O Livro do Destino escrita por Miss Nowhere


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Dois séculos depois, estou de volta! Esse capítulo é consideravelmente importante, mas eu demorei bem pouco para escrever. Dei uma revisa básica, mas preciso de um beta T_T
Se alguém for ler... espero que goste!



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Algumas pessoas, a maioria delas, tem uma facilidade enorme para ignorar o que lhes convém. É verdade. E se não estão ignorando, então estão tentando esconde-las, oque é tão ruim quanto. Flores nas fachadas pintas de cores alegres, decorações chamativas, grandes outdoors... Tudo isso por um único propósito. Para eles o que mais importa é simplesmente mostrar uma vida perfeita. Chamar atenção para suas casas harmoniosas e tudo mais, para que assim ninguém dirija os olhos aos caos, que reina por trás.

Esse pensamento passava pela cabeça de Caterine enquanto a paisagem mudava ao seu redor a medida que andava. Afastava-se cada vez mais do centro de Aisland, e consequentemente chegava à parte esquecida da cidade. Tudo lá parecia ter parado no tempo. Os edifícios tinham tido suas construções interrompidas, sem exceção, e nem fazendo muito esforço se conseguia ouvir algo mais do que o vento, ao longe.

Quando era pequena as pessoas que cuidavam dela costumavam lhe contar a história do lugar. Tinha sido projetado, em princípio, pela prefeitura, para ser um novo bairro de Aisland, cheio de prédios luxuosos e casas geminadas. Começaram a construir tudo lentamente, tão lentamente que dava a impressão de que só ficaria pronto em séculos. Diziam-lhe que quem está acostumado a não ter oportunidades, nunca perde uma, seja ela qual for. Com isso em mente, um número muito grande de desabrigados começou a silenciosamente ocupar os prédios cuja construção já tinha quase chego à metade. No começo a prefeitura se importou. Mandou todos embora. Foram varridos como sujeira do chão. Mas persistiram. Voltaram. Apenas para serem chutados mais uma vez. Esse processo se repetiu algumas vezes, os dois lados esperando o outro ceder, como numa brincadeira de cabo de guerra. Por fim, depois de por volta de 5 meses de conflitos, a prefeitura de Aisland foi se retirando da questão. Afinal de contas, era melhor que estivessem todos juntos em algum lugar do que espalhados pela cidade, sujando a imagem de cartão postal perfeito. Naquele momento, anos depois, os desabrigados já tinham conquistado o lugar por usucapião e sofriam apenas com eventuais patrulhas da polícia que prendiam a um ou a outro.

Agora Caterine encarava uma das construções de concreto, com os tijolos a vista, que um dia lhe servira de lar. Tinha andado todo o caminho até lá pelas sombras e marquises de prédios, mesmo que fossem raras as almas vivas que vira pelo caminho. Checou o relógio no pulso e concluiu que naquela altura os pais já deveriam ter acordado. Sacudiu a cabeça para espantar os pensamentos e entrou lentamente num viela estreita e pouco iluminada.

Não precisou andar muito para perceber como as coisas eram diferentes lá. Diferentes e ao mesmo tempo familiares. Muita gente já estava de pé, fazendo alguma atividade qualquer. Obviamente ninguém a reconhecia, na verdade, a maioria lhe lançava olhares cheios de suspeita que pareciam desaprovar sua presença lá. Ela não os culpava. Realmente sua aparência já não condizia mais com o lugar.

Ela compreendia que na mente daquelas pessoas ela não passava de uma figura estranha, com aparência cuidada, que andava cautelosamente pelas terras de ninguém. O que não sabiam era que Caterine conhecia cada uma daquelas ruas. Lembranças vagas, talvez, mas o instinto continuava lá. Caminhava guiada pela incerteza e pela esperança, enquanto rezava silenciosamente.

Enfim, Caterine se aproximou de um grupo de pessoas que se sentavam no chão enquanto conversavam animadamente sobre alguma coisa. Eles usavam roupas finas, de aparência gasta e tinham na cara uma expressão de felicidade.

–Olá! – Começou Caterine, medindo palavras – Desculpem o incomodo, mas eu poderia pedir uma informação?

Embora a maioria nem tivesse nem mesmo parado de conversar, uma mulher ruiva de olhos opacos virou a cabeça em sua direção. Ela franziu as sobrancelhas e, sem cumprimentar Caterine, balançou os ombros de forma descuidada.

–Bom, eu... Eu queria saber se por acaso a senhora conheceria um homem... Bruce. Bruce Milles. Ele é alto... moreno... – Caterine não sabia como continuar, não tinha certeza de como Bruce estava agora.

Os olhos da mulher ruiva se expandiram e ela levantou do chão sujo. Tinha a altura de Caterine, mas era muito mais magra, mirrada.

–Eu sei quem é Bruce, todos sabem. Sabiam, ao menos. O que você quer?

–Hum... Bom, Bruce... Eu preciso falar com ele, é importante, pode me dizer onde ele está?

–Agora? Provavelmente apodrecendo no lugar onde a prefeitura jogou seu corpo, mas não sei. Talvez tenham feito cinzas dele. – Ela falava com tom casual, até um pouco irônico, como se no fundo estivesse com vontade de rir da situação.

Caterine franziu as sobrancelhas, sem entender direito. Olhou diretamente para os olhos da mulher e subitamente se deu conta do cheiro que exalava dela. O cheiro das ruas. Esforçou-se um pouco mais até que conseguiu compreender as palavras.

–Você quer dizer que ele está morto? Bruce morreu? Quando? Como? Tem certeza?

A mulher revirou os olhos, como se as perguntas de Caterine lhe deixassem entediada.

–Milles era metido de mais. Opôs-se ás leis quando deveria ter ficado de boca fechada. Gente assim não sobrevive por muito tempo, menina.

Depois de ouvir isso Cat piscou os olhos algumas vezes, absorvendo a informação. Ela não tinha mais o que fazer. A mulher não parecia estar brincando. Acontece que sem Bruce ela não tinha um caminho para seguir, ela não tinha uma orientação, não tinha dicas... Não tinha coisa alguma, além do objeto que poderia leva-la direto para a sentença de morte, dentro da mochila.

–Certo. Obrigada. – Disse, tentando se recompor. Precisava pensar. – Eu vou embora então... – Assim, com os pensamentos focados em seu problema, Caterine virou as costas para a mulher e quase não ouviu quando ela lhe chamou de novo.

–Moça... Espera. Se for ajudar... Thomas, ele ainda mora aqui.

–Perdão? – Caterine se virou novamente para a mulher.

–Thomas. O filho de Bruce. Ele mora por aqui.

Thomas veio á mente de Cat. Ela lembrava vagamente dele. Um menino moreno, de olhos escuros que ficava sentado de canto, fingindo que não prestava atenção enquanto o pai contava histórias de fantasia para Caterine. Não costuma falar com ela, mas ela sabia que era filho de Bruce com uma mulher que morrera numa das invasões da polícia, anos antes.

–Mesmo? E você sabe onde?

–Ninguém aqui tem endereço fixo, mas eu sei onde ele costuma ficar...

Com gestos ainda um pouco tímidos a mulher se apresentou como Andrea e começou a explicar o caminho para chegar à quadra de casas geminadas onde Thomas passava a maior parte de seu tempo. Caterine não sabia ao certe se era válido procurar pelo menino, mas resolveu que qualquer coisa era melhor do que nada. Agradeceu Andrea às pressas e saiu andando novamente, um pouco mais animada dessa vez.

***

A história era sobre uma fênix de penas vermelhas e olhos negros, que voava pela noite e caçava os maiores animais da floresta. Caterine se lembrava disso. Também lembrava que Bruce contava sobre ela ao lado da fogueira, tarde da noite e que ela costumava ficar com medo, por algum motivo. Thomas não. Se fazia de desinteressado, sentava alguns metros longe e fingia ser grande de mais para histórias de fantasia. Cat tivera muitos amigos enquanto morava no complexo, mas Thomas nunca fora um deles, era arrogante de mais.

Quando foi levada embora do complexo e jogada em um orfanato temporário Caterine sofreu por sentir saudades dos amigos e das pessoas que lhe serviam de pais, mas Thomas desapareceu de sua mente junto com seu significado quase nulo em sua vida.

Agora, parada em frente de uma casa meio suja e caindo, ela quase não acreditou que estivesse apostando tanta coisa naquela pessoa. Andou tentando não pisar nos objetos espalhados pela calçada até chegar a uma porta totalmente aberta que revelava um interior tão bagunçado quanto o quintal pelo qual tinha acabado de passar.

–Hum...Thomas? Thomas está aqui?

Nada veio lá de dentro, os únicos sons continuavam a ser apenas os ruídos da vida seguindo em outros lugares do complexo, panelas batendo, conversas animadas e passos. Caterine andou para frente e entrou na casa. Lembrava-se das coisas assim, descascadas, cheias até o teto, mas ao mesmo tempo vazias, mas de qualquer forma ficou assustada. Chamou mais uma vez.

–Thomas? – Chamou o mais alto que pôde.

Dessa vez ouviu um barulho de coisas caindo no chão num cômodo a sua esquerda. Uma voz rouca seguiu o barulho.

–Sim? Quem é?

Sem responder ela se seguiu a voz até um lugar que parecia um projeto de cozinha cheio de pedaços de madeira, porém o que lhe chamou a atenção foi o menino parado no meio do espaço. Menino não, homem seria mais apropriado.

Era alto e tinha um porte físico forte, os cabelos castanhos desgrenhados e bagunçados e os olhos negros como os da fênix da história. O nariz era largo, como o de Bruce, ela lembrava. Usava uma calça de moletom batida e uma camiseta larga que deveria ter sido branca algum dia. Thomas era um retrato do complexo, porém mais bonito.

Caterine piscou os olhos com força e se forçou a focar no assunto.

–Você é Thomas, não?

–Claro que sou, respondi quando fui chamado, não? E você, quem é? Aliás, o que quer aqui? – A voz de Thomas soava um pouco irritada, mas continuava bonita, Caterine percebeu.

–Meu nome é Caterine, e eu preciso falar com você. Sobre seu pai. – Mesmo procurando, Cat não encontrou qualquer sinal de reconhecimento nos olhos de Thomas. Ele franziu as sobrancelhas e mediu ela com os olhos.

–Tudo bem, mas seja breve, caso a menina da cidade não tenha percebido, somos bastante ocupados por aqui.

Seguiu ele até o lugar por onde tinha entrado e segundos depois se sentiu realmente melhor por poder sentar. Arabella e sua mochila eram pesadas e já estava andando por aí com elas nas costas fazia mais de uma hora.

–Então, é provável que você não se lembre de mim, mas... – Caterine explicou brevemente que já tinha morado lá, e que Bruce tinha cuidado dela por boa parte desse tempo. Thomas fez uma cara de surpresa ao saber disso.

–Você se lembra de mim? – Perguntou com o tom de voz ansioso.

–Vagamente. A menina mais nova que estava sempre ao redor do meu pai, pedindo por histórias... Caterine, isso mesmo. Você foi levada pelo governo até um orfanato, não?

–Exato. Eu preciso de... – Fez uma pausa. Não sabia o que precisava. Se Bruce estivesse vivo ela poderia expor seu problema e tirar suas dúvidas abertamente, mas não confiava em Thomas de forma alguma, ele era um completo estranho. Decidiu agir de forma vaga. – Eu queria saber se por acaso seu pai não deixou alguns cadernos de anotações, livros, pertences... Esse tipo de coisa. Você saberia? – Não se importou com o jeito que isso poderia soar, apenas falou pausadamente, olhando direto nos olhos escuros.

–Sim, eu sei.

Caterine levantou da cadeira de palha num salto, seus olhos brilharam.

–E você pode entregar para mim? – Sentia-se animada, com alguma chance.

–Não.

–Não? Porque não?

–Tudo bem, você conheceu meu pai anos atrás e ele era importante para você, eu acredito, mas isso não é motivo suficiente para eu lhe entregar as coisas que ele foi obrigado a deixar por aqui quando policiais o arrastaram pelos braços até a cadeia. – Thomas falava sério, e Caterine murchou.

–Tudo bem, eu poderia pelo menos olhar? Olha Thomas, isso é muito, muito importante para mim. – Fez uma voz de súplica como nunca antes.

–Diga o motivo. – Ele foi direto.

–Eu... Eu não posso, é pessoal de mais. Seu pai, ele sempre fazia menção a uma história, uma que não podia me contar porque era jovem de mais. Ele me garantia que sabia a localização de certo lugar, e eu costuma rir dele, parecia impossível. Mas agora eu preciso achar esse lugar e estou me agarrando a cada mínima esperança como essa. Thomas, uma pequena olhada, alguns minutos e vou embora. Por favor.

Ele suavizou o olhar e observou Caterine por alguns segundos.

–Depois disso você vai embora?

–Eu juro.

–Okay, então tudo bem.

Caterine sentiu vontade de abraçar Thomas, mas não o fez. Estava feliz, aquele “okay” era como uma boia para se agarrar no meio do mar violento.

Thomas Milles explicou á Cat que guardava as coisas de seu pai e mais alguns pertences próprios em uma mochila que levava consigo para todo lugar. Quando a entregou para Caterine ela percebeu que estava quase rasgando em vários pontos e era consideravelmente pesada.

–Pode revirar os livros e cadernos, mas não ouse pegar minhas coisas, menina. Vou voltar para a cozinha, tenho q recolher um pouco de lenha pra me esquentar de noite...

Caterine assentiu e começou a retirar as coisas que lhe interessavam. Eram apenas três livros finos e um caderno de brochura. Nada animador de mais. Começou a folear as coisas com atenção. Primeiramente abriu um dos livros, esse tinha capa verde e dura, mas Cat não sentiu nada de especial ao tocá-lo, como tinha sentido com seu Livro. Era uma cópia do clássico Os Miseráveis, de Victor Hugo e não tinha anotações de roda pé nem nada do tipo. Apenas um livro.

Os outros dois eram também edições de clássicos comuns, não tinham sequer um traço da caligrafia de Bruce, nada que fosse lhe ajudar. Ela precisava de suas histórias.

Abriu o caderno e deu de cara com um verso de poesia em francês. Falava sobre uma mulher e Cat percebeu que deveria se tratar da mãe de Thomas. Não leu por puro respeito. Demorou 15 minutos para ler o resto do caderno e nesse tempo encontrou anotações sobre a vida diária do complexo, receitas, mais poemas e poesias sobre a tal mulher chamada Ângela e até alguns contos que reconheceu de sua infância, porém não achou o que estava procurando.

–Thomas? – Chamou de novo. – Eu acabei.

–Já? – Ele apareceu na sala, com um pedaço de madeira na mão esquerda. – E achaste seu conto?

–Não... Não está aqui. Mas obrigada mesmo assim.

–Caterine.

–Sim? – Era a primeira vez que Thomas lhe chamava pelo nome e ela ergueu as sobrancelhas.

–Se você me contar o que procura eu posso saber... Meu pai também me contava histórias, embora menos do que para você. – Ele lançou um olhar de pena para ela, como se soubesse que a menina não tinha muito que fazer sem essas informações.

–Você sabe que não confio em você.

–Não precisa me contar tudo. Só a parte que for necessária. Não precisa me dar seus motivos.

Caterine pensou por um momento. Thomas era filho de Bruce, ela poderia confiar nele só um pouco. Poderia inventar qualquer desculpa apara a pergunta estranha, não importava. O importante era conseguir a informação.

–Tudo bem, Thomas, quando eu era menor e ainda morava aqui seu pai costumava me dizer que quando eu fosse maior ele me contaria a melhor das histórias. Uma sobre um homem que viajava até... Bom, até o Castelo dos Livros. Ele me dizia era uma história pouco conhecida, mas que era verdadeira. Eu ria, é impossível chegar até o Castelo, obviamente. Mas agora... Eu preciso dessa história, Thomas. – E tudo que falou era verdade. Thomas prestava atenção.

–Por curiosidade?

–Você disse que não perguntaria meus motivos...

–Tem razão. – Admitiu meio envergonhado.

–Mas você conhece? Seu pai lhe contou essa?

–Talvez...

–Talvez?

–É. Eu me lembro de algo parecido com isso, portanto acredito que sim.

O coração de Caterine deu um salto. Se Thomas se lembrasse da história ela tinha suas chances de novo. Aproximou-se do rapaz e virou a cabeça de lado.

–Eu não quero incomodar, não quero mesmo, mas você se importaria de...

–Te contar a história? Na verdade sim. Não é todo dia que meninas da minha infância batem na porta da casa que não é minha para pedir por histórias, carregando uma espada, não pense que não notei, sabia? – Ele falou enquanto dava um passo para trás.

–Mas... – Cat achou que fosse chorar.

–Mas eu simpatizei com você, portanto posso escrever as parte que me lembro numa folha desse caderno e te entregar. Serve? – E pela primeira vez Thomas sorriu um pouco.

–Se serve? Está perfeito! – Ela sorriu de volta, já abrindo a própria mochila para pegar uma caneta. Enquanto fazia isso os dedos tocaram no formato retangular do livro. Caterine sentiu arrepios, mas ignorou.

Thomas pegou a caneta e sentou onde Cat estava sentada analisando os livros e o caderno e começou a escrever, dando pausas para tentar se lembrar de mais detalhes. Caterine não disse que uma única parte da história lhe interessava, apenas deixou que ele continuasse com seu trabalho.

Cinco longos minutos depois ela ouviu o barulho da folha sendo arrancada. Thomas entregou para ela.

–Era isso?

Cat começou a ler. Thomas tinha posto uma interrogação no lugar do nome do personagem. Passou os olhos com rapidez até chegar a parte onde ele tinha descrito como “?” tinha feito para chegar ao Castelo.

Passara pela pedra escura e pelo pássaro vigilante, indo para baixo e então para o lado, bebendo do velho senhor Videl, e em certo ponto chegando realmente perto dos pedaços de terra que flutuavam no imponente Mártir e sempre seguindo a estrela norte.”

Você tem certeza que era isso que ele contava? Exatamente isso? – Perguntou toda confusa. Esperava informações concretas, norte e sul, leste e oeste, e não metáforas.

–Sim. Era minha parte favorita. Você não entende? Eu não entendo até hoje, mas acho bonita.

–Não, mas vou precisar dela.

–Você está tentando ir até o Castelo dos Livros, não? Conte a verdade, só isso.

–Talvez... Eu preciso ir, e preciso ir logo, portanto obrigada por tudo Thomas, eu vou dar um jeito de descobrir isso. Você me ajudou muito. Ah, e eu sinto muito por Bruce, de verdade. Sei que ele teria me ajudado assim como você.

Sem esperar por resposta Caterine andou depressa para porta. Queria ficar para conversar com Thomas, falar sobre Bruce, agradecer decentemente, mas a coisa que menos tinha era tempo e não podia desperdiçar. Estava virando a esquina com o papel na mão quando ouviu a voz.

–Catherine! Volte aqui!

Mas ela não precisou dar um passo sequer, Thomas vinha até ela com duas mochilas nas costas. Uma delas ela reconheceu melhor que a outra. Era sua.

–Você deixou isso na casa. – Ele estendeu a mochila e ela pegou com a mão fraca. Não sabia como podia ter esquecido algo tão importante.

–Obrigada. – Virou-se novamente para frente, mas não começou a andar. Thomas tinha posto a mão em seu ombro.

–Eu vou. – Disse com voz calma.

–O que?

–Eu vou junto. Pelo menos até um ponto. Você parece precisar de ajuda.

Caterine paralisou. Não acreditava no que estava ouvindo.

–Já disse que não confio em você. E sei me virar sozinha, acredite.

–Não precisa me contar nada, sério. Eu só quero ir junto, pelo menos até um ponto. Sair de Aisland, ter alguém para conversar sobre meu pai... E você já começou seu caminho esquecendo-se de coisas. Aliás, eu posso até mesmo ajudar a decifrar as direções.

–Thomas, eu não estou tendo que ir até lá por diversão... E eu ia perceber que tinha deixado minha mochila e voltar, não se preocupe. Posso decifrar as informações sozinhas. Sou autossuficiente. – Seu tom de voz foi duro como Pedra, mas não queria ninguém ao seu lado até que não tivesse resolvido o problema do Livro.

–Tudo bem então... – Ele deu ombros.

Cat se virou novamente e continuou a andar, dessa vez sem tanta pressa. Olhou para trás e viu Thomas balançando uma coisa comprida. Arabella.

–Autossuficiente, hã? – Sorria ironicamente.

Ela bufou e pegou Arabella no ar quando Thomas lançou-a.

–Okay, mas só até sairmos da cidade, do estado, algo assim. Só uma parcela do caminho, entendeu? – Caterine se sentia contrariada, mas no final Thomas tinha lhe ajudado mais do que deveria e se era isso que queria ela poderia aguentar companhia por alguns quilômetros.

–Claro. – Ele sorriu de canto novamente, sem mostrar os dentes.

–Por via das dúvidas... Você tem mais alguma coisa minha?

–Não. – Falou enquanto caminhava até ela dela. – Por enquanto não...


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Notas finais do capítulo

Ta dããã. Que tal esse Thomas? Huuum... Estranho...
Enfim, se tiver gostado (ou não) deixe algum comentário/crítica construtiva ^^
Obrigada, até logo (logo? É, talvez....)!
Ah sim, se alguém estiver interessado em betar ela por fora... Só me avisar!



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