DAVID

— Eu estou com medo!

As palavras dele saíram num sussurro para a mulher ao seu lado. Snow olhou carinhosamente para seu marido e apertou sua mão num gesto de “Vai ficar tudo bem!”. Mas ele duvidava. Granny’s nunca estivera tão movimentado e ao mesmo tempo nunca estiver com tantas pessoas tensas. O local estava parecendo um cemitério e próprio David duvidava que as coisas melhorassem quando elas chegassem. Há três meses a cidade estava um caos. Desde que Emma havia voltado do passado com a mulher de Robin, ela e Regina haviam anunciado guerra e as coisas só estavam piorando. Nem mesmo Henry conseguia acalmar as duas. Quando Regina via Emma fazia questão de algo acontecer com a loira. Seja uma torta na cara, um café explodindo na roupa da Salvadora, o pneu do carro estourar ou o vidro quebrar, a jaqueta de couro sumir e aparecer misteriosamente num bueiro cheio de ratos... Coisas do tipo. E quando Emma via Regina às coisas não eram muito diferentes. A loira havia riscado a Mercedes da morena, tacado um monte de maças verdes na varanda da casa da prefeita e havia colocado fogo em vários sapatos Prada (como ela conseguira colocar as mãos nesses sapatos era um mistério) no quintal da mansão Mills.

E essa pequena guerra das duas estava tirando o sono de todos os moradores de Storybrooke, ninguém agüentava mais ser usado para provocar a outra. E isso havia passado do limite quando certa morena trocou o chantilly do café da loira por pasta de dente. David se lembrava que precisou dele, Ruby e Snow acalmarem Emma. Por isso na noite anterior, em segredo, a cidade havia se reunido naquele mesmo lugar e conversado. Passaram duas horas fazendo planos de como melhorar o relacionamento das duas, mas parecia que nenhum poderia dar certo.

Por fim, às três horas da manhã em ponto, David havia anunciado sua idéia. No começo ele achou que ninguém ia gostar, mas a sua surpresa foi que todos aprovaram. Devido ao fato de Emma e Regina terem no passado se entendido por Henry, aquele idéia havia sido brilhante. Ficou combinado que Tinker iria conseguir um fio de cabelo de Regina enquanto Snow iria pegar um de Emma, entregariam para Gold (que concordou de bom grado em ajudar, pois sua loja quase havia sido destruída pelas duas) e esse faria um feitiço para que a idéia se realizasse. Essa parte já havia sido concluída, só faltava à parte mais difícil daquele plano.

Contar as duas!

Ali estava Henry, Snow, Tinker, Robin, Hook, Rumple, Belle, Ruby... Todos os mais próximos das duas. Apenas para dar aquela ‘terrível’ noticia. Emma foi a primeira a chegar, fez algumas perguntas, mas quando percebeu que ninguém iria responder ela desistiu. Sentou-se ao lado dos pais e esperou Regina chegar. Assim que a prefeita colocou os pés dentro do restaurante todos ficaram ainda mais tensos. Observaram até que a bela morena sentasse ao lado de Henry e por fim, olharam para Snow.

— Emma e Regina, vocês devem estar se perguntando por que a gente chamou vocês aqui. – Ela começou vendo a filha assentir. – Pois bem, esses últimos três meses tem sido basicamente uma tortura para todos os cidadãos de Storybrooke. Desde que ambas começaram essa mini guerra eu não tive uma noite de paz.

— Talvez não tenha tido porque seu pequeno projeto de filho chora a noite toda. – Murmurou Regina irritada e Snow respirou fundo para não cair na provocação.

— Devido a isso, nós concordamos em achar uma maneira de fazer com que vocês duas comecem a aprenderem a conviver juntas. – Continuou Snow e então fez uma pausa esperando comentário de alguma. Como não aconteceu, continuou. – Por isso, após uma reunião no dia anterior e com a aprovação de cada pessoa dessa cidade, nós pedimos a Gold que fizesse ambas terem um filho.

— A gente já tem: Henry. – Disse Emma confusa.

— Não Emma, não assim. Com um fio de cabelo seu e de Regina, eu juntei o DNA de ambas e com magia fiz com que uma das duas pudesse ser capaz de engravidar da outra. – Explicou Gold.

EMMA

— O QUE? – Regina gritou absolutamente furiosa. Emma não parecia diferente. – Vocês enlouqueceram? Será que alguém congelou o cérebro de vocês?

— Não! Quem enlouqueceu aqui foram vocês duas. Não agüentamos mais essas brigas de vocês e a única forma que vocês se agüentaram no passado foi porque Henry conseguia de alguma forma equilibrar a relação das duas. Mas agora nem mesmo ele esta conseguindo cumprir tal função. Por isso essa criança que uma das duas carrega vai talvez fazer com que as duas comecem a se entender. – Disse Snow se levantando. David ficou de pé também.

— Mas engravidar? Sério? Essa foi à idéia brilhante que vocês tiveram? – Questionou Regina. – E o que vocês vão fazer depois se isso funcionar: vão matar o bebê? Ou ele vai desaparecer? Ou então nós vamos ter criar um pequeno projeto de Regina Mills e Emma Swan?

Snow e David se entreolharam. Eles não haviam pensado nisso. Na verdade ninguém ali havia pensado nisso.

— Talvez a gente não tenha pensado nisso... – Murmurou Hook com uma cara de culpado e por um momento ninguém ali sabia dizer quem iria para cima deles: Regina ou Emma.

— Só uma pergunta: Quem teve essa idéia? – Perguntou Emma visivelmente se controlando para não matar a pessoa mais próxima. Charming levantou a mão constrangido. Emma encarou o pai atônica.

— Tinha que ser! A Snow já me destruiu no passado, a Emma o presente... Tava faltando o macho da família para acabar com o meu futuro. – Resmungou Regina. Então olhou para Gold. – Sério mesmo que você concordou com isso?

— Veja bem, dear. Eu não tinha nada a perder. Querendo ou não isso pode ajudar a melhorar o relacionamento das duas. E desde que ambas quase explodiram minha loja, fazer com que vocês duas se acertem logo, virou meu objetivo.

— Isso não vai ser tão ruim, Regina. – Falou Tinker pela primeira vez. Ela e a morena haviam se tornado praticamente melhores amigas. – Você foi e é uma excelente mãe para Henry, tenho certeza que vai gostar de criar mais um filho.

— Espera. Henry você sabia disso? – Perguntou Emma antes que Regina pudesse responder à amiga. O garoto assentiu, tão constrangido como David há minutos atrás. A decepção foi evidente nos rostos de Regina e Emma.

— Eu não esperava isso de você Henry, esperava muita coisa de todos, mas de você... – Regina murmurou olhando para o filho. Ela pegou a bolsa e fez menção de sair pela porta, mas foi segurada por Ruby. – Me solta, lobinha. Preciso engolir o que acabei de ouvir, se eu ficar mais um minuto aqui eu não sei o que sou capaz de fazer.

Ruby suspirou e soltou a rainha. Emma ainda encarava Henry tão frustrada como Regina, por fim olhou para Gold e suspirou.

— E como exatamente isso funciona? Quem de nós vai ser a ‘sortuda’ e engravidar? – Ela questionou o Senhor das Trevas.

— Devido ao fato de você já ter engravidado, Belle achou que dessa vez quem deveria passar por essa experiência seria Regina. – Ele disse olhando carinhosamente para Belle. – Portanto em alguns dias o efeito do feitiço deve começar.

— Mas e quanto à pergunta de Regina? Sobre o fato do que vai acontecer com o bebe? – Perguntou Emma novamente.

— Isso não esta no meu alcance no momento, Miss Swan. Mas irei pesquisar sobre isso e informarei a ambas. – Ele respondeu, mas de alguma forma Emma sabia que ele estava mentindo.

— Eu posso ajudar. – Afirmou Belle e Gold forçou um sorriu. David se aproximou de Emma, mas essa se afastou.

— Emma eu sei que você esta irritada comigo. Mas na hora foi apenas uma idéia boba que eu tive, vendo a forma que as duas tratam Henry isso me parecia algo útil na época. – Ele explicou. – Em momento algum pensei que todos realmente fossem concordar e que muito menos, deixaria você tão furiosa.

Emma apenas assentiu.

— Eu só preciso de um tempo também, preciso colocar a mente no lugar. – Ela olhou para Tinker. – Eu não seria capaz de falar com Madame Mayor agora, você...

— Eu irei falar com ela. – Ela afirmou já saindo do restaurante. Sem dizer mais nenhuma palavra, apenas dando uma ultima olhada em David e Snow, Emma saiu do lugar também. Entrou no fusca amarelo ainda irritada e mesmo sem rumo, começou a dirigir.

Em poucos dias, Regina estaria carregando um filho dela.