Um conto de natal escrita por Takeru Takaishi


Capítulo 1
Capítulo 1 - Oneshot


Notas iniciais do capítulo

MEEEEEEEEEEEEEEEEU DEUS O BRASIL PERDEU. Poxa.Falei pra Dilma fazer um pacto. Af .-.



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[24 de dezembro de 2010]

A incerteza remexia a mente de Takeru.

Mais um ano estava finalizando e o garoto que há anos lutara com digimons perigosos e enfrentara situações difíceis havia amadurecido, se tornado mais alto e agora com 19 anos de idade por várias vezes remexia nas suas lembranças.

De tudo que se passou, o loiro havia aprendido o valor de uma amizade. No quanto cada digiescolhido significava para ele e a importância de cada experiência vivida.

E prometeu a si mesmo que um dia escreveria um livro contando todas elas, ou pelo menos boa parte. Não para o engrandecimento dele, mas para que a história que ele carrega chegasse as mais diversas pessoas.

O sonho de ser escritor despertou quando ele menos esperava. E mesmo que ele não fosse famoso pelos seus livros ou que não houvesse um bom retorno financeiro, Takeru tinha a plena certeza de que estaria fazendo que realmente gostava.

Escrever. Era como uma tentativa de fugir do mundo lá fora. Esquecer os problemas, as pessoas, as incertezas...

Foi aí que ele parou a sua linha de pensamento por um instante e voltou a encarar de fato o mundo que o rodeava.

A neve caía lá fora sem cessar de modo tão solene que o jovem não percebera que as horas haviam passado tão rapidamente. O vento soprava uma brisa suave e fria, típica de uma noite de inverno.

Sob o aconchego de suas casas, algumas famílias se amontoavam na sala de jantar. Outras estavam enroladas no edredom. E por fim, uma que terminava os preparativos para a ceia de natal à meia noite. Sorriu ao ver o vizinho ajudando seu filho de cinco anos a colocar os enfeites na árvore.

Voltou-se para o seu apartamento, e pelas portas de vidro que separavam a sacada da sala de estar, vislumbrou seu pai, sua mãe e seu irmão ajeitando a mesa, com belo peru que se encontrava no centro, algumas taças e garrafas de vinho esperando para serem abertas e outras comidas.

Todos reunidos de novo. Melhor dizendo, não reunidos “daquele jeito” como uma família novamente. Mas seus pais eram grandes amigos. E isso era o que importava agora.

A amizade.

Takeru voltou a sua atenção para os vizinhos, e os observava cautelosamente na espera dos amigos que viriam para comemorar a ceia em sua casa, como todos os anos. Porém, em locais diferentes. E nesse ano, o natal seria comemorado na casa de TK.

Estivera tão imerso em pensamentos que nem havia se dado conta que Hikari havia chegado com sua família, e que agora estava ao seu lado.

A morena que agora cursava pedagogia na faculdade, tinha deixado o cabelo crescer, de modo que caíam um pouco mais abaixo dos ombros. A garota havia deixado a personalidade frágil e se tornara uma mulher de grandes responsabilidades.

Os dois já não se viam por um bom tempo, o que não era de costume, pois estavam sempre juntos ou organizando algum tempo para saírem com os amigos.

– Olá – Hikari se manifestou indo de encontro ao seu amigo, dando-lhe um forte abraço. – Será que você ainda se lembra de mim? – Continuou ela, não contendo o riso.

– Oi! – Retribuindo o abraço, o rapaz de olhos da cor do céu a beijou na testa, como sempre fazia. Gestos assim eram comuns entre os dois.

Por muito tempo havia mantido a promessa a Taichi que iria cuidar de Hikari pelo tempo que fosse necessário. E mesmo depois de tantos anos, não se esquecera dela.

A brisa gelada tocou a face dos dois, e por um momento Takeru percebeu que a neve caía de forma mais fraca.

– Hmm, olhe... Alguns ainda vão demorar a chegar. Não quer ir dar uma volta pelo quarteirão?

***

– No que estava pensando na varanda de sua casa? – Perguntou, enquanto aconchegava as mãos no bolso do casaco.

Os dois pararam em frente a uma praça, que ficava ao lado do prédio onde Takeru morava.

Casas, muros, árvores, o beiral das janelas... Todas cobertas por uma camada de neve misturada aos enfeites e o brilho das lâmpadas e pisca-piscas coloridos, davam ao local um clima mágico do inverno japonês.

– Bem... Coisas aleatórias. Família e amigos. E de como a minha infância faz falta. O tempo parece que não deu trégua para a gente.

À luz do poste, o olhar fixo de Hikari se tornava ainda mais intenso, de modo que seus olhos castanho-avermelhados ficavam ainda mais brilhosos.

– Passou tão rápido, não é? Ontem estávamos lutando contra digimaus... E hoje, cada está seguindo seu caminho. Você como futuro escritor. E eu como uma professora. – Ela abaixou um pouco formando um projeto fracassado de bola com a neve. – Mas, hmm, olhe... Nunca é tarde para ser criança.

E antes mesmo que TK se desse conta, a bola já estava vindo em sua direção, sem tempo para desviar. O rapaz olhou para o lugar onde sua amiga o havia acertado. Como vingança, também se abaixou fazendo o mesmo e saiu correndo atrás de sua amiga, arremessando bolas de neve sempre que achava oportunidade.

Ficaram assim, guerreando grande parte do tempo até que se cansaram e deitaram na camada branca que cobria o chão e ficaram observando o céu, que apesar de estar coberto de nuvens, ainda dava para ver o brilho do luar e de algumas estrelas.

Takeru gostava da morena. Gostava de quando tinham momentos assim... De descontração e espontaneidade. Parecia que a infância retornava, e todo aquele peso de faculdade, trabalhos e responsabilidades iam embora.

A jovem aninhou-se mais próxima do garoto de olhos azuis, tão perto que agora ela podia sentir a respiração dele tocar o seu rosto.

Permaneceram fora por tanto tempo que já eram quase meia noite. A hora que iriam começar a ceia de natal no apartamento dos Takaishi.

E as horas com a jovem que prometera proteção eram assim... Difíceis de explicar. Os dois viajavam, reviviam momentos, riam e debochavam um da cara do outro.

Nos segundos seguintes, a futura professora virou seu rosto na direção de seu melhor amigo e vislumbrou algo mais que uma pura amizade. Era como se tudo que ela quisesse fazer, ele tinha que estar lá ao seu lado, fazendo as piadinhas de sempre.

Por vezes acordava com o barulho das mensagens dele no celular: “Acorda bicho preguiça, já são três horas da manhã. Já preparei o almoço aqui em casa e você está na cama ainda?” ou “Queria dar bom dia pra garota mais linda que eu conheço... Sabe o número da Catherine?”.

Sempre fora assim. Ele a surpreendia de todas as formas.

– Que vontade de tomar um banho de cachoeira agora, hein? – sussurrou TK abrindo um sorriso de canto.

– Quer apanhar?

– Pensa que eu tenho medo de você? – Disse ele puxando-a pra mais perto de si.

– Aa, me deixa levantar pra você ver uma coisa... – Arqueou ela se apoiando nos cotovelos. Porém, num momento de rapidez, Takeru a puxa de novo fazendo com que ela deitasse de novo ao seu lado.

– Só tenho medo de uma coisa, Hikari.

E quando menos fosse esperado, o loiro apertou os lábios contra os da garota que amava, selando um sentimento que sentiu ao perceber que ela era o amor da sua vida.

Quando o beijo foi quebrado, Takeru continuou sua fala:

– Ficar sem você!

Estava mais do que claro que a incerteza que o perseguia era sobre Hikari. Ele tinha tanto medo de dizer o que sentia que, por vezes, a varanda somada ao silêncio do mundo era o melhor refúgio.

O casal estava prestes a se entregar a um beijo mais longe e inspirador, quando foram interrompidos pelo estrondoso toque de celular de TK.

Fazendo careta em reprovação ele atende a ligação. “Quem poderia atrapalhar um momento como aquele?”. Ele fica ainda mais bravo por saber que era Yamato.

– Cadê você, moleque?

– Oi pra você também, irmão. Estou aqui na praça...

– A ceia já vai começar. Não vai vir?

– Daqui a pouco eu vou.

– Todo mundo está esperando por vocês... É melhor vir logo, ou vou ser obrigado a chamar o Taichi para ver um casal se pegando aqui na frente do nosso prédio. Estranho, eles se parecem com vocês. – ele fala com ironia na voz.

O loiro se vira e avista duas figuras conhecidas na sacada do apartamento em que morava. Sora e seu irmão mais velho acenando pra eles.

– Já estamos indo! – responde ele na mesma hora.

***

O restante da noite foi marcado por muita comida, lembranças de momentos que marcaram a vida dos digiescolhidos e muita risada.

E naquele momento nada mais importava, senão a amizade e a união.

[00:00 hrs. – 25 de dezembro de 2010]

Mais um ciclo estava terminando na vida daqueles jovens. Muitos abraços foram distribuídos entre eles.

E partir daquele instante começava um tempo de renovação. Novos sonhos. Novas histórias. Novos desafios.

O futuro escritor se aproximou de Hikari, e por um momento de ternura, ele entrelaça seus dedos nos dela e sussurra em seu ouvido um “Feliz natal, meu amor”.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler. Qualquer erro me avisem... o idiota aqui não gosta de ler o que escreve, então não revisa boa parte do que está digitando. Mas por favor, não fiz de qualquer jeito!