Posso Ser Sua Estrela? escrita por Luana Rosette


Capítulo 11
Uma vida por você.




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Se o endereço que Sirius me deu estiver correto então aqui é o local.

A casa é consideravelmente grande, em um dos bairros mais luxuosos de Londres. Também é, coincidentemente ou não, o meu bairro. A residência em questão ficava a apenas algumas ruas da minha casa.

Coincidência... sei... vindo do MEU Harry? Até parece...

Seus muros eram altos e de uma pintura bem feita, se não fosse a altura exagerada e os fios de alta voltagem em seu topo, poderia dizer que o lugar era acolhedor.

Então aquele era o orfanato.

Ou ao menos era de onde Sirius me disse ter saído Harry.

Que para minha surpresa se chamava mesmo Harry.

Harry Potter

Não me admira agora a expressão que fez quando eu o chamei assim pela primeira vez, o muito canalha não deveria esperar que em um chute de sorte eu acertasse o seu verdadeiro nome.

Canalha.

Mas ainda assim, o meu canalha.

Não sei bem o que sentir quanto a Harry, tudo o que aconteceu foi muito rápido, a única coisa que sei é que o quero junto de mim AGORA!!

Olho mais uma vez com desgosto para os muros do orfanato.

Segundo Sirius aquele não é um lugar de boa fama. Se ainda se mantêm aberto, mesmo depois de tantas denuncias de maus-tratos aos internos, e por que o responsável pelo local sempre soube “negociar” com as pessoas certas.

Apesar de morar lá, Harry não era um dos protegidos do local, mas o sobrinho dos donos da instituição. Seus pais morreram em um acidente de carro e logo após o garoto de um ano e alguns meses foi morar com seus novos tutores e o filho deles. Isso foi o máximo que Black conseguiu descobrir. Nada de histórico escolar, contas de celular, ou matriculas em clubes e cursos. Era como se o rapaz não tivesse qualquer prova de sua existência no mundo exterior.

Ou segundo ele “Como se o escondessem do mundo exterior”.

- Com exceção desse sentimento de angustia que deixou para trás em meu peito – murmuro.

Cruzes...

Foi só impressão minha ou isso realmente soou piegas?

O melhor que faço é entrar logo de uma vez antes que comece entalhar coraçõeszinhos nas cascas das arvores.

Se bem que para entrar já era outro problema.

Sirius disse que só entravam pessoas de fora com entrevista marcada previamente.

E foi nessa parte da conversa que Lucius se meteu.

Com um sorriso maníaco ele tirou de dentro de seu casaco um pequeno maço repleto de cartões diferentes, e após folheá-los com cuidado saca um em especial e me entregou dizendo:

“Apenas mostre isso” seu sorriso aumentou nesse ponto “E garanto que eles te deixaram passar”

Não tive coragem de olhar o que era na hora, e mesmo agora não tenho o valor de conferir. Mas não duvidei nem por um segundo em usar esse trunfo que me foi dado por Lucius.

A família Malfoy tem o dom de “abrir as portas que forem necessárias das formas que forem necessárias”.

Dito isso a pessoa que ouvisse poderia interpretar como quisesse.

E no fim não me arrependi de usar o cartão.

Mal o estiro para um dos rabugentos seguranças e este empalidece na hora, balbucia alguma coisa, me abre o portão, e devolve o pequeno papel de grande “poder destrutivo”. Não pensei duas vezes em guardá-lo novamente, nunca se sabe quando se vai precisar das “influencias Malfoy”.

Depois de passar pelos portões me vi de frente com um grande jardim. A grama era bem aparada de um verde tão claro e saudável que me fez pensar em quantas horas o jardineiro do local gastava cuidando dela. E quando vi as belas e multicoloridas flores não tive duvidas.

Ele deveria gastar horas e horas.

Estava por subir os degraus de entrada quando percebo duas figuras ruivas se aproximarem de mim. Eles estavam vestindo macacões idênticos, sem falar das botas e luvas que calçavam.

Todo esse “modelito” estava tão coberto de terra que não pude evitar torcer o nariz de desgosto.

Quando estavam próximos o suficiente também percebi que não só suas roupas eram idênticas, mas seus rostos também eram iguais.

Eles pararam bem ao meu lado, e por um longo e incomodo momento ficaram me olhando de cima a baixo com expressões calculadoras, e quando se detêm especialmente em meu rosto, as duas faces desenvolveram largos sorrisos idênticos que me fizeram lembrar fielmente o sorriso do gato de “Alice no país das maravilhas”.

E acredite, isso não me deixou nem um pouco mais cômodo.

- Acha que sim? – um dos gêmios perguntou ao outro, mas sem tirar os olhos de mim, o que em minha opinião era estranho.

- Sim, acho que sim – responde o outro garoto também sem tirar os olhos de mim.

Aparentemente não só a aparência, mas o retraso mental também era algo que esses dois tinham em comum.

Já que não falaram mais nada depois daquilo, apenas voltaram a me analisar, eu me virei para a porta e avancei uns poucos passos sem mais, e nisso um dos dois às minhas costa volta a falar.

- Aaaah irmão, eu não pensava que Severus fosse tão frio.

- Tem razão mano, a imagem que eu tinha era mais calorosa.

- Acolhedora

- Tão diferente tsc tsc – os dois concluíram em uma visível voz de falsa decepção.

Péra aí, eles também sabem meu nome? Não só Harry, mas esses pirralhos também sabem meu nome? Por acaso eu comecei a usar algum crachá ou coisa do tipo e só eu não percebi??

Viro-me para eles e antes que dissesse alguma coisa eles tomaram a frente.

- Você veio ver o Harry não é?

Era meio intimidante, o que ao compara nossas idades era patético, mas tenho que admitir, falar com aquelas duas expressões identicamente sérias que sabem meu nome sem eu dizer previamente – sem falar dos meus objetivos por aqui – era algo que não podia se definir alem de intimidante.

- E vocês? – pergunto desconfiado – quem são?

Os gêmios se encaram, e quando fazem isso, vejo que um deles não tem uma das orelhas, o que me fez estremecer. Quando eles voltaram a me encarar suas expressões eram mais suaves, e enquanto o que não tinha uma das orelhas passava por mim e abria a porta, o outro tirar as luvas as prendendo no cinto e pega minha mão dizendo:

- Entre, não temos muito tempo.

Assim que entramos, o rapaz que abriu a porta fechou assim que passamos, enquanto seu irmão continuava a me puxar casa adentro.

- Harry esta aqui? – consigo perguntar apesar do desconcerto.

- Não – respondeu o gêmio que acompanhava um pouco atrás, e que se bota ao meu lado – mas se conheço Harry ele não deve ter te explicado algumas coisas importantes. A propósito, meu nome e Jorge – se apresenta o mono-orelha.

- Fred – apenas diz o outro que não deixa de me puxar.

A casa era consideravelmente grande, e pelo que pude ver do lado de fora tinha três andares fora um sótão.

Quando chegávamos perto de um lance de escadas pude ver espiando no canto do corredor um garoto ao qual facilmente poderia confundir com um leitão andando em duas pernas, se não fosse à ausência do rabo. O garoto olhou para nos três de forma maldosa e correu para algum lugar sem dizer nada.

Meus dois guias pareceram ficar tensos com a estranha ocorrência. Mas a única reação que tiveram foi a voz temerosa de Fred repetindo o que disse antes de entrarmos na casa:

– Temos pouco tempo.

Começava a associar esse gêmio que me puxava com outro personagem de “Alice no pais das maravilhas”, o coelho branco, aparentemente esse rapaz só sabia dizer que não tinha tempo.

Espera... Fred? Jorge? Esses não são os mesmos nomes que Harry disse pertencer às estrelas de sua constelação?

Apenas para conferir minha tese eu arrisquei uma pergunta.

- Vocês por acaso não conhecem um Rony? Ou sim?

Mal disse essas palavras e Fred pára com tudo me fazendo esbarrar nas costas dele, parece tomar um pouco de ar e apertando mais forte minha mão volta a andar.

- Rony era nosso irmão. – responde a voz séria de Jorge ao meu lado.

“Era”? Por que será que eu não gostei do tom em que ele falou isso?

Depois de subir dois lances de escada Fred para no meio do corredor e puxa com um pedaço de ferro um alçapão no teto, desce uma escada, e com um aceno de cabeça me manda subi-la.

Só posso estar ficando doido.

Chegando ao que só podia ser o sótão, não precisei olhar muito para ficar impactado. Lá havia o que supus ser um quarto, isso apenas por que tinha uma cama desfeita e um armário que dava a impressão que se espirrasse muito forte perto dele desmoronaria.

Mas o que me deixou mesmo impressionado eram nos papeis e mais papeis colados nas paredes com varias e varias constelações, eram lindas. Algumas eram apenas esquemas traçados, outras eram pinturas a tinta óleo, e outras eram sistemas solares inteiros feitos com papeis coloridos picotados. Perto da janela havia uma luneta mas diferente do esperado apontava para baixo.

Alem das constelações, havia coisas escritas também, me aproximo esperando que sejam apontamentos sobre estrelas, qual foi minha surpresa ao ver que era sobre... MIM.

Papeis e papeis com coisas sobre mim, as letras pareciam mudar de um papel para outro, me fazendo pensar quantas pessoas escreveram isso. Parecendo ler meus pensamentos um dos irmãos que apenas me observavam disse.

- Ele fez tudo sozinho.

- O que exatamente significa isso? – minha voz não podia esconder a incomodidade.

- Olhe na luneta – disse Fred.

E assim fiz, e quando pus meu olho o que vi me deixou pálido. Era a entrada da minha casa.

- Mas... o que...

- Faz pelo menos dez anos que essa luneta está nessa posição – Jorge se senta na cama, que agora sei que pertence a Harry – todos esses desenhos o Harry copiou de livros e revistas que conseguia colocar as mãos – seus olhos ganham um ar sonhador – desde pequeno ele foi fascinado com as estrelas.

- O que exatamente está acontecendo aqui? – fiz mão de toda minha paciência para não ter um ataque, mais que justificado, devo dizer, é da minha privacidade de que estamos falando aqui. – como vocês parecem me conhecer?

- Não é obvio? Por que Harry nos falou de você – Fred se senta ao lado do irmão e eu aproveito e me sento também ao lado deles, essa conversa parece ser longa – quando se é órfão, as coisas já não são muito boas, mas morando em um lugar como esse... tudo tende a piorar. Aqui é um inferno, o dono e sua esposa nos tratam como animais e se reclamarmos – estremece – nós e nosso irmão Rony chegamos depois que Harry se mudou para cá. Na época ele devia ter os seus três anos. E como ele tinha a mesma idade que Rony nós meio que o adotamos, diferente dos outros internos que o ignoravam ao mando do Sr. Dursley.

- A propósito, nós temos dois anos a mais que Harry – Jorge diz sorrindo – nos dois anos seguintes, apesar de ser parente dos donos, Harry sofria o mesmo que a gente. E às vezes até pior, desde que conseguiu força o suficiente para segurar uma frigideira ele foi obrigado a fazer grande parte das refeições e alguns serviços domésticos. – o garoto bufa exasperado. – acho que ele não conseguiria se eu e meus irmãos não o ajudássemos as escondidas. Não podia ir alem do jardim do orfanato, nem ao menos para a escola, o pouco que sabe aprendeu conosco. Mas um dia, Harry começou a ser mais sorridente que o normal, e agia de maneira mais extrovertida. Curiosos, claro, depois de semanas com essa atitude suspeita fomos perguntar o porquê.

- E ele disse que tinha arranjado um papai. – Fred complementa com um sorriso saudoso.

Os dois caíram na gargalhada e eu fiquei com a maior cara de interrogação.

- Ele disse que um dia quando foi colocar sua luneta na janela – Fred tomou a narração – ah sim, essa luneta é o único bem que Harry tem alem das roupas do corpo, era uma das poucas coisas de seus pais que conseguiu manter com ele, por isso gosta tanto de estrelas, apesar de só poder começar a dar usa a ela depois de alguns anos de adquiri-la.

- Não saia do assunto – Jorge o ralhou e assumiu novamente a historia – quando ele levou a luneta para a janela pela primeira vez, olhou por curiosidade para onde estaria apontando, e foi quando te viu. Acho que na época ele associou o ninho de passarinho que tinha na cabeça com os seus cabelos pretos e meio que o adotou como pai. Dia após dia ele ficou te vendo pela luneta durante aquelas semanas, e quando nos disse que tinha um pai, não tínhamos coração para desmenti-lo. Até por que aquilo virou nosso melhor passatempo.

- Harry aprendia seus hábitos, seus horários e gostos, e a noite quando íamos dormir ele se esgueirava ao nosso quarto para narrar estórias que inventava sobre a vida dele com o “papai Severus” era tudo fantasia, nos sabíamos, mas a maneira com que ele narrava envolvia qualquer um.

Nessa parte eu mais que nunca acreditei, eu mesmo me vi preso a suas palavras naquela noite que observávamos estrelas. E saber que ele tinha esse dom aos plenos cinco anos, me fez sorrir com certo orgulho.

- Chegou o ponto em que não conseguíamos mais dormir sem uma das historias do “papai Severus”. Por você ele se fez um “prodígio”, e com muito esforço aprendeu leitura labial. Ele via os livros que você lia e nos pedia para conseguir idênticos, sem falar de comidas, cds... E acredite, quando Harry pede algo, é impossível negar, sempre dávamos um jeito de conseguir uma coisa ou outra. Mas os anos passaram e a mania de te espionar pela luneta não mudou, ele acompanhou parte da sua vida Severus dentro desse sótão. E a medida que ganhava idade “papai Severus” virou apenas “Severus” e o carinho em suas palavras eram mais doces do que antes. Mas ele ainda era muito novo para notar, acho que ele devia ter doze anos quando nos contou a ultima história.

- É ... ele tinha doze – o semblante de Fred se ensombreceu.

- O que aconteceu para ele parar de contar as histórias? – pergunto temeroso – O tio descobriu que ele ia os ver a noite.

- Não. – o rapaz diz relutante – mas... é que...

- Foi por que ele foi trancado aqui em cima. – Jorge responde o que o outro não tinha coragem de dizer – por três anos Harry não saiu daqui. Tudo por que tentou fugir do orfanato.

- Fugir? – perguntei desta vez com medo que tenha sido por minha causa – por quê?

- Por que era preciso. Rony estava doente e os Dursleys – Jorge cospe o nome com nojo – não queriam pagar um médico para atendê-lo. E dia após dia tínhamos que ver nosso irmão definhar na cama. Até que não agüentamos mais e resolvemos tentar escapar daqui e levar Rony a qualquer lugar que o atendesse. Na noite em que íamos fugir, Harry descobre o plano e se junta a nós, disse que poderia conseguir as chaves do portão da frente, e assim facilitar as coisas. No meio da fuga, quando os portões já estavam abertos, os seguranças dos Dursleys apareceram correndo em nossa direção. O filho do casal tinha nos visto fugir e avisou os pais. Como Rony não podia correr no estado em que estava, entregamos ele a Harry, que nesse plano só deveria abrir os portões para nós, e pedimos que ele fugisse com Rony enquanto segurávamos os guardas.

“Harry não duvidou em ir alem do que havia oferecido no princípio, Rony era seu melhor amigo no final das contas. E eles fugiram. Só não contavam que fosse chover, e com as ruas desertas não havia ninguém a quem pedir ajuda. Se al menos tivessem cruzado com um policial... alguém... – a voz de Jorge morre n esse ponto por alguns segundo – Rony estava tão fraco que precisou de algumas quadras para Harry perceber que o que carregava era apenas um cadáver. Quando ele voltou chorando para o orfanato, escoltado por um dos vigias do orfanato que o alcançou, a cena que vimos era pavorosa: o rosto de Harry estava vermelho de tanto chorar, seu corpo tremia de frio e dos soluços que soltava. E sua mão se recusava a largar – por mais que o vigia havia tentado dissuadi-lo a faze-lo - o corpo frio de nosso... irmão.”

- Essa orelha – Jorge disse segurando no local em que a orelha foi arrancada – foi arrancada por acidente. Os Dursleys estavam nos interrogando sobre aonde os dois tinham ido, e não acreditavam que tudo o que queríamos era levar Rony a um hospital, aqueles desgraçados só pensavam no dinheiro da herança que os pais de Harry deixaram para ele. E isso – apertou mais forte a mão sobre o ferimento antigo – foi o que aconteceu.

- Quando Harry voltou espancaram ele até dizer chega e o trancaram no sótão que era o quarto dele e de lá só saia para ir ao banheiro, e em um horário em que as outras crianças não estavam no corredor.

- Para animá-lo, nós começamos a cuidar do jardim – Fred diz com um sorriso de nostalgia – ele, antes de ser preso aqui, cuidava das flores pessoalmente, dizia que a casa antes de ser orfanato era a casa onde ele e os pais moravam e aquelas flores foram plantadas pela própria mãe dele, tudo isso ele leu em um diário que achou no sótão, junto a luneta.

- No fim virou um Hobby nosso – Jorge deu entre ombros sorrindo – mas na época era uma das pouca coisas que fazia a gente ver um sorriso no rosto de Harry quando se debruçava na janela.

- Isso e ficar te espionando na luneta – sorriu também Fred, mas esse com malicia.

Não sabia o que falar, de tudo o que eu podia imaginar da vida de Harry, essa loucura era a ultima que me passaria pela cabeça.

Levanto-me da cama e volto a vagar perto dos papeis grudados nas paredes.

Por isso as letras pareciam diferentes, Harry cresceu acompanhando um pequeno pedaço da minha vida.

Havia diálogos meus, completos e incompletos. Em vários daqueles papeis vi o nome dos meus poucos conhecidos lá também. E de alguns... bem... amantes...

Pude ver que não foram apenas mentiras o que ele disse na nossa época juntos, tirando a historia de ser uma estrela, ele soube distorcer a verdade que me contava.

Ele realmente aprendeu tudo o que conhecia do mundo daqui de “cima”.

Ele realmente viu tudo sobre mim daqui de “cima”.

E agora concordo com Sirius, ele não sabe a extensão da verdade em suas palavras, mas eu sei e digo, preferiria mil vezes que Harry fosse uma estrela, ao invés de descobrir que este sótão velho é o seu “céu”.

Sorri ao ver seus comentários escritos próximo às coisas que conhecia de meu dia a dia. De suas teorias de como em dado momento conseguiria me fazer sorrir se estivesse lá. Quantas vezes me viu sorrir em um dia... Esses, para minha surpresa, eram realmente poucos.

Algumas anotações falavam de meus amigos, seus nomes, pontos positivos, negativos ou simplesmente engraçados.

Fazia as contas do que eu comprava e teorizava como eu podia economizar em alguns produtos, ou o que poderia ser mais saudável para mim.

Sem falar dos desenhos, dava para ver a evolução entre os rabiscos desproporcionais de sua tenra idade até as obras de hoje em dia, e digo, esse rapaz tem realmente um grande problema na vista se me vê assim, eu nunca tinha me visto tão... bonito... E EU NÃO ESTOU CORANDO, droga... Quem coraria por ver um estúpido pedaço de papel?

Uma vida...

Mais da metade de uma vida dedicada a mim.

Tudo o que ele aprendeu foi focado em... opa!!

Lembro-me agora da noite em que nós fizemos... AI MEU DEUS!!

Agora sim eu admito que corei, e muito!!

Olho temeroso pela luneta e com certo alívio percebo que a janela de meu quarto não entrava no ângulo da luneta. Aquilo realmente me aliviou, mas manteve a duvida. Se ele nunca saiu do orfanato, como sabia... bem... tudo aquilo.

Com certo frio na espinha me lembrei de como os gêmios disseram que ele havia aprendido tudo o que sabe com eles e... Sem querer ser malicioso, ou parecer... hn...

OK!! ESTOU MORRENDO DE CIÚMES!! MAS SE POR ACASO EU DESCUBRO QUE UMA ÚNICA SARDA DAQUELAS TOCOU A PELE LISA E PURA DO MEU HARRY, EU...

Cof cof... hum... Acho que o momento não pede questões como essas, o melhor será perguntar algo mais construtivo, depois eu me acerto com esse par de jarros.

Viro-me para os gêmios, contendo meu ultimo ataque de ciúmes e pergunto:

- Mas por que ele esperou três anos para fugir de novo? Quero dizer, o fato de ele ter batido na minha casa alguns meses atrás foi por que ele fugiu, não foi?

Os dois irmãos se encaram novamente com a mesma expressão séria que fizeram no quintal.

- Bem... – começou a dizer Fred, mas foi interrompido quando o alçapão é aberto com violência.

- O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO AQUI??

Esbravejou um homem... ou seria uma morsa? Seriamente eu tinha as minhas duvidas.

O homem gordo subiu desajeitado o resto das escadas e se pôs com um olhar fuzilante na minha frente. Seu rosto estava todo vermelho e parecia que teria um ataque no coração a qualquer momento.

- Dursley – supus e disse com certo nojo depois de ouvir toda a historia daqueles rapazes.

- Quem diabos é você? – seu tom diminuiu, mas ainda manteve bem clara a ameaça.

- Eu...

- FORA DA MINHA CASA!! – o estúpido não me deixa terminar.

Sabendo que por maior que fossem as influencias dos Malfoys aquele cartãozinho não acalmaria o estúpido na minha frente, eu me levanto da cama e com toda a dignidade caminho para a saída do sótão. Olho para os gêmios quando começo a descer as escadas, e eles sorriem como se me animassem a continuar, já que eles mesmos me disseram que o meu pequeno não estava mais aqui.

Harry onde foi que você se meteu?

Sem os meus “guias” eu segui o caminho oposto que fiz com os gêmios, olhando com mais calma por onde passava, aquela casa era enorme, se pertenceu mesmo aos pais de Harry a herança que o garoto tinha não deveria ser pouca.

E por causa desse dinheiro maldito ele tinha que suportar aqueles parentes desprezíveis.

Humpf, antes ele fosse o mendigo que aparentava ser quando o encontrei pela primeira vez.

Assim que passo pelos portões e piso na rua, tento colocar meus pensamentos no lugar e definir um plano de ação.

Era desanimador admitir, mas novamente eu estava completamente sem rumo, não faço a mínima idéia de onde começar a buscar o Harry.

E em meio a meus pensamentos sinto alguém puxar minha camisa às minhas costas de maneira tímida. Quando me viro, na minha frente está uma garota de cabelos castanhos muito volumosos, ela assim como o gêmios, me olhou de cima para baixo e um sorriso bobo se estendeu pelos lábios.

Me pergunto para quantas pessoas mais o Harry falou de mim.

Misericórdia.

E o quarto e ultimo nome dos que Harry me disse naquela noite me veio à cabeça e com um sorriso auto-suficiente digo:

- Suponho que você seja Hermione.

Ao invés de se surpreender como esperei, a menina só fez seu sorriso aumentar e respondeu:

- E eu suponho que sei onde está o que você procura.


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