P.O.V Michelle

Desde pequena minha mãe foi ausente, na verdade eu nunca a vi como sou filha única do seu grande amor. Meu pai sempre me mimou e os meus outros meio irmãos mais novos tinham muito ciúmes. Minha madrasta era legal até bastante exigente, no requisito notas escolares o requisito que eu mais me destacava. Mas a dois anos, um homem vestido de terno bateu na minha porta falando que eu havia sido selecionada para estudar em um internato. Meu pai achou uma ótima ideia, já que isso ia ampliar meus conhecimentos e também iria me ajudar a entrar para Harvard. (É sonho do meu pai que também não deixa de ser o meu). Meu pai disse que pessoalmente eu pareço muito com minha mãe, que não é só na aparência, mas também na inteligência.

Então fui para o internato, primeiramente eu gosto de observar com quem eu posso fazer amizades. Passei quase um ano somente observando as pessoas, então um dia...

– Ei guria! Olha por onde anda! - Esbarrei em uma menina de olhos frios, pele pálida e gelada, cabelos pretos e roupas pretas.

– Me desculpe, a culpa é toda minha- eu sorrio e ela não retribui o sorisdo. Aff, que garota chata- Sou Michelle Cotrim,e você?- Ela virou a cara.

–Coraline Castelmarre... - e ela caminha sem dizer adeus, resolvi ir atrás dela.

– Ei, eu nunca te vi por aqui, você é novata?- Resolvi tentar uma amizade.

– Novata? Não mesmo, acho que gosto de ser imperceptível sabe... Evito que as pessoas fiquem esbarrando e falando comigo. Se é que me entende- ela me lança uma piscadela. "Já vi que ela é do tipo que gosta de provocar. Muito bem. Para se tornar amiga desse tipo de pessoa tem que aguentar firme." Pensei. E então simplesmente sorri.

Continuei a ficar ao lado dela, até ela se convencer que eu não era inimiga e sim aliada. Só então eu pedi transferência de quarto para o quarto dela,ela deixou. Fiquei contente. "Até que enfim uma amiga!" Pensei. Assim que cheguei no quarto,quase enfartei! Minha madrasta (muito organizadora) teria ido parar na UTI! Tinha tanta coisa espalhada, que mal se conseguia andar sem pisar em uma blusa, um casaco, um sapato ou algum caderno. Tratei logo de arrumar. Quarto arrumado. Perfeito. Bagunça. Argh. Odeio. A cara de surpresa da Cora foi a melhor. Tinha arrumado um quarto em ruínas pra um cômodo digno de uma princesa. E tudo isso em menos de uma hora. Tempo recorde.

Alguns messes se passaram, e eu esbarrei em uma menina (de novo) "Nota mental: olhar por onde anda e não se distrair jamais".

– Ai! Desculpa... - Disse, mesmo a culpa não sendo minha. O que? Alguém tinha que ser educada poxa... - Oi, me chamo Michelle Cotrim, e você?- Sorri, e me lembrei do dia em que conheci a Cora.

– Isadora Sandroni- ela sorriu de volta, meio tímida. "Que bom, essa pelo menos é sociável." Pensei.

–Hahaha! Que sobrenome é esse? "Sandroni"? Hahaha!... – Cora aparece rindo, Isadora olha de cima a baixo nela, e depois virou a cara com desdém. Impressão minha ou os olhos da Isadora faiscaram?

Passou-se algumas semanas, Isadora mudou para o nosso quarto. Agradeci por estar no mesmo quarto, caso contrário, ele com certeza já teria sido destruído, pois Isa e Cora vivem brigando. Parece que nasceram pra arrancar tufos de cabelos da outra. Vá entender.

Se passaram alguns anos, e eu já estava mais do que acostumada com Isa e Cora brigando. Como sempre, eu separava as duas e as obrigava a se desculparem, de algum modo ficamos mais próximas. Cora ficou com o seu humor deveras sarcástico e negro, já a Isa ficou mais calma relevando algumas atitudes provocativa de Cora.

Depois de um tempo soubemos da noticia que receberíamos uma nova colega de quarto. O nome dela é Isabella Stolf, ela era um pouco mais alta que eu, de olhos verdes e longos cabelos pretos. Ela parecia ser mais tranquila que a Isa e a Cora "Ufa, um furacão a menos" pensei. Ela até que é legal sabe? As vezes pode extrapolar nas brincadeiras, como naquela vez que ela escondeu os fones da Cora, ou quando ela caçoou a Isa chamando-a de “Dora a Aventureira”

–Perai, tu me chamou do que?

–Dora a Aventureira. Nunca viu esse desenho?

–Claro que já vi, Bella, meu irmão vivia assistindo! A menina é mó burra! Tipo: ela ta dentro do mar. Aí ela pergunta: "Amiguinhos, vocês estão vendo o mar?" "VOCÊ TA NELE" "Ainda não estou vendo..." Ou então ela diz: "Eu sei como se diz 'gato' em inglês,se diz 'dog'! Você pode dizer 'dog'?" - depois dessa, a Bella começou a rir que nem uma louca. Até a Cora deu risada!

E quando ela escreveu na contra capa do meu livro... Cara aquilo me deixou realmente revoltada. Enfim, ela também é meia... Não pera, to pegando leve de mais. Ela é M.U.I.T.O lerda, é horrível tentar ensinar para ela. Mas no fim, é sempre bom tem mais uma amiga no quarto. E assim formamos: o Quarteto "Fantástico". Ou não.

Um mês se passou muito rápido, as coisas ficaram bem chatas, sabe? Ficaram monótonas, sempre era mesmas coisas:

• Isa brigando com Cora;

• Noites em claro ensinando Aritmética a Bella;

• Os mesmos professores chatos;

• Mesmas faxineiras que me dava frio na barriga,e eram feias e pareciam um macaco deformado. (Acho que ofendi os macacos agora...).

Enfim,para uma garota observadora (euzinha aqui) isso estava muito chato, um tédio completo realmente. Um dia antes do "acontecimento" fui chamada à secretaria sabem por quê? Meu pai querendo falar comigo pelo telefone! É ele não liga para o meu telefone. Ele acha telefones uma perca de tempo assim como todo qualquer tipo de tecnologia. Vá entender. Então, toda vez que ele quer falar comigo ele liga para a secretaria. Sai correndo pelos corredores, passei o mais rápido possível pelas faxineiras e (eu posso jurar que eu ouvi elas rosnarem para mim) até a Bella, que é uma das pessoas mais sociáveis que eu já conheci,saia correndo de perto delas quando as viam.

Passei pela ala masculina (Sim, o internato e dividido em ala masculina e ala feminina), pela biblioteca, sala de informática, e finalmente cheguei à secretaria, ofegante. Afinal, corri quase o internato inteiro, e peguei o telefone.

– Alô, papai?

– Filha! É você?- Sua voz me fez perceber o quanto estava com saudades - Que saudades minha querida.

– Papai! Também estou morrendo de saudades sua! Então por que o senhor me ligou?

– Tenho uma ótima notícia pra te contar- Papai: sempre tentando se fazer de difícil...

– O que é?- Será que eu vou ganhar livros de Geometria? De Mitologia? De Historia?

– Nessas férias vamos viajar! – ele disse em um entusiasmo de você ouvir, você fica feliz só de saber que vai viajar, não importando o local.

– Sério? Para onde? Quando?

– Sim é verdade, para onde? Hm... Isso é um segredo. Quando? Quando você sair de férias.

– Ah! Papai diga para onde... Pelo menos uma dica, o senhor sabe que sou curiosa.

– Dica? Hm... Deixe-me ver... Digamos que... Vamos conhecer uma cultura nova. - Isso não foi uma dica exatamente legal - Bom filha vou desligar, sua madrasta mandou eu cuidar nos meninos, porém não faço a mínima de eles se enfiaram . Beijo minha princesa. O papai te ama.

– Manda um beijo para a Carmem, e eu também te amo muito. Desliguei o telefone, mas fiquei ali parada pensando na dica que ele acabou de me dar “Digamos que vamos conhecer uma cultura nova.” O que será que ele quis dizer com isso...?

– Já sei! - gritei e abri a porta da secretaria e saio correndo.

–EI! Menina! Veja por onde anda! - EBA! Esbarrei em alguém de novo! Terceira vez. E não, não foi de propósito. Quando os olhos dela se encontram com os meus, algo me dizia que ela era familiar.

– Ah! Desculpe-me a culpa foi toda minha- Sorrio como sempre,quando isso acontece. A menina era loira de olhos cinza, deu de ombros e disse:

– Da próxima vez,preste mais atenção por onde anda- A cara dela assumiu um tom mais sério. Ela usava uma camiseta com um pégaso na frente escrito “Camp Half-Blood”. Como eu sempre ando observando as pessoas e tenho uma ótima memoria, tenho certeza que ela não era daqui. E dos cafundós do meu cérebro, surgiram um monte de perguntas na minha cabeça:

• Quem é ela?
• Por que quando olhei a olhei senti algo familiar sendo que eu nunca a vi na vida?
• E o que era esse acampamento?

Era dia 27 de dezembro, e eu ainda estava com as perguntas sobre aquela menina na minha mente, porém era vésperas de férias e eu ia viajar. Não podia simplesmente me dar ao luxo de ficar pensando em uma menina desconhecida,especialmente quando ia pra uma viagem.

– Ei,alguém viu minha pasta de dente?- eu ouço a voz da Bella perguntando.

– Está ali- aponto para o criado mudo próximo o nosso beliche. Bella pega a pasta de dente e vai para o banheiro. Olho para a cama da Cora e ela ainda estava dormindo. Me olho no espelho e vejo que estou parecendo um pequeno leão. Bella sai do banheiro e eu entro correndo, tomo banho, visto minha camisa com uma linda coruja (eu amo corujas), tento prender meu cabelo, mas não deu muito certo, só então eu saio do banheiro.

– Não creio que ela ainda está dormindo- eu disse negando para mim mesma. "Isso vai causa briga de novo." Pensei.

– NÃO ACREDITO CORALINE!- Isadora disse,balançando ela para ela acordar. Eu tinha que intervir, não queria mais um dia chato.

– Isa, por favor, não faça isso, deixa ela para lá. Vamos receber as punições, será melhor. - disse com a maior voz de calma possível.

– Michelle será a terceira punição só esse mês, lembra-se do mês passado recebemos cinco, uma a cada semana! Por quê? Porque Coraline não cooperava conosco!- Ela retrucou. E realmente, mês passado foi o recorde da Cora. "Nossa parece que minha voz calma funcionou, Isa parou de sacudir a Cora e foi para o banheiro" Eu respiro fundo aliviada. Quando abro os olhos Isadora estava com um copo cheio de água. "Eu não acredito nisso, ela derramou a água na Coraline! Pronto vai ter morte no recinto..."

Cora levanta em um sobressalto, tossindo e passando a mão no rosto. Ela respira fundo e olha para Isadora com um olhar, que se fosse para mim eu teria feito xixi no chão, mas Isa já estava acostumada.

– MAS O QUE VOCÊ QUER ISADORA?!- Ela empurra Isadora no chão. Eu jurava que ela ia socar a cara da Isadora até ela cansar, mas ela foi ao banheiro. Meia hora depois estava com usa camisa do Avenged Sevenfold, maquiagem preta, calça preta, all star preto, tudo preto. Até seus olhos que costumava ser castanhos estavam pretos,e acredite, isso não significava boa coisa.

– E lá vamos nós de novo... - disse respirando fundo.

Então fomos ao refeitório. Nos sentamos, Isa estava de frente para Coraline. Sério parecia que as duas estavam se matando somente pelo olhar. Estavam todas tomando café da manhã quando olho para porta e vejo mais dois meninos com a mesma camisa que aquela menina com cabelos loiros estava ontem.

Saímos do refeitório, passamos pelas faxineiras correndo (menos Cora ela não correu, pelo contrário, ela deu o dedo do meio para elas,ai sim depois ela correu para nos alcançar), entramos na sala. Cora sentou na ultima cadeira, Bella sentou ao lado dela, eu sentei na frente ao lado da Isa.

Acabada a aula, estava guardando minhas coisas quando olho para porta e vejo a menina que eu vi ontem e ela estava me olhando, dei um xauzinho para ela, ela deu um meio sorriso e saiu do vidro da porta.

"Cara que estanho,algo realmente bizarro está acontecendo" Então fui para o quarto, Cora estava escutando suas musicas e abriu o olho quando percebeu que eu tinha passado direto por ela,sentei na cama e Bella saiu do banheiro.

– Você não sente Chelle há algo de ruim no ar...?- Ela me olhou como se dissesse “Eu sei que você está sentido isso. Você não me engana”. Afirmei com a cabeça,e no mesmo instante,a porta é arrombada em um estrondo enorme.

–O QUE FOI ISSO?! – disse limpando as roupas.

– EU NÃO VOU DEIXAR MEUS LANCHES ESCAPAREM ASSIM! SABE COMO É RARO ACHAR SEMIDEUSES COMO VOCÊS?–Grita uma das faxineiras.

"Semideuses? Ela ou ele (sei lá o que é isso) disse semideuses? Pera já li um termo como esse em algum livro, são filho de deuses com mortais, mas isso só existe na mitologia grega! É logicamente impossível isso acontecer, entretanto não é normal que sua faxineira arrombe sua porta gritando isso que nem uma louca varrida que acabou de fugir do hospício. Preciso pensar me uma explicação lógica e racional pra isso..." Mas meu pensamento foi interrompido

– ISADORA! Onde está ela?- Tinha me esquecido da Isa! Droga! Onde ela pode estar?! Como fui esquecer dela?

Coraline deu um chute no traseiro da faxineira, e saiu correndo pelos corredores. Obviamente a faxineira vai atrás dela, Cora corre ate o ginásio, e fica contra a parede. Ela se agacha e começa a chorar, pensei em ajudá-la, mas da sombra atrás da faxineira,surgiu um menino de cabelos pretos de jaqueta e corta a faxineira que se desfaz em cinzas. Cora ainda estava agachada com as mãos na cabeça, ela estava chorando, com as mãos na cabeça falando “Pare! Pare! É só um sonho Cora, um sonho!”. Tudo isso,ver a Cora chorar, não saber onde a Isa, está pessoas surgindo das sombras do nada, era muito assustador para mim. Eu e Bella corremos ao encontro de Cora, e outra faxineira do nada foi arremessada para o outro lado do ginásio, mas se eu não tivesse um reflexo bom teria sido atingida. Eu olho para ver de onde a faxineira tinha sido atirada e Isadora estava do outro lado com os olhos fechados e as mãos estendidas com uma cara tipo "Que diabos eu fiz?" , me senti aliviada ao ver Isadora bem. Ela estava com dois meninos que eu já tinha visto por aqui, então continuei a correr ao encontro de Cora. Ela ainda estava em choque.

– Cora, Cora, sou eu Chelle, calma vai fica tudo bem- ela parou de gritar e olhou para mim com a maquiagem borrada. Eu sorrio de leve,mas ela não sorri de volta. Ela se levanta subitamente e começa a andar enxugando as lágrimas e limpando a maquiagem, pelo menos ela voltou ao normal.

– Terminamos. Agora vocês acreditam em nós?- Disse a menina loira que tinha encontrado nos últimos dias.

– Vocês não são comuns... – disse um menino todo sujo de graxa.

– O sangue que rola nas suas veias é... - disse o menino, que parecia a Cora na versão masculina.

– Sangue de um deus. - disse Isabella.