You're My Summer, My Winter 2. escrita por Jane Rivelli


Capítulo 7
Oblivion


Notas iniciais do capítulo

hey!



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…”When oblivion is calling out your name, you always take it further than I ever can”…

E num piscar de olhos aconteceu a nossa noite de gala. Nosso desfile. Tudo havia dado muito certo, eu estava confiante, o que era uma coisa estranhamente nova para mim. Todos estavam deslumbrantes. Liam chegou em cima da hora, e correu para os bastidores mais havia sido barrado, e eu não podia sair para vê-lo, o que de acordo com as mensagens de Harold ele havia ficado “muito, muito perturbado por Dylan estar com Jess e ele não”. Mas Dylan é profissional e ele precisa entender isso, mas Liam não podia saber daquele beijo roubado. Imagina a confusão se ele soubesse. Quando entrei na passarela, não sabia para onde olhar. Meus olhares focaram em Liam que estava logo atrás de Dylan que tinha a câmera apontada em minha direção e disparava vários flashes seguidos. Liam sorriu, assim como eu sorri quando o vi sentado na primeira fileira junto a Harold. Mas logo Dylan chamou minha atenção, e eu sabia que para obtermos a nota máxima era importante eu me mostrar confortável com o profissional em questão. Desviei meu olhar de Liam e caminhava na direção de Dylan, fazendo poses e mais poses. Eu incorporei Alessandra Ambrosio – que de fato foi uma de minhas inspirações- E desfilei perfeitamente para Dylan. Foi como se só houvesse ele ali, eu conseguia ver metade de seu rosto por trás daquela câmera, e podia ver seu sorriso. Aquilo me enfeitiçou, fez com que eu desfilasse apenas para ele e esquecesse que meu namorado estava logo atrás dele. Quando entrei pela segunda vez não vi mais Liam, foi mais fácil, eu já havia me acostumado.

Quando o desfile acabou e eu enfim pude voltar para os bastidores, Dylan me alcançou no meio do corredor e caminhamos todos juntos para os camarins. Dylan tagarelava algo sobre nosso excesso de confiança, que fez com que as fotos ficassem maravilhosas. Nós riamos de suas piadas, e riamos de toda aquela situação. Acho que quando se passam os momentos mais tensos, o corpo relaxa e te dá a liberdade para rir novamente, em grande parte, rir de alivio.

Dylan segurou meu braço e me fez parar no corredor de modo que todos caminhassem a nossa frente. Micaella me olhou um pouco apreensiva, mas acenei com a cabeça para ela ver que estava tudo bem.

–Jessica, eu queria te pedir desculpas por aquele dia nas escadas. –Dylan disse um pouco nervoso.

–Dylan isso já passou...

–Eu sei, eu sei, mas eu tinha que te pedir desculpas por aquele ato estupido que cometi.

–Desculpado. –Eu sorri assim como ele.

–Você viu o tombo que Lohanna levou durante o desfile?- Ele disse quebrando o silencio.

–Você só pode estar de brincadeira, ela caiu mesmo?- Eu já ria. Ele tirou a câmera da bolsa ao lado de seu corpo e me mostrou uma foto onde ela fazia uma careta enquanto estava de quatro no chão.

–Ela saiu correndo depois disso. A equipe dela estava um pouco...hum, bastante brava mesmo com ela. Eles perderam alguns bons pontos. –Eu não conseguia parar de rir.

–Muito mais que bem feito. –Eu disse controlando meu riso e secando algumas lagrimas que ficaram no canto dos meus olhos. O silencio então pairou novamente entre nós. Me encostei na parede ficando de frente para Dylan também encostado. Ele sorria sem jeito enquanto me olhava, e ele tinha ruguinhas delicadas em volta dos olhos.

–O que foi? – Perguntei sorrindo sem ao menos perceber.

–Não é nada. –Ele sorriu de novo.

–Claro.

Ele deu um passo ficando a minha frente, e sorriu. Ele estava perto demais. Ele era alto demais. Forte demais. Sensual demais. E eu quis beija-lo, eu juro que eu quis. Pensei comigo algumas vezes seguidas “puta que pariu, puta que pariu, ele está perto”. Meu coração estava acelerado.

–Fala. –Eu disse praticamente sussurrando.

–Você está muito, mais muito bonita hoje. De verdade. –Ele sorriu e bagunçou o cabelo de leve, um pouco desajeitado para alguém que mostrava tanta confiança.

–Você fez um ótimo trabalho hoje Dylan.

–Eu tive uma boa equipe. –Ele sorriu assim como eu e trocamos alguns segundos de olhares cumplices.

–Atrapalho? –Liam disse ao nosso lado e despertamos do transe. Ele olhava Dylan com um pouco de ódio nos olhos, mas nada muito anormal para Liam Cartter.

–Bem, depois eu te mando as fotos.- Dylan disse. –Até mais Jessica. –Ele deu um beijo em meu rosto e continuou seu caminho pelo corredor, com os olhos de Liam pesando em suas costas.

–Liam. –eu o chamei e ele me olhou. –Oi.

–Oi Jess. –Ele pareceu mais calmo e caminhou em minha direção me dando um rápido beijo e me abraçando. –Senti sua falta.

–Eu também. –Eu o abracei mais forte. Senti falta daquele perfume, da pele quente, da barba por fazer, do sorriso maroto, do abraço apertado, e obviamente do lábios dele colados aos meus.

–Você estava deslumbrante hoje. Ainda está. –Ele disse me girando.

–Fiquei feliz em ver você na primeira fileira. –Eu sorri.

–Não ia deixar que vissem você ali toda deslumbrante sem saber que você tem namorado. –Ele sorriu.

–Tem planos para hoje? –Ele sorriu maroto.

–Preciso buscar o resto das minhas coisas que estão no apartamento de Dylan. E depois temos a noite livre. –Eu sorri e ele fechou um pouco a cara. –Liam, ele me ajudou muito. Eu não posso virar as costas para alguém que definitivamente salvou minha vida.

–Eu sei, eu sei. –Ele me soltou e andava de um lado para o outro. –Mas o jeito que ele te olha, o jeito como ele sorri pra você, e de como você fica confortável com ele. Sabe, é um pouco perturbador.

–Liam Cartter. –Eu segurei seu rosto em minhas mãos. –Eu estou há três anos com você. Eu te AMO há três anos, e isso não vai mudar. Você é o único que importa. Por favor, para de paranoia. –Eu o beijei.

–Me desculpe. –Ele beijou minhas mãos.

–Jessica?-Dylan apareceu atrás de Liam, que involuntariamente revirou os olhos. –Eu preciso dar um pulo em Londres, de ultima hora, será que tem como você pegar suas coisas amanhã?

–Claro. –Eu sorri.

–Cara. –Liam virou-se na direção de Dylan, que rapidamente endireitou sua postura, ficando em forma de defesa eu poderia dizer.

–Cartter. –Dylan o cumprimentou.

Liam caminhou na direção de Dylan e eu caminhei ao seu lado pendurada em seu braço com medo que ele voasse no pescoço de Dylan. Ele parou cara a cara com Dylan.

–Liam. –Eu o puxei mais para trás e pude ver as veias de Dylan saltando em sua testa.

–Muito obrigado. –Ele abraçou Dylan que continuou rígido. –Você salvou a pessoa mais importante pra mim. –Ele deu dois tapinhas na costas de Dylan e voltou a me abraçar.

–É, de nada? –Dylan sorriu meio sem jeito. Um pouco perturbado eu diria.

–Valeu mesmo cara. –Liam me abraçou.

–Eu passo amanhã Dylan. –Eu sorri.

–Boa noite pessoal.- Dylan disse saindo.

–Boa noite.

–Cacete Liam, você quase me matou do coração. –Eu disse respirando fundo, me encostando na parede e fazendo Liam sorrir.

–Quero te causar batimentos acelerados mais de outro jeito. –Ele disse beijando meu pescoço.

–Gostava mais de você quando você era mais ajuizado. –Eu disse já perdendo o ar.

–Certeza? –Ele mordiscou minha orelha.

–Acho que não. –Eu disse o beijando.

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–Promete que vamos nos ver com maior frequência? –Eu disse enquanto Liam estava prestes a embarcar no trem de volta para Londres.

–Promete que você virá á Londres com maior frequência? E que vai arrastar Harold e Micaella com você?

–Prometo.

–Se cuida Jess. Por favor. –Ele disse beijando minha testa e em seguida meus lábios.

–Até mais Liam. –Eu disse enquanto ele embarcava no vagão.

Eu resolvi voltar a pé para casa, mas o jardim botânico bem perto da estação me chamou atenção. Era como se eu precisasse de um tempo para relaxar. Mandei uma mensagem para Harold dizendo que estava dando uma volta, e ele logo respondeu dizendo que estava na biblioteca estudando com Miacella.

Andei por uma parte do jardim, e tudo parecia me chamar muita atenção ali. Meus pés faziam barulhos sob as folhas secas. O outono ali me chamava muito a atenção. Era tudo calmo, colorido. Me sentei perto do lago, em um banco em baixo de uma arvore. Minha mente viajou olhando as pessoas andando de pedalhinho, as crianças correndo e brincando com seus animais. O vento nas arvores. Eu devia estar tpm para me sentir tão relaxada e depressiva ao mesmo tempo.

–Não sabia que era do tipo que contemplava a natureza. –E um clique foi disparado em minha direção. –Oi Thompson.

–Jess. –Corrigi.

–Oi Jess.

–Oi Dylan. – Ele sorriu.

Cheguei um pouco para o lado para ele se sentar, mas ele se jogou no chão. Ele estava de manga comprida, uma calça de moletom e uma touca.

–Não sabia que era do tipo que contemplava natureza. –Eu disse imitando sua voz e ele sorriu. Parecia um pouco chateado, seu sorriso estava triste.

–Dylan? –Ele olhou para mim. –Está tudo bem?

–Claro, por que não estaria?- Ele voltou a fechar os olhos.

–Não sei. Você me parece triste. –Eu disse o fitando. Ele olhou para mim por um breve segundo e desviou seu olhar. Levantou seu corpo, ficando sentado e com a câmera nas mãos começou a disparar flashes ao nosso redor.

Me sentei um pouco mais perto dele, e comecei a tirar pequenas folhas que havia ficado grudadas em sua blusa.

–Sabe, as vezes é bem visível quando alguém está triste. Assim como é visível quando alguém esta feliz. Mas você me deixa no meio termo. – Ele me olhou curioso e eu segurei seu rosto e fiz vira-lo para frente novamente. –Não sei o que pensar. Você me parece triste. E acho que seria legal me contar o que está acontecendo e me deixar te ajudar. Eu te devo uma. –Eu sorri.

Ele se deitou novamente, fechando os olhos, e voltou logo a se sentar encarando o lago. Ele respirou fundo e deixou que seus ombros pesassem.

–Eu vou perder o estúdio. –Ele disse e meu corpo ficou rígido.

–Como?- Eu gaguejei.

–Eu vou perder meu estúdio. Minha fonte de trabalho. –Ele me olhou e seus olhos pareciam cansados.

–Por isso foi a Londres tão de pressa. –Eu disse e ele apenas concordou fechando os olhos e passando as mãos no cabelo.

–Eu ganhei esse estúdio numa rifa. O dono perdeu ele em apostas de jogo. Eu ganhei. Eu usei todo meu dinheiro investindo naquele lugar, em equipamentos que eu não podia pagar. Mas eu investi. Quando nós nos encontramos em Los Angeles eu havia feito um trabalho muito bom, tinha conseguido uma grana boa. Comprei equipamentos que nunca sonhei em ter. Terminei de montar aquele lugar bagunçado que você conheceu.

–Dylan...

–Eu vendi meu apartamento. E com o dinheiro, terminei de pagar as dividas que eu havia formado, e deu até para pintar umas paredes. Estava tudo indo bem. Eu consegui folga, eu comecei a trabalhar nos meus projetos. Não precisava mais viajar tanto, não precisava me matar mais de trabalhar. Agora eu podia apenas fotografar, como eu queria.

–Mas como então vai perder seu apartamento?- Perguntei me sentando ao seu lado.

–Meus sobrinhos nasceram com uma doença no coração. O hospital publico não realizava a operação. Meu irmão deu toda sua economia do mês, gastou até aquilo que não podia. Meus pais deram um dinheiro bom para a realização, mas só cobriu o custo da internação. É uma cirurgia cara, e não podiamos pagar por ela.

–E então você deu a eles tudo o que tinha não foi?

–Eu dei tudo e mais um pouco. Você não tem ideia do quão doloroso é ver sua irmã agonizando pelos gêmeos que acabou de ter. gêmeos Jess, gêmeos. Ela ia perder os dois. Então eles venderam a casa em que moravam em Bibury e foram para Londres. Conseguiram um apartamento bom até. Minha irmã começou o tratamento lá, gastando rios de dinheiro. Mas não foi o suficiente.

–E os gêmeos?

–Nasceram semana passada. Mas não temos dinheiro suficiente que pague pela cirurgia dos dois. Só de um. Como você escolhe qual filho viver e qual morrer? –Ele me olhou e seus olhos estavam marejados.

–Então antes do desfile ontem, eu vendi meu apartamento. Pagaram a vista. –Ele sorriu. –Corri para Londres, entreguei o dinheiro. A cirurgia será realizada amanhã cedo.

–Dylan. Aonde exatamente você está morando?

–Na biblioteca da faculdade. –Ele sorriu, e eu fiquei paralisada. –Hoje entrego as chaves. Por isso pedi que fosse buscar suas coisas. Não me olhe assim Jessica, você faria o mesmo pela sua família. E eu não podia deixar minha irmã fazer uma escolha de quem vive quem morre. Ela não aguentaria.

–Você vai morar comigo. –Eu disse.

–Jessica. –Ele gargalhou.

–Você acha que eu vou deixar você morando em uma biblioteca? Sabe-se lá quantos livros ruins tem dentro daquele lugar.- Ele sorriu. –Por favor Dylan, você já fez muito por mim.

–Eu não posso.

–É por causa de Liam?

–Não... Tudo bem que ele não ia gostar da ideia, mas realmente eu não posso fazer isso.

–Por que não?- Perguntei olhando-o.

–Porque, DROGA Jess... Eu não posso...Eu não posso me apaixonar por você. –Fiquei imóvel, com a garganta seca.

–E eu não posso deixar você morando em uma biblioteca. –Disse e beijei sua testa, envolvendo-o em meus braços. –vai dar tudo certo.

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–Deixa eu ver se entendi. –Harold dizia calmamente. –Cheguei a conclusão que Liam vai nos matar, mas não podemos deixa-lo na biblioteca, sou obrigado a concordar.

–Micaella?

–Estou totalmente de acordo. –Ela disse. –O que ele está fazendo pela família é incrível.

–Ele deve chegar daqui a pouco. –Eu disse, e eu estava nervosa, muito nervosa.

Havia dois quartos, e um sobrando. Dylan ficaria nesse que sobrava, era um pouco menor que os outros, mas caberia suas coisas. Ou o que havia sobrado delas.

A campainha tocou e Harold atendeu a porta.

–Seja bem vindo a sua nova casa Dylan. –Ele sorriu sem jeito.

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–Obrigado por me ajudar a organizar tudo isso. –Ele disse quando enfim terminamos de montar seu quarto. Ele então se jogou no chão e ficou ali sentado contemplando o ambiente.

–Vai dar tudo certo Dylan, você vai ver. –Taquei uma almofada nele que sorriu.

–Eu tenho que ir a Londres amanhã. –Ele disse e eu concordei.

–Será que você...

–Eu te acompanho. –Eu disse.

–Ok, bom, ok, valeu. Obrigado. –Ele estava totalmente sem jeito.

–Vou preparar o jantar. Será que...

–Eu te ajudo. –Ele disse e eu sorri.

–otimo, bom, ótimo. –Eu disse rindo.

Era um novo começo, para ele e para mim. Ter Dylan perto de mim era um pouco perturbador, ele me encantava como Liam me encantou no começo de tudo, como Liam me encantava. Mas Liam não estava aqui comigo, eu me sentia só. Mesmo com Harold e Micaella comigo. Dylan havia sido uma companhia boa nos últimos dias, e ele precisava de ajuda. Liam havia que entender isso. Tinha que entender que o que estava acontecendo aqui ia muito além da vontade dele, minha e muito mais além da vontade de Dylan.

Eu tinha que ajuda-lo. E eu ia ajuda-lo.


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Notas finais do capítulo

xoxo!



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