Pernico - Love is a Long Road escrita por arcGabriel


Capítulo 37
Zelenna


Notas iniciais do capítulo

Primeiro e único capítulo Zelenna, espero que gostem...



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– XXIV –

Zelenna

Desde que foi libertada por Éris de sua vil prisão, algo intrigava a Fada da Morte. O atual Merlin, o garoto de cabelos negros. O sangue que corria nas veias dele era o sangue das fadas, Zelenna não tinha dúvidas, mas havia algo mais...

A oportunidade de decifrar o enigma por trás daquele garoto veio quando ele a transportou para um lugar isolado de tudo e de todos. Só havia trevas por onde quer que olhasse, e Zelenna sabia onde estavam e por isso tentou iniciar uma discussão, a fim de tentar entender Nico di Angelo.

Vendo que nada descobriria pelo jeito mais simples, a fada forçou Nico a fazer uma reverência e foi a primeira a atacar. Embora estivesse presa num casulo por éons, a Fada da Morte não estava velha ou enfraquecida, muito pelo contrário, sua experiência para o combate ainda era nata e absoluta, como o seu desejo por vingança! Ela conseguiu ferir o menino e, aproximando-se lentamente atenta à tudo, ela invocou Däeth, sua foice, sua arma sagrada. Contemplou o menino por alguns segundos, ele não reagia ao ferimento feito acima de seu coração, não do jeito que a fada desejava que ele reagisse. Portanto, com o intento de fazer o filho de Hades mostrar todo o seu poder e revelar sua verdadeira identidade, ela fez marcas na pele dele usando a lâmina da Däeth. A dor imposta era grande demais, só um verdadeiro filho das fadas poderia suportá-la, e assim fez Nico. Quando o último símbolo foi gravado na pele do garoto ele desmaiou e, por um minuto, Zelenna temeu que ele tivesse morrido.

A fada deitou Nico da melhor maneira possível naquele solo que mal podia ser visto. Com a outra ponta da Däeth ela descreveu um círculo envolta dele com selos de aprisionamento, selos tão antigos quanto a morte, tão antigos quanto ela...

Estava demorando, Zelenna sentia a vida abandonar o filho de Hades. É cedo... ele morrerá em breve, mas não agora...

O lugar começou a tremer, os cabelos negros como ônix do garoto começaram a esbranquiçarem-se num tom de branco como nenhum outro e, como chamas, seus fios dançavam lentos e brilhantes. O corpo de Nico flutuou e no ar ele pairou ereto. Asas colossais e espectrais do mesmo tom de branco de seus cabelos e ainda mais brilhantes irromperam de suas costas estreitas. E então o menino abriu os olhos, um brilho alvo e fulgurante havia tomado conta de suas pupilas antes tão negras. Ele sussurrou com uma voz que não era a dele, era uma voz divina, uma voz mista e aterrorizadora, uma voz imperativa, digna do mais poderosos dos seres:

– Parece que é chegada a hora... de matar a Morte...

O alado irrompeu contra ela, mas foi impedido pela barreira criada pelos selos. Com um urro terrível ele tentou novamente e, dessa vez, Zelenna tinha certeza que a barreira poderia ter sido quebrada.

Acalme-se! – gritou ela – Removerei os selos, só peço que me ouça! Depois estará livre para fazer o que quiser!

O menino inclinou a cabeça em sinal de dúvida. Não tentava mais quebrar a barreira então a fada começou:

– Sabe o porquê de eu ter sido presa e condenada por aquelas que um dia foram minhas irmãs?

Toda criatura mística conhece a história! – respondeu o menino com a voz de um trovão – Com sua crueldade e frieza você criou uma arma capaz de matar até mesmo o maior dos deuses!

É aí que se engana! – rebateu ela à injustiça daquelas palavras – A arma foi uma consequência do meu ato terrível! O meu pecado, criança, o meu nefasto pecado, o meu crime maligno nada mais foi do que ter me apaixonado por um soldado do Povo Primevo que compartilhava conosco o mundo! Em eras anteriores à Alântida legendária! Eras anteriores à raça dos Homens! Eras anteriores aos muitos povos místicos que hoje vivem na Arcádia e em mundos ainda mais distantes!

Apaixonar-se nunca foi um crime! – censurou o menino.

Será mesmo? Pois acho que sentiu na pele o preço do amor, meu caro Merlin! – contestou Zelenna que com os talentos da morte sabia de tudo sobre os assuntos da vida – Minha condenação veio quando me entreguei ao amor, a coisa que você chama de arma terrível nada mais era do que um bebê! Uma criança nascida da união de dois seres não muito diferentes! Quando minhas irmãs descobriram elas tentaram matar o meu filho, mas não conseguiram! Então elas fizeram a única coisa que podiam, condenaram a mim e ao meu amado e sem a nossa influência elas marcaram a alma do nosso filho com runas anteriores à criação do universo, símbolos tão poderosos que até hoje o poder da criança foi contido. Elas tinham a esperança de que, tornando-o vulnerável, ele morreria naturalmente... Mas ele sempre foi forte! Forte como o pai! Ele reencarnou incontáveis vezes em incontáveis eras! – Zelenna parou tentando conter as lágrimas que lhe afligiram subitamente, respirou fundo e continuou: – Não desejo a libertação do Caos, não desejo as trevas eternas, não desejo nada de mal! Tudo o que eu queria era viver em paz com meu filho e meu amado! E isso foi tirado de mim por aquelas que eu morreria por, se preciso fosse! Fui traída Merlin, traída! Mas agora posso ser vingada...

Com um movimento singelo Zelenna desfez a barreira que mantinha o garoto preso dentro do círculo mágico. Ele caminhou até ela sutilmente, não fazia menção a um ataque.

– É tudo isso verdade? – perguntou ele com a voz serena. Zelenna assentiu. – Então ajude-nos a deter Éris, ajude-nos a salvar o mundo...

– Não posso pequeno, o ferreiro nunca faz o trabalho do guerreiro...

– Não compreendo – Nico parecia confuso, sua ira estava se apagando e ele estava voltando ao normal. Zelenna não podia permitir tal coisa!

– Não há tempo a perder! – Ela concentrou-se e drenou toda a sua energia para a Däeth – Tome Merlin, um guerreiro como você merece empunhar a arma sagrada de um Deus!

– Mas a Foice da Morte ceifa a vida de todos que tentarem empunhá-la! – protestou ele. Zelenna fechou as mãos do garoto na arma.

– A não ser que seja empunhada pelo sangue do meu sangue...

Nico pareceu ter compreendido. Ele apertou a haste da foice e levantou-a. Um novo tremor sacudiu o lugar e a aura sombria da arma foi substituída por uma aura dourada e o cabo de ossos tornou-se ferro estígio! A lâmina capaz de matar um Deus...

– Sois a minha arma, pequeno... Sois a arma capaz de matar o mais forte dos Deuses... Deixe-me orgulhosa...

E assim Zelenna pôde entregar-se ao vazio, descansando em paz depois de eras de tormento.


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