorria. Seus dentes pontiagudos estavam bem a mostra e pude ver um pequena gota preta descer sobre eles e pingar na mesa.

– Puxa! Queimou a mesa! - Ela disse quando percebeu que o líquido que usou para matar aqueles ratos outra vez, tinha feito um buraco na mesa que estava pronta para o almoço.

Fiquei observando Dhuly. A cada dia ela parecia mais maldosa. Era o que eu queria, embora estivesse ficando um pouco assustado.

– Não se preocupe. Isso vai acontecer bastante. Só tome cuidado para não se queimar com o próprio sangue.

– Sangue?! Isso é sangue?! - Ela pôs a língua para fora e tentou olhar uma gota que estava ali.

– Sangue preto. Um sangue que queima. - Respondi e sorri.

Fiquei rindo de Dhuly tentando olhar sua própria língua e terminei de preparar o almoço.

Depois da refeição, ela me ajudou a lavar a louça. Quando tudo estava limpo, voltamos para sala e eu liguei a TV.

– Ah, acabo de lembrar que trouxe uma coisa para você do mercado! - Olhei para Dhuly e voltei para buscar na cozinha.

A TV ainda estava ligada e pude algumas partes de mais notícias da explosão.

–...Acabaram de passar para gente as imagens de uma das câmeras. É só isso que vimos. Um vulto muito rápido que...- E a TV desligou.

Fiquei pensando naquilo. Eu não tinha passado por aquela avenida correndo. Dhuly devia mesmo estar dormindo, e nunca saiu de casa. Imaginei mil coisas, mas resolvi esquecer. Minha cabeça estava cheia demais depois do constrangimento que passei.

Voltei para a sala com um enorme bolo de chocolate nas mãos. O preferido de Dhuly. Ela pegou, pôs na mesa a sua frente, me agradeceu com um beijo no rosto e começou a comer.

Minha filha. Ela era adorável.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Até o próximo capítulo. :3



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