A caminho da escola, Toly viu pela primeira vez um atropelamento. Uma criança de 7 anos saiu correndo para o meio da rua, no momento em que passava um carro em alta velocidade. Depois disso podia se ver o sangue espalhado pela faixa de pedestres onde Toly passava naquela manhã. Pessoas gritavam e corriam ao ver a criança atropelava, provavelmente já sem vida. O pai do menino berrava dizendo que não sabia o motivo de seu filho sair correndo para o meio da rua, pois os dois estavam brincando tranquilamente de carrinhos em frente a uma lojinha de artesanatos.

Toly parou por um instante para observar a criança. Era um menininho normal. Moreno, sorridente e alegre, que brincava feliz com seu pai momentos antes do acidente.

As pessoas ao seu redor olhavam com os olhos arregalados para ela, que apenas fixava seu olhar ao menino.

A aparência de Toly não era de uma adolescente normal. Com apenas 13 anos, aparentando ter 16, tinha diversos piercings pelo corpo e um visual chamativo e assustador. Vestia-se sempre de preto com muitos acessórios e uma maquiagem pesada. Com lentes brancas nos olhos, batom preto, calça jeans rasgada, jaqueta masculina com alguns spikes, cuturno, unhas enormes com esmalte roxo com preto, cabelos escuros e lisos até a altura da cintura, lá estava ela, em frente ao menino atropelado.

O pai do menino tentando se acalmar sentando ao lado do corpo de seu filho, enquanto esperava uma ambulância chegar, olhou para cima e viu Toly bem próxima a eles. Ela desviou o olhar para o pai do garoto e sorriu, deixando a mostra os dentes que ela tratou de deixar bem afiados. Depois disso, abaixou a cabeça e voltou a andar a caminho da escola.

Enquanto caminhava todas as pessoas olhavam para Toly e geralmente saiam de perto. Sua aparência não era nem um pouco agradável e passava uma sensação muito ruim.

Chegando na escola, andando pelo corredor, as crianças também se afastavam dela. Todas elasfrr tinham medo de Toly e ninguém era seu amigo por lá. Nem mesmo os professores gostavam dela, como aluna ou como pessoa.

– Bom dia alunos. - Disse o professor ao entrar na sala.

Como não tinha amigos, Toly se mantinha isolada no fundo da sala de aula, sem ninguém por perto. Não atrapalhava as aulas, então os professores deixavam ela ficar onde queria, até por que as crianças preferiam vê-la longe deles.

Naquela manhã ensolarada que, para, Toly já começou com um atropelamento, haveria prova de História.

– Preparados para a prova?

A classe disse que sim, e logo depois o professor entregou as provas.

Toly permaneceu parada em sua carteira por mais ou menos 5 minutos, olhando para a prova de História sobre sua mesa. Passados 5 minutos, ela respirou fundo e pegou o lápis. Segundos depois ouvia-se gritos, choros, berros e correria dentro da sala de aula.

O ventilador da sala dela tinha acabado de cair sobre a cabeça do professor de História. Alguns alunos saíram correndo para chamar alguém, outros começaram a chorar, outros ficaram encolhidos em um canto observando a cena.

O professor estava caído no chão sobre uma enorme poça feita com seu sangue. O ferimento em sua cabeça estava bem visível e bem aberto. Ainda escorria pelo chão seu sangue quando o diretor entrou na sala.

– Meu Deus, o quê houve aqui?!

Todos os alunos desesperados tentaram explicar ao mesmo tempo o que tinha acontecido. Enquanto todos falavam, Toly se levantou, pegou suas coisas e foi até a frente da sala, onde estava o professor quase morto no chão. Ela ficou o observando por um longo tempo.

Toda a escola em poucos minutos ficou sabendo do acidente e várias pessoas entravam na sala para ver o professor ferido. Ao verem Toly parada com o olhar fixo ao corpo no chão, elas se afastavam um pouco. Um tempo depois o diretor dispensou todos os alunos da escola devido ao acidente com o professor. Toly desviou o olhar do acidentado para o diretor e sorriu novamente, mostrando seus dentes afiadíssimos.

Dando meia volta, ela virou-se e foi pra casa, ainda com um pequeno sorriso no rosto.