Hope for Us escrita por Lady Anne


Capítulo 28
Capítulo 26: Plano pós-apocalíptico


Notas iniciais do capítulo

QUEM VOLTOU QUEM VOLTOU? Eu mesma, a Werebitch de vocês.
PRIMEIRAMENTE quero agradecer a recomendação lindona da Yasmin Tranzillo, muito obrigada! Animou-me muito quando voltei aqui quando ainda estava no bloqueio e vi, sério!
Demorei, mas como sempre, voltei.
Tive um bloqueio destruidor nesse tempo fora, e algumas coisas emocionais também aconteceram, e eu gostaria de agradecer à Lara Lacradora por todo o apoio e compreensão cada dia, gostaria de agradecer aos reviews de vocês, saibam que responderei TODOS, mas agora estou sem internet e usando a da mana para postar este cap e fazer pesquisa, então talvez demore um pouco.
Gente, esse capítulo é bem longo, eu espero que vocês consigam ler tudo mds, que medo. Não quero dividir porque não vejo sentido, já estamos quase acabando essa fase da fanfic, então vamos diretão mesmo, né?
27 vocês podem apostar que será longo também e indivisível, porque vai ter treta pesada, vai ter shipper em momento CRITICO, vai ter Hope badass, vai ter quebra pau, tudo tudo, 27 vai ser um estoro.
Quero convidar vocês para lerem outra coisinha minha, que postei alguns dias atrás num momentos de revolta com Hope for Us que precisei tentar escrever outra coisa, e enfim saiu, deixo o link ai para vocês
O Garoto ao Piano: https://fanfiction.com.br/historia/643724/O_Garoto_ao_Piano/
Espero vê-las, mil desculpas pela demora e por não tê-las respondido ainda, mas li todos, e estou felicíssima, agradeço muito!
São quase 200 acompanhamentos e espero que estejam comigo sempre! Mesmo quem não comenta, espero que não desistam de ler porque eu amo escrever HFU, e não vou parar até termina-la. Muito obrigada mesmo, todas vocês!
Beijos, aproveitem!
Anne. ♥



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Passar a tarde como babá não foi tão ruim quanto Carl e eu esperávamos. As crianças estavam mais quietas do que o normal por conta dos últimos acontecimentos e perdas, então conseguíamos entretê-las facilmente com os livros da biblioteca ou conversando sobre coisas aleatórias.

Infelizmente, tivemos que ouvir comentários angustiantes – porém feitos inocentemente – vindos das crianças. Elas também estavam em luto e provavelmente sentiam mais que nós suas perdas, mas lidavam de forma diferente. Além das perdas, havia também aquelas cujos pais ou responsáveis adoeceram, então seu estado atual era incerto – o que me preocupava, sinceramente, pois aquelas crianças não sabiam exatamente o que estava ocorrendo e tinham uma pequena esperança que poderia escapar por seus pequenos dedos rapidamente. Nem mesmo eu estava livre disso, mas conseguia me agarrar a essa esperança com muito mais avidez.

Perguntávamos-nos o quão ruim teria que ser para que enfim os sintomas levassem a morte, e o quão rápido poderia acontecer. Mas não queríamos passar mais negatividade, nós dois não éramos dos mais fracos, lidávamos peculiarmente bem com a dor então deveríamos ajudar as crianças a fazer o mesmo.

Charlie, o garotinho mais novo, tinha apenas a mãe que adoecera logo depois do bloco D ser isolado e ela não estava num estado melhor que Noah pelo o que Carl me contara.

– Tem algum livro com figuras? – pude ouvi-lo perguntar – Eu não sei ler.

– Vamos procurar algo legal. – Carl pegou em sua pequena mão e levou-o até a estante, onde foi tirando livros até achar um que agradasse.

Não os vi quando estavam arrumando a sala onde dormiríamos, mas aparentemente ele estava acompanhando Carl em qualquer tipo de atividade desde que chegara.

Fiquei a maior parte do tempo sentada num pequeno sofá de couro, relendo o diário de Caroline Brown – que admito, eu estava relendo muitas vezes –, observando as crianças, respondendo algumas perguntas delas, observando Carl pegar livros, se sentar e voltar a caminhar de forma inquietante, claramente insatisfeito por não estar junto com o pai do lado de fora, fazendo coisas mais perigosas que olhar crianças lendo.

Houve um momento no qual ele parecia finalmente ter se cansado de procurar coisas nas quais ocupar a mente e se deitou no sofá onde eu estava sentada, com a cabeça em meu colo e uma expressão que eu não saberia dizer se era tédio ou conformidade. Seus olhos tinham um tom de azul escuro, esse era o tom neutro de Carl Grimes.

– Está frustrado. Queria estar lá fora com seu pai, não é? – ele balançou a cabeça – Mesmo que Charlie seja adorável, você quer mais ação que isso.

– Você me conhece. – ele suspirou – Por quanto tempo ele acha que pode me manter longe disso?

– Não o culpe. – toquei algumas mechas do cabelo castanho claro que se espalhava por minha coxa – Tente entende-lo.

Sabia que minhas palavras sobre Rick não costumavam causar tanto efeito, mas ao mantermos uma troca de olhares significativa, como uma conversação silenciosa, percebi que ele entendia o pai, mas sua vontade de ser útil era mais forte que isso.

– Enquanto ele puder te proteger, ele o fará. – falei, tentando tornar Rick mais compreensível aos olhos do filho.

– Não quero ter que ser protegido, quero ajuda-lo, se não posso fugir desse mundo...

–... Quer lutar por ele. – conclui sua fala, fazendo-o abrir um pequeno sorriso ao saber que eu pensava da mesma forma – Eu sei.

Deixei que ele lesse o diário de Caroline enquanto brincava com seu cabelo, o que o fez se aquietar por o que pareceu meia hora – meia hora em que eu não me importei de apenas observa-lo. Não sei se isso é algo saudável de se admitir.

O fato de querermos lutar por um mundo que já não parecia nossos há muito tempo me perturbava, e enquanto ele lia eu refleti se estávamos certos em cogitar tomá-lo de volta um dia. Nós estávamos sempre nos escondendo atrás de cercas, atrás de paredes, atrás de armas e atrás de outras pessoas.

Vendo as crianças ali, lendo livros infantis sob a luz calma da tarde que entrava por uma janela, eu me perguntava por quanto tempo poderíamos escondê-las, e acredito que Rick também pensava assim sobre todos nós. E enquanto estávamos ali, respirando, o mundo ruía em algum outro lugar como já havia ruído para gente um dia. Fitei a capa do diário de Caroline nas mãos de Carl, e me perguntei se o mundo ruía para ela agora, ou se ela estava sentada na frente de uma lareira com um livro, numa casa tão bem protegida quando a nossa.

– No que está pensando? – Carl perguntou, me fitando por vários segundos sem que eu notasse.

– Que está na hora de cortar seu cabelo. – menti, porque não estava realmente afim de uma conversa apocalíptica naquele clima tão tranquilo em que nos encontrávamos.

– Sabe cortar cabelo? – seus olhos brilharam em desafio ao fazer essa pergunta.

– Se você me der uma tesoura. – dei de ombros, e ele semicerrou os olhos com desconfiança – Eu não vou te deixar careca, seu idiota.

Rimos os dois, e combinamos de procurar por uma tesoura em outro momento para testar meus dotes manuais numa cobaia necessitada.

Quando o dia já estava escurecendo, distribuímos entre as crianças algumas frutas e doces que havíamos pegado na dispensa, e aproveitei para levar alguns para Beth no outro escritório. Quando a chamei na porta, logo ouvi Judith dando alguns gritinhos animados, mostrando que não estava feliz em ficar presa.

Obrigada, Hope. – ela agradeceu, quando passei pela fresta da porta duas tangerinas e alguns alcaçuzes – Ah, ótimo, Judy adora coisas azedas.

– Não a de que. – ouvi as palminhas da criança do lado de dentro, provavelmente vendo a tangerina sendo descascada.

– O que estavam fazendo? – Beth perguntou.

– Lendo na biblioteca, as crianças não deram trabalho algum. – me abaixei até sentar encostada na porta.

– Foi ver Noah? – senti um tom cauteloso na voz dela.

– Sim, ele não está bem, mas vai melhorar. – disse mais para mim mesmo do que para ela – Seu pai vai ajuda-lo, vai ajudar a todos.

Estar ali, sentada atrás de uma porta conversando com alguém que não Carl era bem diferente. Conversar com Beth na maioria das vezes era diferente, porque ela não criava barreiras, muros que separavam seus sentimentos do que poderia sair de sua boca.

– Eu sei, ele tinha que ir. – ela afirmou, claramente desanimada – Mas não podemos ficar tristes, todo mundo está fazendo alguma coisa.

– Noah me pediu para não ficar triste. – ri sem humor, lembrando o sarcasmo inabalável dele – Nós todos temos uma missão, afinal.

Ouvi-a assentir do outro lado, e ficamos em silencio, escutando somente o barulho de Judy mastigando a tangerina.

– Hope? – murmurei em resposta – Estou com medo.

Gostava de gente que sabia baixar a guarda, e sabia se mostrar forte nas horas certas, e Beth era uma dessas pessoas.

– Eu também. – confessei – Fazia muito tempo que não sentia medo de verdade, ou que carregava uma arma.

– Fazia muito tempo em que nada de ruim acontecia. – mordi os lábios – Não deveríamos esperar ser felizes para sempre.

– Para sempre é tempo demais. – suspirei – A vida sempre arruma um jeito novo de nos nocautear.

Ouvi a porta atrás de mim ser aberta, e a mão de Beth surgiu na pequena fresta, como um pedido de apoio que eu rapidamente concedi, entrelaçando a mão pequena e delicada dela a minha que era um pouco maior e continha cicatrizes quase invisíveis.

– Somos uma família, ficaremos bem. – ela disse.

Ficaremos. – apertei a mão dela e ficamos ali por mais alguns segundos, ouvindo Judith brincar com uma tangerina e o som de nossas próprias respirações.

Era tranquilizador estar com ela, mas ao mesmo tempo sufocante saber que não estávamos fazendo nada para salvar alguma vida. Mas, naquela altura dos acontecimentos, eu sabia que otimismo ou pessimismo não faria diferença para nós. A única coisa que poderia nos salvar eram os medicamentos, que esperávamos estar vindo logo com o grupo enviado.

Deixei Beth com um ultimo aperto em sua mão quente, sentindo que estávamos separadas, mas pensando as mesmas coisas todo o tempo.

Quando todas as crianças terminaram de comer foram escovar os dentes, como Rick havia nos instruído, ficamos observando-os de perto para nos certificarmos que ninguém tentaria se agredir com uma escova de dente ou comer o creme dental.

Hilário foi ver Charlie tentando conversar com Carl enquanto escovava os dentes, a boca cheia de espuma, tentando falar coisas como “gosto de pasta de dente de morango”. Ele demorou mais que o resto das crianças, que foram desenrolar os sacos de dormir enquanto nós escovávamos nossos próprios dentes junto com o menor tagarela.

Quando voltamos à sala, já haviam sacos de dormir posicionados em seus lugares de preferência de forma organizada, lanternas ligadas e ursos de pelúcia se revelando melhores amigos para a escuridão que se aproximava.

– Cadê seu urso? – Carly perguntou a Carl, o que me deu uma oportunidade de zoa-lo.

– É Grimes, cadê sua pelúcia do Homem-Aranha? – ele me olhou furioso e jogou um travesseiro que voou perigosamente do lado da minha cabeça.

– Ficou na prisão, junto seu cobertorzinho. – tive o impulso de mostrar o dedo do meio, mas o contive.

Depois de pararmos de nos agredir e deixar claro que nenhum dos dois tinha um urso, Carl e eu abrimos nossos sacos de dormir um do lado do outro e tiramos as mantas das mochilas. Trocamos um olhar encabulado ao notar a proximidade em que ficaríamos – mesmo que já tivéssemos dormido no mesmo cômodo/beliche –, mas não nos distanciamos, apenas sorrimos brevemente um para o outro.

– Ho-pe. – Charlie chamou, pausadamente, o que me fez rir.

– As ordens, capitão. – ele se mostrou empolgado com a atenção.

Mesmo empolgado, ele parecia estar hesitante em dizer alguma coisa, um pouco envergonhado até, apertava o elefante de pelúcia que levava nos braços e torcia sua tromba como se estivesse aflito. Agachei-me para ficar ao nível dele e entender o que queria.

– O que foi? – perguntei gentilmente.

– Pode ficar comigo até eu dormir? – ele pediu, corando levemente – Prometo que não vou demorar.

Surpreendeu-me que ele não fez tal pedido para Carl, mas sorri com a simplicidade dele e baguncei os cachos do pequeno, ouvindo também uma risada baixa de satisfação vinda trás de mim.

– Ainda é cedo, não acham? – Mika comentou – Porque vocês não contam uma história?

Troquei um olhar surpreso com Carl, que também estava desconcertado e provavelmente também não tinha em mente nenhuma história emocionante o suficiente para entreter crianças entediadas.

– Sim, uma história! – Charlie levantou os braços – Por favor, por favor!

Depois de mais alguns pedidos empolgados e adoráveis, com olhos grandes brilhando no escuro e mãozinhas juntas, Carl e eu logo nos vimos sentados numa roda iluminada pelas lanternas, prontos para bolar o melhor conto infantil de todos em apenas alguns segundos.

Mais um grande desafio no apocalipse, isso que é emoção.

– Bem... – olhei para Carl em busca de ajuda.

– Era uma vez. – ele praticamente jogou as palavras como uma dica, um bote.

Era uma vez” era a coisa mais clichê possível do universo, e se Noah estivesse naquela roda teria jogado sua lanterna em nós dois com bastante força, de tão infantil que soou aquilo.

– Claro, era uma vez... – tentei mostrar a animação de quem sabia exatamente do que estava falando e já tinha feito aquilo várias vezes (o que era mentira, porque Noah nem gostava de histórias improvisadas quando era bebê) – Um Cowboy!

Todos olharam para o chapéu de Carl e para o rosto dele, fazendo-o corar e fuzilar-me disfarçadamente.

– Onde o Cowboy vivia? – Mika perguntou, o que me ajudou muitíssimo, pois não sabia qual era a próxima informação que eu jogaria.

– Em... Springfield. – obrigada Deus, pelos Simpsons, e que eu seja perdoada pela falta de criatividade em momentos críticos – Mas, esse Cowboy era aventureiro, ele gostava de ir para outros lugares...

– Ele tinha um pônei? – Carly, uma menina um pouco menor que Mika perguntou, fazendo todos nós fitarmos ela um pouco perplexos.

– Pônei? – Carl arqueou a sobrancelha – Não, esse Cowboy andava de moto.

– São mais rápidas, você sabe. – consolei-a – Enfim, o Cowboy aventureiro em sua moto tinha acabado de chegar em...

Bacon Hills. – Carl concluiu a frase com um estalar de dedos, me deixando mais do que surpresa (nota mental: perguntar de onde ele havia tirado aquilo).

– O que ele foi fazer lá? – Charlie perguntou.

– Ele estava atrás de uma garota. – ele continuou – Uma... Jogadora de beisebol profissional.

Então todos olharam para mim, e eu olhei para meu moletom azul sempre comprometedor do Texas Rangers. Se eu sobrevivesse para envelhecer o suficiente, abriria minha própria loja de esportivos do lado de casa.

– O Cowboy soube que ela estava jogando na cidade, então foi procura-la no estádio. – olhei para Carl, procurando apoio.

– Sim, claro, e ela estava no meio de um jogo decisivo, muito tensa... – ele tentava encontrar palavras no escuro.

– Tão nervosa que, quando foi bater a bola, foi tão forte que o taco girou e ela foi junto, e a bola acertou o chapéu do Cowboy em cheio, lá na arquibancada.

Um coro de “oh’s” se veio depois de minha fala, até mesmo de Carl que estava admirado com o rumo que a história tomara em segundos (até eu estava pasma comigo mesma). Mas, uma vez que algo parecido já tinha acontecido com nós dois – eu adquirira experiência em Home Runs com cabeças de errantes – ele também sorriu, captando a referencia.

– E então? Eles se apaixonaram? – Carly perguntou com olhos arregalados, e tive que conter uma gargalhada.

– Boladas não são exatamente o que eu chamo de tática de conquista. – Carl comentou (ele tinha experiência nessa área).

– Não, não se apaixonaram, mas no final do jogo o jovem Cowboy foi procurar pela jogadora para devolver a bola, e...

Essa história se alongou por muitos minutos, mais do eu gostaria, espaço de tempo em que o Cowboy e a Jogadora se conheceram, saíram, lutaram contra monstros de grama, brigaram (referencia obvia a mim e Carl), se apaixonaram, casaram, e tiveram três filhos adoráveis – Cara, Jesse e Jacob – e um cachorro que usava roupinhas de times de beisebol – se chamava Mike, o pobrezinho –, longa história, mas felizmente fora eficaz e logo olhos começaram a se fechar, pálpebras foram pesando, bocas se abriram em bocejos longos e quando me dei conta eu mesma já estava esfregando os olhos.

Carl tinha se levantado antes da história acabar para pegar Charlie no colo e leva-lo para o saco de dormir, onde acabou ficando e dormindo junto.

– Então eles viveram... Felizes... Para... Sempre e sempre... E sempre. – terminei, entre bocejos e suspiros.

Agora nós já poderíamos acrescentar ao nosso currículo “trabalho voluntário”. Nunca havia inventado uma história tão boa quando essa na vida, quem sabe nós não publicássemos algum dia como livro infanto-juvenil, tentando amenizar a parte sobre monstros de grama.

– Eu amei, principalmente a parte do casamento. – Carly falou, já se arrastando lentamente para o saco de dormir – Obrigada.

– Eu também, foi uma história muito romântica. – Mika disse, também se afastando para dormir – Mesmo que tenha um monstro de grama.

– Foi um prazer, até Carl se divertiu antes de começar a babar no Charlie. – observei os dois garotos dormindo, esparramados de forma cômica.

– Vocês são ótimos personagens. – Carly já estava de olhos fechados quando disse isso – Um casal adorável.

Estava com sono demais para dizer que não éramos um casal na vida real, e tenho certeza que ela já estava sonhando com Cowboys em pôneis e bolas de beisebol assassinas, então apenas observei-os se acomodar em seus devidos lugares, com suas mantas e ursos e esperei desligarem as lanternas, para enfim decidir se acordaria Carl ou não.

Acabei por deitar sozinha, abraçando uma blusa de frio que Carl havia deixado e que continha o cheiro dele, que se quer sabia descrever. Era simplesmente cheiro de Carl, e foi assim que eu cai em um sono rápido e tranquilo. Mas a tranquilidade não durou muito, porque logo comecei a ter sonhos conturbados e obscurecidos, com sons bizarros e uma sensação continua de medo.

Há muito tempo eu não sonhava com coisas do tipo, não era acostumada a ter pesadelos mais ou sonhos confusos. Quando pensei que ficaria só no escuro, começaram a se formar imagens nítidas, e pior, palpáveis.

Eu estava na prisão, parada no pátio, com as mãos enfiadas nos buracos da grade e olhando fixamente para a paisagem verde que se estendia. Estava tudo muito silencioso, e não compreendia porque estava olhando para a paisagem com um sentimento de estranheza e desconfiança, até que me dei conta: não havia errantes.

Onde estava Rick? Carl? Noah? Bem, eu gostaria de não ter feito essa pergunta e apenas ter continuado lá, olhando a natureza imóvel. Mas era um sonho ruim, então obvio que não fiz isso. O que fiz foi mover a cabeça para o lado esquerdo lentamente (porque eu me sentia forçada a olhar, não era algo voluntario), e havia um sentimento de perturbação, e um frio que subia pela minha espinha a cada milímetro que minha cabeça se virava para o lado.

E esse frio chegou ao meu cérebro quando me virei completamente, minhas mãos gelaram também e sufoquei um grito estridente diante da visão mais aterrorizante da minha vida: todos os habitantes da prisão, até os que nós já havíamos enterrado outrora, estavam empilhados no chão como uma montanha de cadáveres, sangrando como em uma cascata. E envolta havia pilhas de zumbis, como uma barreira, mas já estavam mortos também.

Eu podia enxergar Rick, Carl e Noah bem no topo da pilha, Daryl e Beth estavam ao lado deles. O sangue deles manchava outros corpos, e imaginei que se continuasse olhando eles sangrariam até que não houvesse mais sangue algum, até que secassem.

Uma vez que pensei não haver jeito de piorar, a pilha de corpos ficou em chamas de uma só vez e explodiu como um vulcão, e os corpos voaram, logo batendo ou ultrapassando as grades e ensanguentando tudo o que havia direito. Os corpos de Carl, Beth, Rick e Noah voaram em chamas para próximo de mim, seus rostos estavam transfigurados e faltavam membros, como a perna direita de Beth, os braços de Noah, as mãos de Rick e o olho direito de Carl (sua cabeça tinha um rombo que permitia enxergar seu crânio, o que foi assustador).

Não sabia se me aproximava, se me jogava ao chão aos prantos ou corria dali o mais rápido possível. Tive vontade de apagar o fogo dos corpos estendidos a minha frente, e enterra-los, depois cavar minha própria cova, pois não havia mais sentido na vida. Mas não seria possível nem mesmo que eu cavasse as covas deles.

Surgiu da metade de corpos que havia restado na pilha um tanque de guerra negro que em segundos movia sua mira, e apontou direto para mim. Eu correria, mas não conseguia me mover um centímetro sequer, e quando tentei gritar não saiu som algum. Virei e olhei uma ultima vez para minhas mãos, que estavam manchadas de sangue como se eu tivesse mergulhado-as na pilha. Ouvi o tiro do tanque e fechei os olhos com força. Era meu fim.

Foi quando acordei bruscamente, e havia um par de olhos azuis me encarando no escuro. Carl olhava-me confuso, provavelmente porque eu parecia assustada e ofegante. Ele havia se levantado e agora estava sentado ao meu lado, o que me fez pensar depois por quanto ele já estava acordado, imóvel, me encarando.

Notei que estava segurando a blusa dele ainda, o que o obrigara a se enrolar numa manta. Tinha uma lanterna na mão e o diário de Caroline Brown na outra – o que me chamou atenção não foi propriamente que ele o estava lendo, mas que ele já estava próximo ao fim.

– O que houve? – ele perguntou provavelmente se referindo ao pesadelo obvio que eu havia tido.

– Vocês todos estavam numa pilha sangrenta, e ai explodiu, vocês voaram, você não tinha um olho, ai apareceu um tanque de guerra e atirou em mim. – relatei de forma acelerada, ficando mais ofegante no final – Ai eu acordei.

Ele me fitou por vários segundos tentando assimilar tudo o que eu havia dito, e enquanto isso dei uma olhada rápida em volta para me certificar que estava na mesma sala, dormindo junto com as crianças no prédio administrativo, com um Carl Grimes real me olhando como se eu fosse louca. Estava com medo de ainda estar sonhando, o que me levou a beliscar minha própria mão.

– Isso doeu. – sorri, aliviada por não estar sonhando mesmo.

– Porque eu não tinha um olho? – ele perguntou por fim.

– Não sei, parecia que sua cabeça tinha explodido de um lado, dava para seu crânio. – encarei o nada, lembrando-me da visão assustadora de meu melhor amigo em chamas – Você tem um belo crânio.

– Bem, obrigada. – ele deu de ombros, com uma sobrancelha arqueada – Mas você não costuma ter pesadelos.

Soltei a blusa dele e passei as mãos nos cabelos, me certificando que meu próprio crânio permanecia intacto. Ele tinha razão, não costumava ter pesadelos ou sonhos conturbados, e eu não sabia como deveria encarar isso.

– Não mesmo, foi medonho. – balancei a cabeça como que para afastar as imagens ruins – O que você esta fazendo acordado?

– Perdi o sono, então deixei Charlie dormindo e resolvi ler Caroline Brown. – ele indicou o diário na mão direita – Tem razão, ela escreve bem, eu comecei a ler e tenho que me lembrar de respirar às vezes.

– Que bom que você me entende agora, e isso porque é a primeira vez que está lendo, eu já vou para terceira. – esfreguei os olhos para espantar o sono, porque não queria mais dormir, queria ficar ali falando com Carl ou simplesmente vendo-o ler.

– Talvez a gente possa voltar a casa dela um dia desses, procurar por mais. – havia uma expectativa animadora na voz dele.

– Talvez a gente possa ir à Charleston. – sorri e ele também, deixando claro que aquela não era apenas uma possibilidade – Iria a Charleston comigo?

Ele apontou a lanterna para o meu rosto e me encarou fixamente em silencio, o que me assustou, mas então ele abriu um sorriso debochado que eu interpretei como um “é claro, sua idiota”.

– Eu e você? Sozinhos? – balancei a cabeça afirmativamente – Quando?

– Não existe mais um quando. – dei de ombros – Se vivermos o suficiente...

– E tivermos um carro... – ele interrompeu.

– Iremos. – sorri, confiante.

Ficamos sorrindo como bobos um para o outro por um bom tempo, provavelmente os dois mentalizando o que seria uma viagem para Charleston numa minivan, ouvindo country e sentindo o sol da tarde que invade o carro pela janela.

– A gente precisa de um CD de country. – falei seriamente, causando risos em ambos.

Falar de futuro era algo estranho para nós, porque normalmente tentávamos viver um dia de cada vez sem pensar em medidas a longo prazo. Observei as crianças dormindo, imaginando que se para mim era difícil saber do futuro, imagine para elas, que se preocupavam apenas em se manter entretidas até a hora de dormir.

– Só existe presente para nós, mas e essas crianças? – indiquei-as com um movimento de cabeça – O que elas acham que vai acontecer com si mesmas?

– Charlie quer ser astronauta, para achar um planeta sem monstros que comem pessoas. – Carl comentou com um sorriso.

– Ele te disse? – ri baixinho imaginando a empolgação do garoto ao revelar isso – É um plano de vida maravilhoso.

Imaginei Charlie com um daqueles capacetes gigantescos e botas brancas, fazendo um foguete de papelão em seu quintal e sujando toda a grama de tinta, como eu e meu irmão havíamos feito uma vez. Naquele dia mamãe ficou furiosa porque colocamos o gato dentro do foguete, e ele se sujou inteiro. Dar banho nele obviamente foi responsabilidade nossa, e não foi bom.

– Noah sempre disse que queria ser um cientista, para fazer as próprias garras de Wolverine. – Carl riu junto comigo, provavelmente surpreso – Mas ele nunca me disse o que realmente gostaria de fazer.

Noah não havia conhecido muitas coisas boas sobre o mundo antes que tudo acontecesse, provavelmente ele sabia mais das ruins e eu gostaria de mudar isso a tempo, antes que ele crescesse demais.

– Eu queria ser jornalista antes disso tudo. – lembrei-me de quando papai pegava a coluna sobre esportes do jornal e me passava as outras paginas.

– Não poderia te imaginar sendo outra coisa. – sorri – Você é aquele tipo que poderia fazer programas de TV vivendo aventuras no meio de floresta, ou escreveria uma coluna de humor no jornal.

– Eu já vivo aventuras no meio da floresta, só preciso de uma câmera. – falei de forma convencida, como se me orgulhasse disso.

Ainda queria ser jornalista, porque ser um jornalista era noticiar, era expressar ideias, emoções, dar opinião e escrever, o que eu adorava. Além de tudo, eu poderia mudar a vida das pessoas com o meu trabalho e poderia conhecer várias também, além de conhecer outros países e era isso que eu queria e ainda poderia fazer um dia, quando precisassem de mim. Aventuras radicais também eram o máximo, mas havia tido bastante delas por uma vida, obrigada.

– E você? O que queria ser? – eu já sabia a resposta mesmo antes que ele dissesse, mas queria ouvi-lo dizer.

Policial. – ele revirou os olhos – Você sabe disso.

– É claro que não sabia, pensei que você queria aprender a andar a cavalo e a atirar com uma espingarda, comprar um chapéu novo e se mudar pro Texas, onde você viveria cercado de feno escutando musica country com um pedaço de trigo na boca. – antes que eu terminasse de falar, Carl já estava tentando me sufocar com o travesseiro – Certo, desculpe.

Estávamos brigando o mais silenciosamente possível para não acordar ninguém, e isso não era tarefa fácil. Quando ele finalmente soltou o travesseiro eu percebi o quão próximo nós estávamos, perto o suficiente para sentir a respiração dele batendo no meu rosto e para enxergar todos os tons de azul de seus olhos se tivéssemos luz.

– Xerife Carl Grimes, pessoal. – falei orgulhosamente, fazendo-o bufar – Você tem sorte, tem um bom mestre.

– Até posso ter, mas não importa mais. – ele falou indiferente – Não há mais uma cidade que precise de xerife, e não há mais leis.

– Mas um dia existira um lugar que precise de você, e do seu senso de justiça. – Carl era muito teimoso às vezes, e um otário sem limites, mas eu o conhecia e sabia que se tornaria um homem incrível e que ser um otário fazia parte da adolescência – Um lugar onde ninguém precise carregar armas, a não ser o xerife.

– Você é bem otimista. – apertei o nariz de leve – Acho que armas já são um utensílio básico.

– A vida não é mais baseada em universidade-casamento-filhos, mas um dia eu acredito que chegaremos a algum lugar e não sentiremos mais que a arma é uma extensão corporal. – ele me olhou desafiadoramente como fazia sempre que eu tentava ser positiva – Quando isso acabar, Daryl vai me dar um curso intensivo de como caçar e preparar esquilos, então eu, ele e o Noah vamos comprar um trailer e vender hambúrguer de esquilo por todo o país. – falei casualmente, enquanto Carl me encarava com uma sobrancelha levantada.

– É um negocio lucrativo, mas eu imaginei que você estava pensando em Charleston. – revirei os olhos.

– Isso vem depois de Charleston. – conclui – Qual é o seu plano pós-apocalíptico?

– Não acho que eu tenha um. – deu de ombros – Nunca parei para pensar no que viria depois disso, o plano é sobreviver.

– Mas depois de sobrevivermos tem que existir mais alguma coisa, não acha?

Eu deveria levar em conta que Carl não era tão otimista quanto eu antes de fazer esse tipo de pergunta, mas isso ainda me surpreendia, pois ele e o seu grupo haviam conseguido tantas coisas juntos e claramente existia sempre uma esperança, e ao contrário disso eu quase desisti diversas vezes e nunca deixei de imaginar um futuro melhor.

– Falando sério agora. – ele me olhou com atenção e eu ajeitei a postura, desconfortável pelo o fato de quase sempre não saber qual seria a reação dele às minhas ideias – Não há um plano, mas penso em algumas coisas que gostaria e nem são tão inalcançáveis assim.

– Tem certeza? – olhei-o com impaciência – Você idealiza demais, às vezes.

– Qual é Carl, você nem me ouviu ainda. – falei mostrando-me chateada por mais um ataque de pessimismo precoce dele – Não me importo se você não consegue imaginar mais do que isso, mas eu consigo, e não me torno menos realista por causa disso.

Costumava levar o pessimismo na esportiva, mas odiava o fato de que ele sempre julgava minhas ideias para o que aconteceria com a gente, até quando não estava de mau humor. Notando que eu estava falando sério e que desistiria daquela conversa se não deixasse de ser otário inconveniente, ele pegou minha mão e olhou-me atentamente.

– Fale sobre seu plano-apocalíptico. – eu quase sorri e disse algo como “é bom mesmo”, mas me contive uma vez que esse tipo de atenção não era comum vinda dele.

– Eu penso em algo que podemos ter de volta um dia, não amanha, não daqui a seis meses ou um ano, é o tipo de vida que teremos que construir de novo. – eu não podia ver, mas sabia que meus olhos brilhavam quando eu falava sobre isso – Casas de novo, com jardins e cercas, em uma rua com um nome.

– Todos juntos, vizinhos de novo. – ele disse, mais como para me apoiar do que aceitando a ideia verdadeiramente – Não parece alcançável ainda, mas não é ruim.

– Você, Judy, Rick e Michonne poderiam viver juntos, Noah e eu, e Daryl se ele quisesse morar com a gente, claro. – Carl riu pensando na possibilidade de viver entre quatro paredes com Daryl Dixon – Hershel e Beth, Maggie e Glenn, Carol e as meninas.

– Plantando vegetais, frutas e legumes no quintal de casa. – eu assenti animadamente – Nada de roubar o jornal do vizinho, pessoal.

– Nem ligar o som muito alto, por favor. – sorrimos bobamente com aquelas frases simples que há muito tempo não fazia parte do cotidiano – Teríamos que ter cuidado para não quebrar janelas jogando beisebol, mas não haveria perigo em andar de bicicleta se não fossemos longe.

– Construiríamos uma casa na arvore onde dormiríamos se quiséssemos ver o céu noturno de novo, como quando tudo começou. – podia jurar que os olhos dele brilharam também, e me senti finalmente compartilhando o otimismo estúpido que ele evitava – Mesmo que eu não ache que vamos ser capazes de esquecer algum dia.

Eu sentia falta de tudo aquilo, e mesmo do que eu não havia vivido ainda, e não queria que aquela fosse só outra conversa para passar o tempo, queria que aquilo fosse verdade um dia, e sabia que poderia ser quando tornássemos um plano real, assumindo riscos para tomar de volta o que um dia foi nosso. Construiríamos algo novo, sem esquecer-se de tudo o que já passamos, porque isso era impossível.

– Você voltaria para casa? – Carl perguntou de repente, me pegando de surpresa – Sua casa de verdade.

– Papai dizia que não tínhamos mais uma casa, e que eu não deveria me apegar a isso, mas... – fiz uma pausa – Ela faz parte do passado e eu aceito isso, mas voltaria um dia, para me despedir ou para reconstruir minha vida onde comecei.

– E se tivesse oportunidade de vê-la mais uma vez agora?

– Não iria, porque lembraria tudo e isso não me ajudaria a seguir em frente. – ele balançou a cabeça em compreensão – Mas um dia, depois que pararmos de nos esconder, eu levo você até lá.

– Depois que nos casarmos e tivermos três filhos chamados Cara, Jesse e Jacob e um cachorro chamado Mike. – eu ri naquele momento, mas depois fiquei pensando se aquilo não poderia fazer parte do plano também.

Mas sim, eu voltaria a minha casa um dia – casada com o xerife da nova cidade pós-apocalíptica – e tocaria todos os quadros, sentaria no balanço, tocaria os sinos da porta anunciando minha chegada ao ninguém, entraria no quarto de papai e cheiraria todas as camisas que haviam ficado, subiria as escadas de dois em dois degraus e checaria se tudo estava como eu tinha deixado.

– Você voltaria para sua? – perguntei também.

– Já voltei uma vez, para buscar aquela foto de família. – assenti lembrando a foto que eu o havia visto guardar na bolsa antes de deixar a cela – Não voltaria de novo, não me importo em deixar o passado no passado.

Não insisti nessa conversa, porque como ele havia dito “deixar o passado no passado” é algo necessário às vezes, principalmente para nós.

Ficamos falando sobre um futuro cômico e brigando por mais alguns minutos, até que comecei a sentir meus olhos pesarem e minha cabeça pendeu para frente até encostar-se ao ombro de Carl.

– Acho que alguém esta fraquejando. – ele disse quando me recompus rapidamente, em vão.

– Não sei do que está falando. – respondi já com uma voz amolecida de sono.

– Pode dormir, eu perdi meu sono totalmente, sou muito acostumado a uma cela. – ele deu de ombros – Não se preocupe, não vou acordar caolho ou algo assim.

– Vou ficar acordada com você, estamos juntos nessa coisa de baby-sitter. – esfreguei os olhos inutilmente, e ele apenas riu de mim, o que me fez encara-lo com falsa braveza.

Para minha surpresa, ele não revirou os olhos ou mandou-me ir dormir, mas sim me beijou. Não bruscamente, mas se aproximou devagar como quem vai sussurrar uma coisa no seu ouvido e resolve desviar no meio do caminho. Movi minhas mãos frias para o rosto dele que estava quente, e percebendo isso ele pegou a manta que havia caído e cobriu meus ombros de novo. Ainda nos beijamos por alguns minutos, nos quais por mais que eu tivesse sono conseguia sentir absolutamente tudo. Sentia seu cabelo fazendo cocegas nas mãos que seguravam seu rosto, sentia sua mão quente apoiada na minha perna direita – sem malicia ou qualquer segunda intenção, estávamos rodeados de crianças, e nós eramos crianças – e a outra na minha cintura, mesmo por cima do moletom.

Carl se encaixava perfeitamente em qualquer uma das minhas idéias de vida depois do apocalipse, e eu não faria nada e nem iria a lugar algum sem tê-lo ao meu lado, então esperava que ele fizesse dos meus planos os dele também um dia. Bem, Charleston já parecia algo em comum.

Quando já estava tão sonolenta que tentava trazê-lo para trás, ele tirou minhas mãos de seu rosto e cortou o beijo com delicadeza, eu não abri meus olhos, mas tinha certeza que os dele me fitavam. Uma vez que eu acabaria pendendo para frente de novo, Carl envolveu seus braços em volta de mim e puxou-me para seu ombro sem que eu tentasse impedi-lo.

– Cowboy? – chamei-o antes que adormecesse, já com uma voz rouca e abafada pela camisa dele – Nós somos um casal adorável, sabia?

Ouvi sua risada baixa ao ouvir minha declaração sonolenta, e não esperava que ele respondesse de verdade, então relaxei decidindo que dormiria por ali mesmo.

– Boa noite, Texas.

Sua voz foi a ultima coisa que ouvi antes de cair num sono profundo, em que por sorte não tive pesadelos. Ao contrário, sonhei com astronautas que carregavam elefantes de pelúcia, uma garota de cabelos ruivos que corria com uma caixa de correio nas costas e um xerife de olhos azuis que procurava uma estrela para seu chapéu.


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Notas finais do capítulo

Carl Grimes, cuide do seu olho.
Charleston é point, molecada.
E Noahzin? Será que ta vivo?
Espero todas nos reviews querendo me matar pela demora, viu?