Lágrimas de sangue escrita por Gothica
Na manhã seguinte a campainha tocou. Dhuly não sabia que alguém nos visitaria, então saiu correndo igual uma louca para ver quem era.
– Pai, você chamou alguém para vir? - ela me perguntou com um sorriso enorme e os olhos brilhando.
Apenas sorri para ela e fui abrindo as portas. Abri a primeira porta e deixei Dhuly perguntar pelo interfone quem era.
– Oii! Quem é?
– Pequena Dhuly? Sou um amigão de seu pai! - Calore disse e começou a rir.
Abri todas as portas e ele entrou.
– Minha nossa! Mas você não mudou nada! - ele disse já me abraçando, sem perceber que Dhuly estava ali.
– Quanto tempo, hein velho!
– Muito tempo. O povo tá sentindo sua falta. qualquer dia tem que ir nos visitar!
–Com certeza!
Calore era um cara alto e forte. Ele costumava usar roupas claras como se fosse um médico e sempre optava pelas lentes azuis que combinavam com seu cabelo loiro.
Dhuly apareceu por trás de mim e ficou olhando Cal. Ele, que ainda não a tinha visto, ficou falando sobre como estava a vida dele.
De repente ele parou de falar. Olhou para Dhuly e sua expressão mudou imediatamente. Seu rosto ficou pálido. Seus olhos ficaram fixados em Dhuly. Ele pôs a mão no peito e se encostou na parede para não cair.
– O quê houve Cal? - eu perguntei o segurando para não desabar no chão.
– Essa é a pequena Dhuly?
– Eu mesma! - ela respondeu sorrindo.
Calore ficou pálido. Eu não sabia o quê estava acontecendo mas pude perceber que tinha a ver com Dhuly.
– Filha, pegue um copo d'água, por favor.
Enquanto ela foi, mesmo com a habilidade de rapidez, Calore disse uma única palavra bem baixinho.
– Cuidado!
Dhuly voltou com o copo na mão e estendeu para Cal, que não o pegou. Eu então fiz questão de pegar e entregar a ele.
– Obrigado. - ele enfim bebeu e relaxou.
Dhuly parecia não estar entendo nada. Eu também não estava. Pedi para ela ir brincar com Tutu porque nós iamos conversar.
Chegando ao quarto, tranquei a porta para que ela não entrasse. Calore sentou na cadeira e me olhou com os olhos arregalados e uma expressão de pavor.
– O quê houve lá? - eu finalmente perguntei.
– Não posso acreditar que aquela seja a pequena Dhuly.
Pensei a respeito. Imaginei que ele tivesse aquela reação ao vê-la por causa das roupas. Dhuly vestia uma saia curta vermelha e um top preto. Não era algo casual. Era bastante extravagante.
– Desculpe pelas roupas dela. Ela sempre usa esse tipo de roupa... E como não sabia que você viria...
– Não são as roupas. - ele me interrompeu.
Olhando bem fundo nos meus olhos ele disse:
– Cuidado.
Eu fiquei confuso.
Calore era um Demônio especial. Ele tinha uma habilidade extra, por isso, tinha uma vida de rico por fazer serviços e favores para outras pessoas. Sua habilidade permetia que ele reconhecesse muitas coisas que nós não conseguimos. Era confuso, mas fascinante.
– Dhuly é o problema. Dhuly é seu problema.
– O quê?
– Não me chamou porque precisava de ajuda urgente? - eu balancei a cabeça em afirmação e ele continuou. - Pois bem...
Ele pôs a mão em meu ombro, olhou nos meus olhos, ainda com expressão de medo e me disse sussurrando:
– Você terá que matá-la.
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