O Príncipe Nathaniel estava irritado. Sentia vontade de esmurrar pessoas, e pensava seriamente em brigar com um dos guardas – coisa que já fizera algumas vezes. Mas em vez disso resolveu ir ao quarto de sua irmã, a princesa Zoey. Talvez ela o ajudasse a encontrar um modo de acabar com a Seleção mais cedo.

Seguiu até lá em passos rápidos e adentrou no cômodo violentamente, sem pedir autorização. A princesa encontrava-se na escrivaninha, de costas para a porta, fazendo anotações. Ao escutar o barulho da entrada brusca do irmão, nem levantou a cabeça, pois já imaginava quem era, e antes que ele começasse a falar, ela se adiantou:

– Primeiro de tudo, se bate na porta antes de entrar, sabia? Isso se chama educação. Príncipes geralmente tem que ter mais que a maioria. – ela comentou, continuando a escrever enquanto falava.

– Você não me pediria por educação se soubesse o que vai ocorrer! – Nathaniel sentou-se na cama da irmã. - E será que dá para largar esses papeis e me olhar?

Zoey revirou os olhos, mas encarou o irmão. – Deixa-me adivinhar... Nossos pais lhe contaram que você terá que escolher uma esposa entre trinta e cinco garotas?

– Como você soube disso? – perguntou ele, analisando-a.

– É obvio, senhor irritação. Já tens 19 anos e...

Nathaniel a interrompeu. - E você 21! E mesmo assim não precisou da porcaria de uma Seleção.

– Não me interrompa, senhor estressadinho. Não tenho culpa. Posso não ter tido uma Seleção, mas tenho que me casar com uma pessoa que só vi pouquíssimas vezes. Ao menos você terá a oportunidade de escolher a menos pior. Nem isso eu tive!

– Tenho certeza de que serão todas umas mocréias. – ele se levantou da cama, e começou a andar pelo quarto, ignorando a irmã.

– Em vez de príncipe deveriam te chamar de Queen Drama. Não esqueça que nossa mãe foi escolhida em uma Seleção. Você acredita mesmo que eles trarão alguma coisa além das mais belas para esse palácio? Ainda mais sabendo que estão lidado com o Senhor Garanhão. Aquele que só aceita do bom e do melhor. Relaxe, as suas selecionadas serão belas. E você poderá se aproveitar da inocência delas por um bom tempo.

– Até que essa parte não será tão ruim... – Nathaniel parou de andar, ficou pensativo.

– Sim, você terá um tempo enorme para brincar com as pobres garotas. A maioria apaixonada pelo belíssimo príncipe, que elas acreditam ser um príncipe de verdade. - disse Zoey, andando até a sua cama, e se sentando na mesma.

O herdeiro do trono deitou-se no colo da mais velha, como quando eles eram crianças. - E por acaso sou um príncipe de mentira? Não tenho um palácio, uma futura coroa, criados e tudo que um príncipe tem direito?

– Sim, de material você tem tudo. Mas digamos assim que seu comportamento não é muito "principiano". Elas devem acreditar que você é um encantado. E não um calhorda.

– Assim você me magoa, cara irmã. Que imagem você tem de mim?

– A verdadeira. Nem venha com sua atuação para cima de mim. Esqueceu quem é que lhe ajuda em suas aventuras amorosas? – Zoey acusou, não deixando de acariciar os cabelos do irmão.

– Não há como negar. Fui pego em flagrante. – ele abriu um sorriso galante. - Mas deixaremos isso entre nós, não é cara irmã? Não espalhará isso por entre as nossas futuras convidadas. Podemos deixá-las na inocência por mais um tempo...

– Para quem não queria um casamento, você já esta bem empolgado... –ela disse, irônica.

– Ainda não quero o casamento. E nunca vou querer. Mas já que a única solução é curto prazo é deixar rolar, deixarei. Mas aproveitarei cada segundo.

– E ao final? Como fará? Você sabe que terá que se casar, não sabe? - nesse momento Nathaniel já se encontrava sentado, encarando a primogênita.

– Ainda preciso elaborar um plano para isso.

– Não há planos, Nath. - contestou Zoey. - Você é o herdeiro. Precisará casar. Não há escolhas. Eu te aconselho a ou escolher a mais tola, que aceitará tudo que você disser sem contestar, ou aquela que você note que te ajudará a governar. E ainda, um caso que eu acredito ser o mais difícil, aquela que você amar.

– Irmã, perdoe-me, mas você é uma grande tola. Me recuso ao casamento. E arrumarei um jeito de escapar. – ele falou, seguindo em direção à porta.

– Se acredita nisso. –Zoey deu de ombros- Só aviso que estarei no altar para te lembra desse dia.

– Não se preocupe, a única vez que você irá para o altar, será no dia do seu casamento. - nesse momento ele já abria a porta.

– Se você pensa assim. –ela deu de ombros novamente- Só uma coisa, próxima vez bata na porta. Posso ser sua irmã, mas ainda sou uma dama. E talvez eu não seja tão bondosa se você me pegar em um momento inoportuno.

– Momento inoportuno?

– É, se eu estivesse trocando de roupa, por exemplo...

– Como se não fossemos irmãos, e eu já não tivesse visto essa cena antes. Não se preocupe irmã, incesto ainda não está na minha lista de coisas a fazer. - e dizendo isso ele saiu do quarto.